Notícias Cooperativismo no Mercosul
Reunião Especializada de Cooperativas do Mercosul inicia reestruturação de plano estratégico
Workshop Internacional realizado em São Paulo debate temas relacionados ao desenvolvimento e fortalecimento do cooperativismo no Mercosul.

A Reunião Especializada de Cooperativas do Mercosul (RECM), sob Presidência Pro Tempore do Brasil, deu início nesta segunda-feira (18), em São Paulo, ao Workshop Internacional “Cooperativas do Mercosul e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: Construção de um Plano Estratégico Baseado na Agenda 2030”. Participam do encontro delegações da Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Aliança Cooperativa Internacional (ACI).
O evento acontece até quarta-feira (20) e contará com apresentações e debates sobre temas relacionados ao desenvolvimento e fortalecimento do cooperativismo no Mercosul, com o objetivo de reestruturar o planejamento estratégico da RECM, redefinir o seu plano de comunicação e estabelecer uma agenda conectada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Ao longo da programação, será estabelecido de forma coletiva o trabalho a ser desenvolvido pelo colegiado nos próximos anos.
“Queremos construir um plano estratégico baseado na Agenda 2030 da ONU. O mundo que queremos é um mundo sem muros e mais cooperativo. Esses encontros vão nos ajudar a construir pontes para combater as desigualdades sociais e criar as oportunidades para a prosperidade de milhões de pessoas no Brasil, no Mercosul e no mundo. Acreditamos firmemente que o cooperativismo é uma das grandes soluções para essa demanda e a ministra Tereza Cristina apoia muito o cooperativismo brasileiro”, destaca o coordenador nacional da RECM no Brasil e secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), César Halum.
Neste sentido, a programação do evento buscará promover, junto a representantes de organismos governamentais e internacionais, o potencial de mobilização social e desenvolvimento econômico das cooperativas para as ações em prol da Agenda 2030. Por meio de diversas atividades, os participantes farão um intercâmbio de experiências em boas práticas de cooperativas que têm atuado em suas comunidades alinhadas aos ODS.
O representante do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) na Argentina e Coordenador Regional para a Região Sul, Caio Rocha, ressaltou em seu discurso o papel do cooperativismo e a importância do encontro. “Vejo que as cooperativas estão completamente preparadas para este grande desafio e já fazendo a integração de pessoas, planeta, prosperidade, parcerias, paz e justiça social. E este encontro é fundamental para que a gente possa traçar ações e executar essas ações para que sejam avaliadas pela RECM. Aqui nós estamos dividindo as nossas responsabilidades e cada um assumindo o seu papel”.
Para o diretor de Cooperativismo e Acesso a Mercados do Mapa, Márcio Madalena, no primeiro momento do encontro foi possível perceber o alinhamento estratégico das delegações presentes no evento. “O que pudemos observar aqui é aquilo que já imaginávamos, há um interesse coletivo em trabalhar os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável através da força do cooperativismo. Os primeiros momentos do dia de hoje nos mostraram que esse esforço é de todos no Mercosul, é dos governos e é do movimento cooperativista. Estamos todos de mãos dadas para que consigamos cumprir esse grande desafio”, afirmou.
Programação
O workshop, organizado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (UN DESA) em parceria com o Mapa e o Sistema OCB, tem metodologia participativa com apresentações sobre temas relacionados ao cooperativismo e sua importância para o alcance dos ODS – Agenda 2030. Neste primeiro dia foram celebrados os 20 anos de existência da RECM com reflexões sobre seu legado, avanços, desafios e oportunidades.
Seguindo a programação, no segundo dia serão realizados debates sobre o planejamento estratégico da RECM como ferramenta para a promoção do cooperativismo e alianças estratégicas em prol dos ODS.
No terceiro e último dia de workshop, os participantes farão uma imersão na construção do planejamento estratégico da RECM. O trabalho será realizado com a formação de grupos que irão debater e construir o plano de ação a ser implementado nos próximos anos. A reestruturação do planejamento será facilitada pela consultoria Beecoop da Universidade Federal do Paraná (UFPR), composta pelos professores Tomas Sparano, Gustavo Abib e Bárbara Dias. Após o encontro, será produzido um e-book com os resultados do planejamento estratégico.
Criada 2001, a RECM tem o propósito de inserir o cooperativismo na agenda de trabalho do Mercosul, facilitar o comércio e a intercooperação entre as cooperativas da região e fomentar ações conjuntas que levem desenvolvimento econômico e social às cooperativas, seus cooperados, famílias e comunidades.

Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
Notícias
Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



