Peixes Com crescimento de 0,7% em 2024
Rondônia reforça seu protagonismo na produção de tambaqui
Ariquemes, Primavera de Rondônia e Machadinho D’Oeste puxam produção estadual, que ainda busca diversificação e mais mercados.

A piscicultura de Rondônia encerrou 2024 com produção total de 56.900 toneladas, representando um crescimento tímido de 0,70% em relação ao ano anterior. Apesar do ritmo desacelerado nos últimos anos, o estado mantém sua posição de destaque nacional na criação de peixes nativos da Amazônia, especialmente o tambaqui, segundo dados da Peixe BR.
Espécies mais produzidas:

Foto: Divulgação/CNA
Dos 56.900 mil toneladas produzidas, 56.800 correspondem a espécies nativas — uma supremacia que reafirma a vocação regional para a piscicultura voltada à biodiversidade amazônica. A tilápia, espécie dominante em muitos outros estados, ainda tem presença tímida em Rondônia, com apenas 100 toneladas produzidas em 2024. Outras espécies como carpa, truta e panga não aparecem no registro produtivo local.
Com mais de 21 mil hectares de área destinada à piscicultura e 65.700 viveiros em funcionamento, Rondônia apresenta uma estrutura consolidada. No entanto, não opera com tanques-rede, tecnologia que tem sido amplamente utilizada em outras regiões para ampliar a produtividade em ambientes controlados e de menor impacto ambiental.
Maiores municípios produtores
O desempenho estadual reflete uma estagnação que vem desde 2020, quando a produção alcançou o pico de 65.500 toneladas. De lá para cá, houve retração e estabilidade, exigindo esforços para reverter o quadro. Municípios como Ariquemes, Primavera de Rondônia e Machadinho D’Oeste seguem na liderança da produção, sustentando a base da cadeia produtiva.
Para retomar um ciclo mais vigoroso de crescimento, especialistas apontam a necessidade de investimentos em infraestrutura, diversificação de espécies e maior acesso a mercados consumidores. Mesmo com os desafios, Rondônia continua a ser um gigante na produção de peixes nativos e guarda um enorme potencial a ser explorado de forma estratégica e sustentável.

Peixes
Ministério da Pesca suspende 35,7 mil licenças profissionais por indício de fraude
Profissionais têm 30 dias para recorrer da decisão, que entra em vigor em 1º de dezembro de 2025, por meio do protocolo digital do MPA.

O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) publicou a Portaria MPA nº 582/2025, que suspende as Licenças de pescadores e pescadoras profissionais, de acordo com o art. 25, caput, inciso III, da Portaria MPA nº 127/2023.
Assim, ficam suspensas 35.750 (trinta e cinco mil, setecentos e cinquenta) Licenças inscritas no Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP), por indício de fraude. Essa suspensão implica a perda de direitos vinculados à inscrição no RGP e à Licença na categoria profissional.
Os(as) profissionais poderão interpor recurso administrativo no prazo de até 30 (trinta) dias corridos contados a partir da data de vigência da Portaria MPA nº 582/2025, que entra em vigor no dia 1 de dezembro de 2025.
O recurso deve ser protocolado por meio do protocolo digital disponível clicando aqui.
Deve-se anexar, obrigatoriamente, o Formulário de Requerimento disposto no Anexo I ou II da Portaria.
Clique aqui e acesse a Portaria MPA nº 582/2025 e a Lista de Licenças suspensas.
Peixes
Algas marinhas avançam como nova fronteira sustentável para substituir o pescado
Projeto internacional liderado pela Embrapa desenvolve ingredientes inovadores e mira uma cadeia produtiva azul, nutritiva e de baixo impacto ambiental.

Um projeto internacional que reúne instituições do Brasil e da Europa tem como objetivo transformar algas marinhas em alternativa sustentável ao pescado tradicional. No Brasil, a iniciativa é liderada pela Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) e terá três anos de duração, integrando pesquisa, inovação e transferência de tecnologia. A pesquisa surge em um contexto desafiador de pressão sobre estoques pesqueiros. Paralelamente, a demanda por proteínas saudáveis cresce de forma acelerada em nível global.
As algas representam uma resposta sustentável a esse desafio. Tanto na Europa quanto no Brasil, a produção desses organismos aquáticos está avançando como uma opção sustentável promissora ao pescado, impulsionada por inovações tecnológicas e uma crescente conscientização sobre os seus benefícios ambientais e nutricionais.
Elas crescem rapidamente, dispensam água doce e fertilizantes e ainda capturam carbono, ajudando a mitigar as mudanças climáticas, como explica a pesquisadora Fabíola Fogaça, coordenadora do projeto no Brasil. “Além disso, são nutritivas, ricas em fibras, minerais, vitaminas e até ômega-3, compostos reconhecidos pela sua importância para a saúde humana”, complementa.
Do mar ao prato: o desafio do sabor
Apesar do potencial, as algas ainda enfrentam barreiras para ganhar espaço nos pratos do consumidor, sobretudo no Brasil. Seu sabor marcante, a coloração verde e a textura característica podem limitar a aceitação em alimentos que buscam imitar produtos de origem animal. “Nosso desafio é aprimorar essas características, desenvolvendo processos de cultivo e de transformação que resultem em ingredientes com sabor e textura agradáveis ao consumidor”, destaca Fogaça.
Um dos protótipos previstos no projeto é um “atum vegetal” em conserva, elaborado a partir da combinação de algas marinhas com outros ingredientes vegetais, ricos em proteínas e flavorizantes de alto valor biológico. A expectativa é que o produto reproduza de forma convincente o sabor, o aroma e a consistência do atum enlatado tradicional. “Estamos falando de um alimento inovador, com potencial para ser mais saudável, sem colesterol, rico em nutrientes e ao mesmo tempo sustentável”, reforça a pesquisadora.
Bioeconomia azul: impactos alimentares, ambientais e sociais
As vantagens da produção de algas não se restringem à mesa. Elas oferecem benefícios ambientais importantes, como a purificação da água e o sequestro de carbono, contribuindo para a recuperação de ecossistemas costeiros e para a mitigação da crise climática. Também podem abrir novas oportunidades de renda para comunidades pesqueiras, permitindo a diversificação da atividade econômica. “No Brasil, com mais de 8 mil quilômetros de litoral, temos um potencial enorme para estruturar uma cadeia produtiva de algas. Essa pode ser uma fonte de emprego, renda e inovação para agricultores familiares e comunidades costeiras”, ressalta Fogaça.
A expectativa é que, ao final do projeto, estejam disponíveis protótipos de produtos à base de algas, prontos para avaliação pela indústria de alimentos e consumidores. O crescimento global do mercado de pescados vegetais reforça a oportunidade: estima-se que o setor movimente US$ 2,5 bilhões até 2032. “Estamos diante de uma tendência mundial. O consumidor busca cada vez mais opções de proteínas sustentáveis e inovadoras, e o Brasil não pode ficar de fora dessa corrida”, conclui a pesquisadora.
A iniciativa se insere no conceito de bioeconomia azul, que valoriza o uso sustentável dos recursos marinhos para gerar desenvolvimento econômico, equidade social e preservação ambiental. Nesse cenário, as algas surgem como protagonistas por serem recursos naturais versáteis, capazes de oferecer benefícios à saúde, ao planeta e às comunidades costeiras.
Com apoio de uma rede internacional de parceiros, o projeto liderado pela Embrapa Agroindústria de Alimentos promete abrir caminhos para que o peixe de alga deixe de ser uma curiosidade e se torne, de fato, uma alternativa viável nas gôndolas e mesas do futuro.
Peixes
Farinhas de amoreira e ora-pro-nóbis reforçam nutrição e imunidade de peixes cultivados
Pesquisas da Embrapa, Unicamp e UFPR mostram que ingredientes vegetais podem substituir parte das proteínas animais nas rações, elevar a resistência a doenças e reduzir impactos ambientais.

Pesquisas conduzidas pela Embrapa Meio Ambiente, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Campus Avançado de Jandaia do Sul, demonstraram que as farinhas de folhas de amoreira e ora-pro-nóbis têm potencial nutricional e podem ser incluídas em dietas e substituir parte das fontes proteicas de origem animal em peixes como pacu e a tilápia-do-Nilo. Os estudos indicam boa digestibilidade, fortalecimento do sistema imunológico e baixo impacto ambiental, reforçando o papel desses ingredientes na aquicultura sustentável.
Patrícia da Silva Dias, em sua tese de doutorado*, apresentou ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal da Unicamp, os testes com pacus conduzidos no Laboratório de Tecnologia em Aquicultura (LATAq) da UFPR, utilizando dietas com até 24% de farinha de amoreira e 32% de ora-pro-nóbis. “A farinha de ora-pro-nóbis apresentou maior digestibilidade de proteína (64,9%), enquanto a farinha de amoreira teve melhor aproveitamento de lipídios (76,7%), ambos mantendo níveis adequados de energia e aminoácidos essenciais”, destacou Dias. Segundo ela, as duas plantas oferecem uma alternativa local e econômica para a formulação de rações, reduzindo a dependência da farinha de peixe e/ou do farelo de soja.

Foto: Guilherme Maragno
Além da avaliação nutricional, os pesquisadores testaram o efeito destas farinhas sobre a saúde dos peixes. Pacus e tilápias alimentados com rações contendo 6% de amoreira e 32% de ora-pro-nóbis apresentaram melhor resposta imunológica e maior resistência à bactéria Aeromonas hydrophila, agente infeccioso responsável por grandes perdas na piscicultura mundial. Nos experimentos, a taxa de sobrevivência chegou a 100% nos pacus e 66,7% nas tilápias alimentadas com dietas vegetais. “Os peixes também mostraram parâmetros sanguíneos mais equilibrados, redução de estresse e boa condição corporal, indicativos de saúde e nutrição adequada. A presença de compostos bioativos, como flavonóides e polifenóis, podem ter contribuído para os efeitos observados”, explica Márcia Ishikawa, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente e orientadora de Dias.
A segurança ambiental das farinhas testadas foi avaliada em ensaios ecotoxicológicos com o microcrustáceo Daphnia magna e o peixe-zebra (Danio rerio). Os resultados mostraram baixa toxicidade (Concentração Efetiva Média – CE₅₀ superior a 500 mg/L), classificando os ingredientes como “praticamente não tóxicos”, segundo critérios da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA), ressalta o pesquisador Claudio Jonsson, membro da equipe técnica do trabalho.
Ricas em proteínas, aminoácidos e minerais, a amoreira – tradicionalmente usada na sericultura – e a ora-pro-nóbis podem ser cultivadas em pequenas propriedades e aproveitadas como insumo local, reduzindo custos e fortalecendo a produção familiar, destaca o professor Fabio Meurer, co-orientador de Dias. De acordo com os pesquisadores, a inclusão moderada das farinhas (6% de amoreira e 32% de ora-pro-nóbis) proporciona equilíbrio entre desempenho zootécnico, saúde animal e segurança ambiental. “O uso desses ingredientes vegetais nas rações comerciais representa um avanço na busca por uma piscicultura mais competitiva, sustentável e menos dependente de insumos químicos”, acredita o pesquisador Julio Queiroz, membro da equipe.






