Suínos Saúde Animal
Saiba como diagnosticar e tratar a Síndrome da Necrose das Orelhas em Suínos
Para controlar a Síndrome de Necrose das Orelhas dos Suínos uma série de medidas de manejo, nutricionais e sanitárias devem ser adotadas

Artigo escrito por Augusto Heck, médico veterinário, Sc e gerente Técnico Comercial para Suínos da Biomin
Os relatos de necrose de orelhas nos suínos tem sido mais frequentes em diversos países, bem como o seu aumento de prevalência e a consequente repercussão no bem-estar desses animais, demandando, portanto, a necessidade de intervenção corretiva. Esse quadro é frequentemente confundido com canibalismo de orelhas. Enquanto o canibalismo ocorre junto à base da orelha, na sua porção ventral, próximo onde a mesma se prende à cabeça, a necrose de orelhas ocorre nas extremidades, iniciando com depósitos pretos de conteúdo gorduroso que, se removidos, apresentam sangramento ou ulceração na referida região.
A doença normalmente apresenta duas etapas. Primeiro ocorrem lesões mecânicas nos leitões desmamados decorrentes de brigas ou por interação com as instalações ou equipamentos. Tais lesões podem evoluir para a cura ou tornam-se infeccionadas nos tecidos mais profundos chegando a acarretar perda de parte do pavilhão auricular.
As lesões acontecem em ambos os sexos e baias sexadas ou mistas são igualmente afetadas. O ato de morder ou sugar as orelhas não é observado nesses quadros mesmo acompanhando prolongadamente os suínos. Indivíduos com as orelhas dobradas são mais afetados que os com as orelhas eretas. A persistência prolongada do quadro nas granjas sugere não existir influência da estação do ano ou condição climática.
Essa enfermidade via de regra não afeta negativamente a mortalidade ou o ganho de peso dos suínos, mas pode, em casos graves, ocasionar impacto no crescimento pela ocorrência de abcessos nos linfonodos parotídeos que são os responsáveis pela drenagem linfática dessa região.
Causas
A causa da necrose de orelhas parece ser uma associação de fatores predisponentes com agentes infecciosos. Especula-se que lesões traumáticas permitam a entrada e desenvolvimento de um processo inflamatório bacteriano por Staphylococcus hyicus e/ ou Streptococcus ß-hemolítico. A sequência de eventos patológicos é a seguinte: celulite, vasculite, trombose, isquemia e necrose.
Outra possibilidade de explicação com participação infecciosa dessa síndrome são as lesões provenientes de uma vasculite generalizada causada pela hipersensibilidade imunomediada nos quadros de Circovirose suína.
A Eperitrozoonose provocada pelo Micoplasma suis pode acarretar microaglutinações de imunocomplexos nas extremidades das orelhas, ocasionando distúrbios circulatórios com cianose, exsudação e necrose.
Micotoxinas tais como o Deoxinivalenol e os Alcalóides do Ergot presentes em ingredientes da ração também podem estar associadas à síndrome. O Deoxinivalenol está associado a necrose focal da epiderme que é complicada pelo crescimento bacteriano nesses restos celulares. Por outro lado, os Alcalóides de Ergot estão associados com a vasculite e a fase aguda da doença.
Controle
Para controlar a Síndrome de Necrose das Orelhas dos Suínos uma série de medidas de manejo, nutricionais e sanitárias deve ser adotada. Praticar lotação, disponibilidade de espaço de comedouro e proporção de animais por ponto de água adequados, evitar a formação de lotes muito grandes, bem como a mistura de leitegadas, para diminuir a ocorrência de brigas. Evitar correntes de ar, mas permitir ventilação para diminuir a humidade que é importante para o crescimento bacteriano, fornecer enriquecimento ambiental com brinquedos e praticar a remoção dos indivíduos acometidos para baias hospital são medidas de manejo adequadas para evitar ou minimizar o impacto da necrose de orelhas.
Do ponto de vista nutricional é fundamental atentar para a origem dos ingredientes, bem como monitorar a contaminação por micotoxinas. Caso haja positividade fora dos limites toleráveis proceder a troca dos insumos e/ou a agregação de adsorventes de micotoxinas variando a dose do mesmo em função do desafio apresentado. O fornecimento de ração úmida comparado com ração seca diminui a ocorrência do problema. Da mesma maneira a ração farelada acarreta menor ocorrência de necrose de orelhas que a ração peletizada talvez pela diferença de tamanho das partículas no processamento ou pela eventual destruição de componentes importantes no alimento.
A inibição do processo inflamatório dos capilares das orelhas aumentando os níveis de vitaminas do complexo B, agregando determinados fitogênicos e garantindo o balanço adequado entre os ácidos graxos Ômega 3 e Ômega 6 também são ações nutricionais úteis.
Como medidas sanitárias podemos citar a lavação criteriosa das instalações com detergentes para a retirada do material gorduroso que pode formar a capa protetora sobre os agentes infecciosos contaminantes ambientais, a medicação antibiótica individual dos suínos com as lesões nas orelhas considerando o perfil de sensibilidade do(s) agente(s) envolvido(s) associada a anti-inflamatórios e a vacinação para Circovírus Suíno.
Como pudemos perceber a Síndrome da Necrose das Orelhas do Suíno é um quadro sanitário bastante complexo e difícil tanto para diagnosticar os agentes ou fatores desencadeantes, bem como para escolher as medidas corretivas a serem implementadas. Apesar de agentes infecciosos poderem estar implicados no desenvolvimento da doença eles não são os únicos. Componentes associados ao manejo e à nutrição desempenham um papel igualmente importante e devem obrigatoriamente ser lembrados em um plano de controle da enfermidade.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2019 ou online.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



