Avicultura
Restrição aos antibióticos vai mudar jeito de produzir frango, sustenta pesquisadora
Doutora da UFRGS comenta que a redução do uso dessas substâncias como aditivos zootécnicos impacta no custo de produção, e por essa razão medidas alternativas têm sido investigadas
Gerando muita discussão e dúvidas entre profissionais do setor e produtores, a retirada ou redução no uso de antimicrobianos na produção animal é uma preocupação mundial. Encontrar alternativas para isso que não sejam onerosas ao produtor rural, mas que também atendam ao que o mercado está exigindo tem sido mais difícil do que aparentava. Para discutir um pouco sobre isto, a professora doutora Marisa Cardoso, do Departamento de Medicina Veterinária da Favet, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) falou sobre “uso racional de antibióticos e novas alternativas” durante o Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), que aconteceu em Chapecó, SC, no início de abril. Para Marisa Cardoso, restringir o uso pode mudar a maneira de produzir frango no Brasil. “Os médicos veterinários têm consciência que modificações de manejo serão necessárias para que haja modificações nos protocolos de uso de antimicrobianos”, aposta.
A redução ou mesmo o banimento do uso de antimicrobianos na produção animal é um dos temas mais requisitados dos últimos tempos. Um desafio que se apresenta muito forte também na avicultura. A doutora explica que o uso racional de antimicrobianos compreende uma série de medidas a serem tomadas na medicina humana e na produção animal. “Entre essas, o menor uso de antimicrobianos na produção animal, incluindo a retirada do seu uso como aditivos zootécnicos – os promotores de crescimento”, comenta.
Marisa afirma que é necessário fazer o uso prudente e responsável dos antimicrobianos. “Isso inclui critérios para o uso, seu controle e busca de alternativas, principalmente no que diz respeito ao uso para ganho de desempenho”, reforça. Ela acrescenta que a retirada de antimicrobianos como aditivos zootécnicos impacta no custo de produção, e por essa razão medidas alternativas têm sido investigadas. “Do ponto de vista sanitário, os aspectos relativos ao manejo e ao desenvolvido de vacinas eficazes são muito importantes”, afirma. A doutora comenta alternativas que também podem ser utilizadas em relação ao uso dos antimicrobianos como melhoradores de desempenho. “Entre eles, podemos citar ainda os prebióticos, probióticos e ácidos orgânicos”, diz. De acordo com ela, estas e outras possibilidades têm sido investigadas.
Custo e manejo
Mesmo com estas alternativas, ainda existe receio no meio produtivo quanto ao impacto desta retirada dos antimicrobianos como promotores de crescimento no custo de produção, informa Marisa. Ela afirma que na situação atual, estas opções disponíveis ainda têm maior custo do que os antimicrobianos. Ela aposta em novas formas de manejo para reduzir a pressão de infecção nas granjas. “A redução no uso de antimicrobianos demandará alterações de manejo sanitário e de lotação, pois os desafios de pressão de infecção tenderão a crescer”, complementa. A profissional ainda diz que esta é também uma preocupação dos profissionais do meio. “Os médicos veterinários têm consciência que modificações de manejo serão necessárias para que haja modificações nos protocolos de uso de antimicrobianos”, comenta.
Além do mais, esta redução ou banimento de antimicrobianos tem apresentado impacto na produção animal em diversos países, cita. Recomendações para controle de resistência e uso responsável de antimicrobianos já foram publicadas pela Organização Mundial da Saúde e Organização Mundial para Saúde Animal; e as recomendações do Codex Alimentarius serão revistas no decorrer de 2018. “A partir disso, é possível prever que esse tema, em algum momento, poderá influenciar as questões relativas ao mercado internacional”, destaca Marisa.
No Brasil, algumas mudanças em relação a isso já estão em curso nos últimos anos. “Instruções Normativas do Mapa (Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) têm sido publicadas ao longo dos últimos anos, retirando alguns antimicrobianos do uso como promotor de crescimento em animais. A última Instrução Normativa foi editada em 2016, retirando a colistina do uso como promotor de crescimento”, conta Marisa.
A doutora afirma que o tema é muito atual na produção animal e na saúde pública mundial e demandará alterações no setor produtivo. “A discussão de um tema como esse contribui para a informação dos profissionais atuantes no setor e permite o debate e a formação de opinião a respeito do assunto”, sustenta.
Mais informações você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2018 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
