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Rio Grande do Sul vive super safra de trigo e perdas nas culturas de verão em 2022
Presidente da FecoAgro/RS falou sobre as consequências da estiagem para o milho e a soja, faturamento e investimento das cooperativas agropecuárias

Estiagem com impacto negativo histórico no milho e na soja e uma super safra de trigo foram os principais destaques colocados pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), ao fazer um balanço do ano de 2022. Investimentos, Smartcoop e relacionamento com o novo governo federal eleito foram outros temas abordados durante a coletiva de imprensa virtual promovida pela entidade nesta terça-feira, dia 13 de dezembro.
Conforme o presidente da FecoAgro/RS, Paulo Pires, a estiagem nas culturas de verão foi uma das mais graves da história da agricultura contemporânea com grande impacto na produção. Salientou que os produtores associados das cooperativas foram diretamente afetados e, consequentemente, também as cooperativas. “Tivemos uma audiência em janeiro deste ano com a então ministra da Agricultura, Teresa Cristina, em Santo ngelo (RS), e pedimos uma prorrogação das dívidas para depois da safra, mas infelizmente não aconteceu e o crédito em 2022 foi muito escasso”, observou.
O grande fato positivo neste ano, segundo informou Pires, foi o trigo. Disse que apesar das perdas o produtor acreditou na cultura, foi resiliente e vislumbrou a possibilidade de renda mais rápida com as culturas de inverno. “O produtor acreditou, aumentou a área e tivemos um desenho climático e de plantio excepcional. Temos uma colheita que supera as 5 milhões de toneladas. Já estamos falando em uma produtividade média no Estado acima de 3 mil quilos por hectare. Alguns produtores conseguiram acima disso”, informou, apontando outro fator que também impulsionou o plantio da cultura, que foi o preço atrativo. “Nós tivemos, em determinado momento, R$ 115,00 pago ao produtor. Hoje ele voltou ao patamar de janeiro de 2022, que é de R$ 84,00”.
Pires falou também sobre a questão da comercialização. “Hoje nós temos 55% do trigo comercializado e 65% da produção gaúcha, ou seja, 3,2 milhões de toneladas, estão nas cooperativas. E isso nos preocupa porque temos um curto espaço de tempo para realizar essa venda que, principalmente, se apresenta até como uma consequência do trabalho liderado pela FecoAgro e a Embrapa, que é a exportação”, enfatizou, complementando que no ano passado cerca de 70% das 3,5 milhões de toneladas colhidas foram exportadas. “Vendemos para vários países e a exportação consolidou uma grande liquidez do trigo gaúcho”.
O presidente da FecoAgro/RS deixou claro que o trigo hoje se apresenta como uma alternativa interessante no inverno. “Até para falarmos em 2023, nós vislumbramos um aumento de área de trigo, mas queremos externar um pouco de preocupação neste momento quanto à comercialização. A safra está colhida, o produto está depositado nos armazéns, mas infelizmente nós não temos uma clareza de comercialização”, enfatizou.
Paulo Pires também apontou durante o balanço do ano que o faturamento do cooperativismo do Rio Grande do Sul, conforme levantamento feito no acumulado até outubro e comparado com o mesmo período de 2021, vai se manter nos números do ano passado. “Pelas projeções que temos, o faturamento do cooperativismo gaúcho é de R$ 32 bilhões mantendo igual marca para o mesmo período de 2021. Os fatores soja e milho pesaram bastante nessa conta O fato positivo é a questão das sobras, onde temos um crescimento de 6,7% até outubro e que pode sofrer ajustes mais para frente. A margem bruta cresceu 18% e a margem líquida aumentou 9%”, afirmou. Segundo ele, as cooperativas também tiveram um aumento muito significativo nos seus custos, principalmente por causa do aumento dos combustíveis e, por isso, a margem líquida cresceu menos que a bruta.
Sobre a plataforma de negócios das cooperativas, Smartcoop, o dirigente colocou que é um sucesso. “São 29 cooperativas com 7.577 usuários ativos, o que representa uma área total de mais de 800 mil hectares, passando a ter 10% da área de agricultura no Estado”, pontuou. Pires também falou sobre investimentos que as cooperativas estão fazendo, principalmente na questão da armazenagem, mas ressaltou que o sistema cooperativo gaúcho começa a dar passos importantes na questão da industrialização. Ainda na parte de investimento, Pires falou sobre ampliar em 2023 a capacitação de gestores, técnicos, com apoio da Ocergs e do Sescoop.
Em relação ao novo governo federal que assume em 2023, Pires salientou que o setor torce para que haja um bom relacionamento e que as cooperativas devem seguir se posicionando. “A eleição passou e hoje estamos todos juntos em um país e os nossos interesses devem ser convergentes. Nada problemático de que algumas coisas se pense diferente, e as cooperativas devem seguir se posicionando”, concluiu.

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Plantio de milho em Santa Catarina entra na fase final com boas perspectivas
Controle fitossanitário segue ativo e produtores monitoram impacto das chuvas na germinação.

A semeadura do milho de verão em Santa Catarina entra na fase final, com 92% da área estimada já plantada, segundo os dados mais recentes do Boletim Agropecuário de Santa Catarina. Até o momento, 93% das lavouras apresentam condição considerada boa, reforçando a expectativa de um início de ciclo favorável no estado.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR
O ritmo da safra é descrito como adequado, com bom estabelecimento das plantas e condições climáticas favoráveis, o que tem permitido avanço dentro do calendário previsto pelo zoneamento agroclimático.
O controle fitossanitário segue ativo, especialmente no monitoramento da cigarrinha-do-milho, praga que preocupa produtores nos últimos anos. Até agora, porém, a incidência registrada é baixa. No litoral catarinense, técnicos observaram falhas de germinação em algumas áreas, atribuídas ao excesso de chuvas no período de emergência das plantas.
O boletim também alerta para as chuvas intensas na região Sul, que podem exigir maior atenção no manejo de doenças e na aplicação de adubação de cobertura, etapas cruciais para o desenvolvimento das lavouras.
Apesar dos pontos de atenção, o cenário até o momento é favorável. A Epagri/Cepa mantém perspectiva positiva de produtividade, condicionada à continuidade de clima e sanidade adequados nas próximas semanas.
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Caminho Verde recebe R$ 30 bilhões e inicia recuperação de 1,3 milhão de hectares no país
Primeiro aporte do Mapa viabiliza crédito com juros reduzidos para converter áreas degradadas em produção sustentável, com meta de restaurar 40 milhões de hectares em dez anos.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou, na segunda-feira (17), o primeiro aporte de recursos da ordem de R$ 30 bilhões para o Programa Caminho Verde, com foco nos investimentos voltados para a conversão de áreas degradas para a produção de alimentos. O programa será financiado por bancos, com juros abaixo do mercado, entre eles o Banco do Brasil, o BNDES, o BTG, o Itaú, Caixa Econômica, entre outros. Os recursos começarão a ser acessados a partir de 2026 e conta com a parceria do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério da Fazenda para o financiamento. A meta inicial é recuperar, com este montante, cerca de 1,3 milhão de hectares nesta primeira rodada.
A meta geral do programa é recuperar até 40 milhões de hectares de áreas degradadas em dez anos. Este foi o debate do painel “Programa Caminho Verde Brasil: avanços, desafios e oportunidades”, realizado nesta segunda-feira em um dos auditórios da AgriZone, espaço da Embrapa e parceiros, também conhecido como “Casa da Agricultura Sustentável” na COP30. O evento técnico foi organizado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em parceria com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), a Embrapa e o Banco do Brasil.
Para o assessor especial do ministro da Agricultura e Pecuária e presidente do Conselho de Administração da Embrapa, Carlos Augustin, o Caminho Verde reforça a posição estratégica do País na agenda global e destaca as práticas regenerativas como solução para garantir segurança alimentar e estabilidade climática.
“O programa cria condições para um expressivo aumento da produção de alimentos e de biocombustíveis, sem desmatamento de novas áreas, preservando matas nativas”, explica. “Dessa forma, promove simultaneamente a segurança alimentar, apoia a transição energética e conserva o meio ambiente”.
Dados do Mapa indicam que, atualmente, o Brasil possui cerca de 280 milhões de hectares destinados à agropecuária, dos quais 165 milhões são pastagens, sendo que aproximadamente 82 milhões de hectares estão em algum grau de degradação. A proposta do programa é a recuperação de até 40 milhões de hectares de pastagens de baixa produtividade ao longo dos próximos dez anos, convertendo essas áreas em terras agricultáveis de alto rendimento, sem a necessidade de desmatamento.
O recurso que será aportado no valor de R$ 30 bilhões representa o início do programa, mas o Mapa está em busca de novas parcerias. O programa Caminho Verde faz parte da carteira de financiamento do Ministério da Fazenda – O Eco Invest Brasil, parte do Novo Brasil, criado para impulsionar investimentos privados sustentáveis e atrair capital externo para projetos de longo prazo, oferecendo instrumentos de proteção contra a volatilidade do câmbio. Com mecanismos financeiros inovadores, o programa viabiliza projetos estratégicos para a indústria verde, recuperação de biomas, infraestrutura para lidar com os efeitos das mudanças do clima e de inovação tecnológica para a Transformação Ecológica. Serão R$16,5 bilhões do Tesouro e os outros R$ 16 bilhões das instituições financeiras.
Judson Valentim, pesquisador da Embrapa Acre, destacou que as áreas degradadas oferecem um potencial forte de recuperação para a produção de grãos, fibras e biocombustíveis, aumentando a capacidade brasileira de fornecimento de alimentos em um cenário global, de forma sustentável.
Na perspectiva da sustentabilidade, o Programa Caminho Verde inclui o uso de boas práticas recomendadas pela Embrapa. No caso de produção de alimentos, plantio conforme recomendação do ZARC, plantio direto, uso de bioinsumos e inoculantes, uso de sementes certificadas ou salvas legalmente, plantio de cobertura, gestão de embalagens de agroquímicos. No caso de pecuária o uso de sementes de forrageiras, divisão das pastagens e manejo do pastejo, proteção aos corpos d´água, taxa de lotação de acordo com a capacidade de suporte das pastagens e rastreabilidade. Para florestas plantadas a Embrapa sugere as seguintes recomendações: uso de bioinsumos, manejo de solos, manejo integrado de pragas, plano de combate a incêndios e proteção dos corpos d´água.
A Embrapa também elaborou um conjunto de indicadores métricas para aplicação no programa. Entre elas: metodologia de Bioanálise dos Solos (BioAs), metodologia de determinação de estoques de carbono no solo, metodologia de balanço de emissão de gáses, dentre outras. Além de calculadoras como o RenovaCalc, ABC+Calc, Zarc, Plataforma de Saúde do Solo, Carne Baixo Carbono, entre outras.
Para o diretor de Agronegócio do Banco do Brasil, Gilson Bittencourt, o tema da sustentabilidade é uma das suas prioridades. Ele explicou que o primeiro estímulo para que o produtor entre no programa é a expectativa efetiva de rentabilidade com a recuperação de suas áreas degradadas. “Este convencimento é o primeiro argumento para a tomada de decisão de recuperar a pastagem”, explicou. Ele acrescentou que o incentivo, via crédito e tecnologias, deve vir junto com o controle do estado brasileiro contra o desmatamento ilegal. Por fim, o acesso ao crédito será fundamental com pagamento a longo prazo. “As três ações serão determinantes para o acesso ao crédito para o Caminho Verde”.
Para ele, o Caminho Verde é uma das soluções que traz vários elementos positivos, mas para o agricultor familiar, o ideal ainda é o Pronaf. O Caminho Verde se aplicará melhor aos médios e grandes produtores rurais. Mas a grande vantagem deste financiamento é sua veiculação à uma área que usará boas práticas para a sua recuperação. “Um programa de governo com um compromisso mensurável do ponto de vista de área recuperada e o compromisso de não desmatar e um monitoramento que soma qualitativo e quantitativo”.
Saiba mais sobre o Programa Caminho Verde acessando aqui
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Brasil lidera integração inédita entre clima, natureza e uso da terra na COP30
No principal painel das três Convenções da ONU, o Mapa apresentou políticas públicas que recuperam áreas degradadas, reduzem emissões e fortalecem a produção sustentável, alinhando agendas globais.

Pela primeira vez, as três Convenções da ONU reuniram suas agendas de clima, natureza e uso da terra em um mesmo debate, e o Brasil foi protagonista. No painel realizado nesta terça-feira (18), na COP30, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apresentou como políticas públicas já implementadas pela pasta integram essas frentes e transformam áreas degradadas em solos produtivos, resilientes e de baixa emissão.
O encontro destacou a necessidade de alinhar agendas globais de clima, natureza e uso do solo, reforçando soluções que reduzam emissões, restaurem ecossistemas e ampliem a segurança alimentar. O representante do Mapa no painel, Bruno Brasil, diretor do Departamento de Produção Sustentável da Secretaria de Desenvolvimento Rural, afirmou que há caminhos concretos capazes de entregar resultados simultaneamente para as três convenções — e o Brasil já demonstra isso com políticas públicas consolidadas.
“Eles estão falando das sinergias e das complementaridades entre os objetivos das três convenções e que existem investimentos custo-eficientes do ponto de vista do clima, da natureza, da segurança alimentar e do desenvolvimento socioeconômico. Um bom exemplo é a recuperação de áreas agrícolas degradadas com boas práticas, como vemos no Plano ABC, no ABC+ e no Caminho Verde Brasil”, afirmou.
Durante sua intervenção, Bruno reforçou que o país chega ao debate com programas robustos, ampla experiência técnica e capacidade de escalar iniciativas alinhadas ao desenvolvimento sustentável. “O Brasil já possui políticas públicas de destaque nesse sentido, como as que mencionei. E esperamos continuar trabalhando em parceria com os países anfitriões das COPs de biodiversidade, combate à desertificação e do clima no próximo ano, de forma a atrair novos investimentos”, destacou o diretor.
O painel também marcou a preparação para o lançamento da Belém Joint Statement on Action Agendas on Land, Climate and Nature, iniciativa que orientará esforços conjuntos das três convenções para restaurar terras degradadas, proteger ecossistemas, fortalecer meios de vida sustentáveis e integrar agendas globais de adaptação, biodiversidade e produção agrícola.
A sessão reuniu representantes de governos, organismos internacionais, comunidade científica, setor privado e lideranças indígenas, reforçando que o avanço na restauração de paisagens depende de cooperação, ciência, financiamento adequado e do protagonismo de produtores, comunidades rurais e povos tradicionais.



