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Saber o valor genético dos animais é suficiente para garantir rápido ganho genético?

A escolha dos melhores reprodutores é o “motor” do processo de melhoramento animal, tanto nas empresas de genética quanto nas granjas

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Artigo escrito pelas geneticistas Luciana Salles de Freitas e Mariana Anrain Andreis, da Gerência de Melhoramento Genético da DB Genética Suína

A escolha dos melhores reprodutores é o “motor” do processo de melhoramento animal, tanto nas empresas de genética quanto nas granjas. Selecionar os pais da próxima geração tem relação direta com o ganho genético e a velocidade com que vamos obter esse ganho, portanto, associa-se com a produtividade e o resultado econômico da cadeia produtiva de suínos. É de uso comum no melhoramento genético de suínos falar do valor genético de um indivíduo, que é estimado baseado nos dados de desempenho deste animal e de toda sua família, mas qual é a real importância deste valor e em que medida podemos tomá-lo como confiável?

Ao estimarmos os valores genéticos, podemos determinar a precisão dessa estimativa, e a partir desta precisão definir a confiabilidade do valor genético. A essa confiabilidade damos o nome de acurácia da predição do valor genético do animal. A acurácia, ou confiabilidade de uma estimativa, é uma medida da correlação entre o valor genético que calculamos para o animal e seu valor genético verdadeiro – ou seja, o que ele carrega em seus genes. O valor da acurácia varia de 0 a 1 (0 a 100%) e conforme os valores se aproximam de 1, maior é a confiança na estimativa, implicando em menor risco na escolha dos reprodutores a partir do uso desta informação. Considere o exemplo da tabela 1, onde são apresentados os valores genéticos para conversão alimentar de dois machos. Os valores genéticos são muito próximos, mas a acurácia do segundo macho é muito maior que a do primeiro, ou seja, a certeza do potencial genético é maior ao se selecionar o macho B em relação ao macho A, embora este tenha um VG (valor genético) pouco maior. Selecionando o macho com maior acurácia, reduz-se o risco de desempenho diferente do esperado na escolha do reprodutor.

É importante destacar que o valor da herdabilidade, ou seja, a proporção do fenótipo que é devido ao componente genético do animal, está relacionada positivamente com a acurácia, uma vez que ambas dependem do resultado desta correlação entre genótipo e fenótipo. Características com herdabilidades moderadas a altas tendem a ter acurácia dos valores genéticos igualmente elevadas, considerando que o valor genético foi estimado com base nos dados do próprio animal e não apenas nos dados de desempenho de sua família.

Estimativas baseadas no desempenho do próprio animal (teste de desempenho) são altamente acuradas (confiáveis). Mas, quando a herdabilidade da característica é baixa , a acurácia dos valores genéticos é também baixa. Nesse caso, informações complementares dos ascendentes, ou seja, pais, avós, tios, e descendentes, ou seja, filhos testados podem contribuir para que as estimativas de valores genéticos sejam mais confiáveis e próximas do real.

Em outras palavras, a acurácia é uma medida do “risco” que se toma na decisão de seleção. Animais de alto valor genético, mas com baixa acurácia, por não terem seus dados mensurados ao longo da vida produtiva, são uma incerteza, a qual só poderá ser comprovada ao longo do tempo. Ao adicionarmos informações de parentes à sua avaliação, o valor genético pode ser alterado, aumentando ou diminuindo, ao passo que a acurácia do valor genético sempre aumenta ao longo do tempo.

Afinal, qual a importância da acurácia do VG para a suinocultura?

Esse é o cenário na suinocultura: selecionar indivíduos muito bons, com alto valor genético e preferencialmente com acurácia alta, visando a “certeza” de que se está sendo feita uma boa escolha. Especialmente nas características de alta herdabilidade, como é o caso de características de carcaça (rendimento de carne magra e espessura de toucinho) ou produtivas (conversão alimentar e ganho de peso diário), a acurácia tende a ser alta, principalmente se o animal é testado individualmente para cada característica.

De posse do pedigree (ou seja, de toda a estrutura de parentesco entre os animais da população), pode-se estimar o valor genético para todos os animais, mas se estes animais não têm a informação para conversão alimentar, por exemplo, seu valor genético para esta característica terá acurácia baixa, ou seja, essa informação tem pouco valor prático. Para ilustrar, adicionando os dados de desempenho do próprio indivíduo em uma avaliação genética para conversão alimentar, a acurácia da predição do seu valor genético sobe em cerca de 60%. Este alto aumento na acurácia se deve à herdabilidade moderada a alta desta característica.

Por isso é tão importante a avaliação individual de machos para as principais características de produtividade, pois a coleta destes dados aumenta a acurácia da predição do valor genético destes animais, levando a decisões mais acertadas e aumentando o ganho genético anual, o que torna o programa de melhoramento mais eficiente. A mesma lógica se aplica a um produtor que está escolhendo os machos que vão compor seu plantel. O valor genético “sozinho” diz muito pouco sobre o valor genético real do indivíduo: a acurácia da predição do seu valor genético é uma informação tão importante quanto o valor genético em si!

Além da observação do desempenho do próprio indivíduo, há outras formas de se aumentar a acurácia do valor genético dos reprodutores. Uma delas é com o uso de informações genômicas nas avaliações genéticas.

Como ganhar acurácia nas predições de valor genético e aumentar os ganhos?

Com a evolução dos projetos de estudos do genoma e a possibilidade da utilização desta ferramenta na produção animal, foi possível identificar pontos do DNA que são polimórficos (polimorfismos de base única – SNP), ou seja, bases nitrogenadas que podem diferir entre os indivíduos, permitindo que se identifique a correta origem genética e seu real parentesco com seus ancestrais. Além disso, estas tecnologias nos trouxeram a possibilidade de entender melhor as associações entre os SNPs características de interesse econômico.

A genômica trouxe precisão biológica ao processo tradicionalmente estatístico de avaliação genética dos animais. O primeiro ganho ao se utilizar essa ferramenta na seleção dos indivíduos é a identificação precisa do “grau de parentesco”, permitindo-se definir quais genes herdados são de origem paterna ou materna, e gerar maior precisão nas estimativas genéticas.

Além do ganho com a correção do parentesco, existe o ganho obtido com a identificação de marcadores SNPs presentes no DNA dos indivíduos e que estão associados à expressão fenotípica de determinada característica. Pessoa et al. (2015), ao simularem a utilização de seleção genômica com a correção do pedigree, observaram aumento de 11% na acurácia média dos valores genéticos estimados para características de baixa herdabilidade e ganhos de 3% nas características de moderada a alta herdabilidade, de onde se conclui que o aumento da acurácia é mais evidente quando a característica sofre mais influência ambiental na sua expressão.

Modelos estatísticos utilizados na predição dos valores genéticos requerem maiores ajustes para característica de baixa herdabilidade e, também, necessitam de mais observações, sejam de colaterais ou ancestrais, para conseguirem “separar” os efeitos genéticos e ambientais, para melhor calcular o valor genético do animal. Como a genômica identifica a real transmissibilidade dos genes, ela permite identificar a associação mais acurada para o que é genético da característica de baixa herdabilidade e de difícil mensuração no dia a dia da produção, estando nesse ponto o maior impacto da genômica nos ganhos genéticos.

A genômica está permitindo acelerar os ganhos nos programas de melhoramento atuais porque possibilita maior precisão das estimativas dos valores genéticos, sem que hajam modificações nas estruturas de coletas de dados ou nas características mensuradas.

Vale salientar que mesmo que a genômica tenha se tornado grande braço de apoio aos modelos de avaliação genética tracionais, ela não substituirá a coleta de dados fenotípicos e nem a observação do desempenho no próprio animal. Ela antecipará ganhos com o aumento da acurácia no processo de avaliação, mas ainda será necessário avaliar a associação presente entre o que foi transmitido aos descendentes e o que realmente pode ser expresso para determinadas características.

A genômica nos dias atuais

A utilização ampla da genômica esteve por um longo tempo limitado ao custo da genotipagem. Hoje as empresas de melhoramento genético de suínos já perceberam que os ganhos com a utilização dessas informações valem o investimento e mesmo tendo custo significativo por animal, estratégias de genotipagem já permitem que se reduza o incremento de endogamia ao longo dos anos e obtenham ganhos genéticos maiores que os esperados na avaliação genética tradicional considerando o mesmo período de tempo.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2016 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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