Avicultura
Saiba como utilizar a melhor fibra na avicultura
Fibras constituem uma parte significante dos alimentos, sendo que sua presença em quantidade e estrutura pode variar muito de acordo com o ingrediente analisado
Artigo escrito por Thiago Ferraz Correa, médico veterinário e gerente de Negócio Pleno Nutrição Animal da J. Rettenmaier
A “fibra dietética” vem sendo descrita como a porção dos alimentos que não é digerida pelas enzimas presentes no aparelho digestivo dos animais monogástricos. As fibras constituem uma parte significante dos alimentos, sendo que sua presença em quantidade e estrutura pode variar muito de acordo com o ingrediente analisado.
A estrutura da fibra tem um impacto significativo na sua função no intestino do animal, e exatamente por isso faz muito sentido que esta seja classificada e diferenciada. A principal diferença entre os grupos de fibras se refere à solubilidade. Frutas e raízes de vegetais, como laranja, maçã e beterraba são compostas principalmente por fibras solúveis (por exemplo a pectina). Ao contrário, alguns cereais apresentam boa quantidade de fibras insolúveis, como o girassol.
A literatura sobre fibras disponível evidencia que as insolúveis têm um efeito positivo sobre a avicultura. De acordo com o trabalho realizado em 2004, a taxa de passagem intestinal é acelerada e a digestibilidade de amido e proteína melhorada quando a fibra insolúvel está presente na dieta. Este aumento na velocidade da passagem intestinal diminui o acumulo de toxinas no trato intestinal. A fibra insolúvel (por exemplo a celulose) é acumulada na moela, ajudando a regular a taxa de passagem e a digestão de nutrientes no intestino delgado.
Há também resultados sobre o bem-estar animal com dietas ricas em fibra. Um estudo mostra um impacto positivo ao se elevar a porcentagem de fibra insolúvel na dieta. Um dos indicadores claros da melhora com fibra insolúvel é no canibalismo, principalmente em matrizes pesadas e aves de postura. Algumas matérias primas, como o farelo de girassol, são indicadas nos casos de canibalismo no plantel, porém sua disponibilidade no país é baixa, e o produto é difícil de ser encontrado. A explicação para a melhora se dá porque a pena auxilia na motilidade intestinal, quando o animal não tem fibra suficiente disponível. O uso de um produto rico em lignocelulose evita que o animal busque ingerir a pena, o que diminui a incindência de canibalismo.
Um recente de 2014 demonstrou um impacto na quantidade de ovos produzidos em matrizes pesadas. Matrizes adultas (33 semanas) receberam aumento de 0,5% na fibra insolúvel da dieta (com suplementação de uma lignocelulose concentrada), e foi observado ao longo de 6 meses, uma produção de 3,8 ovos a mais por ave em comparação ao grupo controle. Também foi possível notar um aumento em 4% na fecundidade dos ovos, o que indica uma melhora também no galo. Esse aumento pode ser explicado por uma melhora na qualidade intestinal, bem-estar e saciedade, além de uma menor incidência de micotoxinas, o que torna o animal mais produtivo.
A fibra solúvel, ao contrário, tem um efeito de diminuição da digestibilidade proteica, amido e gordura, por estar associada a um aumento da viscosidade da dieta. Esse aumento de viscosidade pode ser importante em casos com finalidade de redução de peso, como rações para cães obesos, por exemplo. Mas em área industrial como a avicultura, em que a conversão alimentar se torna um importante aliado do produtor, a fibra insolúvel acaba ganhando importância. Outro papel do aumento da viscosidade na dieta é o aumento da umidade em fezes, que prejudica a qualidade da cama dos aviários.
Selecionando a fibra ideal
Como visto na tabela, as fibras insolúveis têm características mais adequadas para a avicultura do que as fibras solúveis. As duas principais fontes de fibra do mercado brasileiro são o farelo de trigo e a casca de soja. Eles são compostos tantos por fibras solúveis como insolúveis, no qual ambos produtos têm grande concentração de NSP, os “polissacarídeos não-amiláceos”, relacionados ao aumento da viscosidade, diminuição de energia metabolizável dos animais e aumento de umidade nas fezes.
Todas essas características observadas nas fibras solúveis, e como já citado, não são desejáveis na avicultura. A casca de soja possui praticamente o dobro de NSP que o farelo de trigo, sendo que o farelo de trigo apresenta uma quantidade muito menor de fibra bruta (aproximadamente 10%) em comparação com a casca de soja (30%).
Existem matérias primas no Brasil com alta concentração de fibras insolúveis. Dois exemplos claros seriam o farelo de girassol e a casca de aveia. Entretanto, ambas têm baixa disponibilidade, variação de preço e alteração de qualidade ao longo do ano. Outro problema presente em todas essas matérias primas é a contaminação por micotoxinas.
Em resumo, para a escolha da fonte de fibra, deve-se não olhar apenas para o índice de fibra bruta. O nutricionista deve observar outros quesitos, como o valor de fibra em detergente neutro (FDN), detergente ácido (FDA, que pode ser entendido como o valor da lignocelulose presente no insumo) e valor da fibra dietética total. Importante ser observado também a disponibilidade da matéria prima, preço e obviamente a qualidade, com análises de micotoxinas regulares.
Mais informações você encontra na edição de Aves de agosto/setembro de 2017 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
