Suínos
Saiba como garantir bem-estar dos suínos sem grandes investimentos
Reduzir fatores estressantes, oferecer boas condições de manejo, densidade, ambiência, nutrição e seguridade são ações simples e não requerem investimentos altos.

O bem-estar dos animais na produção de proteína é tema amplamente discutido entre profissionais da área e suinocultores. Mais do que isso, é vivenciado todos os dias em milhares de granjas espalhadas Brasil afora. Ajustes e melhorias são realizados constantemente para atender a legislação e as exigências de um mercado consumidor cada vez mais preocupado com o tratamento recebido pelos animais durante todo seu ciclo de vida.

Diretora técnica da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Charli Ludtke: “O maior desafio dos profissionais para desenvolver bem-estar animal é abordar todos esses fatores de boas práticas de forma integrada” – Foto: Sandro Mesquita/OP Rural
Para Charli Ludtke, doutora em Medicina Veterinária e diretora técnica da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), o bem-estar animal está diretamente ligado à redução de fatores estressantes e à saúde do rebanho, portanto precisa ser implementado de maneira contínua. “As defesas do animal estressado tendem a baixar, o que pode aumentar o risco de ter mais doenças respiratórias e gastrointestinais. Um animal bem tratado vai expressar melhor sua produtividade”, menciona.
Segundo Charli, a nutrição é um dos primeiros pontos que devem ser observados pelo produtor. “A ração precisa ser adequada e de qualidade para atender as necessidades dos animais. Assim como a água, que necessita ser de boa potabilidade”, salienta.
Atenção aos sinais
Mesmo quando se oferecem condições nutricionais corretas, que se traduzem em um escore corporal adequado, de acordo com Charli, é importante também ficar atento aos sinais apresentados pelos animais durante o manejo. “É preciso perceber se eles estão saudáveis, bem nutridos, em boas condições, livres de doenças e sem ferimentos. É importante monitorar o comportamento do rebanho, se os animais estão agindo mais naturalmente possível, se não estão estressados ou ofegantes”, exemplifica.
Castração e desbaste de dentes
Charli orienta que todos os procedimentos que causam dor aos animais devem passar por um processo de transmissão até serem substituídos completamente por métodos indicados na Instrução Normativa 113. Ela cita como exemplo a castração cirúrgica, menos utilizada atualmente, e que causa dor ao animal, e a imunocastração, método esse usado em 85% do rebanho brasileiro. “Se o produtor optar por fazer a castração cirúrgica, a normativa prevê que ela precisa ser feita com anestesia”, salienta.
De acordo com Charli, o desbaste dos dentes dos leitões é importante, porém, antes de realizar o procedimento é preciso avaliar outras questões para saber por que os leitões estão mordendo os tetos. “Precisamos ficar atentos para sabermos por que a matriz não está produzindo leite suficiente. Pode ser desconforto, tetos invertidos ou até mesmo por receber pouca água”, aponta.
Ambiência
O ambiente é outro fator determinante para desenvolver bem-estar aos animais e maximizar a produtividade na granja. De acordo com Charli, é fundamental avaliar rotineiramente as condições de ambiência nas instalações em termos de limpeza, conforto térmico e tudo que envolva a biosseguridade. “Se a minha granja está limpa, com um ambiente térmico confortável, com baixa pressão de infecção, a chance do animal adoecer reduz bastante”, menciona a diretora técnica.
Ludtke aponta ainda a necessidade de oferecer gaiolas com dimensões e acessibilidade de acordo com o preconizado na IN 113. “Para matrizes gestantes ou vazias em alojamento coletivo, a área útil mínima destinada a cada animal deve ser igual ou superior a dois metros quadrados”, informa.
Demanda
Além de resultar em benefícios para os animais, segundo Charli, o bem-estar é atualmente uma das principais demandas tanto do mercado externo quanto no interno. “Muitos consumidores querem que os animais tenham uma vida digna e em boas condições, desde o início do manejo até o momento do abate, sem dor ou sofrimento”, destaca.
Charli afirma que é necessário implantar normas de boas práticas de bem-estar, conforme às exigências da Instrução Normativa 113 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “O bem-estar é um tema bastante amplo e deve ser aplicado e monitorado. Dessa forma, trará benefícios para a saúde do animal e consequentemente para a produtividade da granja”, destaca.
Agroindústrias
O desenvolvimento do bem-estar nas granjas deixou de ser conceitual para se tornar algo exequível, afirma Charli. “Mesmo com a crise na suinocultura brasileira, gerada pelo elevado custo de produção que atrapalhou muitos projetos que seriam executados, houve nos últimos anos uma grande evolução no processo de bem-estar animal no Brasil”.
Esse avanço, segundo ela, foi alavancado em razão da implementação das boas práticas nas maiores agroindústrias brasileiras, que juntas detêm mais de 70% do plantel de suínos do país. “Essas agroindústrias já se posicionaram implementando o bem-estar dos animais em seus programas de autocontrole. Estão eliminando as gaiolas individuais e implantando modelos menores de baias coletivas e de livre acesso”, destaca Charli.
Para ela, fatores como boas práticas, biosseguridade e programas preventivos de vacinação auxiliam na redução do uso de antibióticos como promotores de crescimento, um dos apontamentos encontrados no IN 113. “Essas práticas devem andar de uma forma bem integrada”, afirma.
Reduzir fatores estressantes, oferecer boas condições de manejo, densidade, ambiência, nutrição e seguridade são ações simples e não requerem grandes investimentos, afirma Charli. “O animal criado em condições favoráveis de bem-estar terá seu potencial refletido em melhores índices de produtividade”, reforça a profissional.
Segundo Charli, o bem-estar animal precisa estar intrínseco ao processo de produção, pois está diretamente relacionado à produtividade, portanto a implementação dessas práticas trará resultados positivos a toda a cadeia. “Não podemos relacionar o bem-estar animal a um alto custo, afinal, uma granja não precisa ser automatizada para proporcionar essas condições”, sustenta.
Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



