Bovinos / Grãos / Máquinas Alta produtividade
Revolvendo a cama, revolucionando a pecuária leiteira: o sucesso do compost barn
O êxito desse sistema depende de um manejo adequado da cama, essencial para manter a saúde e o conforto dos animais.
A implementação do compost barn em fazendas leiteiras tem se mostrado uma estratégia eficaz para promover o bem-estar animal e garantir a alta produtividade. No entanto, o sucesso desse sistema depende de um manejo adequado da cama, essencial para manter a saúde e o conforto dos animais.
O revolvimento diário da cama é fundamental para manter um ambiente saudável no compost barn. Este processo pode ser realizado usando dois implementos principais: o escarificador e a enxada rotativa. O escarificador é ideal para um revolvimento mais profundo devido às suas hastes compridas, atingindo maiores profundidades e facilitando a aeração adequada do material. Já a enxada rotativa, indicada para uma mistura mais superficial, em torno de 20 centímetros, é eficaz para quebrar torrões e partículas agregadas, deixando a superfície da cama mais uniforme. “Para obter melhores resultados, o revolvimento deve ser realizado pelo menos duas vezes ao dia, preferencialmente quando as vacas estão na ordenha, deixando a área de cama livre e adequada para o descanso dos animais” menciona a doutoranda em Zootecnia, Karise Fernanda Nogara, que vai tratar sobre os cuidados essenciais com o manejo e alternativas para a cama compost barn durante o Interleite Sul 2024, que acontece em 18 e 19 de setembro, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (Santa Catarina).
Em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural, a especialista explica que durante o revolvimento é essencial que os ventiladores estejam em funcionamento. “A ventilação adequada auxilia na secagem da cama ao remover a umidade e dissipar o calor das camadas mais profundas. Manter a superfície da cama em condições térmicas ideais é fundamental para o conforto das vacas, contribuindo para um ambiente propício ao descanso e à saúde dos animais” expõe Karise.
Conforme a zootecnista, a reposição regular de material na cama é outra prática importante para controlar a umidade e promover a atividade microbiológica necessária para o processo de compostagem. “É recomendado realizar reposições em pequenas quantidades, mas com frequência, para manter a cama funcional. A frequência das reposições pode variar conforme as condições microclimáticas da região. Por exemplo, em áreas com invernos chuvosos e alta umidade, como na região Sul do Brasil, pode ser necessário realizar reposições mais frequentes para manter a cama em boas condições” ressalta.
Para avaliar se a cama está em condições adequadas, é recomendável que o produtor utilize um termômetro para medir a temperatura. “Essa medição deve ser realizada de 20 a 30 cm de profundidade, pois essa é a área onde o revolvimento ocorre com mais frequência. É essencial que essa verificação seja feita em vários pontos da cama, pelo menos em nove pontos diferentes. É importante evitar áreas próximas aos pontos de entrada e saída dos animais, próximas aos bebedouros e às muretas, onde o revolvimento pode ser dificultado” detalha Karise.
Temperatura umidade e C:N
A temperatura ideal para as camas de compost barn varia entre 43 e 60°C. Temperaturas em torno de 30°C indicam uma atividade microbiológica mínima, o que pode afetar negativamente a eficácia do processo de compostagem e a qualidade da cama. “Monitorar a temperatura regularmente e agir de acordo com os resultados é fundamental para garantir um ambiente saudável e confortável para os animais” destaca Karise.
Para a verificação da umidade da cama de maneira prática dentro da propriedade, a zootecnista conta que o produtor pode utilizar uma avaliação subjetiva através do teste de compressão na mão. “Nesse teste, o produtor pega uma quantidade da cama na mão e a aperta, comprimindo o material. Se o material não ficar agregado, isso indica falta de umidade na cama. Se o material ficar agregado, mas se desfizer facilmente, significa que há umidade suficiente e adequada. Caso o material agregado não se desfaça, mesmo com compressão, e houver saída de água entre os dedos, isso indica que a cama está saturada, ou seja, com alta umidade. Para verificações mais precisas, pode-se fazer a secagem do material em micro-ondas ou airfryer, método também utilizado com silagens” expõe.
Outra variável importante a ser controlada é a relação de carbono e nitrogênio (C:N) presente na cama. A determinação de C:N é possível apenas via análise laboratorial, similar à análise de solo. A especialista informa que para uma cama com boa atividade microbiana, é necessário que essa relação seja de pelo menos 30:1. “Quando a relação estiver abaixo de 25:1, já é necessário realizar reposições de materiais na cama. Se essa relação estiver em torno de 15:1, indica baixa atividade microbiana e alta umidade, situação em que o produtor deve decidir entre fazer reposições parciais ou substituir completamente a cama” salienta.
Karise reforça a importância de monitorar e manter esses parâmetros dentro dos limites ideais para garantir que a cama do compost barn continue a proporcionar um ambiente saudável e produtivo para os animais. “A combinação de uma temperatura adequada, umidade controlada e uma relação de C:N balanceada favorece a atividade microbiana e a eficiência do processo de compostagem, resultando em um espaço confortável para as vacas e na produção de um adubo orgânico de qualidade” afirma.
Implementação
Karise destaca que a adoção do compost barn deve ser avaliada cuidadosamente de acordo com as condições específicas de cada propriedade, incluindo clima, disponibilidade de recursos e preferências do produtor. “A análise técnica e econômica detalhada é essencial para determinar a viabilidade desse sistema em cada caso específico” pontua, enfatizando: “A combinação de revolvimento diário, ventilação adequada e reposição regular de material cria um ambiente ideal para as vacas leiteiras. No entanto, cada fazenda deve avaliar cuidadosamente suas condições específicas antes de implementar esse sistema, garantindo que ele se alinhe às necessidades e capacidades da propriedade”.
Substituição da cama
A frequência com que a cama do compost barn precisa ser substituída pode variar significativamente de acordo com as práticas de manejo adotadas e as condições específicas de cada propriedade. Karise aponta que alguns sistemas de compostagem permitem que a cama seja renovada parcialmente por vários anos, adicionando material novo conforme necessário para corrigir a umidade e manter a eficiência do processo. “Em alguns casos, as camas podem durar mais de quatro anos antes de exigir uma substituição completa. A decisão de substituir totalmente a cama deve ser avaliada individualmente por cada produtor, levando em consideração diversos fatores” salienta a zootecnista.
Um dos sinais de que a cama precisa ser substituída ou renovada é a altura da mureta. Conforme explica Karise, se não houver mais espaço para adicionar material novo e a cama estiver extrapolando a altura da mureta, isso indica que é necessário realizar uma renovação. Outro sinal é a qualidade do processo de compostagem. “Se a cama não estiver atingindo temperaturas adequadas ou se permanecer constantemente úmida, mesmo com reposições de materiais, isso pode indicar que a compostagem não está ocorrendo conforme o esperado e que a substituição da cama é necessária” explica.
Além disso, a necessidade pelo adubo orgânico produzido a partir da cama pode influenciar a decisão de substituição. “Se o produtor precisar utilizar a cama como adubo orgânico nas lavouras, a sua retirada parcial ou total pode ser uma opção viável” afirma Karise.
Segundo a profissional, um acompanhamento regular do estado da cama e do processo de compostagem é essencial para determinar o momento adequado para realizar a substituição ou renovação. “Cada fazenda deve avaliar cuidadosamente suas condições específicas antes de tomar uma decisão, garantindo que a cama do compost barn continue a proporcionar um ambiente saudável e produtivo para os animais” pontua.
Benefícios ambientais
O sistema compost barn oferece vários benefícios ambientais em comparação com outras práticas de manejo de cama, transformando um problema comum de outros sistemas de produção em uma vantagem significativa.
Em outros sistemas, aponta Karise, os dejetos dos animais exigem mão de obra, equipamentos específicos de limpeza e espaços dedicados para estocagem, enquanto que no compost barn a maior parte desses resíduos, como urina e fezes, é depositada diretamente na cama e utilizada como fonte de nitrogênio para as bactérias aeróbias presentes. “Por meio da decomposição bacteriana, tanto do carbono presente nos materiais de cama quanto do nitrogênio dos dejetos, essas bactérias conseguem metabolizar esses nutrientes, gerando calor no processo. Esse calor, por sua vez, contribui para a secagem da cama, resultando em um ambiente mais saudável e confortável para os animais, minimizando a formação de resíduos e odores desagradáveis” menciona a especialista.
Uma vantagem adicional desse sistema é que a cama compostada pode ser reaproveitada como adubo orgânico nas lavouras, reduzindo significativamente os custos associados à aquisição de adubos comerciais. “Isso não apenas beneficia financeiramente a fazenda, mas também promove a sustentabilidade ao evitar o desperdício de recursos utilizando um fertilizante natural” assegura Karise, acrescentando: “O compost barn, além de resolver o problema dos dejetos dos animais de forma eficiente, transforma esses resíduos em um recurso com valor agregado, tanto para a fazenda quanto para o meio ambiente”.
Riscos associados ao manejo
Os principais riscos associados ao manejo da cama do compost barn estão relacionados à saúde do rebanho, especialmente em relação à mastite e infecções podais. Karise detalha que a cama formada por materiais orgânicos e dejetos animais requer a presença de bactérias aeróbicas para degradar esses compostos. “Essas bactérias são fundamentais na produção de calor e na secagem da cama, contribuindo para atingir altas temperaturas, que podem chegar até 60°C. Nessas condições, as principais bactérias causadoras de mastite são inativadas, tornando a cama um ambiente mais propício para o descanso das vacas” relata.
No entanto, quando a cama não atinge as temperaturas adequadas e apresenta alta umidade, há um aumento do risco de proliferação de bactérias patogênicas. Isso pode expor o úbere e os tetos dos animais, tornando-os mais suscetíveis às infecções de origem ambiental. “Além disso, infecções podais também podem ser desencadeadas quando a cama não está funcionando adequadamente, pois isso favorece o crescimento de bactérias oportunistas, causando problemas nos cascos dos animais. Por isso é essencial que o produtor monitore e controle a umidade da cama, realizando o revolvimento pelo menos duas vezes ao dia na área de cama e providenciando a reposição do material quando a umidade começar a se elevar” evidencia Karise.
Ao manter a cama em condições ideais, é possível reduzir significativamente os riscos de mastite, infecções podais e outros problemas de saúde no rebanho.
Alternativas ao compost barn
Karise afirma que há várias opções de sistemas de produção que os produtores podem adotar, e a escolha do sistema deve se basear na realidade e nos objetivos de cada produtor. “Não existe um sistema melhor que o outro, mas sim aquele que se ajusta melhor à realidade e o objetivo de cada produtor” ressalta.
Conforme a especialista, sistemas a pasto, sejam totalmente extensivos ou semiconfinados, têm mostrado bons resultados. “Adotando estratégias de pastejo rotacionado, esses sistemas utilizam a forragem de maneira mais eficiente, tanto em quantidade quanto em qualidade. Eles são uma boa alternativa para produtores que dispõem de área de terra suficiente para culturas de inverno e verão, além de serem mais econômicos em comparação com sistemas confinados” avalia.
Para produtores com pouca área de terra, os sistemas confinados podem ser a melhor opção, uma vez que permitem alojar mais animais em uma área menor, embora o custo inicial de operação seja mais alto.
Entre as opções de confinamento, destacam-se o compost barn, que exige reposições de material de cama, e o freestall, que utiliza camas inertes, como areia ou colchões. “Ambos os sistemas podem ser implementados de forma convencional ou em layout de túnel de vento, no qual o galpão é totalmente fechado e climatizado com exaustores e placas evaporativas, proporcionando maior conforto térmico aos animais durante todo o ano” salienta Karise.
Materiais para a cama
Cada material utilizado na cama do compost barn possui uma população microbiana característica, diferente da areia, que é um material inerte. Isso significa que esses materiais proporcionam condições ideais para o crescimento bacteriano, contribuindo para a decomposição dos resíduos. Materiais comuns, como serragem e maravalha, possuem tamanho de partícula adequado para o conforto dos animais, promovendo um ambiente propício para o descanso. “No entanto, é importante ter cautela ao utilizar materiais como palhadas e cascas, pois eles também oferecem boas condições para o crescimento bacteriano, mas a umidade deve ser controlada. Um alto teor de umidade pode levar à contaminação fúngica na cama, prejudicando a saúde dos animais” alerta Karise.
Além disso, materiais como casca de arroz e casca de aveia podem apresentar problemas específicos, uma vez que têm estrutura abrasiva e não favorecem uma compostagem eficiente, podendo irritar a pele do úbere e dos tetos dos animais. “Isso pode levar a alterações comportamentais, como a relutância dos animais em se deitar na cama para descansar, resultando em estresse e diminuição na produção de leite” indica a zootecnista, enfatizando que ao selecionar e utilizar materiais para a cama é essencial considerar não apenas o conforto dos animais, mas também a capacidade do material de promover uma decomposição eficiente e manter um ambiente saudável e livre de irritações para o rebanho.
Ao escolher os materiais para a cama do compost barn, Karise diz que é preciso considerar o equilíbrio entre custo e benefício, levando em conta a disponibilidade regional desses materiais. “O benefício e a qualidade dos materiais estão intimamente ligados à presença e à disponibilidade de carbono, que é essencial para o metabolismo energético das bactérias presentes na cama. Materiais como serragem, maravalha e aparas de madeira são altamente valorizados devido ao seu alto teor de carbono, promovendo maior atividade microbiana e permitindo que altas temperaturas sejam alcançadas, o que beneficia o processo de compostagem” analisa a zootecnista.
No entanto, atualmente, esses materiais enfrentam forte concorrência da indústria energética, que utiliza resíduos de madeira como combustível para caldeiras. Como resultado, muitas madeireiras optam por vender seus resíduos para essas indústrias, deixando os produtores rurais com acesso limitado e preços elevados para esses materiais. “Isso pode levar os produtores a adiarem reposições na cama, afetando negativamente o processo de compostagem, pelo aumento da umidade da cama, o que onera os custos de produção” frisa Karise.
Para mitigar esses custos, os produtores podem considerar o uso de materiais alternativos na cama, como casca de amendoim, casca de café, palhada de trigo, sabugo de milho triturado, bagaço de cana, casca de arroz e casca de aveia. “Embora esses materiais possuam teor de carbono mais baixo em comparação com os resíduos de madeira, eles podem ser utilizados para controlar a umidade e auxiliar no processo de compostagem” avalia, destacando que para melhores resultados é recomendável utilizar esses materiais em conjunto com serragem e maravalha.
No entanto, é importante observar que o custo desses materiais alternativos pode variar de acordo com a localização e a disponibilidade regional. “Os produtores devem avaliar cuidadosamente suas opções e considerar não apenas o preço, mas também a eficácia e a disponibilidade dos materiais ao tomar decisões sobre o manejo da cama” evidencia Karise.
Impactos da baixa qualidade da cama
A presença de umidade elevada na cama pode agravar inflamações, especialmente infecções de origem ambiental, como a mastite, devido aos animais estarem mais sujos. Isso pode resultar em um aumento na contagem de células somáticas, prejudicando tanto a produção quanto a qualidade do leite. “Em casos graves de mastite, as células secretoras de leite podem ser danificadas, resultando em uma redução na produção de leite” enfatiza Karise.
Além disso, a especialista cita que a composição do leite pode ser alterada de várias maneiras. “A síntese de componentes importantes, como caseína e gordura, pode ser reduzida, enquanto a presença de toxinas bacterianas ou mediadores inflamatórios pode levar à morte ou necrose das células epiteliais. Isso pode resultar em mudanças no sabor, na coagulação, na umidade do queijo, no rendimento e até mesmo no tempo de prateleira dos produtos lácteos” argumenta.
Contudo, Karise ressalta que esse problema não é exclusivo do sistema compost barn, podendo ocorrer em qualquer sistema que contribua para o aumento da inflamação na glândula mamária devido a práticas inadequadas de manejo.
Evolução em curso
Nos últimos anos, pesquisas sobre a arquitetura e caracterização do sistema do compost barn, com ênfase na ventilação, têm sido promissoras. Esses estudos visam aprofundar a compreensão das interações entre o microclima, as características da cama e a saúde do úbere das vacas.
Também tem havido um aumento significativo em pesquisas sobre o comportamento dos animais, bem-estar, produção e qualidade do leite, devido à relação das características da cama com a ocorrência de mastite no rebanho. “Investir em educação continuada e treinamento para a equipe de colaboradores é essencial para garantir que todos estejam familiarizados com as melhores práticas de manejo da cama. Participar de palestras e cursos, muitos dos quais disponíveis online, é altamente recomendado para adquirir conhecimentos atualizados e aprofundar a compreensão sobre o manejo da cama no compost barn” frisa a zootecnista.
Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!
Bovinos / Grãos / Máquinas
Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
Bovinos / Grãos / Máquinas
Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran