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Saiba o que esperar sobre clima, mercado e a produção de soja

No Brasil, a perspectiva é de uma nova expansão na produção, impulsionada tanto pelo aumento da área plantada quanto pela elevação da produtividade.

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Foto: Shutterstock

A safra 2023/24 no Brasil teve seu desenvolvimento prejudicado devido a condições climáticas adversas em várias regiões. Após o início do plantio em meados de setembro, a forte influência do El Niño sobre o clima trouxe ondas intensas de calor, afetando especialmente o Centro-Oeste, Sudeste e Norte do país no final de 2023. Essas ondas de calor, aliadas a períodos de chuva abaixo da média, resultaram em prejuízos expressivos na produtividade. “O clima irregular provocou a maior quebra histórica de produtividade em Mato Grosso, o maior produtor de grãos do país, com uma redução de cerca de 15% em relação à safra 2022/23”, afirma Francisco Queiroz, responsável pela cobertura das commodities de soja, milho e algodão da Consultoria Agro do Itaú BBA.

Foto: José Fernando Ogura

No entanto, o retorno das chuvas entre o final de dezembro de 2023 e janeiro de 2024, beneficiaram especialmente as lavouras mais tardias. Esse fator, junto com a expansão de área cultivada, que cresceu 2,7%, ou seja, 1,2 milhão de hectares, ajudou a amenizar a queda na produção.

A Consultoria Agro do Itaú BBA projeta que a produção brasileira de soja na safra 2023/24 chegue a 153 milhões de toneladas, um volume inferior ao potencial de 163 milhões de toneladas estimado no início da temporada. “Essa redução na safra brasileira, entretanto, foi mais que compensada pela recuperação da produção na Argentina. O país vizinho, que havia sofrido grandes perdas devido à seca na safra 2022/23, conseguiu dobrar sua produção em 2023/24, graças às chuvas favoráveis trazidas pelo El Niño”, aponta Queiroz.

Segundo as projeções mais recentes do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a Argentina deve encerrar a safra com uma oferta de 50 milhões de toneladas. “Com isso, o balanço global de oferta e demanda de soja apresentou um crescimento importante dos estoques, da ordem de milhões de toneladas, o que resultou também em um incremento da relação estoque/consumo da oleaginosa, que saiu de 27% para 29% em 2023/24”, afirma Queiroz.

Diante do panorama de maior conforto para o balanço mundial de soja, as cotações do grão em Chicago apresentaram redução de 19,2% no primeiro semestre de 2024 sobre o mesmo período do ano anterior. Em Sorriso (MT), Rio Verde (GO) e Paranaguá (PR), a desvalorização apresentada no semestre foi de 16,7%, 18,1% e 17,6%, respectivamente. “A queda dos preços, somada a uma produtividade mais baixa e custos ainda em patamares elevados, resultou em menor rentabilidade para o produtor brasileiro”, avaliou o profissional.

2024/25

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O cenário para a temporada 2024/25 começou a tomar forma a partir do início do plantio da safra nos Estados Unidos, trazendo perspectivas otimistas para a produção global de soja. Segundo as primeiras estimativas do USDA, a produção mundial da oleaginosa deve atingir 422 milhões de toneladas, um aumento de 7% em relação à safra anterior, estabelecendo um novo recorde de oferta. O órgão projeta crescimento na produção dos três maiores produtores globais: Brasil, EUA e Argentina, com expectativas de expansão de 10% para o Brasil, 6% para os EUA e 3% para a Argentina. “O plantio da safra americana iniciou em meados de abril e veio em ritmo acelerado até o início de maio, quando desacelerou devido ao excesso de chuva.

O ritmo de plantio em 2024 ficou abaixo do observado no ano passado, porém na maior parte do tempo, à frente da média dos últimos cinco anos”, analisa Queiroz. Nos Estados Unidos, onde a safra 2024/25 está em desenvolvimento, a área plantada de soja deve crescer, impulsionada por preços mais atrativos em comparação ao milho, observados no momento de definição do plantio por parte do produtor americano. O USDA prevê que a área plantada deverá alcançar 34,9 milhões de hectares, enquanto a área colhida é estimada em 34,5 milhões de hectares, com uma produtividade média projetada de 3,5 toneladas por hectare, resultando em uma produção total de 120,7 milhões de toneladas.

Do ponto de vista climático, Queiroz diz que o panorama até o momento é bastante positivo para a safra americana e segue sustentando a expectativa de aumento da produção. “Não faltou chuva na maior parte das áreas e, apesar das temperaturas acima da média, o calor não chegou a afetar as lavouras até agora”, ressaltou, acrescentando: “Ainda estamos (início de agosto) no meio do período de desenvolvimento e a consolidação dos números está sujeita a revisões, ainda dependendo da evolução do clima nas próximas semanas. Entretanto, os modelos seguem projetando um clima favorável nos próximos meses para os EUA, ou seja, a expectativa é de safra americana cheia e preços que devem seguir pressionados em Chicago”.

América do Sul

Responsável pela cobertura das commodities de soja, milho e algodão da Consultoria Agro do Itaú BBA, Francisco Queiroz: “A volatilidade contínua, influenciada por fatores climáticos e políticos, pode complicar a gestão de risco para as tradings, tornando essencial uma estratégia cuidadosa” Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal

Para a Argentina, após o bom desempenho na safra 2023/24, a expectativa é de mais um aumento na área de cultivo de soja. O USDA projeta um crescimento de 2,4% na área plantada para a safra 2024/25, o que, aliado a uma produtividade média semelhante à da última safra, deve resultar em uma produção de 51 milhões de toneladas.

No Brasil, a perspectiva é de uma nova expansão na produção, impulsionada tanto pelo aumento da área plantada quanto pela elevação da produtividade. O USDA prevê uma área de 47,3 milhões de hectares, com uma produtividade média estimada em 3,6 toneladas por hectare, o que resultaria em uma produção de 169 milhões de toneladas de soja.

No entanto, a Consultoria Agro do Itaú BBA projeta uma expansão mais modesta, de apenas 2% na área plantada, alcançando 46,7 milhões de hectares. “Considerando a influência de um possível fenômeno La Niña, que está se formando, adotamos uma postura mais conservadora em relação à produtividade, estimando uma média de 3,5 toneladas por hectare. Dessa forma, a safra brasileira de soja para 2024/25 seria de aproximadamente 163 milhões de toneladas”, expõe Queiroz, enfatizando que o El Niño, fenômeno que influenciou a safra 2023/24, chegou ao fim na virada do semestre, dando lugar ao processo de resfriamento do Oceano Pacífico, típico de uma La Niña.

Influência do La Niña

Os modelos climáticos indicam a atuação de um La Niña entre julho e setembro. Esse fenômeno, oposto ao El Niño, é caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico e exerce uma influência significativa no clima global. No Brasil, conforme Queiroz, seus efeitos resultam em menos chuvas na região Sul e em um aumento nos volumes de precipitação na região do Matopiba. “Os efeitos do La Niña são potencializados de acordo com a intensidade. Fenômenos de forte intensidade tendem a registrar as consequências clássicas, enquanto os mais fracos podem ter os reflexos no clima atenuados”, explica o analista de mercado.

Atualmente, os modelos de projeção climática apresentam divergências quanto à intensidade do La Niña. O modelo americano (CFSv2) prevê um fenômeno de intensidade moderada, com resfriamento próximo a -1,5°C, enquanto o modelo europeu (ECMWF) sugere um La Niña mais fraco, com resfriamento em torno de -0,5°C. Entretanto, independentemente dessas diferenças, climatologistas alertam para a possibilidade de atraso nas chuvas para a safra de verão devido à formação do fenômeno. “As previsões atuais indicam boas chuvas chegando até a região central do Brasil apenas na segunda metade de outubro, um atraso de cerca de 30 dias em relação à época habitual. No entanto, as perspectivas para novembro, dezembro e janeiro são de boas precipitações em praticamente todas as regiões produtoras”, aponta Queiroz.

O profissional diz que é importante ressaltar que o La Niña tende a reduzir as chuvas não apenas no Sul do Brasil, mas também em partes da Argentina, Paraguai e Uruguai. “É fundamental monitorar a evolução da intensidade do La Niña nos próximos meses e seus impactos nas áreas agrícolas desses países, com especial atenção para a Argentina, o terceiro maior produtor mundial de soja”, salienta.

Mercado da soja

Segundo Queiroz, a análise do mercado de soja para a safra 2024/25 deve considerar vários fatores além das condições climáticas. Dois aspectos essenciais para o balanço de oferta e demanda da commodity são a demanda global e os estoques.

A demanda por soja é influenciada por diversos fatores, como o crescimento econômico global, o aumento da produção de proteína animal e políticas governamentais e comerciais. Queiroz expõe que entre as safras 2012/13 e 2022/23, a demanda global por soja cresceu, em média, 3,3% ao ano, enquanto a safra 2023/24 deve registrar um crescimento de 4,4%, e a safra 2024/25, um aumento de 5%. “Esse crescimento acima da média observado em 2023/24, e esperado para 2024/25, está diretamente ligado à expansão da produção global de biocombustíveis”, assegura.

Nos últimos anos, o mundo tem visto um aumento gradual na produção de biocombustíveis, impulsionado principalmente por incentivos financeiros governamentais em países que buscam acelerar esse processo. “A necessidade de descarbonizar as economias tem levado a uma expansão significativa dos investimentos nesse setor, aumentando a capacidade de produção de biocombustíveis”, frisa Queiroz, acrescentando: “O óleo de soja é a principal matéria-prima para dois dos três biocombustíveis mais produzidos no mundo – biodiesel e diesel renovável. Esse avanço na produção de biocombustíveis está elevando a demanda por óleo de soja, o que, por sua vez, impulsiona a demanda pelo grão”.

Estoques globais

Os níveis de estoques globais de soja desempenham um papel importante na determinação dos preços da commodity. Estoques baixos tendem a aumentar a volatilidade das cotações, enquanto estoques elevados podem trazer maior estabilidade. “Para a safra 2024/25, espera-se um novo crescimento dos estoques finais mundiais de soja, mesmo diante do forte aumento projetado para o consumo”, afirma Queiroz.

Foto: Claudio Neves

Com base nas estimativas do USDA para a produção global e na previsão de 163 milhões de toneladas para o Brasil, os estoques mundiais devem variar entre 122 e 128 milhões de toneladas, representando um aumento de 9% a 15% em relação à safra 2023/24. A relação estoque/uso da oleaginosa subiria de 29% para um intervalo entre 30% e 32%.

Além dos estoques, políticas governamentais relacionadas ao comércio internacional, subsídios, biocombustíveis, acordos comerciais e questões ambientais também podem impactar o mercado de soja. Neste contexto, é importante observar o cenário político, especialmente a eleição presidencial nos Estados Unidos, prevista para novembro, onde Donald Trump é o candidato do Partido Republicano. “Em seu primeiro mandato, entre janeiro de 2017 e janeiro de 2021, Trump assumiu uma postura combativa com a China, o que culminou com uma guerra comercial entre as duas nações, cenário que beneficiou os produtores de soja do Brasil”, admite Queiroz.

Com o início da guerra comercial, em março de 2018, diante da imposição de tarifas comerciais sobre produtos chineses por parte dos EUA e desgaste das relações entre os dois países, a demanda de soja do gigante asiático saiu dos americanos e veio para o Brasil. “O reflexo disso foi uma queda dos preços em Chicago, diante da redução da demanda pela soja americana, mas uma explosão dos prêmios no Brasil, com as cotações alcançando US$ 2,75/bushel em outubro de 2018, o que mais do que compensou a queda na CBOT”, menciona o especialista, ampliando: “As chances de Trump assumir a presidência subiram após o atentado de 13 de junho e, com isso, o mercado já começa a especular sobre a possível retomada da guerra comercial com a China, o que seria bastante negativo para a demanda de exportação dos EUA, mas potencialmente positivo para os prêmios no Brasil”.

O panorama de produção global recorde, aumento dos estoques finais e elevação da relação estoque/consumo desenha um cenário de preços pressionados para a soja na Bolsa de Chicago (CBOT), que ainda pode ser potencializado por uma hipotética vitória de Trump e retomada da guerra comercial com a China. No Brasil, a queda em Chicago poderá ser contrabalanceada por uma valorização dos prêmios e por um real mais depreciado.

Fertilizantes favorecem as margens dos produtores

Os custos de produção para a safra 2024/25 devem apresentar uma redução em comparação à safra anterior, impulsionados pela queda nos preços dos fertilizantes e pela diminuição nas cotações de alguns defensivos agrícolas. A expectativa é de que os custos com fertilizantes caiam cerca de 25%, sendo este o principal fator na redução do custo operacional, que deve registrar uma queda de aproximadamente 12% em relação à safra 2023/24.

A desvalorização do Real pode proporcionar um alívio financeiro maior do que o previsto para os produtores, que enfrentaram margens reduzidas nas últimas duas safras. Essa situação permitiria a manutenção do pacote tecnológico, incluindo sementes e insumos, o que, aliado a condições climáticas favoráveis, pode resultar em um aumento da produtividade.

No que diz respeito aos preços, a previsão de um balanço global de oferta e demanda mais equilibrado, junto com a expectativa de mais um recorde de safra no Brasil, tende a pressionar negativamente as cotações da soja na CBOT. No entanto, a valorização dos prêmios e uma taxa de câmbio mais alta devem favorecer a precificação da soja em reais. Com isso, se espera um aumento na rentabilidade para a safra 2024/25, decorrente da redução dos custos e do potencial de melhora na produtividade.

Os preços na CBOT, o câmbio e os prêmios influenciam diretamente a formação do preço da soja para os produtores brasileiros. “Diante da perspectiva de queda nos preços em Chicago e de um câmbio volátil e imprevisível, é essencial que os produtores estejam atentos às oportunidades de hedge, considerando as expectativas de um mercado global mais bem abastecido”, sugere Queiroz.

Foto: Claudio Neves

Volátil, mas positivo

O aumento da oferta interna de soja deve beneficiar as tradings, promovendo um retorno mais robusto. Nos últimos 10 anos, as exportações brasileiras de soja cresceram 138% segundo a Secex, passando de 42,8 milhões de toneladas na safra 2013/14 para 101,8 milhões de toneladas em 2023/24.

A China, principal importadora global, recebeu 73% das exportações brasileiras de soja no ano passado. O USDA prevê um aumento de 4,2% no consumo global e de 1% nas importações chinesas, atingindo 109 milhões de toneladas, o que deve manter o impulso nas exportações brasileiras. “Apesar dos prêmios para exportação atuais serem positivos devido à alta demanda projetada, a grande quantidade de soja ainda a ser comercializada pode pressionar esses prêmios”, analisa Queiroz, mencionando que a comercialização antecipada da nova safra está em torno de 15%, com 138 milhões de toneladas ainda por negociar.

Embora as vendas antecipadas estejam acima do ano passado, há um atraso de seis pontos percentuais em relação à média histórica. “A volatilidade contínua, influenciada por fatores climáticos e políticos, pode complicar a gestão de risco para as tradings, tornando essencial uma estratégia cuidadosa”, aponta.

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Fonte: O Presente Rural

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Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre

OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre

A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.

Derivados registram pequenas valorizações em outubro

Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).

Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta

Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.

Custos com nutrição animal sobem em outubro

O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.

Fonte: Assessoria Cepea
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Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico

O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito

CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.

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Foto e texto: O Presente Rural

A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .

Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:

O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.

O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.

Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.

A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.

Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.

O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.

Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.

A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.

Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.

Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.

Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat

Fonte: O Presente Rural com informações de assessoria
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo

Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.

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Foto: Biopark

Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.

Foto: Gilson Abreu

As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.

“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.

“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.

O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.

Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.

“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.

Foto: Divulfgação/Arquivo OPR

A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.

Concursos estaduais

Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.

O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran

Fonte: AEN-PR
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