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Avicultura

Saiba tudo para manter a qualidade de água na avicultura

Na avicultura deve-se dar à água a mesma importância a que se dá a outros fatores interativos com o animal, como instalações, alimentação e manejo

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Artigo escrito por Evilásio Pontes de Melo, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Vetscience

A água é um recurso estratégico e um bem comum que deve ser compartilhado por todos. Autores citam que a água é muito mais do que um recurso natural. Ela é uma parte integral do nosso planeta. Está presente há bilhões de anos, e é parte da dinâmica funcional da natureza. A demanda de água vem aumentando mundialmente devido ao crescimento populacional. Neste contexto, o desenvolvimento industrial e a expansão da agropecuária intensiva têm sido responsabilizados pela maior parcela do consumo e poluição das reservas de água doce.

Do total de água disponível, 97,5% é salgada e está em oceanos e mares e 2,5% é doce, porém, desse, 2,4% está armazenada em geleiras ou regiões subterrâneas de difícil acesso e apenas 0,1% é encontrada nos rios, nos lagos e na atmosfera, de fácil acesso às necessidades do homem. Deste percentual, o Brasil detém 12%, concedendo-lhe um grande potencial agrícola. Este fato nos assegura um fator diferenciador único para o futuro de nossa avicultura e seu papel no suprimento das necessidades mundiais por produtos avícolas.

A água é o elemento essencial para a manutenção da vida. Nos sistemas vivos ela exerce papel fundamental na manutenção da homeostase, ou seja, a capacidade de manter as condições do ambiente dentro de limites toleráveis. Corresponde a mais de 70% do peso de muitos organismos; está presente em todas as células do organismo e devido as suas características; desempenha importantes funções como a manutenção do pH e da concentração de eletrólitos; é veículo de excreção de metabólitos; é o meio no qual ocorrem o transporte de nutrientes, as reações enzimáticas de síntese e catabolismo das reações metabólicas e a transferência de energia química.

Na avicultura deve-se dar à água a mesma importância a que se dá a outros fatores interativos com o animal, como instalações, alimentação e manejo. As aves de produção necessitam de grande quantidade de água para seu desenvolvimento e bem-estar. Além da água para dessedentação, se deve considerar a água como insumo para o manejo da vacinação, limpeza, controle térmico do ambiente e desinfecção de equipamentos e instalações. Diversas variáveis interferem no consumo de água, entre elas a genética, a idade e sexo do animal, a temperatura do ambiente e da água, a umidade relativa do ar e a composição nutricional do alimento. A água é insubstituível para o organismo das aves, em virtude das funções que exerce no metabolismo, portanto é de fundamental importância o uso racional da água de boa qualidade física, química e microbiológica.

As aves consomem pequenas quantidades de água, porém com muita freqüência, devendo lhes ser garantido um fornecimento constante. O controle da qualidade da água e a manutenção correta do sistema de distribuição são fatores críticos que contribuem para o êxito da exploração avícola. Nas aves, a quantidade de água corporal varia conforme a idade, sendo em torno de 85% do peso na primeira semana de vida, chegando a 64% em um frango adulto. Para a galinha de produção de ovos, tanto reprodutora como poedeira comercial, a água representa cerca de 55% do peso na idade adulta, além de constituir 65% do peso do ovo.

O Papel importante do consumo de água

A ingestão de água pelas aves é de suma importância para o bom desempenho de todas as funções metabólicas. Além de ser um nutriente essencial, a água participa de diversos processos metabólicos e produtivos, auxiliando na manutenção da temperatura, na respiração, na digestão, formação do ovo e etc.

O consumo de água é afetado pela qualidade, disponibilidade,  composição da dieta, temperatura do ambiente, temperatura da água, idade, sexo, etc. O consumo de água é crescente com a idade dos animais.

Segundo um estudioso, assim como em outras espécies animais, o frango de corte ingere água visando a manutenção de um nível de água corporal constante. Porém, devido ao fato de que o frango de corte moderno apresenta uma alta velocidade de crescimento e, consequentemente, uma alta taxa de atividades metabólicas, a ingestão de água, por sua parte passa a ocorrer de forma mais acentuada e constante em comparação a outras espécies.

Teoricamente, é possível estimar a ingestão de água por frango de corte. Uma regra que é usada em nível prático diz que o consumo de água é o dobro do consumo diário de ração. Outro meio de se estimar o consumo de água seria multiplicando-se a idade da ave em dias por 5,28 ml, método este mais preciso quando comparado com anterior.

No frango de corte (e aves em geral) a sede é induzida por meio de três mecanismos básicos: a desidratação celular, a desidratação extracelular e o sistema renina-angiotensina. Estes mecanismos atuam estimulando a sede e induzindo o animal a consumir água. O centro da sede é regulado pelo hipotálamo por meio de sensores osmóticos que detectam a osmolaridade do plasma sanguineo. 

Dentre os diversos fatores que influenciam a ingestão de água, a temperatura parece ser um dos mais importantes. Segundo outro autor, o impacto da temperatura ambiental é grande sobre o consumo de água, sendo que quanto maior a temperatura do ambiente, maior será o consumo de água, se esta estiver a uma temperatura menor que a ambiental.

Outro importante fator a ser levado em consideração quando falamos de consumo de água é o tipo de bebedouro disponível para as aves. Existem vários modelos no mercado, mas independente do tipo, devem ser sempre mantidos limpos, com água fresca e em quantidades suficientes para atender a demanda dos animais. Observa-se grande diferença no padrão de ingestão de água entre os tipos de bebedouros. Bebedouros tipo nipple apresentam um consumo menor em comparação com bebedouros abertos (calha ou pendular). Para bebedouros tipo nipple, especial atenção deve ser dada à correta regulagem para que apresentem uma correta vazão conforme a idade das aves. Para isso é importante seguir a recomendação dos fabricantes. 

O controle da carga bacteriana é muito mais difícil em sistemas de bebedouros abertos porque estes são expostos à contaminação de sujeira fecal e às secreções orais e nasais das aves enquanto bebem. Sistemas fechados de nipple têm a vantagem de reduzir a disseminação da doença, porém, mesmo com estes, a dosagem com um desinfetante eficaz na presença de carga orgânica e biofilme é regularmente requerido. A cloração que produz entre 3 a 5ppm ao nível do bebedouro (usando, por exemplo, o dióxido de cloro) ou a radiação UV são meios eficientes para controlar a contaminação bacteriana. O tratamento deve ocorrer no ponto de entrada de água no aviário.

Independentemente do tipo de bebedouro utilizado no aviário os cuidados com a manutenção e limpeza devem ser diários, quando utilizados nipple, observar o fluxo (vazão e pressão). O efeito das taxas baixas de fluxo do nipple é até mais evidente se a densidade do alojamento aumenta e a relação ave:nipple ou ave:bebedouro for alta. Como orientação prática, a equação de Lott usada para calcular o fluxo semanal estático (semanas de idade* 7) + 20ml/min., pode servir como referência útil. Quando a escolha for por bebedouros pendulares, os bebedouros devem ser limpos diariamente para evitar o acúmulo de matéria orgânica. A altura deve ser ajustada para que a base do bebedouro fique em nível com as costas dos frangos a partir de 18 dias.

Os parâmetros químicos são importantes para a caracterização da qualidade da água, permitindo sua classificação pelo conteúdo mineral, determinação de seu grau de contaminação e evidenciação dos picos de concentração de poluentes tóxicos. As sugestões de concentrações máximas dos elementos e compostos presentes na água, segundo diferentes pesquisadores, para manutenção da saúde e da produtividade das aves. Um grande número de elementos ou compostos químicos pode ocorrer na água, naturalmente ou por contaminação. Estão presentes em quantidades que podem ou não interferir nas funções de metabolismo ou digestão de galinhas, perus, codornas e outras aves de exploração comercial. Quando os níveis dessas substâncias químicas estão fora do equilíbrio, podem por si só ou em combinação com outras afetar o desempenho das aves.

Considerações

A água é fundamental a vida em função das mais variadas atribuições ao funcionamento dos organismos vivos. A qualidade e disponibilidade de água para aves é fundamental para o bom desempenho produtivo e reprodutivo das mesmas. Há pontos chaves a ser considerados:

– Disponibilizar o acesso irrestrito a uma fonte de água de boa qualidade a uma temperatura adequada de fornecimento (10-12°C)
– Providenciar espaço adequado para consumo de água e garantir que os bebedouros sejam facilmente alcança dos por todo o lote.
– Monitorar diariamente a relação entre a ração e a água para verificar se as aves estão bebendo suficiente água.
– Permitir o maior consumo de água a temperaturas mais altas (6,5% de aumento por grau acima de 21°C)
– Tomar medidas nas estações quentes para assegurar que a água fique tão fresca quanto possível, como por exemplo, dar descarga nas linhas dos bebedouros, usar uma -placa de resfriamento, posicionar os reservatórios e bebedouros em local subterrâneo ou providenciar isolamento.

Realizar testes regulares do fornecimento de água para verificar a temperatura, carga bacteriana e teor mineral e, quando necessário, tomar as medidas corretivas adequadas.

Mais informações você encontra na edção de Aves de agosto/setembro de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Avicultura

Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura

Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura

Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

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O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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