Notícias Presidente da Alfa
Romeo Bet avalia 2021, Alfa, Aurora e o AGRO, com todas as palavras

Nessa boa e leve conversa com o Presidente da Alfa, Romeo Bet, percebe-se o quanto a cooperativa está veloz e isso não é diferente com o universo AGRO. “Um ano intenso, de decisões imponentes, muito trabalho e isso não foi diferente com cada associado ou funcionário”, reconhece o líder. Bet também é secretário do Conselho de Administração da Aurora Alimentos.
Julmir: Seu Bet, como presidente da Cooperalfa, como o senhor se sente, ao fechar 2021?
Bet: Apesar da pandemia e da insegurança política e econômica, os resultados são bons; todos estamos de parabéns. Os sócios podem se contar felizes pois a cooperativa está avançando. Um ano puxadíssimo devido aos grandes negócios que estão sendo feitos. Porém, é dessa forma que nos manteremos sólidos. Vamos todos comemorar e vibrar, apesar, pois, graças a Deus o COVID-19 está ficando para trás.
Julmir: Grãos e custos de produção, qual sua perspectiva?
Bet: Em relação ao trigo, safra boa; um pouco de percalços climáticos, nada grave. Milho e soja, produtores aplicaram alto em tecnologias e, até o momento, tempo correndo bem. É cedo para prognósticos. Lógico, os custos de implantação da próxima safra já estão nas nuvens. Quem dá as cartas é quem tem o produto. Há certa tendência de alguma queda nos preços dos grãos.
Julmir: E o câmbio, arrisca um cenário?
Bet: Teremos um ano político em 2022 e isso afeta a economia, independente de quem sejam os candidatos. Será que o dólar estabiliza ou sobe? É complicado antever. Se a serenidade da campanha se cristalizar, vai ajudar nesse equilíbrio. Na verdade, não se tem muita certeza de nada. Ficarmos atentos é o caminho. O produtor, também.
Julmir: E o maior projeto da história da Alfa nesses 54 anos, a indústria de processamento de soja da Tomazelli? Como foram os bastidores dessa negociação?
Bet: Numa cooperativa, deve-se ter transparência em tudo. Essa nova fábrica, de R$ 300 milhões, vinha sendo debatida pelo conselho e internamente. No início e 2020 decidiu-se dar início à construção. E vieram perguntas: que tipo de fábrica? Que parceiros? Em março iniciamos os contatos para comprarmos o ´coração´ da fábrica (extração), e decidimos que seria com apenas uma empresa, apesar de termos quatro propostas sobre a mesa. Escolhemos a TECNAL pela capacidade de instalação, responsabilidade, inovação e preço ajustado. Ao todo, são 30 empresas periféricas atuando na obra. Se começássemos hoje as contratações, certamente iria custar acima de R$ 500 milhões, ou seja, o associado economizou R$ 200 milhões, de forma indireta, sem prejudicarmos a qualidade do projeto, nem o cronograma de execução.
Julmir: A diretoria está satisfeita com a presença da Alfa no Mato Grosso do Sul?
Bet: Sim, estamos, apesar de termos começado com estruturas acanhadas, aos poucos fomos comprando e ampliando. Pela estrutura atual e pela característica do produtor do Brasil Central, contamo-nos felizes. Lá, é comum agricultores com 10 a 15 mil hectares de lavoura, sendo auto suficientes em comprar insumos diretamente das indústrias e nas exportações. Contudo, com o empenho de nossas excelentes equipes, os resultados positivos estão surgindo. Muito ainda teremos para avançar.
Julmir: E a UPL em Sidrolândia?
Bet: A parte estrutural está contratada e as obras, iniciando. O projeto permitirá que cresçamos na região. Estamos no caminho certo. O projeto da UPL é para 10 mil matrizes. Até 2023, vamos executar apenas 5 mil. O mercado de carnes ajudará a clarear esses investimentos. Por ora, vamos atender a necessidade da Aurora COOP de São Gabriel do Oeste que abate hoje 3 mil suínos/dia e, no início de 2025, abaterá 5 mil/suínos/dia.
Julmir: Que avaliação o senhor faz com a chegada ao RS, desde 2017?
Bet: Está de satisfatório para bom. O Alto Uruguai está se consolidando. Com a compra, pela Aurora, do Frigorífico AGRODANIELI de Tapejara, ampliamos nossa participação societária na Central. As filiais de Estação e Tapejara aumentam o movimento financeiro. Com a aquisição em 08 de novembro de 2021 das estruturas da Comércio de Cereais JRB LTDA e JRBD Transportes Ltda, (Barbiero Agronegócios), com sede em Nonoai-RS, vamos expandir naquela mesorregião também, um negócio feito de forma leal e transparente.
Julmir: Proteínas como o leite, suínos e aves, preocupam o senhor?
Bet: Sim, de momento, o setor está em queda. Alguma melhora no frango, apenas. O mercado interno não absorve toda a produção, pois caiu a renda média da população e o externo está complicado por conta da China que, continua comprando, mas a preços muito baixos e isso afeta o resultado da indústria. Além disso, os custos de produção das carnes estão em alta. Vamos torcer que essa situação amenize em 2022.
Julmir: A Aurora para o futuro, o que pode ser destacado?
Bet: Está bastante sólida e em crescimento. Isso vai continuar. A Aurora está ampliando o parque para abate de frangos em Chapecó, na antiga BONDIO, passando de 120 mil frangos dia, para 400 mil/dia em 2024. Ainda está edificando uma indústria de empanados. Contudo, as plantas da nossa região parecem estar no limite. Se houver necessidade, investir em outros estados não está descartado. É preciso avançar, garimpando novos mercados e novos produtos. Um fator que determina investimentos são os estudos ligados à logística.
Julmir: O que é SUCESSO, numa cooperativa?
Bet: Vem-se à mente a profissionalização do sistema cooperativo e a transparência. A seriedade com o sistema gerido, é fator preponderante. É fundamental, para uma região, o associativismo sólido, a exemplo da Aurora, que dá suporte. Bom registrar que o associado evolui muito.
Julmir: Aos 77, o que é significa a vida para o senhor?
Bet: É tudo!! É trabalho, é ser exemplo, ser participativo na sociedade. Meu legado creio ser a simplicidade, a humildade e forma clara com que se conduz a gestão. Vida é família, é estar perto de quem a gente mais gosta.
Julmir: Um ponto que marcou sua caminhada na Alfa até o momento?
Bet: Foram dois; quando cheguei, há 41 anos e tive que decidir entre voltar pra casa e prosseguir, na época como gerente de produção, nos armazéns, um pedido de Aury Bodanese (in memóriam). Outro: quando assumi a presidência, em 2009. Havia comentários, aqui e acolá, de que eu, talvez, não desse conta do recado. Como seria Bet, presidente, sendo agricultor? De lá pra cá, foi muito empenho e lealdade. Estou feliz.
Julmir: Que natal o senhor deseja?
Bet: Que tenhamos muita saúde e paz, que consigamos nos manter todos unidos; que Deus abençoe a cada um e que possamos prosseguir em 2022, firmes e fortes, nos ajudando, sempre!! Feliz Natal e um Ano Novo cheio de luz.

Notícias
Brasil lança plataforma sobre saúde dos solos e reforça liderança em agricultura sustentável
Ferramenta da Embrapa reúne mais de 56 mil análises e mostra que dois terços das áreas avaliadas no País apresentam solos saudáveis ou em recuperação.

Foi lançada na última segunda-feira (17), na Agrizone, a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa durante a COP 30, em Belém (PA), a Plataforma Saúde do Solo BR – Solos resilientes para sistemas agrícolas sustentáveis. A cerimônia ocorreu no Auditório 1 e marcou a apresentação oficial da tecnologia criada pela Embrapa, que reúne pela primeira vez informações sobre a saúde dos solos brasileiros em um ambiente digital e de acesso público.
Na abertura, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o simbolismo de apresentar a novidade dentro da Agrizone, espaço que abriga soluções de baixo carbono. “A Agrizone é o começo de uma nova jornada. Estamos mostrando para o mundo inteiro, de forma concreta, que temos tecnologia para desenvolver uma agricultura cada vez mais resiliente às mudanças climáticas”, afirmou.
Para ela, o lançamento reforça o protagonismo do Brasil como líder global em inovação sustentável para a agricultura e os sistemas alimentares.
A Plataforma disponibiliza dados de saúde do solo por estado e município e já reúne cerca de 56 mil amostras, provenientes de 1.502 municípios de todas as regiões do País. O sistema foi construído a partir da geoespacialização dos dados gerados pela BioAS – Bioanálise de Solos, explicou a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda Mendes. A ferramenta permite filtros por estado, município, ano, culturas e texturas de solo, além de comparações entre diferentes cultivos. Também gera mapas e gráficos baseados nas funções da bioanálise, como ciclagem, armazenamento e suprimento de nutrientes.
Solos mais saudáveis e produtivos
Os primeiros mapas revelam que predominam no Brasil solos saudáveis ou em processo de recuperação. “Somando solos saudáveis e solos em recuperação, vemos que 66% das áreas analisadas apresentam condições muito boas de saúde. Apenas 4% das amostras representam solos doentes”, afirmou Ieda.
Mato Grosso lidera o número de amostras (10.905), seguido por Minas Gerais (9.680), Paraná (7.607) e Goiás (6.519). O município com maior participação é Alto Taquari (MT), com 1.837 amostras.
A pesquisadora também destacou a forte relação entre saúde do solo e produtividade. No Mato Grosso, a integração dos dados da BioAS com índices do IBGE mostrou que o aumento na proporção de solos doentes está diretamente associado à queda na produção de soja. “Cada 1% de aumento em solos doentes representa uma perda média de 3,1 kg de soja por hectare”.
Em contraste, análises exclusivamente químicas não apresentaram correlação com a produtividade atual, o que indica que o limite produtivo da agricultura brasileira está cada vez mais ligado à qualidade biológica dos solos.
Ieda ressaltou ainda a participação dos produtores na construção da ferramenta. “Temos contribuições que vão do Acre ao extremo sul do Rio Grande do Sul. Ter um trabalho publicado em revistas técnicas é muito bom, mas ver uma tecnologia sendo adotada em todo o Brasil é maravilhoso”, afirmou.
A expectativa é transformar a plataforma, no futuro, em um observatório nacional da saúde dos solos, capaz de gerar relatórios detalhados por município e conectar pesquisadores, laboratórios e agricultores.
A Plataforma Saúde do Solo BR foi desenvolvida com base nos dados da BioAS, tecnologia lançada em 2020 e criada pela Embrapa Cerrados em parceria com a Embrapa Agrobiologia. O método integra indicadores biológicos (atividade enzimática), físicos (textura) e químicos (fertilidade e matéria orgânica).
O banco de dados atual resulta de uma colaboração com 33 laboratórios comerciais de análise de solo, integrantes da Rede Embrapa e usuários da tecnologia.
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Pressões ambientais externas reacendem disputa sobre limites da autorregulação no agronegócio
Advogada alerta que auditorias privadas e acordos setoriais, como a Moratória da Soja, podem impor obrigações além da lei, gerar assimetria concorrencial e tensionar princípios constitucionais.

A intensificação de exigências internacionais para que produtores brasileiros comprovem de forma contínua a inexistência de dano ambiental como condição para exportar commodities, especialmente a soja, reacendeu um debate jurídico sensível no país. Para a advogada especialista em Direito Agrário e do Agronegócio, Márcia de Alcântara, parte dessas exigências ultrapassa a pauta da sustentabilidade e pode entrar em choque com princípios constitucionais e da ordem econômica, sobretudo quando assumem caráter padronizado e coordenado por grandes agentes privados.
Segundo ela, quando tradings internacionais reunidas em associações que concentram parcela expressiva do mercado firmam pactos com auditorias e monitoramentos próprios, acabam impondo obrigações ambientais adicionais às previstas em lei. “Esses acordos privados transferem ao produtor o ônus de provar continuamente que não causa dano ambiental, invertendo a presunção de legalidade e de boa-fé de quem cumpre o Código Florestal e demais normas”, explica.
Márcia observa que esse tipo de exigência, quando se torna condição para o acesso ao mercado, tensiona princípios como a segurança jurídica e o devido processo. “Quando a obrigação é padronizada e coordenada por agentes dominantes, deixa de ser mera cláusula contratual e passa a se aproximar de uma restrição coletiva, com efeito de boicote”, afirma.
Moratória da Soja e coordenação setorial

Advogada Márcia de Alcântara: “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”
Entre os casos emblemáticos está a chamada Moratória da Soja, que proíbe a compra do grão oriundo de áreas desmatadas após 2008 na Amazônia. Para a advogada, o modelo de funcionamento da moratória se assemelha a uma forma de regulação privada, com possíveis implicações concorrenciais. “Há três pontos críticos nesse arranjo: a coordenação por associações que concentram parcela relevante do mercado; a troca de informações sensíveis e listas de exclusão que não são públicas; e a imposição de padrões mais severos do que a legislação brasileira. Esse conjunto pode configurar conduta anticoncorrencial, conforme o artigo 36 da Lei 12.529/2011”, avalia.
Ela acrescenta que cobranças financeiras ou bloqueios comerciais aplicados a produtores que não apresentem documentação adicional de regularidade ambiental podem representar penalidades privadas sem respaldo legal. O tema, segundo Márcia, já vem sendo acompanhado tanto pela autoridade antitruste quanto pelo Judiciário.
Marco jurídico recente
Nos últimos meses, a controvérsia ganhou contornos institucionais. Uma decisão liminar do ministro Flávio Dino, no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão de processos judiciais e administrativos ligados à Moratória da Soja até o julgamento de mérito, para evitar decisões contraditórias e permitir uma análise concentrada do conflito. Paralelamente, o Cade decidiu aguardar o posicionamento do STF antes de seguir com as investigações, embora mantenha atenção sobre a troca de informações sensíveis entre empresas durante o período.
Entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Aprosoja-MT defendem que a atuação concorrencial do Estado não seja paralisada. Elas argumentam que há indícios de coordenação de compra e que a suspensão integral das apurações pode esvaziar a tutela concorrencial.
Entre os principais questionamentos estão a extrapolação normativa de acordos privados, a falta de transparência nos critérios de exclusão e a substituição da regulação pública por padrões privados de alcance global. “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”, pontua Márcia.
Possíveis desfechos

Foto: Gilson Abreu
A especialista mapeia dois possíveis desfechos para o impasse. Caso o STF decida a favor dos produtores, será reforçada a soberania regulatória do Estado brasileiro, com o reconhecimento de que critérios ambientais devem ser definidos por normas públicas claras e transparentes. A decisão poderia irradiar efeitos para outras cadeias produtivas, como carne, milho e café, estabelecendo parâmetros de ESG proporcionais e auditáveis. Em sentido contrário, validar a autorregulação privada abriria espaço para padrões globais com camadas adicionais de exigência, elevando custos de conformidade e reduzindo a concorrência.
Para Márcia, o Brasil já conta com um dos arcabouços ambientais mais robustos do mundo. O Código Florestal impõe a manutenção de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente, exige o Cadastro Ambiental Rural georreferenciado e conta com sistemas de monitoramento por satélite e mecanismos de compensação ambiental.
Além disso, o país dispõe de políticas estruturantes como a Política Nacional do Meio Ambiente, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e a Política Nacional sobre Mudança do Clima. “Esse conjunto garante previsibilidade ao produtor regular e comprova que o país possui um marco ambiental sólido. Por isso, exigências externas precisam respeitar a proporcionalidade, a transparência e o devido processo. Caso contrário, correm o risco de ferir a legislação brasileira e distorcer a concorrência”, ressalta.
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Brasil e Reino Unido avançam em diálogo sobre agro de baixo carbono na COP30
Fávaro apresenta o Caminho Verde Brasil e discute novas parcerias para financiar recuperação ambiental e ampliar práticas sustentáveis no campo.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se reuniu nesta quarta-feira (19) com a ministra da Natureza do Reino Unido, Mary Creagh, durante a COP30, em Belém. O encontro teve como foco a apresentação das práticas sustentáveis adotadas pelo setor agropecuário brasileiro, reconhecidas internacionalmente por aliarem produtividade e conservação ambiental.
Fávaro destacou as iniciativas do Caminho Verde Brasil, programa que visa impulsionar a recuperação ambiental e o aumento da produtividade por meio da restauração de áreas degradadas e da promoção de tecnologias sustentáveis no campo.
Segundo o ministro, a estratégia tem ampliado a competitividade do agro brasileiro, com acesso a mercados mais exigentes, ao mesmo tempo em que contribui para metas climáticas.
A agenda também incluiu discussões sobre mecanismos de financiamento voltados a ampliar projetos de sustentabilidade no setor. As autoridades avaliaram oportunidades de cooperação entre Brasil e Reino Unido para apoiar ações de recuperação ambiental, inovação e produção de baixo carbono na agricultura.



