Avicultura Nutrição
Revolução da nutrição animal começa com milhos específicos para cada espécie
Em poucos anos, as empresas vão deixar de comprar milho para comprar nutrição

Imagine produzir um milho específico para a alimentação de matrizes suínas que estão amamentando. Ou produzir um grão exclusivo para bovinos de corte, ou para aves, para peixes. Imagine produzir menos e ganhar mais. Pois pare de imaginar e preste atenção, porque a nutrição animal está passando por uma verdadeira revolução no Brasil e no mundo. Em poucos anos, as empresas vão deixar de comprar milho para comprar nutrição. A nutrição ideal, perfeita para cada fase, de cada espécie de produção. A mudança está causando disrupção nas casas de genética de grãos e na forma com que profissionais do agronegócio passam a entender profundamente as potencialidades de cada tipo de grão para cada animal.
Movimento semelhante já acontece há alguns anos com o leite. Em vários países, como na Nova Zelândia, maior exportador dessa proteína no mundo, o preço do litro não existe mais como parâmetro. A indústria paga pela qualidade, pela quantidade de gordura, contagem de células somáticas, contagem bacteriana total e proteína que certa quantidade de leite tem. Esse movimento, a partir de agora, migra para a indústria de grãos usados na alimentação animal, em uma tendência irreversível de oferecer aos rebanhos, ou melhor, a cada rebanho específico, uma dieta cada vez mais precisa e eficiente do ponto de vista zootécnico e financeiro.
Milho: cadeia produtiva na velocidade 5.0
Para falar sobre o novo momento da nutrição e da produção de grãos no Brasil, O Presente Rural entrevistou o professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Carlos Augusto Mallmann, doutor em Medicina Veterinária. Mallmann é um dos especialistas e grande estudioso do milho no Brasil, atuando em áreas como saúde pública, micotoxinas e micotoxicoses, técnicas avançadas de diagnóstico e epidemiologia.
A reportagem foi produzida a partir de artigo de Mallmann e do médico veterinário doutor Adriano Olnei Mallmann, zootecnista Denize Tyska (MSc.), zootecnista Juliano Kobs Vidal (MSc.) e médica veterinária Cristina Tonial Simões (Msc.).
“Não há dúvidas de que estamos vivendo a era da informação, também conhecida como revolução digital ou quarta revolução industrial, que tem como um dos seus grandes marcos o acesso rápido e fácil à informação. Um aspecto muito importante dentro dessa nova realidade, e que exerce grande influência sobre o mercado atual, é o nível de exigência do consumidor em relação ao produto que chega à sua mesa. Há uma crescente preocupação quanto à segurança do alimento consumido, além da busca por itens produzidos a partir de animais oriundos de um sistema de criação sustentável, sob normas adequadas de bem-estar e livres da ingestão de toxinas e antibióticos”, cita. “A exigência é de que tudo isso possa ser oferecido e sustentado pela cadeia produtiva, na qual um ingrediente é a base de tudo: o milho”, crava.
O professor Mallmann lembra que a evolução no rendimento, ou seja, na produtividade de grãos de milho levou o Brasil ao topo da cadeia exportadora. Na safra 2019/20. A produção superou 100 milhões de toneladas. O país é o terceiro maior produtor mundial desse grão, atrás apenas dos Estados Unidos e China. As exportações brasileiras de milho giram em torno de 35% anuais, o que coloca o país no top 3 dos maiores exportadores. No entanto, lembra, “mais de 90% do milho utilizado no consumo doméstico é destinado à nutrição animal, principalmente de aves e suínos”. O Brasil também é um dos líderes mundiais na produção de proteína animal. Ocupa a terceira posição no ranking dos produtores e a primeira entre os exportadores de aves. E é ainda o quarto maior produtor e exportador de suínos do mundo.
A produção robusta de milho diversificado é inevitável. “O mercado disponibiliza anualmente dezenas de híbridos de milho com diferentes caraterísticas e propósitos. Na safra 2019/20, 196 tipos foram ofertados. De acordo com a Embrapa Milho e Sorgo, as empresas produtoras de sementes reportaram os seguintes dados para essa safra: 86,4% híbridos simples, 5,8% híbridos triplos, 3,9% híbridos duplos e 2,6% híbridos intervarietais. O levantamento também abordou o ciclo dessas cultivares, sendo 66% precoces, 25% superprecoces, 5% semiprecoces, 3% hiperprecoces e 1% de ciclo médio. Dos 196 híbridos apresentados, 90% não possui informação quanto à resistência à Fusariose, doença que pode culminar em contaminação micotoxicológica causada por fungos do gênero Fusarium”, preocupa-se. Para o professor Mallmann, isso reflete no fato de que cerca de 85% dos lotes brasileiros de milho apresenta fumonisinas, principal grupo de micotoxinas produzidas por esse grupo fúngico. “Além de afetar a qualidade nutricional e física dos grãos, esses metabólitos geram um impacto negativo na produção animal por demandar aumento no custo da ração, referente à inclusão de aditivos e nutrientes sintéticos, e por interferir na sanidade e desempenho zootécnico dos animais”, cita o especialista.
A cadeia produtiva tem início no aporte oferecido pelas casas de genética. “O melhoramento genético do milho é realizado para que uma matéria-prima de alta produtividade seja ofertada, considerando em alguns casos tratos culturais, como o uso de defensivos agrícolas (doses e frequências) ou o ciclo de cultura. A partir da genética, utilizada em associação às Boas Práticas Agrícolas (BPAs) e condições climáticas, é gerada a pedra basilar da qualidade e produtividade a campo. Infelizmente, uma possível bonificação pela qualidade nutricional e micotoxicológica dos grãos ainda esbarra na impossibilidade de segregação do material na indústria”, menciona. “Contudo, a qualificação pode ser realizada após o armazenamento, o que favorece a tomada de decisão. Dessa forma, a pressão por médias nutricionais maiores, que não são exclusivamente determinadas pela genética, tende a aumentar”, garante.
Em sua avaliação, o milho ainda é tratado como uma commodity, ou seja, os critérios de classificação são simplificados, não permitindo uma correlação precisa com os nutrientes presentes no grão. “No cenário atual, almeja-se que a seleção genética produza híbridos que, além da produtividade, possibilitem a formulação de ração a um custo menor. Assim, os trabalhos com híbridos de milho iniciados em 2013 começam a ganhar corpo e a abranger outras variáveis, como o local de plantio, o uso de diferentes manejos, a resistência a patógenos e insetos e a qualidade nutricional. Inicialmente objetivou-se selecionar um material resistente às micotoxinas, mas outros fatores também se mostraram intimamente atrelados ao custo da formulação de ração, indicando que a seleção genética não envolverá parâmetros únicos, mas sim um conjunto deles. Assim, os parâmetros genéticos avaliados nos híbridos de milho foram produtividade (em kg/hectare), percentual de grãos avariados, energia metabolizável, proteína bruta, aminoácidos digestíveis e presença de micotoxinas (aflatoxinas, fumonisinas, desoxinivalenol e zearalenona) (Figura 1). As interações podem ser feitas correlacionando-se variáveis como ciclo, época de plantio, tipos de transgenia, textura, resistência a fungicidas e acamamento.

“Nem sempre o híbrido mais produtivo é o que apresenta o menor custo de formulação”, cita especialista
Da lavoura ao armazenamento, a colheita do milho é uma das fases chave para a qualidade do ativo em questão, menciona o estudioso. “Cerca de 70% da colheita de milho na safrinha de 2020 ocorreu em um período de 60 dias (Figura 2). Considerando esse cenário, a recepção dos grãos ocorre em um período muito concentrado, no qual, por vezes, há perda nos processos de estabilização nutricional e micotoxicológica, levando à degradação da matéria-prima”.

O professor lembra que o recebimento pós-colheita é um processo que não tem a capacidade de melhorar o valor nutricional do produto, havendo apenas a sua preservação. “A participação do produtor de grãos é encerrada a partir desse momento. Essa é a primeira oportunidade para que o material, que já está homogeneizado, seja qualificado econômica e nutricionalmente para conexão com o processo de formulação de precisão. É também nessa fase que ocorre a segregação e o direcionamento inteligente da matéria-prima, pois o uso dessa informação na nutrição torna-se mais eficiente e com múltiplas possibilidades de decisões econômicas, tais como a destinação do produto para a espécie animal específica, fases, sexo, genética ou até mesmo a comercialização onde o valor de mercado é mais apropriado”, diz. Dessa forma, entende Mallmann, a cadeia se torna mais transparente e eficaz. “Além disso, sabe-se que a ampla maioria dos processos de secagem não consegue desempenhar essa tarefa de forma rápida e uniforme em todo o volume de grãos. Isso faz com que ocorram alterações termo-hídricas dentro dos silos, as quais são evitáveis com o uso da aeração forçada. Contudo, mesmo atingindo a estabilidade térmica e atendendo às BPAs, muitas vezes não é possível evitar a produção de micotoxinas”, reforça.
Micotoxinas e amostragens
O profissional lembra que a matéria-prima estará pronta para ser amostrada quando temperaturas adequadas de conservação forem atingidas. “A amostragem é uma etapa primordial, uma vez que é a partir da amostra coletada que serão gerados os resultados que embasarão a tomada de decisão. As micotoxinas são substâncias detectadas na unidade de partes por bilhão (ppb); sendo assim, configuram umas das substâncias mais difíceis de serem quantificadas com precisão. Buscando-se compreender o quanto 1 ppb representa, pode-se fazer a relação com menos de oito pessoas na população global; isso denota o grau de dificuldade em se estabelecer uma amostragem para micotoxinas. Transferindo isso para a realidade do milho, 1 ppb equivale a 1 grão de milho em 350 toneladas, ou 10 caminhões com 35 toneladas cada”, explica.
De acordo com o professor da UFSM, estudos comprovam que em torno de 80% da precisão de um resultado de micotoxinas está relacionado a uma amostragem correta. “Além da baixa concentração em ppb, as micotoxinas não se distribuem uniformemente na massa de grãos. Suas concentrações podem variar significativamente de um local para outro dentro de um silo ou armazém. Essa distribuição heterogênea tem início ainda na lavoura de milho, onde comumente são produzidas as micotoxinas de campo (fumonisinas, zearalenona e deoxinivalenol) pelos fungos do gênero Fusarium. Isso ocorre, orienta o professor, “por conta das diferentes condições de temperatura e umidade favoráveis ao crescimento fúngico e a consequente produção de micotoxinas em diferentes pontos da lavoura. Grãos com concentrações distintas de micotoxinas também podem ocorrer em uma única espiga de milho”.
Tal heterogeneidade, amplia o médico veterinário, “é transferida durante a colheita para os veículos de transporte de grãos, em seguida para a unidade de recebimento na moega, no secador, no armazenamento, e finalmente para os grãos que serão utilizados para produzir a ração ou destinados para outro fim. Ainda, durante as etapas de recebimento, secagem e armazenamento de grãos, há maior risco de produção das ‘micotoxinas de armazenamento’, as aflatoxinas, que têm alta toxicidade e são produzidas por fungos do gênero Aspergillus”. O professor destaca que durante o armazenamento podem haver hot spots dentro dos silos, ocasionados principalmente pela presença de umidade excessiva em pontos localizados dentro do sistema de armazenagem, contribuindo também para a heterogeneidade do material.
“Portanto, os procedimentos de coleta das amostras devem respeitar o princípio de que cada grão tenha a mesma probabilidade de estar representado na amostra. Somente assim a informação será representativa e ideal para ser utilizada na qualificação do lote amostrado. De forma prática, é necessário utilizar uma sonda pneumática para coletar as amostras de silos e armazéns. Esta deve ser introduzida na massa de grãos, possibilitando a coleta desde o topo até a base. A quantidade de amostra coletada deve ser em torno de 10 a 20 kg, dependendo da profundidade da instalação. É recomendável que a quantidade de pontos de coleta e a separação de amostras por profundidade siga a demonstração ilustrada nas Figuras 3 e 4, pois depende do tamanho da estrutura armazenadora”.



“A amostra em grãos apropriadamente coletada para a análise de micotoxinas é também representativa para as demais análises, podendo ser utilizada para avaliar variáveis de classificação física do milho como umidade, impurezas, grãos avariados e carunchados. A seguir, a amostra originada de cada ponto deve ser integralmente triturada, de forma que o número de partículas seja totalmente triturado em um triturador básico equipado com peneira de 3 mm. Isso garantirá a fragmentação de cada grão em milhares de partículas e consequentemente uma pré-homogeneização da amostra. O volume gerado deverá ser reduzido através de um quarteamento até o peso aproximado de 500 gramas”, orienta.
O passo seguinte é a moagem mais refinada da amostra, “utilizando-se moedores específicos de laboratório equipados com peneira de 0,5 ou 1 mm para padronização da granulometria das partículas. Após, é realizado o processo de homogeneização da amostra e leitura no equipamento de espectroscopia no infravermelho proximal – NIR (Near Infrared Spectroscopy) para obtenção do espectro”.
O NIR é um equipamento que se caracteriza por realizar a leitura espectral da amostra em diferentes comprimentos de onda que variam entre 400 e 2.500 nm. “Esses dados espectrais são gerados a partir de uma vibração molecular e são convertidos em níveis de absorbância únicos para cada amostra. Os espectros são selecionados e correlacionados com os resultados obtidos através de análises físico-químicas certificadas. As curvas de calibração são então obtidas através de tratamentos matemáticos, possibilitando tanto análises quantitativas quanto qualitativas das amostras. Os espectros são armazenados para que, havendo novas curvas, essas ainda estejam disponíveis para predição sem a necessidade de guardar a amostra física, permitindo uma análise retrospectiva”.
De acordo com o especialista, “o grande desafio para elaboração das curvas para micotoxinas é a obtenção de um número suficiente de amostras que represente o universo de interesse técnico/prático da informação gerada”. O fluxo das amostras após o processo de amostragem até a leitura no equipamento NIR é ilustrado na Figura 5. “Após a leitura, os espectros são enviados a um programa para a geração das informações sobre os parâmetros solicitados. Em poucos minutos há o retorno da informação para o usuário”, menciona.

Para Mallmann, o cenário atual não nos permite a segregação do milho. “A alternativa implementada é a de avaliação das unidades de armazenagem. Uma das maiores vantagens desse processo é a obtenção de todas as informações necessárias para qualificação do milho em alguns instantes. A extração dos dados é feita por um software que abastece as informações gerenciais e possibilita o acompanhamento instantâneo do produto que está sendo utilizado. Todas as informações são apresentadas em tempo real para os principais componentes bromatológicos do milho, além da classificação física e as micotoxinas importantes para a formulação. Esse sistema permite que a decisão seja fundamentada em informações corretas e não realizada empiricamente”, diz o especialista.
Mallmann destaca que essa realidade permite selecionar, entre todas as unidades de armazenamento, aquelas que oferecem o material ideal para a categoria animal desejada. “Isso significa poder escolher, dentre todos os silos de uma unidade fabril, aquele que contém o milho com as características desejadas para produzir uma ração pré-inicial para frangos de corte. Ou então, eleger o silo que apresenta menor contaminação pela micotoxina zearalenona para produzir ração de matrizes suínas. Uma das possibilidades está na decisão quanto ao emprego de determinados ingredientes nutricionais ou funcionais como, por exemplo, os aditivos antimicotoxinas. Tal decisão é definida com base no conhecimento prévio da matéria-prima armazenada, servindo como subsídio para as políticas de compra desses ingredientes. As possibilidades de gerenciamento através da plataforma são infinitas, já que o sistema permite a seleção daqueles silos que poderão ser armazenados por mais tempo, escolhidos para consumo da empresa ou colocados à disposição do mercado”, aponta. “As possibilidades de gerenciamento através da plataforma são infinitas”, reforça.
Para ele, em breve a compra de cereais será baseada não só na classificação por tipo de produto, mas também por características da matéria-prima para produção de alimentos com fins específicos. “As transações relacionadas às commodities seguramente já utilizam esse processo. Alguns países estão qualificando e empregando essa tecnologia para agregar valor ao produto exportado ou atender às exigências específicas do comprador, especialmente quanto aos níveis de micotoxinas contidos no material e seu uso na alimentação de uma categoria animal específica. Cada vez mais exigente, o mercado deterá os parâmetros de compra para atendimento das suas características individuais. Além disso, a informação empregada no monitoramento dos silos e armazéns também pode indicar possíveis ações corretivas quando necessárias, como controle de termometria e melhorias na aeração, ou seja, melhorias no sistema de gestão continuado”. frisa. “A informação possibilita trabalhar na correta tomada de decisão. A falta dela leva a trabalhar no empirismo”, reforça.
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Avicultura
Paraná registra queda no custo do frango com redução na ração
Apesar da retração no ICPFrango e no custo total de produção, despesas com genética e sanidade avançam e mantêm pressão sobre o sistema produtivo paranaense.

O custo de produção do frango vivo no Paraná registrou nova retração em outubro de 2025, conforme dados da Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS) da Embrapa Suínos e Aves. Criado em aviários climatizados de pressão positiva, o frango vivo custou R$ 4,55/kg, redução de 1,7% em relação a setembro (R$ 4,63/kg) e de 2,8% frente a outubro de 2024 (R$ 4,68/kg).
O Índice de Custos de Produção de Frango (ICPFrango) acompanhou o movimento de queda. Em outubro, o indicador ficou em 352,48 pontos, baixa de 1,71% frente a setembro (358,61 pontos) e de 2,7% na comparação anual (362,40 pontos). No acumulado de 2025, o ICPFrango registra variação negativa de 4,90%.
A retração mensal do índice foi influenciada, principalmente, pela queda nos gastos com ração (-3,01%), item que historicamente concentra o maior peso no custo total. Também houve leve recuo nos gastos com energia elétrica, calefação e cama (-0,09%). Por outro lado, os custos relacionados à genética avançaram 1,71%, enquanto sanidade, mão de obra e transporte permaneceram estáveis.

No acumulado do ano, a movimentação é mais desigual: enquanto a ração registra expressiva redução de 10,67%, outros itens subiram, como genética (+8,71%), sanidade (+9,02%) e transporte (+1,88%). A energia elétrica acumulou baixa de 1,90%, e a mão de obra teve leve avanço de 0,05%.
A nutrição dos animais, que responde por 63,10% do ICPFrango, teve queda de 10,67% no ano e de 7,06% nos últimos 12 meses. Já a aquisição de pintinhos de um dia, item que representa 18,51% do índice, ficou 8,71% mais cara no ano e 7,16% acima do registrado nos últimos 12 meses.
No sistema produtivo típico do Paraná (aviário de 1.500 m², peso médio de 2,9 kg, mortalidade de 5,5%, conversão alimentar de 1,7 kg e 6,2 lotes/ano), a alimentação seguiu como principal componente do custo, representando 63,08% do total. Em outubro, o gasto com ração atingiu R$ 2,87/kg, queda de 3,04% sobre setembro (R$ 2,96/kg) e 7,12% inferior ao mesmo mês de 2024 (R$ 3,09/kg).
Entre os principais estados produtores de frango de corte, os custos em outubro foram de R$ 5,09/kg em Santa Catarina e R$ 5,06/kg no Rio Grande do Sul. Em ambos os casos, houve recuos mensais: 0,8% (ou R$ 0,04) em Santa Catarina e 0,6% (ou R$ 0,03) no território gaúcho.
No mercado, o preço nominal médio do frango vivo ao produtor paranaense foi de R$ 5,13/kg em outubro. O valor representa alta de 3,2% em relação a setembro, quando a cotação estava em R$ 4,97/kg, indicando que, apesar da melhora de preços ao produtor, os custos seguem pressionados por itens estratégicos, como genética e sanidade.
Avicultura
Produção de frangos em Santa Catarina alterna quedas e avanços
Dados da Cidasc mostram que, mesmo com variações mensais, o estado sustentou produção acima de 67 milhões de cabeças no último ano.

A produção mensal de frangos em Santa Catarina apresentou oscilações significativas entre outubro de 2024 e outubro de 2025, segundo dados da Cidasc. O período revela estabilidade em um patamar elevado, sempre acima de 67 milhões de cabeças, mas com movimentos de queda e retomada que refletem tanto fatores sazonais quanto ajustes de mercado.
O menor volume do período foi registrado em dezembro de 2024, com 67,1 milhões de cabeças, possivelmente influenciado pela desaceleração típica de fim de ano e por ajustes de alojamento. Logo no mês seguinte, porém, houve forte recuperação: janeiro de 2025 alcançou 79,6 milhões de cabeças.

Ao longo de 2025, o setor manteve relativa constância entre 70 e 81 milhões de cabeças, com destaque para julho, que atingiu o pico da série, 81,6 milhões, indicando aumento da demanda, seja interna ou externa, em plena metade do ano.
Outros meses também se sobressaíram, como outubro de 2024 (80,3 milhões) e maio de 2025 (80,4 milhões), reforçando que Santa Catarina segue como uma das principais forças da avicultura brasileira.
Já setembro e outubro de 2025 mostraram estabilidade, com 77,1 e 77,5 milhões de cabeças, respectivamente, sugerindo um período de acomodação do mercado após meses de forte atividade.
De forma geral, mesmo com oscilações, o setor mantém desempenho sólido, mostrando capacidade de rápida recuperação após quedas pontuais. O comportamento indica que a avicultura catarinense continua adaptável e resiliente diante das demandas do mercado nacional e internacional.
Avicultura
Setor de frango projeta crescimento e retomada da competitividade
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, produção acima de 2024 e aumento da demanda doméstica impulsionam perspectivas positivas para o fechamento de 2025, com exportações em recuperação e espaço para ajustes de preços.

O setor avícola brasileiro encerra 2025 com sinais de recuperação e crescimento, mesmo diante dos desafios impostos pelos embargos que afetaram temporariamente as margens de lucro.
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, a produção de frango deve fechar o ano cerca de 3% acima de 2024, enquanto o consumo aparente deve registrar aumento próximo de 5%, impulsionado por maior disponibilidade interna e retomada do mercado externo, especialmente da China.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a competitividade do frango frente à carne bovina voltou a se fortalecer, criando espaço para ajustes de preços, condicionados à oferta doméstica. A demanda interna tende a crescer com a chegada do período de fim de ano, sustentando a valorização do produto.
Além disso, os custos de produção, especialmente da ração, seguem controlados, embora a safra de grãos 2025/26 ainda possa apresentar ajustes. No cenário geral, os números do setor podem ser considerados positivos frente às dificuldades enfrentadas, reforçando perspectivas favoráveis para os próximos meses.



