Conectado com

Peixes

Rodada Internacional de Negócios impulsiona mercado de pescados no IFC Brasil 2024

Evento reuniu mais de quatro mil participantes e contou com a participação de mais de 150 empresas expositoras, além de abrigar 10 atividades simultâneas e lançamento de sete produtos inovadores para o setor.

Publicado em

em

A sexta edição do International Fish Congress & Fish Expo Brasil (IFC Brasil), realizada entre os dias 24 e 26 de setembro, em Foz do Iguaçu, no Paraná, foi marcada pela 2ª Rodada Internacional de Negócios do Projeto Brazilian Seafood, que alcançou resultados expressivos. A iniciativa, organizada em parceria com a Apex Brasil e a Abipesca, reuniu empresas brasileiras da aquicultura e compradores internacionais, gerando US$ 700 mil em negócios e abrindo perspectivas de US$ 10 milhões para os próximos 12 meses.

Fotos: Divulgação/IFC Brasil

O evento deste ano contou com a presença de importadores estratégicos dos Estados Unidos, Uruguai e México, consolidando o IFC Brasil como um importante polo de conexões e oportunidades para o setor aquícola brasileiro.

Além das negociações internacionais, o IFC Brasil 2024 também promoveu o “Dia do Produtor”, em 26 de setembro, que atraiu mais de 300 produtores das cooperativas paranaenses C.Vale, Coopacol, entre outras. O Sebrae, patrocinador do evento, mobilizou participantes de sete estados brasileiros, incluindo Minas Gerais, Goiás, Rondônia, Paraná, Piauí e Ceará, além de representantes internacionais do Paraguai e da Argentina, reforçando a importância da integração e da troca de conhecimentos para o desenvolvimento do setor.

O IFC Brasil 2024 promoveu ainda eventos simultâneos, como o “Congresso Internacional de Aquicultura”, que abordou temas como Economia Azul, estratégias de exportação e inovações tecnológicas. Outro destaque foi o “Fórum Aquacultura 4.0”, organizado pela Embrapa, que debateu tendências em aquicultura digital e de precisão.

O evento também acolheu a 5ª edição do “Encontro Mulheres da Aquicultura”, com o tema “Cooperativismo e Negócios”, reunindo mulheres da cadeia produtiva do pescado para discutir liderança feminina e oportunidades no setor. A CEO do IFC Brasil, Eliana Panty, ressaltou a realização do 5º Encontro Mulheres das Águas durante o evento: “Esta edição do IFC Brasil marcou a maturidade do encontro Mulheres das Águas”.

Outras atrações incluíram o “Workshop sobre Sistema de Recirculação de Água”, organizado em parceria com a BluEco Net e a Unioeste, focando na produção sustentável em sistemas intensivos, além da apresentação de 175 trabalhos científicos, estabelecendo um recorde no evento. Ainda, a 4 Reunião Ordinária do Coesaqua | Agência de Defesa Aqropecuária do Paraná – tratou da Inclusão da Peixe BR na Agência. Ao todo, foram mais de dez eventos simultâneos, reforçando o IFC Brasil como o maior encontro do setor aquícola no país.

O presidente do IFC Brasil, Altemir Gregolin, destaca que esta foi a melhor de todas as edições do evento, principalmente em função do alto nível das palestras e da qualidade dos debates. “Foram mais de 70 conferencistas, sendo 15 internacionais”.

Presidente do IFC Brasil, Altemir Gregolin: “O IFC Brasil se consolida como um evento internacional e um dos grandes eventos da aquicultura e pesca da América Latina. Essa é a marca da sexta edição”

Ele chama atenção ainda para outros números, como mais de 100 expositores e 150 marcas envolvidas, e o volume de negócios realizados, nacionais e internacionais, que superou R$ 120 milhões. “Tivemos ainda a participação de delegações de diversos países, como Argentina, Paraguai e Chile. Os números do IFC Brasil, segundo ele, refletem a grandeza do evento. “O IFC Brasil se consolida como um evento internacional e um dos grandes eventos da aquicultura e pesca da América Latina. Essa é a marca da sexta edição”, enfatiza.

Para Eliana Panty, o IFC Brasil 2024 atingiu um nível de maturidade, com avanços a cada ano, marcados também pelo envolvimento da gastronomia, o ritual do corte do atum, o festival do tambaqui e o interesse de outros estados, tanto para comprar quanto para vender. “O IFC Brasil se diferencia pelo cuidado especial com os expositores e visitantes, buscando proporcionar um ambiente confortável, oferecer conteúdo de qualidade com uma programação ampla e focada, e uma feira direcionada. Com tudo isso, é um evento que busca excelência”.

Oportunidades e potencial do mercado brasileiro de pescados

Com conferências apresentadas por mais de 70 especialistas de quatro continentes e mais de 20 horas de conteúdo, o IFC Brasil 2024 explorou temas como Economia Azul, estratégias para exportação, acesso a crédito e inovações tecnológicas, destacando o potencial de crescimento do mercado brasileiro de pescados e a importância da sustentabilidade na produção aquícola.

Entre os eventos simultâneos, destacaram-se o Congresso Internacional de Aquicultura, que abordou questões como o desenvolvimento sustentável e a Economia Azul, e a Feira de Tecnologias e Negócios (VI Fish Expo), que gerou R$ 120 milhões em negócios, consolidando-se como a maior plataforma de inovações do setor.

Sustentabilidade e inovações

O compromisso com a sustentabilidade foi outro ponto de destaque no IFC Brasil 2024, com a iniciativa “Net Zero”, que visou zerar as emissões de gases de efeito estufa geradas pelo evento. A medida, realizada em parceria com a consultoria Net Zero e certificada pela GPX, demonstra o compromisso do evento em promover uma produção de proteína com menor pegada de carbono.

A feira também foi palco para o lançamento de inovações tecnológicas e soluções para a aquicultura e produção de pescados. Entre os destaques, estavam as empresas Brazilian Pet Foods, AquaGenetics, Têxtil Sauter, BSF Aquicultura, Bernauer Aquacultura, Niju Implementos Rodoviários, Hipra e Safeeds Nutrição Animal, que apresentaram suas novidades ao mercado. A Cresol lançou o projeto Empreendedorismo Rural, voltado aos produtores de peixe, durante o IFC Brasil. O Empreendedorismo Rural com foco na produção de pescados beneficiará, inicialmente, 25 piscicultores com assistência técnica para melhorar a rentabilidade da produção e consultoria financeira da Cresol.

Expositores internacionais

Parceiro internacional do IFC Brasil 2024, o Club de Innovación Acuícola do Chile esteve presente na sexta edição com quatro empresas associadas: Patagonia ROV, Orbe XXI, Enerpry e Satelnet. “O IFC Brasil 2024 é uma oportunidade única para fazer contatos, apresentar os desafios e as ofertas das empresas do nosso Club de Innovación Acuícola”, pontua o Diretor Executivo do Club de Innovación, Adolfo Alvial.

Startups

Dez empresas com soluções inovadoras para a cadeia produtiva da pesca e aquicultura expuseram suas soluções no espaço Inova Aqua, do IFC Brasil 2024. A área da feira destinada a startups é uma iniciativa da organização do evento, em parceria com a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste).

CEO do IFC Brasil 2024, Eliana Panty: “O IFC Brasil é um evento que busca excelência”

Entre as startups participantes, a Aquário de Ideias, incubadora da UNESP no Vale do Ribeira e Litoral Sul de São Paulo, é referência sul-americana em inovação na aquicultura, apoiando mais de 50 projetos e startups. Entre as empresas incubadas, estão a Sample, focada em biotecnologia para aquicultura, e a Growd, que desenvolve bioprodutos sustentáveis à base de algas. Outras iniciativas destacadas são o By Fish, grupo de oito startups alimentícias inovadoras, e a Unihub Toledo, da Unioeste, voltada ao desenvolvimento de tecnologias.

No Rio Grande do Sul, a NutriTech produz suplementos à base de farelo de arroz e a Usina do Peixe transforma resíduos em alimentos. A Aqualife Insumos fornece soluções sustentáveis para aquicultura, e a Bioconnex, em Toledo (PR), atua na assessoria ambiental. Já a Catfish Engenharia, localizada em Vale Verde (RS), desenvolve tecnologias de automação e monitoramento utilizando sistemas bioflocos.

IFC Brasil 2024 em Números

O IFC Brasil 2024 reuniu mais de quatro mil participantes e contou com a participação de mais de 150 empresas expositoras. A programação incluiu 175 trabalhos científicos inscritos, mais de 70 conferencistas renomados, e mais de 20 horas de conteúdo. O evento abrigou 10 atividades simultâneas e contou com o lançamento de sete produtos inovadores para o setor. Especialistas de quatro continentes estiveram presentes, trazendo uma visão global para o futuro da aquicultura.

Com esses resultados, o IFC Brasil 2024 reforça seu papel como evento de integração da cadeia de pescados entre Brasil e América Latina. “O IFC Brasil se consolida como o evento essencial para inovação, conhecimento e oportunidades no mercado global”, finaliza a CEO do evento, Eliana Panty.

Fonte: Assessoria IFC Brasil

Peixes

Embrapa e parceiros promovem Simpósio de Sanidade Aquícola

Publicado em

em

Foto: Jefferson Christofoletti

A Embrapa Pesca e Aquicultura promove nesta quinta-feira (17) o 2º Simpósio de Sanidade Aquícola, que acontecerá no Centro Universitário Católica do Tocantins – UniCatólica, das 08 às 18 horas. As inscrições ainda podem ser feitas, clique aqui. O evento é uma realização da Embrapa, UniCatólica e da Secretaria da Pesca e Aquicultura do Tocantins (Sepea).

E nesta quarta-feira (16), no mesmo local, a Embrapa realiza um curso teórico-prático de capacitação de sanidade em peixes, com carga horária de 08 horas, voltado para técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Agência de Defesa Agropecuária (Adapec), Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins) e demais profissionais de empresas particulares.

Durante o Simpósio de Sanidade Aquícola, será lançada a cartilha “Orientações Sanitárias para o Cultivo de Tilápias em Sistemas Intensivos no Tocantins”, que tem o objetivo de promover a conscientização dos produtores rurais e empresários do setor sobre boas práticas sanitárias e de biosseguridade. “A biosseguridade consiste em um conjunto de ações voltadas para prevenir, controlar, minimizar ou eliminar os riscos sanitários na criação. Boas práticas sanitárias e biosseguridade têm o mesmo objetivo: proteger a saúde dos trabalhadores, dos animais, da produção e, por fim, dos consumidores”, esclarece a pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura, Patricia Maciel, que participou da elaboração da publicação. Além da Embrapa também participaram da elaboração da cartilha especialistas da Agência de Defesa Agropecuária (Adapec) e Secretaria de Estado da Pesca e Aquicultura (Sepea).

Confira a programação do 2º Simpósio de Sanidade Aquícola:

Manhã

08h – Inscrição

08h30 – Abertura do evento

09h30 – Palestra – Zootecnista MSc. Thiago F. Tardivo – Panorama da atividade aquícola no Brasil e Tocantins: desafios e perspectivas – SEPEA – TO

10h30 – Lançamento da Cartilha – ADAPEC, SEPEA, Embrapa Pesca e Aquicultura

10h40 – Intervalo – Coffee-break

11h – Programa de Sanidade Aquícola do Tocantins – Médico Veterinário Dr. Elias Mendes – Adapec

11h30 – Espaço para perguntas

Tarde

14h – Acantocéfalos: biologia e controle na produção de peixes redondos – Pesquisadora MSc. Patrícia Maciel Honda – Embrapa Pesca e Aquicultura

15h – Vacinas na aquicultura: uma realidade necessária para o setor – Biólogo – MSc. Luis Otávio Del Guerra – Hipra

16h – Intervalo

16h30 – Programas Sanitários para uma aquicultura mais segura – Médico Veterinário – MSc. José Dias Neto – Prevet – Sanidade Aquícola

17h20 – Mesa redonda com os participantes

18h – Encerramento

Fonte: Assessoria Embrapa Pesca e Aquicultura
Continue Lendo

Peixes

Projeto Tilápias do Oeste do Paraná trabalha para impulsionar o setor

Região, que já concentra 85% da produção paranaense do peixe, está passando por um trabalho que visa aumentar ainda mais a produtividade.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Sebrae-PR

Foto: Shutterstock

O Paraná é líder na produção de tilápias no Brasil, alcançando 213.300 toneladas em 2023, o que representa 24% do total nacional. A região oeste do Estado concentra 85% dessa produção, aproximadamente 180.000 toneladas anuais, conforme dados da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) e do Sebrae/PR.

Diante da importância econômica e social da tilapicultura, o Sebrae/PR, em parceria com a Unioeste e o IDR-Paraná, lançou o Projeto Tilápias do Oeste, na região oeste paranaense, em maio deste ano. O projeto visa otimizar a cadeia produtiva, fornecendo consultorias técnicas e capacitações para produtores e frigoríficos. Entre os principais benefícios previstos estão a organização da produção, previsibilidade de biomassa de abate, fidelização dos fornecedores e a melhoria no rendimento de carcaça.

No setor de frigoríficos, as ações incluem a implantação de programas de autocontrole, desenvolvimento de manuais de qualidade, treinamentos em boas práticas de fabricação e consultorias tecnológicas.

Emerson Durso, consultor do Sebrae/PR, destaca a importância dessas iniciativas.

“Mapeamos os pequenos frigoríficos da região e estamos atuando com cinco no projeto. São duas frentes de trabalho: uma direta nos frigoríficos, onde o foco é a consultoria para adequação às normas do Selo Susaf, que permite a venda do produto em todo Estado. Na outra, atuamos diretamente com os produtores indicados pelos frigoríficos, enfatizando consultorias mensais para melhorar o manejo e aumentar a produtividade”, explica.

Entre os produtores beneficiados pelo projeto está Maikon Hilgert, da piscicultora Starker Fisch, de Missal. No ciclo de 2023/2024, a empresa produziu 7,5 milhões de juvenis, distribuídos para 117 clientes. Para o ciclo 2024/2025, com as melhorias implantadas por meio do Projeto, a expectativa é de 11 milhões de juvenis distribuídos para 130 clientes.

“Tenho boas expectativas em relação ao projeto, por possuir um viés de

Foto: Shutterstock

profissionalização da cadeia produtiva. A iniciativa contribui com o melhoramento das estruturas frigoríficas, melhora a produção nas engordas e o acompanhamento dos dados zootécnicos”, relata.

Dayane Lenz, engenheira de pesca e extensionista do IDR-Paraná no município de Toledo, ressalta os impactos positivos do projeto.

“O grande salto no volume de produção ocorreu após a implantação dos sistemas de integração dos produtores com as cooperativas e serve de exemplo para todo o País, mas também temos produtores menores que atuam de maneira independente e representam um importante nicho no mercado regional. Para que esses arranjos sejam bem-sucedidos e a cadeia de produção perdure, tanto os frigoríficos quanto os produtores necessitam de suporte em gestão, boas práticas e técnicas de produção e, tratando-se dos frigoríficos, regularização para que consigam ampliar o seu mercado e expandir a produção – e é isso que queremos com o Projeto”, esclarece.

Aldi Feiden, doutor em Ciências, professor e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, da Unioeste, também reforçou a importância do projeto com relação aos resultados que pode gerar para a região, em especial a adequação para adesão ao Susaf.

“Com a adesão de mais frigoríficos de pescado ao Susaf, amplia-se a área de comercialização dos frigoríficos para os seus produtos, fazendo com que estes possam comprar mais peixes para abate. Com isso, os produtores terão também possibilidade de produzir mais peixes para comercialização nestes frigoríficos. Assim, a piscicultura poderá crescer ainda mais e consolidar o Paraná como o maior polo de produção de peixes do Brasil, com o predomínio da tilápia”, ressalta.

Com foco em qualidade, eficiência e sustentabilidade, o Projeto Tilápias do Oeste já iniciou a programação em maio deste ano e, desde então, diversas visitas e capacitações estão sendo realizadas tanto para os frigoríficos de pequeno porte, como também para os produtores participantes.

Ao final do Projeto, dentre os benefícios previstos, estão aumento da confiabilidade dos dados da produção dos fornecedores; previsibilidade de biomassa de abate;

organização da produção individual e global; aumento de confiança nos fornecedores da ação de assistência técnica viabilizada pelo frigorífico (fidelização do fornecedor); prevenção de mortalidade das tilápias; redução de disparidade e melhoria na homogeneidade do lote, e melhoria no rendimento de carcaça. Para os frigoríficos, espera-se que o Projeto incentive a implantação de programas de autocontrole; ajude na elaboração de manuais da qualidade; no treinamento dos colaboradores em boas práticas de fabricação; na criação de procedimentos operacionais padrão e instruções de trabalho e no aumento da produtividade.

Participam do Projeto Tilápias do Oeste cinco frigoríficos de pequeno porte (abatem em média 7 mil kg/dia cada), 40 produtores de tilápia e um produtor de juvenil.

Fonte: Assessoria Sebrae-PR
Continue Lendo

Peixes

Crescimento e desenvolvimento gonadal de machos e fêmeas de tambaqui em sistema de recirculação de água

A produção aquícola enfrenta desafios em várias etapas, como na formação de plantéis de reprodutores de espécies reofílicas, impactando a produção de formas jovens.

Publicado em

em

Figura 1: Tambaqui (Colossoma macropomum) - Foto: Divulgação/De Heus

A demanda por alimentos de origem sustentável tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, e com isso, a aquicultura vem ganhando força no cenário mundial de produção animal. No entanto, a produção aquícola enfrenta desafios em várias etapas, como na formação de plantéis de reprodutores de espécies reofílicas, impactando a produção de formas jovens. Para resolver essas questões, é crucial entender a biologia reprodutiva das espécies que trabalhamos, a fim de otimizar e buscar alternativas de manejo para aumentar a produção de gametas viáveis. Nesse contexto, estudos sobre a primeira maturação são essenciais, pois esse estágio marca o início da fase adulta dos peixes. O tambaqui (Colossoma macropomum) (Figura 1) é uma espécie nativa da América do Sul, encontrada na bacia amazônica. Pertencente à família Characidae e à ordem Characiformes, pode atingir um metro de comprimento e pesar até 30 kg. Por ser um peixe de característica migradora, na natureza necessita subir o rio para realizar a reprodução, que ocorre durante as épocas mais quentes do ano. Em cativeiro, devido a essa característica peculiar, a reprodução é realizada através de indução hormonal para estimular a gametogênese.

Dados recentes destacam a importância do tambaqui como o peixe nativo mais produzido no Brasil, com uma produção superior a 109 mil toneladas no último ano (IBGE, 2023), ficando atrás apenas da produção de tilápia (Oreochromis niloticus), que apesar de ser uma espécie presente em todo o território nacional, é considerada exótica. Até o momento, não há estudos disponíveis na literatura sobre o crescimento e desenvolvimento gonadal do tambaqui em sistemas de recirculação de água (SRA). O uso de SRA para avaliar o crescimento e o desenvolvimento gonadal dos peixes representa uma nova possibilidade para a produção aquícola. Esse sistema permite adensamento de animais por metro cúbico, reduzindo o consumo de água, tornando o cultivo mais intensivo. Isso é possível devido ao controle eficaz da temperatura e do oxigênio, além do tratamento dos resíduos e da conversão dos compostos nitrogenados gerados pelos animais. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi avaliar o crescimento e desenvolvimento gonadal de C. macropomum em SRA.

Figura 2. Sistema de recirculação de água: tanque com volume útil de 23m³, equipado com trocador de calor (A), motobomba Nautilus® Nbfc-2 de 1/2CV (B), filtro mecânico/decantador com capacidade total de 1m³ (C), filtro biológico com capacidade total de 1m³ cada, equipado com mídia biológica com área superficial de 800 m²/m³, ocupando 2/3 da capacidade total de cada filtro (D), bomba centrífuga sem pré-filtro 1/3CV (E), compressor radial 4CV trifásico (F) e difusores de ar espalhados pelo tanque (G).

Metodologia

O experimento foi conduzido no Laboratório de Aquacultura (LAQUA) da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, com aprovação do Comitê de Ética de Uso de Animais. 150 animais com 230 dias após eclosão (DAE) e peso médio de 145,29±36,03 g, foram colocados em um sistema de recirculação de água (Figura 2), onde a temperatura foi mantida em 27,5±0,7 °C, oxigênio dissolvido em 4,0±0,5 mg/L, amônia total em 0,5±0,1 mg/L e pH em 6,7±0,5. Os animais foram alimentados com dieta comercial de 4-6 mm contendo 32% PB na frequência de duas vezes ao dia (09:00 e 16:00 hs) até 590 DAE. Após este período, foi oferecido dieta de 32% PB de 6 – 8 mm até o final do experimento, onde os animais estavam com 1080 DAE. Com 290 DAE, foi realizada a primeira coleta de gônadas. Ao total foram 13 coletas, em cada coleta, 10 animais foram selecionados de forma aleatória, realizada biometria e posteriormente eutanasiados seguindo protocolo de bem-estar animais para a retirada das gônadas. As gônadas, fígado e vísceras coletados foram pesados para obtenção dos índices gonadossomáticos (IGS), hepatossomáticos (IHS) e viscerossomáticos (IVS).  Para a avaliação do desenvolvimento gonadal, o material coletado foi fixado em solução de Bouin e posteriormente levado para confecção histológica. Os parâmetros analisados foram submetidos a ANOVA, seguido de teste de Tukey (5%) para avaliar a diferença entre as médias. Todas as análises estatísticas foram realizadas no software InfoStat, Córdoba, Argentina.

Figura 3. Peso (A) e comprimento (B) médio (média ± desvio padrão) de Colossoma macropomum cultivados em sistema de recirculação de água (SRA) durante a maturação sexual. Letras maiúsculas indicam diferenças significativas entre as diferentes biometrias de cada sexo pela ANOVA seguido de teste de Tukey (5%).

Figura 4. Setas pretas indicam a localização das gônadas de machos e fêmeas (A, C, E, G); seta azul indica presença de espermatogônias no testículo de macho em maturação inicial (B); * indica túbulos seminíferos repletos de espermatozoides no testículo do macho em maturação avançada (D); na figura F é possível observar a presença de oócitos em formação inicial (Oc) e ninhos de ovogônias (Og) em fêmea, e na figura H, a presença de oóvitos vitelogênicos no ovário de uma fêmea em maturação avançada.

Resultados e discussão

Ao comparar machos e fêmeas após 590 DAE, o crescimento fica evidente para peso e comprimento ao longo do experimento (Figura 3A e 3B) (P<0,05). Porém, quando comparamos machos e fêmeas de mesma idade, não foi verificado diferenças para o peso e comprimento entre os sexos (P>0,05), demonstrando que a espécie se adaptou bem ao sistema de cultivo empregado. Com relação a maturação sexual, os primeiros machos identificados com a presença de túbulos seminíferos e células espermatogênicas, indicando estágio inicial de maturação, estavam com 590 DAE (Figura 4 A e B). As primeiras fêmeas nesse mesmo estágio foram identificadas quando estavam com 710 DAE (Figura 4 E e F). Os primeiros machos que apresentaram maturação avançada estavam com 710 DAE (Figura 4 C e D) e as fêmeas com 890 DAE (Figura 4 G e H). Ficando evidente que os machos iniciam o processo de maturação sexual antes das fêmeas. Este resultado é de suma importância para que o planejamento para a formação do plantel de reprodutores seja feito da forma correta.

Conclusão

É possível formar um plantel de reprodutores de C. macropomum, utilizando o SRA, oferecendo aos animais um ambiente com temperatura, oxigênio e controle dos compostos nitrogenados adequados para o seu desenvolvimento. Não foi verificado diferença no crescimento de machos e fêmeas da mesma idade durante os 1080 dias de estudo. Os machos atingiram primeiro a maturidade sexual avançada (710 DAE) quando comparado as fêmeas (890 DAE). As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: gjulio@deheus.com.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de Aquicultura acesse a versão digital, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: Artigo escrito por Gustavo Soares da Costa Júlio, Engenheiro de Aquicultura, mestre e doutor em Zootecnia, atualmente faz parte do time técnico-comercial Aqua da De Heus Brasil.
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.