Suínos
Saiba onde a inseminação artificial em tempo fixo pode otimizar a suinocultura
IATF tem se tornado uma tendência tecnológica para otimizar a inseminação artificial em suínos
Artigo escrito por Rafael R. Ulguim, médico veterinário, doutor em Reprodução de Suínos e técnico de Reprodução de Suínos da Elanco Saúde Animal
A discussão sobre o uso da inseminação artificial em tempo fixo (IATF) em fêmeas suínas passou a fazer parte da rotina do mercado brasileiro. Conceitualmente a IATF é uma tecnologia que tem por objetivo sincronizar a ovulação das fêmeas suínas e permitir a realização de uma única dose de sêmen em momento predefinido. O conhecimento científico sobre o uso da IATF em suínos não é novo, porém recentemente houve um aumento expressivo do número de informações científicas publicadas e vários pesquisadores encorajando o setor produtivo a avaliar a tecnologia na sua realidade. Isso evidencia a IATF como uma tendência tecnológica para otimizar a inseminação artificial em suínos.
A sincronização da ovulação com auxílio de substâncias hormonais é necessária para a aplicação da IATF. Protocolos de sincronização da ovulação foram estudados nas diversas categorias de fêmeas, no entanto atualmente são mais práticos de serem aplicados em fêmeas desmamadas. Nessa categoria, os protocolos usuais consideram a data do desmame como ponto de partida para definição do momento da aplicação do hormônio e da realização de uma única inseminação. A triptorelina e a buserelina (análogos de GnRH) são as moléculas mais utilizadas para esse tipo de protocolo. O protocolo com o uso da triptorelina considera que 100% das fêmeas do grupo de desmame sejam inseminadas até o quinto dia após o desmame, independente da expressão de estro, o que permite um melhor aproveitamento das fêmeas desmamadas e reduz a subjetividade na detecção do estro. Além disso, a triptorelina possui apresentação comercial na forma de gel para aplicação intravaginal 96 horas após o desmame, coincidindo com a rotina de trabalho da granja, com realização da IATF 24 horas após. A administração intravaginal facilita a aplicação e considera o bem estar animal. A buserelina tem apresentação comercial para uso injetável via intramuscular 86 horas após o desmame, o que em determinadas condições não coincide com os horários da rotina de trabalho da granja. Nesse protocolo a IATF é realizada 30 horas após a indução da ovulação nas fêmeas em estro nesse momento.
A implementação da IATF na rotina produtiva pode representar um divisor de águas em direção à melhoria da eficiência da inseminação artificial em suínos e de todos os benefícios que essa biotécnica reprodutiva traz ao sistema de produção. Assim, a realização de uma única inseminação nas fêmeas suínas permite otimizações que vão desde as etapas de produção de leitões até a fase de finalização dos animais. Considerando os diferentes setores produtivos, as otimizações possíveis de serem obtidas de acordo com os diferentes setores são:
– Setor de gestação: o uso de uma única dose de sêmen permite otimizar a mão de obra, tendo em vista que é possível planejar o momento de inseminação do maior percentual de fêmeas e reduzir o número de inseminações por fêmea coberta. Isso significa também uma redução de custos com doses de sêmen e com materiais como pipeta e cateter intrauterino.
– Central de processamento de sêmen (CPS): a redução do número de doses de sêmen produzidas na CPS otimiza o fluxo de produção nas centrais, reduz o número de machos e de materiais de consumo necessários para a produção das doses de sêmen. O investimento em machos de maior valor genético pode ser ampliado, o que acelera o ganho genético do plantel e traz melhorias no desempenho. Importante salientar também que o uso de uma única inseminação permite assegurar a paternidade das leitegadas e com isso ter informações precisas para a identificação de machos subférteis e de machos relacionados a maior ocorrência de hérnias em leitões.
– Setor de maternidade: concentrando as inseminações em um único dia, os partos também serão concentrados. Isso possibilita um maior foco da equipe para o atendimento dos leitões nos primeiros dias de vida e permite reduzir a variação de idade ao desmame, favorecendo a produção de leitões com maior uniformidade e peso ao desmame. Estudos indicam um incremento de 1 a 2 dias na duração da lactação quando utilizado a IATF em relação ao sistema tradicional de múltiplas inseminações.
– Setor de creche, recria e terminação: a maior uniformidade e peso dos leitões ao desmame permite um melhor desempenho desses animais na fase de creche. Considerando que 1 dia de lactação pode representar no mínimo um incremento de 200 gramas de peso dos leitões, através do efeito multiplicador dos pesos pode-se considerar que esses leitões terão um incremento de até 400 gramas de peso final de saída de creche. Além disso, o uso de machos com maior valor genético em relação a parâmetros como ganho de peso, conversão alimentar e qualidade de carcaça permite melhor desempenho nas fases de recria e terminação, assim como na bonificação das carcaças na indústria.
O uso da IATF permite a otimização do processo produtivo como um todo. É importante ter claro que cada unidade produtiva terá uma necessidade específica, e assim o valor da tecnologia será percebido de forma distinta para cada realidade de granja ou empresa. Assim, o percentual de aproveitamento das otimizações será dependente das necessidades específicas e da estrutura produtiva de cada empresa. Considerando as oportunidades que a tecnologia de IATF pode trazer, o desafio das unidades produtivas é organizar metodologias de avaliações que contemplem todo o processo produtivo. Adicionalmente, é possível que observações mais claras de todos os benefícios possam ser observadas somente quando as granjas adotem a tecnologia na rotina produtiva e utilizem de forma sequencial ao menos até dois ciclos produtivos das matrizes.
A rejeição inicial para implementação da tecnologia é relacionada à incerteza quanto aos resultados de desempenho reprodutivo. Porém, existem informações científicas e exemplos práticos de uso da IATF mostrando que a tecnologia não reduz o desempenho reprodutivo. Deve-se considerar que os diferentes protocolos de IATF podem ser ajustados a determinados perfis de granja. Isso não significa que granjas fora desse perfil não possam usar a tecnologia, porém ajustes poderão ser necessários para que a IATF possa trazer todo o seu potencial de otimização.
Disponibilidade para uso da tecnologia, informações de desempenho, metodologia de implementação e aprendizados da técnica em escala comercial estão amadurecidos, assim, cabe as empresas de produção avaliarem a Inseminação Artificial em Tempo Fixo como um “risco” ou uma oportunidade para otimizar os processos produtivos realizados atualmente.
Mais informações você encontra na edição de Nutrição e Saúde Animal de novembro/dezembro de 2016 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
