Avicultura Tendências da produção e consumo
Ricardo Santin avalia desempenho crescente das exportações de frango até 2030
Até o biênio 2026/2027 espera-se um aumento de produção de 41% para o Brasil, 15% para a China, 10% para os Estados Unidos, 12% para a União Europeia, 9% para o Canadá e a Austrália e em torno de 7% para a Rússia, segundo o presidente da ABPA.
As tendências da produção e consumo de carnes e ovos no Brasil e no mundo foi tema de palestra do presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, durante a 3ª Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos (Conbrasul Ovos), evento realizado em novembro pela Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), em Gramado (RS).
De acordo com Santin, as carnes de aves serão as proteínas com melhor desempenho no comércio internacional até o
fim da década. “Até 2030, a ABPA projeta que os principais países importadores da carne de aves serão a China, o Japão e o México”, menciona, acrescentando que os países asiáticos apresentam um grande crescimento por demanda de proteína animal brasileira, sendo um mercado com forte agregação de valor.
A compra em portais on-line está se tornando cada vez mais tendência, pela agilidade e comodidade. “Por isso se faz necessário fortalecer canais como o marketplace varejista chinês Tmall”, sustenta Santin.
Segundo o gestor da ABPA, até o biênio 2026/2027 espera-se um aumento de produção de 41% para o Brasil, 15% para a China, 10% para os Estados Unidos, 12% para a União Europeia, 9% para o Canadá e a Austrália e em torno de 7% para a Rússia. “A Covid-19 despertou ainda mais o interesse e a preocupação dos consumidores no modo de produção dos alimentos, especialmente de origem animal. A confiança na produção, assegurando qualidade e nutrição será diferencial para os consumidores, que estão cada vez mais atentos ao bem-estar animal e à sustentabilidade”, destaca.
Projeções para 2022
Durante a 3ª Conbrasul Ovos, Santin apresentou as estimativas para 2022, destacando projeções recordes para produção, consumo e exportação de carne de frango e ovos. Cogita-se que a produção da carne de frango poderá alcançar até 14,9 milhões de toneladas, volume 4% maior em relação ao ano passado, estimado em 14,3 milhões de toneladas. Em relação ao produto interno, estima-se um crescimento de 5,5%, podendo chegar a 10,25 milhões de toneladas até o fim deste ano.
Já o consumo per capita poderá chegar até 48 quilos, 4% maior que o esperado para o ano passado, estimado em 46 quilos por habitante/ano. Nos primeiros 11 meses de 2021, as exportações cresceram 9,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, gerando uma receita 25,3% maior que a obtida em 2020.
A China detém 14% do share das exportações brasileiras, para onde foram embarcadas 589,71 mil toneladas de janeiro a novembro de 2021, acumulando uma queda de 4,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. As exportações aumentaram para o Japão, que compraram 8,8% a mais, passando de 371 mil para 403,5 mil toneladas até novembro; e para os Emirados Árabes, que aumentaram em 26,4% suas compras, saltando de 272,2 mil toneladas para 344 mil toneladas. Completam o ranking dos dez principais destinos da carne de frango Arábia Saudita, África do Sul, União Europeia, Filipinas, Iêmen, Coreia do Sul e México, que juntos representam 31% do volume exportado.
Ovos em franco crescimento
Por outro lado, a produção de ovos projetada para 2022 poderá chegar até 56,2 bilhões de unidades, volume 3% maior em relação a 2021, estimado em até 54,5 bilhões de unidades.
Em relação ao consumo per capita, cogita-se um aumento de 2,5% em relação a 2021, podendo chegar a 262 unidades. Neste ano, as exportações podem alcançar 10,2 mil toneladas, volume que supera em 6,5% as exportações projetadas para 2021, estimadas em 9,5 mil toneladas.
De janeiro a novembro, as exportações de ovos atingiram 8,8 mil toneladas, o que representa um crescimento de 84,2%, gerando uma receita de R$ 14 milhões no período. Em torno de 59% das exportações de ovos teve como destino os Emirados Árabes, com 4,8 mil toneladas, um crescimento de 332% em relação ao mesmo período de 2020.
Estimativas globais
Conforme previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a projeção de produção de carne de frango do Brasil para esse ano é de aumento de até 4%, enquanto para os Estados Unidos projeta-se um crescimento de 1,2%, para a China de 2,1%, para União Europeia de 1,6%, para a Rússia de 1,1% e para a Tailândia de 3%.
Por sua vez, a expectativa da USDA é que o Brasil cresça 5% nas exportações em 2022. Já para os Estados Unidos estima-se uma queda de 1% e para a União Europeia um crescimento de 3%, para a Tailândia de 2% e para a Turquia cogita-se 10% de crescimento. Nas importações, são previstos crescimento de 13% para a União Europeia, 4% para a Arábia Saudita, 3% para a China, 2% para o México e 1% para o Japão.
Compromisso com os ODS
Em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na cadeia de proteína animal, a ABPA como integrante e parceira do Conselho Internacional da Avicultura (IPC), se comprometeu em focar em cinco dos 17 ODS da ONU, incentivando seus associados a implementarem medidas que possam contribuir para o alcance desses objetivos. São eles: fome zero e agricultura sustentável, saúde e bem-estar, educação de qualidade, indústria, inovação e infraestrutura, além de ação contra a mudança global do clima. “No entanto, os produtores e indústrias do setor avícola e suinícola do país foram além e se comprometeram com mais dois objetivos: água potável e saneamento; e consumo e produção responsáveis, mostrando o quanto a cadeia produtiva busca soluções cada vez mais sustentáveis e de proteção ao meio ambiente para o desenvolvimento de suas atividades”, pontua Santin.
Contudo, o presidente da ABPA ressalta que o Brasil é responsável por menos de 2% da emissão de dióxido de carbono mundial, enquanto a China (27,9%), os EUA (14,5%) e a União Europeia (8%) representam 54,4% do total das emissões anuais de CO2 do mundo.
Siavs
Por fim, o presidente da ABPA convidou a cadeia produtiva para o Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura – Siavs, de 09 a 11 de agosto, em São Paulo. Há três anos, o evento reuniu 20 mil visitantes de 51 países, 170 expositores, 100 palestrantes, 1,7 mil congressistas e 1,6 mil produtores.
Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse gratuitamente a edição digital Avicultura – Corte & Postura.
Avicultura
Relatório traz avanços e retrocessos de empresas latino-americanas sobre políticas de galinhas livres de gaiolas
Iniciativa da ONG Mercy For Animals, a 4ª edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais identifica compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes companhias, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de aves na cadeia de ovos.
O bem-estar de galinhas poedeiras é gravemente comprometido pelo confinamento em gaiolas. Geralmente criadas em espaços minúsculos, entre 430 e 450 cm², essas aves são privadas de comportamentos naturais essenciais, como construir ninhos, procurar alimento e tomar banhos de areia, o que resulta em um intenso sofrimento.
Estudos, como o Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA) da ONG internacional Mercy For Animals (MFA), comprovam que esse tipo de confinamento provoca dores físicas e psicológicas às galinhas, causando problemas de saúde como distúrbios metabólicos, ósseos e articulares, e o enfraquecimento do sistema imunológico das aves, entre outros problemas.
Para a MFA, a adoção de sistemas de produção sem gaiolas, além de promover o bem-estar animal, contribui para a segurança alimentar, reduzindo os riscos de contaminação e a propagação de doenças, principalmente em regiões como a América Latina, o que inclui o Brasil.
Focada nesse processo, a Mercy For Animals acaba de lançar a quarta edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA 2024), um instrumento essencial para analisar e avaliar o progresso das empresas latino-americanas em relação ao comprometimento com políticas de bem-estar animal em suas cadeias produtivas.
O relatório considera o compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes empresas, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de galinhas em gaiolas em suas cadeias de fornecimento de ovos.
Destaques
A pesquisa se concentrou na análise de relatórios públicos de companhias de diversos setores com operações em territórios latino-americanos, da indústria alimentícia e varejo aos serviços de alimentação e hospitalidade. Elas foram selecionadas conforme o tamanho e influência em suas respectivas regiões de atuação, bem como a capacidade de se adaptarem à crescente demanda dos consumidores por práticas mais sustentáveis, que reduzam o sofrimento animal em grande escala.
O MICA 2024 aponta que as empresas Barilla, BRF, Costco e JBS, com atuação no Brasil, se mantiveram na dianteira por reportarem, publicamente, o alcance de uma cadeia de fornecimento latino-americana 100% livre de gaiolas. Outras – como Accor, Arcos Dourados e GPA – registraram um progresso moderado (36% a 65% dos ovos em suas operações vêm de aves não confinadas) ou algum progresso, a exemplo da Kraft-Heinz, Sodexo e Unilever, em que 11% a 35% dos ovos provêm de aves livres.
De acordo com a MFA, apesar de assumirem um compromisso público, algumas empresas não relataram, oficialmente, nenhum progresso – como a Best Western e BFFC. Entre as empresas que ainda não assumiram um compromisso público estão a Assaí e a Latam Airlines.
“As empresas que ocupam os primeiros lugares do ranking demonstram um forte compromisso e um progresso significativo na eliminação do confinamento em gaiolas. À medida que as regulamentações se tornam mais rigorosas, essas empresas estarão mais bem preparadas para cumprir as leis e evitar penalidades”, analisa Vanessa Garbini, vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da Mercy For Animals.
Por outro lado, continua a executiva, “as empresas que não demonstraram compromisso com o bem-estar animal e não assumiram um posicionamento público sobre a eliminação dos sistemas de gaiolas, colocam em risco sua reputação e enfraquecem a confiança dos consumidores”.
“É fundamental que essas empresas compreendam a urgência de aderir ao movimento global sem gaiolas para reduzir o sofrimento animal”, alerta Vanessa Garbini.
Metodologia
A metodologia do MICA inclui o contato proativo com as empresas para oferecer apoio e transparência no processo de avaliação, a partir de uma análise baseada em informações públicas disponíveis, incluindo relatórios anuais e de sustentabilidade.
Os critérios de avaliação foram ajustados à medida que o mundo se aproxima do prazo de “2025 sem gaiolas”, estabelecido por muitas empresas na América Latina e em todo o planeta. “A transição para sistemas livres de gaiolas não é apenas uma questão ética, mas um movimento estratégico para os negócios. Com a crescente preocupação com o bem-estar animal, empresas que adotam práticas sem gaiolas ganham vantagem competitiva e a confiança do consumidor. A América Latina tem a oportunidade de liderar essa transformação e construir um futuro mais justo e sustentável”, avalia Vanessa Garbini.
Para conferir o relatório completo do MICA, acesse aqui.
Para saber mais sobre a importância de promover a eliminação dos sistemas de gaiolas, assista ao vídeo no Instagram, que detalha como funciona essa prática.
Assine também a petição e ajude a acabar com as gaiolas, clicando aqui.
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Sustentabilidade em foco na Conbrasfran 2024
Evento acontece de 25 a 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
A importância de uma produção mais sustentável foi a lição mais importante que este ano deixou aponta o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos. “A natureza nos lembrou que é soberana e da necessidade de nos reciclarmos cada vez mais do que fizemos no passado. Eu digo a humanidade como um todo. As práticas sustentáveis que tanto se fala e que vamos discutir na Conbrasfran, essas práticas que estamos implementando agora é para amenizar o que vem pela frente, já que estamos enfrentando agora as consequências do que foi feito no passado”.
Então, para ele, a lição é a necessidade de insistirmos no tema da sustentabilidade ambiental e social, insistir na educação, na orientação e na disciplina ambiental com o objetivo de mitigar os efeitos climáticos no futuro. “Os efeitos podem ser vistos no mundo todo. Aumento dos dias de calor extremo, chuvas recordes no Brasil, na Espanha e outros países, além das queimadas em várias regiões do mundo também”.
A Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha, vai reunir empresários, indústrias, produtores e lideranças de todo o país para discutir todas as áreas estratégicas. “Vamos falar sobre sanidade avícola, um simpósio tradicional da Asgav será absorvido pela programação da Conbrasfran 2024. Vamos debater qualidade industrial, que trata questões de inspeção, controle, autocontrole e processo produtivo, entre outros temas. Teremos também um seminário sobre segurança do trabalho com uma abordagem do ambiente laboral dos colaboradores e da proteção deles em um quadro em que surgem novos desafios na medida em que aumentamos a produção”, pontuou.
Um dos destaques do evento será o 1º Seminário de Sustentabilidade Ambiental e Adequação Global. “Também teremos discussões sobre a área comercial, que impulsiona a nossa economia e é responsável por levar o nosso produto até a mesa do consumidor brasileiro e de mais de 150 países”, salientou Santos. Ele destaca ainda os debates sobre questões jurídicas e tributárias. “São temas que permeiam o nosso dia a dia e estamos diante de uma reforma tributária, que também será abordada”, afirmou mencionando o Agrologs, que vai falar sobre logística, outro desafio para a cadeia produtiva. “O Brasil precisa avançar em ferrovias, hidrovias é uma necessidade para garantir sustentáculos de competitividade”. “É um evento que vai trazer temas estratégicos”, encerrou.
Os interessados podem se inscrever através do site do evento. E a programação completa da Conbrasfran 2024 também está disponível clicando aqui.
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Conbrasfran 2024 ressalta superação e resiliência da avicultura gaúcha em meio a desafios históricos
Evento será realizado entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
Se desafio é uma palavra que faz parte do dia a dia da avicultura, este ano levou o seu significado a um novo patamar, especialmente falando do Rio Grande do Sul. O estado enfrentou enchentes e depois um caso isolado de Doença de Newcastle. “Tudo isso nos abalou sim. Redirecionamos toda a atenção e os nossos esforços para ser o elo de ligação do setor com o poder público, com a imprensa e a atender as demandas dos setores. A organização do evento já estava em curso quando tivemos 45 dias de interdição do prédio onde fica a nossa sede, localizado à beira do rio Guaíba. Tivemos enchente. Para se ter uma ideia, a água chegou até 1,80 metro do 1º andar e não pudemos entrar por conta da falta de luz, de água e outra série de dificuldades”, ressaltou o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos.
Ainda assim, estes entraves não foram suficientes para desistir da realização da Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha. “Não houve um único questionamento sequer por parte de associados e dirigentes, o que demonstra que o setor está convencido da importância deste encontro e das discussões que ele vai trazer. Serão vários temas, técnicos, conjunturais, temas estratégicos, de planejamento e de superação de desafios, entre outros. E tudo isso fez com que o setor mantivesse acesa a chama para realizar este evento”, destacou Santos.
De acordo com ele, diante dos desafios, as atividades da organização da Conbrasfran 2024 foram acumuladas com o trabalho da linha de frente para atender as demandas cruciais que chegaram, além da interação com órgãos oficiais, imprensa e parceiros estratégicos, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “E mesmo assim, continuamos com a manutenção e organização do evento. E isso nos sobrecarregou sim. Temos uma equipe enxuta, mas que trabalhou bravamente, com máximo empenho, naqueles dias”.
Santos destaca que os esforços levaram a realização de um evento muito especial, que teve a colaboração de grande parte empresários e técnicos do setor. “São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente, que sabem que apesar das dificuldades, continuamos um estado atrativo, com indústrias e produtores de pequeno, médio e grande portes que continuam produzindo por acreditar no empreendedorismo, na pujança na mão-de-obra, na gestão”, disse o executivo lembrando que apesar dos desafios, o estado conseguiu valorizar a produção, manter empresas e ainda está recebendo novos empreendimentos.
Superação
A superação das dificuldades trazidas pelo ano exigiu muito trabalho, organização e confiança. “Precisamos valorizar a confiança daqueles que são nossos associados e dirigentes. A confiança que recebi deles e da minha equipe como dirigente executivo foi importante. Também vale mencionar as estratégias e ações que colocamos em prática para atender todas as demandas que nos chegaram. Sempre buscamos a melhor forma de atender e ajudar os associados”.
E foi também de maneira virtual que estes desafios foram enfrentados. “Interagimos muitas vezes através de plataforma virtual com os serviços oficiais , seguimos em conjunto e dentro das diretrizes da ABPA e tivemos o apoio incondicional da nossa Federação. Com uma soma de esforços, com a confiança de dirigentes que depositam confiança em nosso trabalho, conseguimos ir para a linha de frente e atender as diferentes demandas do setor e da imprensa”, contou Santos que agiu com firmeza em seus posicionamentos e conseguiu liderar o setor na retomada até chegarmos neste momento.
Os interessados podem se inscrever e conferir a programação completa da Conbrasfran 2024 clicando aqui. Outras informaçõe podem ser obtidas pelo e-mail conbrasfran@asgav.com.br, através do telefone (51) 3228-8844, do WhatsApp (51) 98600-9684 ou pelo Instagram do encontro.