Suínos
Retirada voluntária de antibióticos nos EUA pressiona o Brasil
Mudanças que já estão mais avançadas nos principais países do mundo, seja por legislação ou anseio popular, pressionam o Brasil a criar restrições mais severas
O uso de anitimicrobianos e sua restrição cada vez mais aguda na produção de proteína animal tem sido pauta recorrente nos principais eventos técnicos do setor no Brasil e no mundo. Lideranças públicas e de entidades de classe, pesquisadores e técnicos de campo buscam as respostas para uma mudança iminente no modo de tratar e manejar a criação. O que fazer para produzir sem esses medicamentos promotores de crescimento, sem perder a capacidade zootécnica e a competitividade no mercado?
Mudanças que já estão mais avançadas nos principais países do mundo, seja por legislação ou anseio popular, podem pressionar o Brasil a criar restrições mais severas nos próximos meses. É o que defende Rodrigo Toledo, gerente de Nutrição Animal da Coopercentral Aurora Alimentos, de Santa Catarina. Rodrigo abordou o tema durante sua palestra no 13º Encontro da Associação Brasileira de Médicos Veterinários Especialistas em Suínos do Paraná (Abraves – PR), que aconteceu nos dias 15 e 16 de março, em Toledo, maior polo produtor do estado.
Rodrigo destaca que o Brasil já vem fazendo um trabalho de restrição ao uso de antimicrobianos como promotores de crescimento há vários anos, mas que, com a pressão dos países europeus e dos Estados Unidos, que iniciaram uma campanha de retirada voluntária no fim do ano passado, essa restrição deve ficar mais acentuada nos próximos meses aqui no Brasil. A União Europeia (UE) sempre fez os banimentos por precaução, mas Estados Unidos e Brasil se baseavam em princípios técnicos. Agora, os norte-americanos também começam a fazer a retirada por precaução. Esse banimento voluntário nos Estados Unidos aumenta a pressão sobre Brasil, sobre a indústria”, pontua.
De acordo com o profissional, a adesão nos Estados Unidos está acima das expectativas. “O USDA (equivalente ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Brasil) pediu a retirada voluntária de antimicrobianos como promotores de crescimento. Para nossa surpresa, a adesão foi rápida. Eles tinham três anos para o banimento voluntário, mas muito produtor já baniu. “Desde 1º de janeiro deste ano não tem antimicrobianos como promotores de crescimento na suinocultura. Antes que fosse proibido, eles tiraram”, comenta. Os medicamentos, no entanto, podem continuar a ser usados como terapêuticos.
De acordo com Toledo, “38% dos americanos acreditam que dá para manter a produção e o lucro sem os promotores”. Para ele, a indústria brasileira tem capacidade para se adequar a tais exigências, mas deverá rever conceitos de manejo. “Dá para manter os índices (de produtividade) sem os promotores ou restringindo o uso, mas vamos ter que reaprender a produzir, vamos precisar de animais mais resistentes a doenças em vez de mais produtivos, melhorar ainda mais a ambiência, trabalhar com uma densidade menor”, orienta.
Para Toledo, uma situação mais aguda para os brasileiros seria a prevenção como medicamento preventivo, o que algumas vertentes já pregam nos principais países produtores. “Querem proibir o antimicrobiano como preventivo, podendo usar só quando o animal apresentar os sintomas da doença. Mas aí o animal já adoeceu, o produtor tem perda zootécnica, perda financeira, e piora o bem estar do plantel”, avalia.
Europa X Brasil
Engana-se quem pensa que a restrição ao uso de antimicrobianos é coisa nova. O controverso assunto já gera discussões há mais de 20 anos, quando algumas moléculas passaram a ser proibidas em países da Europa. “Tudo começou com o medo da resistência antimicrobiana. Na União Europeia, algumas moléculas, como a avoparcina, começaram a ser proibidas como promotores de crescimento. Em 1995 foi na Dianamarca, em 96 na Alemanha. Já em 1997, toda a União Europeia proibiu a avoparcina. Em seguida, proibiu a ardacina. Em 1998 foi a vez da Suécia, seguida por vários outros países. Como eles têm condições diferentes de ambiente e econômico que nós, começaram a inventar problemas, especialmente os países ao Norte”, conta. Em 2009, conta Toledo, a Europa estabeleceu os limites máximo de resíduos em alimentos, mas apenas com drogas aprovadas perlo bloco.
Conforme Toledo, o europeu tende a fazer mais propaganda do que realmente fazem para garantir a segurança alimentar. “Eles não têm muito controle do que usam. A fiscalização do SIF (Sistema de Inspeção Federal) no Brasil é muito mais pesada que a da Europa. Parece que somos relapsos em relação aos europeus, mas é muito pelo contrário. Nossas leis são mais rigorosas que as da Europa”, analisa.
De acordo com ele, a preocupação no Brasil começou ser tratada em 1969, quando o país criou o regulamento que trata da fiscalização de produtos veterinários, mas o objeto só foi regulamentado em 2004. “Sem a regulamentação, cada um tinha um entendimento – fiscalizador e fiscalizado”, comentou. “Em 1998, no entanto, uma portaria já proibia algumas moléculas como promotores de crescimento, como as tetracilinas e penicilinas”, assinala.
Em 2001, o Mercosul também adota uma legislação que trata dos limites de resíduos nos alimentos. No ano seguinte, o Mapa também proíbe o arsenicais e antimoniais como promotores ou melhoradores de desempenho. A lista de banimentos brasileira segue com cloranfenicol e nitrofuranos (2003), olaquindox (2004), carbadox (2005). As proibições, de acordo com Toledo, seguiram em 2007, 2009, 2012 até culminar com a mais recente, de 22 de novembro de 2016. “Desde essa data não se pode usar mais colistina como promotor de crescimento no Brasil”. De acordo com o profissional, o Mapa pretende proibir mais moléculas ainda este ano. “Pelo menos quatro moléculas vão ser proibidas em breve”, comenta.
Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2017 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
