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Saiba como a Aurora Coop pretende dobrar de faturamento em 10 anos

Presidente da cooperativa, Neivor Canton diz que é preciso preparar os seus quadros de cooperados e de colaboradores para fazerem com que a cooperativa seja um instrumento para o desenvolvimento da sociedade.

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Registro da entrevista do programa Voz do Cooperativismo na sede da Aurora Coop, em Chapecó, SC - Foto: O Presente Rural

Com um faturamento de R$ 22,2 bilhões em 2022, a Aurora Coop planeja dobrar a sua produção e faturamento nos próximos dez anos. No 5º episódio da série Voz do Cooperativismo, a equipe de reportagem foi até a sede da cooperativa, em Chapecó, SC, e conversou com o presidente Neivor Canton. Ele falou sobre a história da cooperativa, sobre os planos dessa gigante para se tornar ainda maior no setor de carnes e ponderou sobre as percepções que possui sobre o presente e o futuro do agronegócio no Brasil e no mundo. Confira abaixo os principais trechos da entrevista.

O Presente Rural – Conte um pouco sobre sua trajetória até tornar-se presidente da Aurora Coop e sobre o seu e envolvimento com o cooperativismo.

Presidente da Aurora Coop, Neivor Canton – Foto: O Presente Rural

Neivor Canton – Iniciei a minha trajetória ainda muito jovem, em uma cooperativa singular do grupo Aurora, a Copérdia. Lá eu tive a oportunidade de assumir cargos importantes e tive o privilégio de tomar posse como presidente, sucedendo o grande cooperativista Odacir Zonta. Estive à frente da Copérdia por 12 anos e neste período eu atuei como presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), e da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro). Essas experiências possibilitaram que eu assumisse, a partir de 2007, funções na diretoria da cooperativa central, que é a Aurora Coop. Nos tempos do grande idealizador do sistema Aurora, o senhor Aury Luiz Bodanese eu já estava contribuindo com o meu trabalho atuando no Conselho de Administração. Entre os cargos de destaque também exerci a função de Secretário do Conselho da Aurora e por meio de todas estas experiência, desde 2020 estou na presidência da Aurora, sucedendo o passado presidente Mário Lanznaster que faleceu, de quem eu era vice-presidente.

O Presente Rural – A Aurora teve início em 1969. Na época, o objetivo era proporcionar melhores condições de vida às famílias de pequenos produtores rurais. Conte-nos um pouco sobre a história da Aurora Coop.

Neivor Canton – A Aurora é uma cooperativa central que integra outras cooperativas. A sua fundação foi há 53 anos, quando oito cooperativas decidiram unir-se para facilitar o processo de industrialização, que teve início com suínos e depois outras atividades foram sendo acrescentadas. O início foi muito bonito, já que mostra o poder da união, porque uma cooperativa apenas não tinha capital e condições de iniciar um processo de industrialização, mas com a cooperação entre várias foi possível iniciar este lindo trabalho. Hoje somos onze filiadas e logo teremos mais cooperativas que vão integrar a nossa central.

O Presente Rural – Observamos que é muita gente envolvida com a Aurora, o senhor pode nos contar qual é o número de colaboradores associados da cooperativa?

Neivor Canton – Quando juntamos todas as cooperativas que são associadas à Aurora nós temos 76 mil produtores rurais cooperados, umas cooperativas com mais pessoas e outras com menos. Mas como nós sempre costumamos dizer, os nossos princípios do sistema cooperativo é o que move todas as cooperativas. Também é importante ressaltar que todas elas têm poder de discussão e de decisão também. Com relação aos colaboradores somos mais de 55 mil funcionários que desempenham as atividades burocráticas da cooperativa. Somente na central Aurora são 42 mil empregos diretos, já os empregos indiretos são milhares espalhados por todo o Brasil.

O Presente Rural – Com relação às regiões de atuação da Aurora, o senhor pode nos dizer em quais lugares a cooperativa tem atuado e se existem planos de expansão da Aurora Coop?

Neivor Canton – Em se tratando de produção, as bases produtivas do campo estão nos três estados do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e no Mato Grosso do Sul, são esses os estados que hospedam as nossas onze cooperativas afiliadas. Neles estão os nossos 76 mil produtores.
Por outro lado, comercialmente falando, a Aurora foi se expandindo ao longo da sua trajetória de pouco mais de meio século e hoje estamos presentes em todas as unidades da federação brasileira, com a comercialização de mais de 850 itens de produtos derivados de suíno, frango, leite, massas e peixe e assim por diante. De todos os produtos que produzimos, de 35% a 40% são exportados para mais de 100 países.

O Presente Rural – Com respeito aos ramos de atuação da Aurora, o senhor poderia fornecer detalhes sobre cada um deles e compartilhar como está o desempenho de cada setor?

Neivor Canton – É claro. O negócio que deu início à existência da Cooperativa Central foi a suinocultura, porque tínhamos muitos produtores pequenos que não tinham para quem entregar sua produção. A área onde a Aurora iniciou suas atividades já era trabalhada por outras grandes empresas do setor, mas os pequenos produtores não tinham espaço para entregar sua produção. Desta maneira, as oito cooperativas juntaram-se e iniciaram a Cooperativa Central abatendo 200 suínos por dia. Hoje abatemos 30 mil suínos ao dia. Então, uma trajetória de meio século permitiu que a atividade da suinocultura se consolidasse entre os pequenos produtores, que também foram crescendo. Hoje nós não diferenciamos os produtores da Aurora pelo tamanho em relação a outros produtores. Esse nivelamento existe, mas eles próprios se nivelaram por conta da competição do mercado, já que a viabilidade da atividade exige escala e uma série de outras situações.

Foto: Divulgação/Aurora

Nossa suinocultura hoje conta com nove plantas que processam suínos diariamente e nós temos algo em torno de 4 mil produtores que entregam os suínos às nossas cooperativas, que fazem chegar até a Aurora. Cada cooperativa tem sua quota diária para entregar nas plantas determinadas, segundo a melhor logística.

O ingresso da avicultura foi na sequência, um pouco mais tarde. Hoje também temos nove plantas que processam frangos, com um total de 1,3 milhão de frangos abatidos por dia. Estamos com algumas ampliações em curso que deverão adicionar mais volumes nos próximos meses e anos e os produtores também localizados segundo a melhor logística.

Mais recentemente passamos a processar o leite também como uma alternativa para aqueles produtores que não desejaram continuar na suinocultura, porque na grande região agrícola e especialmente no Leste catarinense, todas as famílias tinham alguma coisa de suíno. Mas como o mercado foi exigindo escala para viabilizar a produção tivemos muitos produtores que preferiram deixar esta atividade, desta maneira, o processamento do leite foi a nossa alternativa, pois a maioria ainda trabalhava com a pecuária leiteira, desta forma, ajudamos na tecnificação desta atividade e hoje nós temos, no Oeste de Santa Catarina, uma grande bacia leiteira, que o sistema cooperativo de fato foi o grande incentivador. Hoje processamos cerca de 1 milhão e 600 mil litros de leite por dia, que são industrializados e comercializados.

São estes três os nossos grandes negócios: suínos, aves e leite. Também começamos a trabalhar com peixe, mas isso está apenas começando, e desta forma ainda não fazemos referência a essa produção.

O Presente Rural – Para onde vai toda essa produção de suínos, frangos e leite?

Neivor Canton – Muito interessante a sua pergunta, o mercado interno é o nosso grande aliado quando falamos em industrialização. O Brasil ainda tem dificuldade de emplacar, em mercados externos, nossos produtos industrializados. De fato, nos países do velho mundo, com sua grande tradição é bastante difícil de alcançar, porém, acreditamos que devagarinho nossos produtos vão passar a ser encontrados em gôndolas nos mercados externos.
No mercado interno temos mais de duzentos milhões de consumidores que consomem volumes extraordinários dos nossos produtos. Já o mercado externo vem absorvendo bastante a nossa produção avícola e constatamos um crescimento extraordinário da avicultura brasileira e que faz com que a gente acredite que dificilmente outros países do mundo terão a competitividade que o Brasil possui no mercado externo.

Com relação ao leite nossa produção é consumida pelo mercado interno, exportamos um pouco de leite em pó, mas é muito pouco.
Desta maneira, podemos dizer que 40% do nosso frango vai para o mercado externo. Algo em torno de 30% do suíno também é exportado. Assim sendo, qualquer plano de crescimento que nós tenhamos nessas duas atividades, suínos e aves, sempre deve ser pensado olhando para o mercado externo.

O Presente Rural – Uma das grandes preocupações de quem produz proteína animal além da questão de custo, é a questão da biosseguridade. Uma das grandes conquistas que o Brasil tem é o status sanitário diferenciado. Como que a Aurora tem trabalhado isso?

Neivor Canton – O Brasil tem sido privado da peste suína africana que já atinge muitos países. A Influenza aviária também está fora dos nossos planteis comerciais. Isso é motivo de orgulho e uma grande conquista para o nosso país. Desta maneira, a questão sanitária tem sido enxergada de forma especial pelos poderes públicos, tanto nos municípios, como nos estados e pelo governo federal. Todos reconhecem a importância social e econômica que a produção do agro tem e por isso, buscam formas e ferramentas para proteger os planteis.

Aqui em Santa Catarina também temos um status diferenciado, porque há muitos anos somos reconhecidos pelo mercado externo como área livre de febre aftosa sem vacinação. Isso possibilita um status bem elevado para o nosso estado. Eu também diria que o Paraná e o Rio Grande do Sul têm o mesmo status, só que ainda não foi reconhecido adequadamente, mas eles já têm dispensado os mesmos cuidados com os plantéis. Prosseguir e progredir esses reconhecimentos é muito importante para o Brasil.

Por outro lado, a nossa fronteira aqui com a América do Sul, com os países sul americanos, nos coloca ainda em algumas dificuldades de cuidar disso de maneira adequada. É preciso continuar investindo, porque este cuidado vale a pena, porque um bom status sanitário fortalece a nossa economia. Os governos sabem do grande retorno financeiro que as nossas produções trazem ao nosso país e desta forma, eles passam gradativamente a serem mais sensíveis e mais atenciosos com os cuidados que são fundamentais. O Brasil, queiramos ou não, mesmo que tenham pessoas que contestem, está caminhando para ser um grande produtor de alimentos para o mundo. E isso ninguém pode desprezar. Isso é oportunidade de nós desenvolvermos nosso país em vários aspectos, porque a riqueza não fica no bolso só de quem exporta, ela se distribui para toda a sociedade.

O Presente Rural – Como a cooperativa tem lidado com temas da atualidade como o ESG, bem-estar animal e a própria questão da tecnologia sendo incorporada no ramo agropecuário?

Neivor Canton – Os tempos são muito desafiadores sob esse aspecto. As atividades produtivas do campo e práticas industriais vêm sempre sendo vigiadas no sentido de que o consumidor cria os seus desejos, as suas vontades e quem produz precisa estar atento.

Contudo, o ESG, eu diria que é uma sigla moderna que vem sendo divulgada há poucos anos, mas que já era utilizada em nosso meio, ou seja, há muito tempo trabalhamos com os pilares do ESG. Nós temos convicção de que há décadas a legislação brasileira tem normatizado de forma muito eficiente em relação aos deveres com o nosso trabalhador, com as boas práticas de campo, cuidado com os tratos dispensados aos animais.

Nossa principal preocupação, que tem movido o sistema Aurora, que são as onze cooperativas e mais a Central, é o princípio de cuidar das pessoas do campo, pois são elas os donos do empreendimento. Cada produtor precisa sentir a segurança de que a sua propriedade rural, que é uma empresa, possui perspectiva de sucessão, de continuidade. E isso tem merecido toda a nossa atenção. Nós nos orgulhamos do que fazemos com o produtor do campo, pois durante mais de duas décadas, os nossos programas de qualidade têm se preocupado em fixar e dar estabilidade aos produtores no campo.

E isso tem começado até com programas de auto estima que são levados a essas famílias, porque o campo teve um êxodo rural espantoso há algumas décadas. Dá para se afirmar que hoje nós temos a metade da população rural que já se teve em outros tempos. Muitas famílias deixaram o campo por falta de perspectiva e as cooperativas então tiveram essa visão de trazer, para os produtores rurais, programas de qualidade, fazendo com que os filhos e filhas dos produtores rurais enxergassem nas propriedades uma perspectiva de futuro. Muitos dos jovens que saíram por falta de perspectiva estão retornando para serem gestores de uma propriedade rural e gestores no sentido de ter resultado, já que ninguém fica numa atividade se não tem perspectiva de resultado econômico. E esse resultado acaba trazendo também outras soluções.

Com relação a qualidade de vida nós costumamos definir que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das famílias do campo são sensivelmente melhores do que foram há décadas. Acreditamos que isso é fruto de todo este importante trabalho, juntamente com a tecnologia e outros ingredientes que você fez referência. Então dentro do ESG todas essas práticas são consideradas.

Hoje, o nosso produtor é um verdadeiro gestor da propriedade. Eu costumo dizer que as meninas do campo voltaram a casar com os meninos do campo e pacificou esse lado. É que hoje nós temos empresas rurais, sendo que é muito mais difícil você fazer a gestão, ou seja, administrar uma empresa rural do que uma pequena empresa urbana. Então, um produtor rural hoje é de fato um homem capacitado para ser um empresário.

O Presente Rural – Fale um pouquinho a respeito dos planos de expansão da Aurora para o Paraná.

Neivor Canton – Recentemente ajustamos uma intercooperação com três cooperativas dos Campos Gerais do Paraná. Já noticiamos isso para todo o Brasil e estamos aguardando a aprovação da transação com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Acreditamos que em breve teremos a aprovação e assim esperamos um crescimento do nosso quadro de cooperativas associadas com o ingresso de mais três cooperativas do Paraná no Grupo Aurora.

Esse é um dos muitos projetos importantes que vai elevar a nossa participação no mercado no da suinocultura e avicultura. Mas temos também outros projetos que já foram traçados no nosso planejamento estratégico e que preveem uma continuidade de crescimento adequado à capacidade de consumo e a demanda do consumidor.

Na área da produção de leite que também é uma atividade muito importante para a Aurora nós planejamos continuar a resgatar o compromisso que nós temos com os nossos produtores e aprimorar este negócio.

O Presente Rural – Quais são as perspectivas de crescimento e faturamento para os próximos anos?

Neivor Canton – Encerramos o ano de 2022 com um faturamento de R$ 22,2 bilhões. Entretanto, nossa perspectiva para 2023 não aponta para um crescimento expressivo, conforme os apontamentos do mercado. Atualmente, estamos projetando um aumento moderado na faixa de 6% a 10%. Essa projeção está sujeita a variáveis especialmente as que surgirão nos últimos meses deste ano. Fatores como os preços praticados no mercado podem influenciar nossa receita e permitir ajustes necessários. No entanto, é importante antecipar que, devido às atuais complexidades do mercado, não esperamos que 2023 apresente um crescimento comparável aos anos anteriores.

Para o futuro temos grandes aspirações. Esperamos que com a medida que adicionamos volumes processados em nossas fábricas, acrescentamos novas plantas industriais ou ampliações de plantas que possuímos, bem como a constante utilização de novas máquinas e processos, que possibilitam mais volumes de produção e desta forma, mais produtos vão para o supermercado. Então isso tudo vai contribuindo para um crescimento que nós imaginamos, em nosso planejamento estratégico, num período de dez anos, duplicar o tamanho da nossa Aurora.

O Presente Rural – Falando em relação à tecnologia que tem invadindo o campo de uma forma brutal. Como isso acaba ajudando os cooperados, os produtores do campo?

Neivor Canton – No campo hoje nada mais se faz sem tecnologia, pois a mão de obra está cada dia mais escassa, e a tecnologia é um recurso que vem sendo empregado, seja na lavoura, na forma de manejo ou nos plantéis de suínos, de aves e do leite.

Nós assistimos diariamente uma competição saudável sob esse aspecto e observamos que o produtor está realmente aberto a essas novas práticas. Quando você visita uma granja você fica encantado com as verdadeiras surpresas que você constata. Essas tecnologias também têm sido um fator de motivação, especialmente para o jovem e isso é muito importante por que a renovação é necessária. Temos hoje uma geração de jovens motivados, que buscam a formação universitária inclusive, mas têm o prazer de retornar e agregar o seu trabalho ao empreendimento rural.

Então, eu penso que a tecnologia é o suprassumo e quando iniciamos uma cadeia produtiva auxiliados por ela, estamos melhorando o nosso posicionamento e a competição com os mercados que nós precisamos ter, seja interno ou externo. A tecnologia é imprescindível para a nossa cooperativa e, por isso, nós temos departamentos, áreas e pessoas voltadas diretamente para o aspecto da inovação.

O Presente Rural – Como é a relação da Aurora com os cooperados e colaboradores? Como a cooperativa fomenta o crescimento das pessoas?

Família cooperada da Aurora – Divulgação/Aurora

 Neivor Canton – Nós precisamos ser obedientes no que toca aos princípios de uma cooperativa. Eles estão escritos, são centenários e é preciso que a gente cumpra-os. Nós precisamos ser reconhecidos pela sociedade onde nós estamos inseridos, como empresa preocupada com as comunidades, sendo que toda cooperativa possui o compromisso de estar atenta às necessidades dos cooperados, afinal ela existe para isso. Os cooperados desejam que a cooperativa exista porque eles a utilizam como um meio para alcançar seus objetivos. Desta maneira, a cooperativa não é um fim em si mesma, mas um meio no qual seus cooperados atinjam os objetivos propostos por eles. Isso não pode ser desconectado, mas precisa estar sempre na mente de todos.

Desta forma nós buscamos dar condições para que os nossos produtores tenham a perspectiva de que se eles precisam crescer, pois essa é uma condição para sua sobrevivência, já que a escala possibilita e viabilidade econômica dos negócios. Essa é uma das razões de nós projetarmos crescimento, porque individualmente os cooperados precisam crescer e eles precisam ter onde processar a sua produção. E nós temos que dar conta de ir ao mercado provar que produzimos os produtos confiáveis, desejados pelo consumidor e fazermos disso então a viabilidade dos nossos cooperados.

Com relação aos nossos colaboradores eles também merecem serem enquadrados dentro dessas preocupações. Não contratamos pessoas para usá-las. Aqui nós zelamos pelo valores humanos e temos programas de promoção dos nossos colaboradores. Também pensamos em suas famílias, e no seu bem-estar. Acreditamos que não basta pagar o salário, temos que dar a eles uma participação sobre o fruto gerado. Nesse sentido, trabalhamos há bastante tempo com a participação nos resultados da organização para os colaboradores.

Como cooperativa temos uma cadeia longa que começa no produtor e termina no consumidor. Temos a necessidade de estar atentos a todos esses processos, essas áreas, pois todos os elos da corrente precisam estar fortalecidos. E esse é um exercício que desafia a gestão de uma cooperativa.

Digo que, felizmente, vejo com muito bons olhos o crescimento do sistema, pois a maturidade das nossas cooperativas tem alcançado reconhecimento da sociedade. Costumo dizer que o sistema cooperativo é também um dos melhores aliados de qualquer governo bem intencionado, porque o que nós fazemos é desenvolver economicamente as comunidades e o avanço econômico propicia também o progresso social.

O Presente Rural – Quais os principais desafios da Aurora hoje?

Neivor Canton – O desafio principal é você ser uma organização sólida e que olha para a sua perpetuação, pois o mundo dos negócios dá trancos a toda hora. Então você precisa ter organizações bem lideradas, transparentes e que mereçam a confiança da sociedade. Você não pode perder, no entusiasmo, a linha e pensar que tudo é possível, porque logo à frente pode se deparar com situações intransponíveis. Então é comum que você verifique organizações e cooperativas em situações de dificuldades. Isso foi no passado, é no presente, e provavelmente será no futuro. Desse modo, eu penso que as cooperativas brasileiras ganharam muito desde que elas atingiram a sua autogestão, conquistada com a Constituição de 1988, quando o Estado deixou de ter o poder de interferir nas cooperativas, porque o Estado não é um sócio bem-vindo nesse meio. Basta a sua gordura que precisamos reduzir e retirar. Com isso também, as cooperativas passaram a ter uma responsabilidade maior a partir da sua autogestão. Nesse sentido, é preciso preparar os seus quadros de cooperados e de colaboradores para fazer com que a cooperativa seja um instrumento para o desenvolvimento da sociedade. Acredito que estamos cumprindo o nosso papel e esperamos que toda a sociedade possa reconhecer isso.

O Presente Rural – Como a intercooperação se encaixa nesse contexto?

Neivor Canton – Eu diria que a Aurora Coop é um exemplo do intercooperação. Como que um pequeno produtor rural poderia estar colocando o seu produto na mesa do japonês, chinês, ou de um norte americano? É a cooperativa que possibilita isso. Mas em alguns casos, uma cooperativa sozinha, muitas vezes pequena, sem capital, também não tem condições de fazer isso. E a intercooperação é o caminho, porque associando-se a outras cooperativas, fica mais fácil produzir esse resultado.
Estamos presentes em mais 100 países no mundo, com produtos que tiveram origem em pequenas linhas, mas que com o ato de intercooperação conseguiram ser comercializados em muitos lugares. Outra oportunidade que as cooperativas ofertam é o exercício de comprar melhor, de reduzir custos para o produtor, que também precisa se suprir das necessidades para produzir. Se ele for ao mercado comprar sozinho, ele é muitas vezes explorado. Deste modo, eu acredito que a intercooperação ainda é uma ferramenta subutilizada, que precisa ganhar mais força, mais visibilidade e para isso precisamos de dirigentes que entendam que eles são os principais responsáveis de descobrir as formas de intercooperar, porque essa é uma ferramenta poderosa.

O Presente Rural – Quais as oportunidades que a Aurora Coop enxerga hoje para o agro brasileiro?

Neivor Canton – O setor agrícola brasileiro enfrenta desafios significativos em sua relação com o restante do mundo. Não é que o Brasil seja culpado por essas questões, mas sim que alcançamos um nível de desenvolvimento no setor agrícola que pode ser percebido como uma ameaça por outros países que também possuem atividades agrícolas.

Queiramos ou não, o mundo tem seus conflitos e hoje as questões de ordem ambiental, já que se discute há muito tempo o mundo olhando para o Brasil e criando embargos para dificultar o nosso papel de sermos mais e mais competitivos. E essa é a grande questão. Nós não podemos embarcar muitas vezes em conversas que são amplamente divulgadas e que parecem existir conflitos, atribuindo ao Brasil culpas. As culpas são ameaças que outros países sentem em função da competitividade que nós gradativamente adquirimos.

É claro que temos fatores que nos limitam, como a questão de infraestrutura. Também temos custos em nossas atividades que muitos países não têm, pois aboliram isso fruto do seu desenvolvimento. Mas nós vamos superando isso. Ano após ano, nós verificamos as nossas safras crescendo absurdamente. E qual é a explicação? A explicação é que você trabalha, produz, busca alternativas. Aí vem a dificuldade e superamos as dificuldades.

Eu gostaria de poder daqui a 50 anos a gente voltar essa conversa para que a gente pudesse então avaliar o que realmente aconteceu com o agro brasileiro, se nós não fizermos besteiras, bobagens, nós vamos de fato cumprir um papel de alimentar o mundo que precisa tanto. Eu diria que hoje, no mundo, não estamos na metade do caminho da nossa capacidade produtiva. Novas tecnologias virão incorporar áreas hoje improdutivas ao processo de produção, sem desprezo à necessidade de preservarmos. O Brasil realmente é palco desse futuro que está na mão dos homens.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Foto: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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