Suínos
Saiba como tratar infecções urinárias e doenças puerperais em matrizes
O controle da infecção urinária multifatorial merece atenção, porque existe uma relação desta enfermidade com os principais problemas reprodutivos
Artigo escrito por André Maurício Buzato, médico Veterinário especialista em Sanidade Suína e gerente Técnico Comercial/Suínos da Vetoquinol
A infecção urinária é uma das principais doenças endêmicas da suinocultura, por se tratar de uma patologia multifatorial, onde os diversos fatores de risco contribuem para uma alta taxa de prevalência da doença principalmente na criação intensiva de suínos.
A criação intensiva exige do suinocultor máxima eficiência no sistema de produção, e os índices reprodutivos são um dos principais parâmetros para se medir esta eficiência. Então, o controle da infecção urinária multifatorial merece nossa atenção, porque existe uma relação desta enfermidade com os principais problemas reprodutivos, dentre eles as doenças puerperais ou pós parto. Na espécie suína, existem várias condições de doença associadas com o período do pós parto, sob diferentes denominações, tais como mastite, metrite, agalaxia (MMA); mastite por coliformes, toxemia puerperal, síndrome de hipogalaxia do periparto, síndrome de descargas vaginais e infecção do trato urogenital. O complexo de doenças do periparto que aqui será referido engloba a infecções do trato genital (endometrites), bexiga (cistites) e glândulas mamárias (mastites).
As alterações drásticas do aparelho reprodutivo da porca, ligadas à fisiologia do parto, tornam o puerpério um período crítico no ciclo reprodutivo. Com a abertura do colo uterino, há alta carga de estresse físico, câmbios bruscos no aporte imunológico uterino, aumento na população bacteriana, danos no epitélio uterino, além de traumas físicos que tornam o útero vulnerável à ocorrência de infecções que afetam a saúde da porca e seus leitões.
Entretanto, embora esses problemas puerperais sejam reconhecidos há anos, sua adequada diagnose e a aplicação de medidas efetivas de prevenção e tratamento permanecem um desafio para técnicos e produtores. Problemas dessa natureza estão associados a perdas econômicas devidas a redução do número de leitegadas/porca/ano e ao descarte prematuro de fêmeas.
Entende-se como infecção urinária a penetração por via ascendente e posterior colonização patogênica de microrganismos nas vias urinárias inferiores (uretra e bexiga), superiores (ureter e parênquima renal) ou ambas. A bactéria isolada com maior frequência nos casos de infecção urinária é a Escherichia coli, que pertence a microbiota urogenital e fecal. O Actinomyces suis, microrganismo que também faz parte das microbiotas urogenitais de machos e fêmeas, merece destaque na etiologia primária desta patologia, considerando a sua importância na contaminação de fêmeas através da monta natural. O Staphilococcus sp e Strepotococcus sp também são encontrados com frequência em cultura pura ou associada de urinas de fêmeas suínas com infecção urinária.
Sintomas
Os sintomas da infecção urinária de origem multifatorial podem ser classificados como inespecíficos, agudos, superagudos e crônicos. Os sinais inespecíficos apresentados pelos animais são apatia, perda de peso, alterações na pele e dificuldade para levantar, permanecendo pouco tempo em pé e trocando constantemente de membro de apoio. Os principais sinais agudos são descarga vulvar ressequida (“pó de giz”), descarga vulvar mucóide, muco-hemorrágica ou purulenta, geralmente observada no final da micção, ou alterações nas características físico-químicas e bacteriológicas da urina (hematúria, proteinúria, leucocitúria e bacteriúria). Os sintomas superagudos estão relacionados com morte súbita, devido à hemorragia na bexiga, geralmente presente nos casos de pielocistite. Na maioria dos casos, trata-se de animais que, no dia anterior, não apresentavam sinais clínicos.
Já a forma crônica tem sido observada em fêmeas que, em algum momento, superaram a forma aguda através de medicação, diminuição dos fatores de risco ou nas duas situações. Os sinais clínicos se caracterizam por inapetência, emagrecimento progressivo, polidipsia, disúria, hematúria, piúria, anemia, uremia, descarga vulvar, retorno ao cio e baixa taxa de concepção.
O diagnóstico de infecção urinária pode ser realizado através de exame clínico do rebanho, juntamente com exames laboratoriais que identifiquem os microrganismos envolvidos (cultura e isolamento), possibilitando a realização de um antibiograma. Outra opção são os exames físico-químicos da urina que permitem determinar a ocorrência e a prevalência da doença na granja.
Tratar com uma única dose
A utilização de medidas medicamentosas de controle são eficientes, mas a correção dos fatores de risco (ingestão de água, teor de fibra da dieta, higiene das instalações e bons aprumos) são fundamentais no controle das infecções urinárias, sendo possível reduzir a taxa de prevalência em até seis vezes.
A antibioticoterapia injetável é a opção de tratamento mais adequada nos casos de infecções urinárias e doenças puerperais. Os antibióticos bactericidas são os mais indicados. Estudos recentes destacam os resultados dos tratamentos com a marbofloxacina 16% na dosagem de 8 mg/kg peso vivo em uma única injeção. Em um estudo realizado na Europa, a marbofloxacina 16% revelou ser bem tolerada e equivalente a três injeções de intervalo de 24 horas de enrofloxacina 5% em termos de cura de infecção do trato urinário causado por Escherichia coli. Em outro estudo também realizado na Europa, a marbofloxacina 16% (8 mg/kg) em uma única injeção revelou ser tão eficaz quanto a marbofloxacina 10% em um protocolo de tratamento com três injeções paa síndrome MMA em marrãs. Assim, o protocolo de uma única aplicação da marbofloxacina 16% promove um manejo muito mais fácil dos animais e com menor risco de erro no tratamento. Este novo protocolo também respeita as mais recentes recomendações no uso responsável de antibióticos. Utilizamos um antibiótico concentração-dependente, bactericida, em alta dose e numa única injeção, assim reduzimos a exposição do patógeno à janela de seleção de mutação, diminuindo o risco de seleção de resitência antimicrobiana.
Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de outubro/novembro de 2016.
Fonte: O Presente Rural

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
