Avicultura
Restrição aos antimicrobianos vai impactar na saúde intestinal das poedeiras
Profissional explica que existem alternativas para evitar infortúnios e aposta em agilidade de adaptação intestinal para minimizar os problemas durante processo de transição
Os desafios e as oportunidades com os melhoradores da saúde intestinal das poedeiras frente aos novos modelos de criação foi tema de palestra durante a 16ª edição do Congresso Apa (Associação Paulista de Avicultura), que aconteceu nos dias 20 e 21 de março, em Ribeirão Preto, SP. Em entrevista exclusiva ao jornal O Presente rural, o palestrante Marco Aurélio Stefanoviciaus Nunes destaca novos conceitos que começam chegar mais assiduamente à cadeia de produção de ovos, como redução do uso de agentes antimicrobianos como promotores de crescimento e a reformulando galpões para atender aos novos conceitos de bem-estar animal, podem gerar podem gerar problemas na saúde intestinal e desempenho das aves.
Ele explica que existem alternativas para evitar infortúnios e aposta em agilidade de adaptação intestinal para minimizar os problemas durante esse processo de transição. Confira a entrevista com marco Aurélio Nunes, gerente técnico da Anco no Brasil.
O Presente Rural (OP Rural) – A mudança no panorama quanto ao modelo de produção para poedeiras, como restrição a promotores de crescimento e alterações nas instalações para atender as demandas por bem-estar animal, podem impactar na saúde intestinal das aves?
Marco Aurélio Nunes (MAN) – Sim. As propostas de instalações para alojamento das aves seguindo as demandas por bem-estar animal e restrições quanto ao uso de promotores de crescimento antibióticos vão expor as aves a estressores que, no modelo tradicional de produção, tinham menor importância. As estratégias de desinfecção de aviários e equipamentos, cuidados com manejo, ambiência, nutrição e qualidade de água devem ganhar outra dimensão. Não há dúvidas de que o trato intestinal das aves será o sistema mais afetado por estas mudanças.
OP Rural – Qual a relação entre saúde intestinal e desempenho de poedeiras?
MAN – Se partirmos do pressuposto de que as poedeiras atuais são verdadeiras máquinas de transformar milho e soja em ovos, o ponto de partida para esta transformação está no sistema digestivo. Desde o Cálcio que faz parte da casca dos ovos até os constituintes internos têm como origem os componentes liberados pelos processos de digestão dos alimentos e resultante absorção de nutrientes que acontece ao longo do tubo digestivo. Além disso, a saúde intestinal está totalmente relacionada com a qualidade do ovo produzido, principalmente em termos microbiológicos.
OP Rural – Quais os principais pontos que o produtor deve se ater visando manutenção da saúde intestinal de poedeiras?
MAN – O sistema digestivo, apesar de não parecer, é considerado meio externo ao organismo e amplifica e é influenciado de sobremaneira pelas condições do meio ambiente em que a ave está. Desde condições ambientais de temperatura e umidade, condições de contaminação microbiológica e até condições de estresse social vão impactar diretamente neste sistema. Daí a importância de boas práticas de limpeza e desinfecção das instalações e boas práticas de manejo das aves.
Outros pontos muito importantes dizem respeito à qualidade do alimento que vai passar pelo tubo digestivo. Neste contexto, não podemos nos esquecer da qualidade da água. Quanto ao alimento propriamente dito, uma dieta bem balanceada, evitando-se falta ou excesso de nutrientes, elaboradas com ingredientes de boa qualidade (o que nem sempre é factível, porém administrável) é fundamental em termos de saúde intestinal.
Quando falamos de sistema digestivo, a primeira coisa que vem em mente é a importante função de digestão de alimentos e absorção de nutrientes. Porém existe uma função muito importante que é a seleção do que pode e o que não pode ou deve ser absorvido. Diversas manifestações, das quais podemos citar a transmigração de bactérias e toxinas da luz do intestino para compartimentos mais internos e processos inflamatórios intestinais, aparecem quando há falhas neste importante mecanismo que podemos chamar de absorção seletiva. Desta forma, foco na manutenção da integridade intestinal também é muito importante.
OP Rural – Se há desafios, há também oportunidades para melhorar a saúde intestinal das poedeiras? Quais?
MAN – Primeiramente temos que entender que todos os animais contam com ferramentas adaptativas próprias que podem ser acionadas quando da exposição a estressores. O problema no que diz respeito a animais de alta performance produtiva, como é o caso de poedeiras, é que estes mecanismos normalmente levam um tempo para serem acionados e quando acionados são muito custosos em termos energéticos. A maior oportunidade que temos é tirar proveito destas ferramentas adaptativas das aves e faze-las responder o mais rápido possível com o menor custo energético. É neste contexto que se baseia o conceito de agilidade de adaptação intestinal, que é a base do desenvolvimento científico dos produtos de determinadas empresas.
Mais informações você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2018 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
