Suínos Saúde Animal
Saiba como controlar a Síndrome Mastite, Metrite e Agalaxia (MMA) em suínos
Além de ser fonte de notáveis perdas econômicas, é provavelmente o processo infeccioso mais importante que afeta a porca no período pós-parto

Artigo escrito por Cíntia Sartori, gerente de Serviços Veterinários da Unidade de Suínos da Ceva; e William Costa, gerente Técnico da Unidade de Suínos da Ceva
A Síndrome Mastite, Metritre e Agalaxia é uma patologia formada por: inflamação do úbere (mastite) e do sistema reprodutivo (metrite) que termina em ausência ou diminuição da liberação do leite (agalaxia ou hipogalaxia). Existem outras denominações mais específicas para essa síndrome, tais como: síndrome da hipogalactia puerperal (SHP), síndrome da disgalactia pós-parto (SDP) e síndrome da insuficiência lactacional. Portanto, a MMA pode ser caracterizada como a forma mais severa de SDP.
A ocorrência desta síndrome complexa acontece em fêmeas suínas logo após o parto (12 horas a três dias), levando ao aumento da mortalidade dos leitões e à redução do peso ao desmame, também causa debilidade na fêmea e em casos mais graves leva a morte.
Além de ser fonte de notáveis perdas econômicas, é provavelmente o processo infeccioso mais importante que afeta a porca no período pós-parto. Vários estudos realizados nos EUA, Dinamarca e Espanha, relatam que uma em cada 10 porcas sofre desta síndrome (entre 9,5-13,1%) no pós-parto.
No Brasil, autores relatam que a prevalência depende da severidade e a incidência do problema, variando entre granjas e a sua ocorrência pode ser estimada entre 3 e 15% das matrizes paridas. Outros autores afirmam que em determinadas épocas do ano, (verão) verdadeiros surtos de MMA chegam a acometer 70% dos partos.
Etiologia
Os principais microrganismos causadores da MMA são as bactérias Gram positivas e negativas, os estafilococus e estreptococos e, principalmente, Escherichia coli e Klebsiella spp. Entretanto, outros microrganismos também podem provocar essa síndrome como Actinobacillus, Actinomyces, Aerobacter, Citrobacter, Clostridium, Enterobacter, Pseudomonas, Proteus, Mycoplasma, e Clamydia.
O complexo MMA é uma doença multifatorial. A interação de vários fatores leva ao aparecimento da doença. A etiopatogenia é relativamente complexa, havendo uma interação entre as endotoxinas de origem bacteriana, com a alteração de funções endócrinas e fatores predisponentes que causam estresse.
As endotoxinas são partes da parede celular de bactérias Gram-negativas. Eles agem como pirogênicos (induzem febre) e têm um potente efeito imunomodulador. Se o animal for saudável, as endotoxinas derivadas do intestino são transportadas pela veia porta para o fígado e aí eliminadas.
As endotoxinas também são chamadas de lipopolissacarídeos (LPS) e são liberadas pelas bactérias após a morte ou durante a proliferação.
No início, as endotoxinas levam a uma deterioração do estado geral da porca. Posteriormente, febre ou distúrbios circulatórios podem resultar de endotoxinas circulando no sangue. Além disso, elas suprimem a produção de prolactina (hormônio para a produção de leite), o que leva ao esgotamento do leite, piorando a condição se submetido o animal a estresse (Figura 1).

Uma liberação avassaladora de endotoxinas ativa outras cascatas, que nos piores casos podem levar a um choque endotóxico e até mesmo à morte.
Fatores de risco
Vários fatores de risco estão envolvidos no processo, entre eles fatores associados a matriz, ao alojamento e manejo e a nutrição (Figura 2).

A exposição das fêmeas a esses fatores de risco aumenta as chances da ocorrência da síndrome.
Sinais clínicos
Os sinais clínicos podem aparecer de 12 a 72 horas pós parto. Além de mastite, metrite e agalactia, os sinais clínicos incluem constipação, febre (acima de 39,9ºC), letargia, anorexia (1 a 2 dias), descargas vulvares não fisiológicas e glândulas mamárias edemaciadas. A perda de apetite é frequentemente o primeiro sinal perceptível, bem como inquietação durante a amamentação. Frequentemente, a baixa produção de leite e o baixo ganho de peso vivo dos leitões podem ser os únicos indicadores do problema.
A leitegada pode apresentar diarreia, enfraquecimento e desidratação. As perdas de leitões podem ocorrer de forma rápida, caso não haja ação, por inanição e esmagamento.
Diagnóstico
O diagnóstico é baseado nos sinais clínicos, particularmente na inapetência da porca e na redução do estado corporal da leitegada. As glândulas mamárias podem ser palpadas (sentidas) em ambos os lados, passando as mãos sob as duas linhas dessas glândulas; as glândulas individuais afetadas ficarão firmes e quentes, além da presença de mastite. Pode ter a presença de descargas vulvares não fisiológica.
Controle e tratamento
A prevenção dos fatores que predispõem à SDP é o caminho ideal para minimizar os problemas. As ações que envolvem um programa de prevenção à SDP são aquelas recomendadas para um correto manejo da matriz e sua leitegada durante a fase em que permanecem na maternidade.
Devem ser realizados correta execução nas ações de limpeza e desinfecção das salas de maternidade, manejo todos dentro/todos fora e respeitado o período de vazio sanitário (mínimo de 72 horas). Cuidados com as matrizes: fazer transferência das matrizes nos períodos mais frescos do dia, transferir no mínimo 4 a 5 dias antes do parto, lavar as matrizes antes da entrada na maternidade. Cuidados ao parto: manter as matrizes em instalações higienizadas, reduzir a quantidade de ração fornecida às fêmeas até a data prevista do parto, atenção para palpações manuais, estabelecer critérios rígidos para decidir pela intervenção, realizar o procedimento com higiene (na matriz e no operador) e medicar via parenteral com antimicrobiano (por 2-3 dias). Cuidados no pós-parto: aferir a temperatura corporal, principalmente de matrizes com maior predisposição a síndrome, acompanhar as mamadas e verificar se estão sendo realizadas corretamente, aumentar gradativamente a ração fornecida até ser dada ad libitum aos 5 dias. Cuidados gerais: manter programas preventivos às infecções urinárias, controle efetivo da nutrição, manter uma adequada distribuição das matrizes do plantel de acordo com a ordem de parição, priorizar o descarte das matrizes identificadas com SDP.
Tratamento
É muito importante a identificação precoce das fêmeas para estabelecer um tratamento visando proteger a lactação e, consequentemente, a vida dos leitões.
Deve ser aplicado um antibiótico de amplo espectro, eficaz contra as principais bactérias envolvidos no processo para eliminar a fonte primária da infecção. Um antibiótico muito indicado para esta situação é a marbofloxacina, devido a sua excelente sensibilidade, rápida absorção e biodisponibilidade, além de ser um medicamento de dose única, quando utilizado na dose de 8,0 mg/kg.
O uso de anti-inflamatórios não esteróides (AINEs), como a Flunixina (2,2 mg/Kg a cada 12 horas), também é indicado, pois reduz os efeitos de endotoxinas bacterianas. As ações antipirética, anti-inflamatória e analgésica dos AINEs reduzem as alterações mamárias, uterinas, cistite, edema e dor. Seu efeito é mais precoce e mais rápido que o dos antibióticos na hipertermia e no apetite, e favorecem o retorno à normalidade na ingestão de líquidos, o que permite manter a lactação de forma normal. A simples supressão da dor tem um efeito benéfico na perda subsequente da lactação.
A aplicação de 5-10 IU de oxitocina em intervalos de quatro a seis horas, injetado 2-3 vezes (dependendo da necessidade) ou preferencialmente, a carbetocina (50 μg/matriz) em dose única é importante para auxiliar na liberação do leite. Além disso, favorece as contrações do miométrio e peristaltismo intestinal.
Outras notícias você encontra na edição de Nutrição e Saúde Animal de 2020 ou online.

Suínos
Suíno vivo segue estável no fim de novembro
Mercado ajustado, oferta controlada e demanda pré-festas garantem sustentação aos preços, que avançam de forma moderada no mês.

O mercado do suíno vivo mantém certa estabilidade nos preços nesta reta final de novembro, segundo os indicadores do Cepea/Esalq. Na comparação diária, praticamente não houve mudanças relevantes nas praças acompanhadas, mas o acumulado do mês mostra avanços moderados e generalizados.
Em Minas Gerais, o animal posto foi negociado a R$ 8,46/kg na quinta-feira (27), sem variação no dia, mas com a maior alta mensal entre os estados, de 2,79%. No Paraná, o suíno a retirar fechou a R$ 8,41/kg, recuando 0,12% no dia, porém acumulando 0,72% de valorização em novembro.
No Rio Grande do Sul, o preço permanece estável em R$ 8,38/kg, com avanço mensal de 1,21%. Já em Santa Catarina, a cotação também não registrou variação diária, ficando em R$ 8,28/kg, leve alta de 0,36% no mês.
Entre as principais praças, São Paulo segue na liderança dos valores, com o suíno posto negociado a R$ 8,78/kg, estável no dia e com discreto ganho mensal de 0,11%.
Os números refletem um mercado ajustado, com oferta controlada e demanda alinhada ao período pré-festas, mantendo sustentação nos preços mesmo sem movimentos bruscos no curto prazo.
Suínos
Programa de ideias da Coopavel impulsiona inovação e engaja colaboradores no frigorífico de suínos
Segunda edição registra 159 sugestões, 62 aprovadas e dez já implantadas, reforçando competitividade, participação interna e cultura de melhoria contínua.

O Programa de Ideias realizado pelo Frigorífico de Suínos da Coopavel encerrou sua segunda edição com resultados importantes e forte engajamento dos colaboradores. Em 45 dias, foram registradas 159 ideias, das quais 62 foram aprovadas e dez já implementadas. No total, 66 colaboradores participaram ativamente do processo. O evento de encerramento, com 40 pessoas, contou com a presença do presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, que destacou a importância da contribuição, do compartilhamento de experiências e da participação dos funcionários no contínuo crescimento da cooperativa.
Conforme Dilvo, iniciativas como essa fortalecem a competitividade da Coopavel, transformam boas sugestões em melhorias reais e ampliam o sentimento de pertencimento entre as equipes. O programa segue o conceito de inovação definido pelo Comitê de Inovação da cooperativa, que considera inovador todo produto, serviço ou processo novo ou melhorado e capaz de gerar benefícios diretos ou indiretos para a Coopavel. O projeto foi realizado pelo frigorífico de suínos em conjunto com o setor de inovação da cooperativa, a Universidade Coopavel (Unicoop) e o Itaipu Parquetec.
Critérios
A iniciativa busca identificar oportunidades em diferentes áreas, promover o intraempreendedorismo e incentivar melhorias industriais, operacionais, administrativas e gerenciais. As ideias foram avaliadas por critérios como impacto, viabilidade, relação custo-benefício, nível tecnológico e contribuição para a competitividade da cooperativa. As sugestões foram divididas em quatro categorias.
Vencedores
Na categoria Administração, Comercial, Contabilidade, Expedição/Estocagem e Industrializado, os vencedores foram Fábio Julio Cansi (1º), Álvaro José Rodriguez Cordero (2º), e Sirlene Maciel Vigano e Adenilda Gomes da Silva (3º). Na categoria Fomento, Recebimento, SIF, Abate/Salas Anexas, Higienização e Subproduto, a vencedora foi Ada Rubia Wandscher. Na categoria Qualidade, P&D, Desossa, Resfriamento de Carcaça e Manutenção, os destaques foram Izaias de Oliveira Antunes (1º), Leandro Victor Schwambach (2º), e Sirlene Maciel Vigano e Leonildo Callegari (3º).
Já na categoria PCP, RH, Almoxarifado, Paletização, Túneis e Secundária, os premiados foram Ana Lúcia Tadioto, Eloir da Silva Ortiz e Cezimundo Ferreira Bento Biazin (1º), Ritamara Bertucci (2º), e Marcelo Huk Soares (3º). A primeira edição do Programa de Ideias foi realizada no frigorífico de aves em 2023, e a edição recém-concluída no frigorífico de suínos consolida o projeto como uma ferramenta de inovação interna e valorização dos colaboradores, comenta o gerente do Frisuínos, Mauro Turchetto.
A etapa final contou também com palestra do gerente do Centro de Empreendedorismo do Itaipu Parquetec, Eduardo Montenegro Bortoleto. Ele falou sobre Intraempreendedorismo. Todo programa teve apoio do Itaipu Parquetec, que contou com Alexandre Pastre, Analista de Inovação do Parque, que participou da banca de avaliação das ideias. Uma das premiações de reconhecimento aos que tiveram ideias aprovadas será uma visita à Usina Hidrelétrica de Itaipu.
Suínos
Produção, exportações e consumo avançam e consolidam força da suinocultura nacional
Com custos competitivos e demanda asiática aquecida, setor projeta crescimento firme em 2025 e reforça planejamento para manter resiliência frente a oscilações externas.

Impulsionada por custos de produção mais baixos e por uma demanda internacional aquecida, a suinocultura brasileira caminha para encerrar 2025 como um dos melhores anos de sua história. A combinação de milho e farelo de soja em patamares favoráveis garantiu ao setor margens robustas, estimulando a expansão da produção e o avanço dos abates ao longo do ano.
De acordo com análises da Consultoria Agro do Itaú BBA, o ambiente de custos controlados tem sido decisivo para acelerar o ciclo de crescimento da atividade e ampliar a competitividade da proteína no mercado global.
O cenário externo seguiu igualmente favorável. A demanda asiática, que responde por cerca de 65% das exportações brasileiras, manteve o ritmo acelerado e foi determinante para mais um recorde anual. Filipinas, Japão e Vietnã ampliaram expressivamente suas compras, compensando a retração observada na China. Nas Américas, mercados como Chile, México, Argentina e Uruguai também reforçaram o desempenho brasileiro e despontam como destinos estratégicos para 2026.
As projeções indicam que a produção nacional deve crescer 5% em 2025, enquanto as exportações devem avançar 15%. Mesmo com o aumento dos embarques, o consumo interno também deverá alcançar um novo patamar histórico, mantendo o equilíbrio entre oferta e demanda no mercado doméstico.
A expectativa para a próxima safra é de custos de ração equilibrados, apesar de eventuais ajustes no milho, o que deve sustentar a competitividade da proteína e prolongar o ciclo de margens favoráveis que já dura três anos. Esse ambiente estimulante já se reflete no ritmo de produção, superior ao registrado no mesmo período do ano passado.
Apesar do cenário positivo, especialistas alertam que o momento é oportuno para o setor reforçar sua resiliência frente a possíveis oscilações, especialmente no mercado externo. Avaliação criteriosa de investimentos e manutenção de liquidez serão essenciais para enfrentar a tradicional volatilidade da suinocultura e preservar a estabilidade conquistada nos últimos anos.



