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Safra de trigo deverá ser marcada pela racionalização dos recursos

Nos últimos dois anos, a escalada de preços dos insumos acompanhou a cotação dos grãos no mercado internacional. No trigo, os principais custos de produção estão nos insumos (fertilizantes, defensivos e sementes) e operações na lavoura (combustível, tratos culturais, transporte). A maior alta foi nos fertilizantes, que subiram mais de 100% no último ano.

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O cenário de alta no preço dos insumos exige planejamento para reduzir os custos da lavoura de inverno, mas sem comprometer o potencial produtivo. Veja quais são as tendências para a próxima safra e as orientações para a melhor racionalização dos recursos que serão investidos na cultura do trigo.

Nos últimos dois anos, a escalada de preços dos insumos acompanhou a cotação dos grãos no mercado internacional. No trigo, os principais custos de produção estão nos insumos (fertilizantes, defensivos e sementes) e operações na lavoura (combustível, tratos culturais, transporte). A maior alta foi nos fertilizantes, que subiram mais de 100% no último ano.

Na estimativa de custos de produção do Deral/PR, na safra 2022 a lavoura de trigo deverá custar R$ 4.223,27/ha. Os insumos que mais impactaram no aumento foram fertilizantes, que compõem 27,25% dos custos variáveis, operações de máquinas e implementos que representam 10%, agrotóxicos com 8,48% e sementes com 7,37%.

Segundo o engenheiro agrônomo Carlos Hugo Godinho, do Deral/PR, considerando a cotação atual de R$ 88,00/sc de trigo, a produtividade precisa atingir os 48 sc/ha para empatar o desembolso, mas a média de produtividade no Paraná nos últimos cinco anos tem sido de 42 sc/ha. “Verificamos um aumento de 73% nos custos de produção de trigo no Paraná com relação à safra 2021”, explica Godinho.

Ele lembra que o milho, principal concorrente do trigo no norte do Paraná, também está com preços elevados. “Com a saída da soja mais cedo, os produtores tendem a destinar as lavouras para o milho safrinha”, conta o agrônomo. Na prática, os insumos para o milho são adquiridos pelo produtor paranaense ainda no mês de setembro, enquanto os insumos do trigo geralmente são comprados no começo do ano.

Flávia Starling Soares, analista de mercado de trigo da Conab, avalia que os custos de produção de todas as commodities subiram. “Não é uma exclusividade do trigo, mas de todos os grãos que tem por referência a cotação internacional”, afirma a analista, destacando que essa tendência de alta nos preços observada nos dois últimos anos deverá seguir em 2022, devido à alta cambial, aos baixos estoques mundiais e frustrações em diversas regiões produtoras de trigo.

“O preço do trigo deverá continuar a subir ao longo do ano. Os preços domésticos não apresentaram tendência de baixa durante a colheita, o que normalmente ocorre devido ao aumento gradual da oferta interna e menor necessidade de importação. Além disso, como muitos produtores já estão com os insumos comprados, os custos de produção deverão ficar mais baixos no balanço final, considerando uma boa produtividade na safra de inverno”.

Como economizar na lavoura

O trigo exige um mínimo de tecnologia para ser produzido, mas práticas promotoras e protetoras do potencial produtivo da lavoura precisam ser avaliadas de acordo com o retorno econômico que proporcionam. Maior produtividade nem sempre se traduz em maior lucro no trigo, enquanto que rendimentos de grãos acima da média geralmente são resultado do alto investimento em insumos.

“É importante manter um equilíbrio das contas agora, na implantação da lavoura. O ideal é alcançar o maior rendimento de grãos associado à máxima rentabilidade possível. Contudo, muitas vezes, é mais vantajoso para o produtor assumir um teto de rendimento menor, mas com boa rentabilidade”, orienta João Leonardo Pires, pesquisador da Embrapa Trigo.

A pesquisa identificou diversas formas de ajustar o manejo da lavoura, reduzindo custos e mantendo o potencial produtivo. Alguns exemplos são: escolha da cultivar mais apropriada para cada modelo de negócio/ambiente de cultivo; redução na densidade de semeadura; ajuste de adubação; evitar produtos/práticas com resultados duvidosos; rotação de culturas; sistema plantio direto bem conduzido; controles fitossanitários por monitoramento e não por calendário; entre outros, que variam conforme o potencial produtivo e os riscos da região, o histórico da propriedade e do clima.

“O conselho é não errar na hora de economizar na lavoura de trigo. Não adianta economizar na compra de sementes certificadas, reduzir a adubação para níveis limitantes e manter um calendário de aplicações de fungicidas, sem monitoramento da lavoura para avaliar o que realmente é necessário nos diferentes momentos do desenvolvimento da cultura. É fundamental deixar de usar de um pacote de insumos/práticas fixo e aplicar, com a ajuda da assistência técnica, o que realmente é necessário para cada situação. Sabendo onde fazer economia, o produtor pode construir uma lavoura com bom potencial de forma racional e com base técnica”, explica Pires.

Fertilizantes

Os fertilizantes compõem parte significativa dos custos de produção, historicamente representando entre 25% a 30% do investimento na lavoura. Entre os cinco principais fertilizantes nitrogenados utilizados na cultura do trigo, o preço por tonelada ficou em média 127% mais caro, com aumento que variou de 38% a 182% conforme o produto. A tonelada de ureia, por exemplo, passou de R$ 1.940 (dez 2020) para R$ 5.355 (dez 2021), segundo o Relatório de Insumos Agropecuários da Conab. Outro exemplo é a fórmula NPK 05-20-20, com aumento que chegou a 163% no último ano.

Mas, segundo o pesquisador Fabiano De Bona, da Embrapa Trigo, a adubação nitrogenada está diretamente relacionada à produtividade no trigo: “A aplicação de N ao solo no cultivo do trigo é uma das práticas de manejo mais seguras em relação ao retorno econômico. As pesquisas demonstram que a eficiência no uso de N oscila entre 12 a 21 quilos de grãos para cada quilo de N adicionado”, esclarece o pesquisador.

A ureia é o principal fertilizante utilizado no trigo devido ao menor custo por unidade de nutriente dentre os adubos nitrogenados disponíveis no mercado. A quantidade de N recomendada pela pesquisa é de 60 a 120kg/ha, aplicando de 15 a 20kg/ha na semeadura e o restante em cobertura (perfilhamento e alongamento do colmo das plantas). A aplicação de N no espigamento geralmente não aumenta o rendimento de grãos, mas pode favorecer o aumento no teor de proteínas.

De modo geral, a dose na adubação nitrogenada varia em função do teor de matéria orgânica, da cultura precedente, da região e da expectativa de rendimento.

Aproveitamento do residual da cultura de verão

A estiagem que prejudicou a safra de verão em diversos locais da Região Sul pode alterar a demanda de adubo no plantio de inverno. O baixo desenvolvimento da soja e do milho em função da estiagem não permitiu que a cultura aproveitasse todo o adubo disponibilizado no solo, assim o produtor poderá contar com esse residual para a cultura de inverno. Entre os fertilizantes que devem estar imobilizados no solo em área prejudicadas pela estiagem estão o fósforo e o potássio.

“Acredito que, em muitas áreas, seja necessário apenas o aporte de nitrogênio para a semeadura do trigo. Um importante incentivo para a implantação de uma cultura no inverno num momento de escassez de fertilizantes no mercado mundial, o que exige o máximo aproveitamento dos nutrientes que estão no solo agora e podem ser perdidos até a próxima safra de verão”, explica o pesquisador Fabiano De Bona. O efeito residual deixado pela cultura de verão deve ser determinado através de um diagnóstico de fertilidade, possível através da análise de solo, procedimento com um baixo custo para o produtor.

Análise do solo – Foto: Rafael da Rocha

“Se o produtor colheu 12 sacos de soja, por exemplo, mas adubou para uma colheita de 40 sacos, ele sabe que sobrou adubo no solo. Mas o produtor não pode estimar o efeito residual sem uma análise de solo que indique seguramente o volume de adubo necessário a cada área de plantio. Precisamos saber exatamente onde investir, utilizando os nutrientes que o solo dispõe e adicionando somente o que for necessário”, explica o pesquisador Osmar Conte, da Embrapa Trigo.

Fungicidas

Os defensivos são o terceiro item de maior dispêndio na lavoura de trigo, logo atrás dos fertilizantes e operações de máquinas. O maior custo é com fungicidas, especialmente em anos com clima adverso, onde a umidade favorece a incidência de doenças fúngicas.

Entre os 10 fungicidas mais utilizados na cultura do trigo (base triazóis + estrubirulinas), a média de aumento no preço por litro chegou a 30%, com uma variação de aumento entre 5% e 72% conforme o produto na comparação dezembro de 2020 com dezembro de 2021 (Conab, Insumos Agropecuários RS).

Para a fitopatologista Cheila Sbalcheiro, da Embrapa Trigo, a economia com defensivos está associada a cultivares com melhor sanidade e monitoramento da lavoura. “Em anos mais secos, uma cultivar resistente a oídio vai exigir menos fungicidas ao longo do desenvolvimento da cultura, assim como a resistência a ferrugens e manchas foliares. O cuidado maior é a partir do espigamento, onde o uso do fungicida é indicado preventivamente para o controle de giberela, quando houver condições climáticas favoráveis à doença. Com o monitoramento da lavoura podemos reduzir o número de aplicações, intervindo no momento certo para o controle. Assim, o manejo eficiente dos defensivos pode resultar em economia e lucro final para o produtor”.

Sementes

O preço das sementes acompanhou o aumento nas cotações do trigo. Ainda assim, as sementes representam somente 7,37% dos custos de produção na triticultura (Deral, 2021).

O uso de sementes de qualidade é fundamental para assegurar o potencial de rendimento no trigo, garantindo um estabelecimento adequado da lavoura. O uso de semente salva é autorizado pela legislação brasileira, mas a aquisição de semente certificada vai garantir quatro itens fundamentais para o sucesso de uma boa lavoura: pureza genética, ou seja, sementes da cultivar desejada, sem misturas; pureza física, com garantia de que no mínimo 98% do que está dentro do saco são sementes da cultivar; sanidade, com sementes sadias que não introduzirão nenhuma doença na lavoura; e por fim, a qualidade fisiológica, em sementes com alta germinação.

Outro cuidado indispensável é o tratamento de sementes, um custo que varia entre R$ 0,70 e R$ 1,00/kg e pode trazer mais segurança com relação ao estabelecimento da cultura, reduzindo perdas pelo ataque de insetos e doenças. Atualmente, o preço de sementes de trigo prontas para a semeadura está ao redor de R$ 2,90/kg no mercado gaúcho (Apassul, janeiro de 2022)..

Além da qualidade, a quantidade de sementes é um critério que merece atenção na semeadura. Um estudo da Embrapa Trigo e CCGL/RTC avaliou os limites para reduzir a quantidade de sementes por hectare sem prejudicar o rendimento final da lavoura. Conforme o estudo, uma média segura fica na faixa de 250 sementes aptas por metro quadrado, cerca de 86 kg/ha, considerando semente de qualidade.

Para definir o adequado manejo na densidade de plantas, o produtor precisa conhecer o histórico da área e o potencial genético da cultivar que está usando. A recomendação é sempre avaliar as possibilidades com a assistência técnica e a empresa obtentora da cultivar.

Momento de definição do produtor

Grande parte da comercialização de insumos para a safra de inverno acontece agora na Região Sul, com exceção do norte do Paraná onde a decisão entre trigo ou milho safrinha já foi definida no ano anterior. Embora exista um cálculo modelo para estimar os custos de produção, os itens de dispêndio podem variar entre instituições, empresas e consultorias especializadas. Importante destacar, ainda, que cada produtor tem o seu custo e deve fazer os ajustes baseado na sua realidade, já que o controle de custos é fundamental para gerar lucro.

Vacaria, Nordeste gaúcho

Produtor Pedro Basso – Foto: Divulgação

Na propriedade da Sementes com Vigor, o trigo deverá repetir a mesma área de 2021, cobrindo 1.250 hectares.  Com os insumos já comprados, o produtor Pedro Basso estima um aumento de 66% nos custos de produção: a produção de sementes de trigo apresentou custos variáveis de R$ 3.000,00/ha em 2021, passando para R$ 5.000,00/ha nesta safra. “Nossa produtividade média em 2021 foi de 92 sacos por hectare. Mesmo com o aumento dos insumos, acredito que ainda teremos lucro com o trigo novamente neste ano”, avalia Pedro.

O produtor aposta no uso de plantas de cobertura após a retirada da soja para potencializar os resultados no inverno, como o uso de mix com nabo ou ervilha, para reduzir a incidência de plantas daninhas na área e a reciclagem de nutrientes, como nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K).

“Essa cobertura reduz as plantas daninhas e pode até eliminar a necessidade de herbicida pós-emergente no trigo, que custa até 1,5 saco por hectare. A cobertura também vai reduzir o gasto com adubação, tanto com fertilizantes nitrogenados quanto fosfatados”, explica o Pedro, destacando a importância do planejamento do ano na área.

“O trigo é essencial para definir a lavoura de verão. O bom resultado da última safra de inverno salvou muito produtor que está enfrentando prejuízos com a seca na soja e no milho agora, até porque a maioria das perdas está nas semeaduras de soja no cedo, que não tiveram colheita de inverno”.

Apostando nos bons resultados com a safra de inverno, Pedro Basso defende que não é hora para fazer lavoura de “baixo investimento”, mas sim planejar o sistema de produção, dividindo a área de inverno em 20% para alto potencial produtivo, 60% médio investimento e 20% investimento mínimo. “Se o clima for favorável, toda a lavoura responde bem, mas se houverem adversidades, uma lavoura sem insumos não vai responder e o prejuízo é certo. É preciso administrar o investimento visando o melhor retorno financeiro possível, seja no trigo ou na soja lá na frente”.

Mamborê, Centro-Oeste do Paraná

O produtor Flávio Moreira aguarda a colheita da soja para começar a semeadura do milho safrinha, com janela de plantio na região até 28 de fevereiro. Em 2021, a lavoura foi dividida em 25% de milho e 75% de trigo. Nesta safra, a área será dividida em 50% milho e 50% trigo. Apesar do aumento de 20% nos custos de produção do milho, a expectativa é de rentabilidade mais alta do que o trigo, já que os insumos para o cereal de inverno ainda não foram comprados.

“Na média dos últimos quatro anos a rentabilidade do milho safrinha superou a do trigo. Na nossa região, o trigo também oferece maior risco de perdas com seca e geadas”, justifica o produtor, com ressalvas: “Espero umidade do solo para implantar o milho, mas se as condições climáticas limitarem a semeadura, sem dúvidas o trigo é a segunda opção. Além da oportunidade de renda maior do que plantas de cobertura de inverno, o trigo ainda ajuda no controle de plantas daninhas na soja e permite a rotação de culturas”.

O planejamento inicial do produtor é investir em cerca de 500 hectares de trigo neste ano.

Cruz Alta, Norte gaúcho

“Os nossos custos de produção na lavoura para sementes de trigo devem subir 70% neste ano”, avalia o produtor

Produtor Tomás Scapin – Foto: Divulgação

Tomás Scapin, da ZT Sementes. Segundo ele, somente a adubação deverá representar 15 sc/ha. O custo total da lavoura está estimado em 45 sc/ha, ainda com uma pequena margem de lucro considerando a média de produtividade dos últimos anos, que tem ficado entre 55 a 60 sc/ha.

“Ao contrário da previsão inicial, acredito que a área de trigo vai crescer novamente. O produtor que atravessa frustração com a safra de soja vai buscar renda na safra de inverno, mesmo que as margens de lucro sejam menores neste ano”, afirma Scapin.

O produtor diz que tem observado uma demanda crescente do Paraná pelo trigo gaúcho, já que a preferência pelo milho pode reduzir a oferta de grãos de inverno no estado paranaense. “Compra de sementes por outros estados e mesmo contratos futuros para o trigo gaúcho já estão acontecendo. Por mais que a área com trigo no RS cresça novamente, a demanda será ainda maior, o que vai garantir liquidez e elevação das cotações. Cabe agora ao produtor fazer uma lavoura bem feita, com cultivares mais resistentes, investindo na uréia e economizando nos defensivos sempre que possível. Até porque, não existe alternativa melhor do que o trigo para a rotação no inverno”, conclui Scapin. A ZT Sementes vai cobrir 450 hectares com trigo na próxima safra.

Maçambará, Oeste gaúcho

O produtor Leonardo de Oliveira Carneiro, de Maçambará, região Oeste de Rio Grande do Sul, experimentou trigo pela  primeira vez em 2021, com o cultivo de 132 ha. Na colheita, a média de rendimentos superou os 40 sc/ha. “Foi um bom resultado, considerando que na região o cultivo de grãos ainda está começando sobre as áreas onde existia somente campo nativo”, lembra o produtor.

Ele ainda contabiliza as perdas com a soja: “Na lavoura de soja, apenas 20% das sementes germinaram. O mesmo aconteceu com a maioria das lavouras da região, onde os produtores aguardam umidade para arriscar uma nova semeadura na safrinha de soja”, afirma Carneiro.

Ciente do potencial de aproveitamento do adubo que pode ficar no solo com a frustração do verão, Carneiro vai repetir a área com trigo em 2022, investindo nas sementes que já foram compradas e limitando a adubação nitrogenada em cerca de 100 kg/ha.

“Nossos custos de produção ficaram em R$ 2.000,00 no ano passado e a ideia é tentar manter estes custos nesta safra de trigo. Temos a esperança de que a cotação do trigo irá se manter alta, assim a renda do inverno será fundamental para equilibrar as contas e viabilizar a próxima safra de verão”, conta o produtor.

Fonte: Embrapa Trigo

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Combate a agrotóxicos ilegais se multiplica com ações integradas

Evento em Campinas discutiu ações de empresas e do poder público para reduzir ocorrências; destinação de produtos apreendidos foi debatida.

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Atuar na descapitalização de organizações criminosas que atuam no contrabando ou falsificação de agrotóxicos químicos e biológicos tem sido uma estratégia adotada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) no combate às fraudes e crimes envolvendo o produto. O assunto foi debatido nesta terça (23), no Workshop sobre Agrotóxicos Ilegais realizado em Campinas (SP). O evento foi promovido por uma associação de empresas de pesquisa, desenvolvimento e inovação que atuam nas áreas de sementes, biotecnologia, defesa vegetal e agricultura digital, a Croplife-BR. 

O Mapa participou do evento na abertura e com uma palestra técnica. O superintendente do ministério no Estado de São Paulo, Guilherme Campos, lembrou que o setor produtivo cobra, com muita justiça, ações de combate à ilegalidade das autoridades competentes. “Vamos fazer a nossa parte para que o mercado de agrotóxicos ilegais seja erradicado da atividade produtiva no campo”, disse. 

Fotos: Divulgação/Mapa

O auditor fiscal federal agropecuário, Julio Cesar Lima, chefe da Divisão de Fiscalização de Agrotóxicos e Afins, lembrou em sua palestra que as ações tomadas por diferentes atores, como polícia militar nos Estados, Polícia Rodoviária Federal, Ibama, Mapa, Receita Federal, Polícia Civil, Ministério Público, Polícia Federal, entre outras, acabam multiplicando o combate aos produtos ilegais. 

Segundo ele, a recente inclusão do Mapa no Programa de Proteção Integrada de Fronteiras (PPIF), em 2019, incrementou a fiscalização sobre contrabando e adulteração de agrotóxicos. A divisão que Julio chefia já realizou nesses quatro anos 37 operações e 26 treinamentos teórico e em serviço para instituições parceiras. 

“Eventos como este de Campinas, onde explicamos desde o conceito de agrotóxicos até as rotas de contrabando, acabam estimulando ainda mais as ações de repressão”, afirmou. Segundo o auditor do Mapa, no passado esses produtos entravam no Brasil pelos países vizinhos, mas agora já são descobertos produtos ilegais chegando em portos e aeroportos brasileiros. 

Com a ação integrada entre várias instituições, há troca de informações e documentos oficiais que permitem ampliar as punições. Por exemplo, mesmo que o Mapa não tenha participado de uma determinada operação, os boletins de ocorrência ou autos de infração lavrados por outra instituição podem embasar o processo administrativo na instância do ministério. Desta forma, as penalidades previstas em diferentes legislações vão se acumulando. 

Outro assunto tratado no workshop foi a dificuldade de encontrar espaços disponíveis para armazenar os produtos ilegais apreendidos. Uma alternativa apresentada por Julio foi utilizar a estrutura de empresas de pesquisa que descartam corretamente seus componentes químicos. Esses resíduos são despejados em tanques, onde o líquido evapora e resta apenas a parte sólida, menos volumosa. Essa borra pode ser destinada à incineração, em uma condição mais favorável. O servidor sugeriu parcerias público-privadas para viabilizar essa medida.  

Dados apresentados no workshop indicam que cerca de 25% dos agrotóxicos utilizados no Brasil são ilegais. Legislação recente do Mapa alterou o valor da multa aplicada, passando do teto de R$ 40 mil para R$ 150 mil para casos considerados gravíssimos, como o contrabando. 

Empresas produtoras de agrotóxicos legais que participaram do evento apresentaram aplicativos e medidas investigativas que estão adotando para ajudar a identificar produtos suspeitos e conter o avanço de organizações criminosas. Uma delas afirmou que investe em processos punitivos até o final, por meio de ações judiciais. 

Fonte: Assessoria Mapa
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Economia Verde do Paraná alcança R$ 140 bilhões e já representa 32,9% do PIB

Segundo o relatório, cerca de um terço do PIB estadual total (32,9%) está relacionado à Economia Verde, somando R$ 140,1 bilhões. Os dados são de 2020. Entre as áreas que mais contribuíram para compor esse valor estão a Agropecuária (40%, ou R$ 56 bilhões), seguida do setor de Serviços (37%, ou R$ 51 bilhões) e da Indústria (23%, ou R$ 32 bilhões).

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Foto: Alex Adam/SEPL

O Governo do Paraná lançou nesta quarta-feira (24) dois importantes estudos desenvolvidos pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) com foco na construção de indicadores econômicos: o PIB da Economia Verde Paranaense e a atualização da Matriz Insumo-Produto do Paraná (MIP).

O primeiro traz dados que enfatizam a representatividade econômica desse estrato produtivo para além da sua importância em termos de sustentabilidade. Segundo o relatório, cerca de um terço do PIB estadual total (32,9%) está relacionado à Economia Verde, somando R$ 140,1 bilhões. Os dados são de 2020. Entre as áreas que mais contribuíram para compor esse valor estão a Agropecuária (40%, ou R$ 56 bilhões), seguida do setor de Serviços (37%, ou R$ 51 bilhões) e da Indústria (23%, ou R$ 32 bilhões).

A condição favorável do setor primário (agricultura) se deve à inexistência de atividades reconhecidamente danosas na estrutura produtiva, como a extração de madeira em florestas nativas, caça de animais, retirada de vegetação natural para a produção de carvão e coleta de palmito não plantado, entre outras. Em relação aos Serviços, o estudo aponta aderência à Economia Verde nas subatividades de transporte, armazenagem e correio, além da administração pública. O desafio é maior na Indústria por causa dos pesos do refino de petróleo e da fabricação de automóveis.

Outro aspecto positivo da matriz paranaense é que os chamados Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUPs), que abrangem a geração de energia elétrica e o saneamento, entre outros, estão integralmente incorporados à Economia Verde, refletindo a utilização de fontes renováveis e os benefícios gerados em âmbito social, incluindo as questões de saúde da população.

A Economia Verde é entendida como um modelo econômico que tem o objetivo de melhorar o bem-estar da população, ao mesmo tempo em que procura reduzir os riscos ambientais e promover o uso racional dos recursos naturais. Além disso, as ações propostas envolvem a mitigação dos danos ambientais e a aplicação de medidas para a amenização dos impactos das mudanças climáticas.

A discussão sobre esse setor é tendência mundial e abrange sustentabilidade, transição energética, clima, segurança alimentar e descarbonização das cadeias, áreas em que o Paraná ocupa excelente posição em relação a outros estados e países e caminha para avançar ainda mais. “O Paraná foi reconhecido, por três vezes consecutivas, como o Estado mais sustentável do Brasil e está bem posicionado naqueles grandes atributos verdes. Temos que gerar agora um ambiente favorável para que as empresas possam se capitalizar dessa realidade”, disse o secretário de Planejamento, Guto Silva.

Segundo ele, com esse recorte do PIB da Economia Verde, vai ser possível alavancar novos negócios e trazer as empresas e entidades para esse debate. “Isso é importante para que a gente possa ter um olhar a longo prazo, em que o Paraná possa gerar emprego, aumentar sua renda e, sobretudo, aproveitar essa tendência verde para o qual o mundo tem dado cada vez mais atenção”, complementou.

Os dados estão baseados em informações detalhadas do cálculo do PIB do Estado, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ipardes, e a seleção de atividades definida pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), amparada em diversas pesquisas de entidades internacionais.

“Com esse novo índice, é possível observar a parcela da produção estadual de bens e serviços que está comprometida com a sustentabilidade, não somente ambiental como social, podendo subsidiar a elaboração de políticas públicas que buscam conciliar o desenvolvimento com a redução dos riscos ambientais e o uso racional dos recursos naturais”, afirmou o diretor-presidente do Ipardes, Jorge Callado.

Matriz insumo-produto

Já a Matriz de Insumo-Produto do Paraná construída pelo Ipardes com o apoio da Secretaria de Estado da Fazenda mede os impactos de intervenções públicas ou privadas na economia local (produção, emprego e renda) das atividades econômicas, de projetos governamentais e do setor privado de determinada região. O ano base do relatório é 2018.

A mensuração dos efeitos socioeconômicos das obras de infraestrutura ou da instalação de grandes empreendimentos produtivos é um dos exemplos do uso da MIP, que também pode subsidiar o desenho de políticas de desenvolvimento. A análise setorial por meio da MIP permite identificar quais os setores preponderantes sob diversas óticas, tais como geração de renda e emprego, inter-relação setorial, multiplicadores de valor adicionado e de impostos, entre outras.

A MIP paranaense foi construída com base na Tabela de Recursos e Usos (TRU) do Estado, que, por sua vez, traz informações obtidas por meio de Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e) fornecidas pela Secretaria da Fazenda.

“O PIB da Economia Verde do Estado e a Matriz Insumo-Produto do Paraná são documentos técnicos que têm a função de embasar não só políticas públicas, mas iniciativas dos demais setores produtivos e realizar o diagnóstico e o monitoramento do impacto social, econômico e ambiental dessas atividades”, complementou Callado.

Presenças

Participaram do lançamento dos estudos os secretários estaduais da Indústria, Comércio e Serviços, Ricardo Barros; da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara; o diretor-presidente da Fomento Paraná, Heraldo Neves; o diretor-presidente da Invest Paraná, Eduardo Bekin; o ex-governador e secretário do Codesul/PR, Orlando Pessuti, e representantes de entidades de setores produtivos.

Fonte: AEN-PR
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Subsecretaria de Tecnologia da Informação trabalha para modernizar Ministério da Agricultura

Objetivo é deixar o órgão mais contemporâneo, focado no desenvolvimento de inovações tecnológicas para o serviço público e para a sociedade.

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Foto: Divulgação/Mapa

Uma das áreas de atuação do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) é o de sistemas com informações voltadas para o agronegócio. Para isso, a Subsecretária de Tecnologia da Informação (STI) trabalha no desenvolvimento de inovações tecnológicas para os servidores e para a sociedade.

Um exemplo foi o lançamento, no início do mês de abril, da versão eletrônica da emissão de Certificados Sanitários Nacionais (CSN) para o trânsito de produtos de origem animal no território brasileiro. A iniciativa visa dar mais eficiência e rapidez neste processo, trazendo benefícios tanto para o serviço público quanto para as empresas que as utilizam, além de melhor rastreabilidade e maior segurança.

Já foram mais de mil requerimentos e cerca de 500 pedidos analisados. A ferramenta foi desenvolvida dentro do Sistema de Informação Gerencial do Serviço de Inspeção Federal (SIGSIF), em um trabalho conjunto com a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA). “O trabalho realizado hoje aqui no Mapa é para deixar um legado de um Ministério contemporâneo, mais moderno, mais eficiente, mais rápido, com menos gargalos, para que tudo isso funcione mais rápido”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

De acordo com o subsecretário Camillo Mussi, o próximo passo será a implementação da extensão para a emissão de Certificados Sanitários Internacionais (CSI), de acordo com as tratativas e aceitação dos países importadores. A medida deve beneficiar as exortações dos produtos brasileiros.

Além disso, também está em fase final de desenvolvimento a certificação sanitária eletrônica internacional de produtos de origem vegetal, chamada de E-Phyto. “Isso vai trazer uma rapidez nas exportações brasileira de produtos vegetais, além da diminuição de custos para o Brasil e a diminuição do tempo de armazenamento de cagas no porto”, afirma Mussi.

Cada Secretaria do Mapa conta com profissionais de desenvolvedores e gerentes de projetos da STI para a criação de novos programas, modernização de sistemas e manutenção. Além disso, a Portaria Mapa nº 614/2023 apresenta as diretrizes para as contratações de soluções de Tecnologia da Informação e Comunicação no Ministério.

Outro ponto de trabalho é a garantia de segurança de sistemas. Atualmente a Subsecretaria é responsável pela gestão dos servidores do Mapa, das Superintendências Federais de Agricultura (SFAs); do Instituto do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet); do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA); e do Ministério de Pesca e Aquicultura (MPA).

Só no Mapa são mais de 10 mil usuários, além de mais de 176 pontos espalhados entre os estados, desde as SFAs e laboratórios. É a segunda maior estrutura de gestão tecnológica entre os Ministérios.

A STI realiza campanhas de conscientização de segurança da informação e links de transmissão com segurança de proteção na ponta de dados. Foram 83 instalações de aquisição de soluções de segurança, distribuídos entre os órgãos.

Entre as novidades que estão por vir, Mussi revelou que a partir do mês de maio, as Superintendências, os Laboratórios e as demais estruturas, contarão com rede de Wi-Fi sem fio com mais segurança e proteção.

Há também a elaboração de painéis de acompanhamento, chamado de dashboards, sendo uma realização em parceria com as Secretarias e os outros órgãos, como Sistema PesqBrasil e o lançamento que irá ocorrer em maio do Cadastro de Agricultor Familiar 3.0.

Foram lançados ainda a Política de Segurança da Informação o Plano Diretor de Tecnologia da Informação e Comunicação (Pdtic) 2023-2025. Além disso, o Comitê Segurança da Informação (CSI/Mapa) realiza reuniões ordinárias e extraordinárias, conforme a legislação.

Além disso, foi trabalhado pela STI a automatização dos controles das demandas recebidas pelo Mapa na Plataforma Integrada de Ouvidoria e Acesso à Informação, conhecida como Fala.BR. A medida gerou evolução no atendimento, com melhor monitoramento e controle das demandas, cuja resposta dentro do prazo foi facilitada. O próximo passo, em elaboração, será o Plano de Dados Abertos, parceria entre a STI e a Ouvidoria.

Para todos estes trabalhos, ações e execuções, a Subsecretaria de Tecnologia teve o investimento de 71 milhões em 2023. Para este ano, a previsão de investimento é de 80 milhões.

Fonte: Assessoria Mapa
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