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Restrição ao uso dos antibióticos melhoradores de desempenho: o que muda na avicultura de corte?

Aparecimento de bactérias resistentes aos antimicrobianos deu início a uma série de questionamentos sobre a segurança do uso dos AMD´s, assim como sobre a origem da resistência bacteriana

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Artigo escrito por Bauer Alvarenga, BioCamp Laboratórios

Mudanças e transformações estão presentes em tudo ao nosso redor. A todo tempo, novas descobertas possibilitam acontecimentos, que para muitos, seriam impossíveis de acontecer. Há 25 anos, quem poderia prever que a internet seria o que é hoje? Que os televisores seriam SmartTVs, que um aplicativo de celular influenciaria diversos setores da sociedade? Enfim, mudanças e transformações acontecem a todo instante e cada vez mais em maior intensidade.

Há quase 80 anos, os antibióticos melhoradores de desempenho são utilizados com o objetivo de melhorar o desempenho zootécnico das aves, através do efeito sobre a microbiota intestinal. A microbiota intestinal é formada principalmente por bactérias, sendo a maior parte bactérias saprófitas e uma pequena porção de bactérias patogênicas. O equilíbrio dessas populações estabelece a integridade intestinal, que por sua vez está diretamente ligada ao desempenho zootécnico.

Quarenta e cinco anos já se passaram do dia em que Nurmi e Rantala estabeleceram o conceito da Exclusão Competitiva, provando a importância da microbiota intestinal para o controle de salmoneloses. Esta descoberta deu início a uma série de pesquisas sobre a importância da microbiota intestinal. Tais estudos revelaram como os microrganismos intestinais atuam em favor das aves, desde que estejam em equilíbrio.

Antibióticos Melhoradores de Desempenho (AMD´s)

Em 1949, estudiosos relataram que a adição de estreptomicina e clortetraciclina, na presença de quantidades suficientes de vitaminas e de sais minerais, foi capaz de estimular o crescimento de aves. Esse resultado inicial foi confirmado posteriormente por diversos autores e estendido para outros antimicrobianos e assim os AMD´s se consolidaram como uma ferramenta viável para o controle dos desafios entéricos.

Pouco tempo depois, se percebeu que um único AMD não conseguia manter sua eficiência por um longo período, sendo necessária sua substituição ou o aumento de sua dosagem. Para resolver esse problema, programas de rotação de AMD´s foram criados, com o objetivo de preservar a eficiência das moléculas sem perder resultado zootécnico.

O aparecimento de bactérias resistentes aos antimicrobianos deu início a uma série de questionamentos sobre a segurança do uso dos AMD´s, assim como sobre a origem da resistência bacteriana. Esse problema causou grande preocupação aos consumidores. E a partir de então, uma enorme pressão popular e científica levaram diversos países a adotarem políticas de restrição ou até mesmo banimento do uso dos AMD´s. Nesse contexto, a posição brasileira foi de restringir o uso de algumas moléculas e, atualmente, dez moléculas ainda podem ser usadas individualmente como AMD. Entretanto, importantes produtores e exportadores mundiais de carne de frango, como Estados Unidos e União Europeia, já baniram o uso desses.

Mudanças em função da restrição do uso dos AMD´s

Devido às novas exigências dos mercados importadores e respectiva adequação da legislação, a maioria das empresas passou por mudanças e transformações quanto ao uso dos AMD´s. Em alguns casos, foi possível notar uma queda no resultado zootécnico, assim como aumento do custo de criação, que foram imediatamente compensados, através da revisão dos processos produtivos e ao uso de novas tecnologias que reestabeleceram o equilíbrio da microbiota intestinal.

Neste novo cenário, talvez a maior mudança tenha ocorrido na forma de trabalhar da equipe de campo (veterinários, zootecnistas, nutricionistas, técnicos agropecuários, etc.), pois esses profissionais foram desafiados a trabalhar com melhores práticas de produção, mitigando falhas de criação que antes eram amenizadas com o uso de medicamentos.

Probióticos

Em 1998, um estudioso definiu probiótico como “um suplemento alimentar constituído de microrganismos vivos capazes de beneficiar o hospedeiro através do equilíbrio da microbiota intestinal”. Os quatro princípios utilizados pela Exclusão Competitiva são:

? Competição por sítios de ligação;

? Competição por nutrientes;

? Produção de substâncias antimicrobianas;

? Estímulo do sistema imunológico.

Além desses princípios, outro pesquisador completa que os probióticos facilitam a digestão dos alimentos e absorção de nutrientes. Segundo FAO e WHO, existem dois tipos de probióticos. Os chamados probióticos de Exclusão Competitiva, que possuem centenas de espécies bacterianas em sua composição. E os probióticos chamados DFM (Direct-fed Microbials), que são produtos compostos por uma ou poucas espécies de bactérias. Vale lembrar que cada segmento intestinal é colonizado por diferentes espécies de bactérias e que exercem função específica.

Os probióticos devem ser utilizados o mais precocemente possível, para que as bactérias possam colonizar e multiplicar no trato intestinal, iniciando suas atividades benéficas antes deste ser contaminado por algum patógeno, exercendo assim, um papel de substituto aos AMD´s, fato comprovado por meta-análise realizada por outros estudiosos em 2006, que após analisarem 27 artigos científicos concluíram que probióticos são uma alternativa viável aos AMD´s na alimentação de frangos de corte, uma vez que apresentam ganho de peso e conversão alimentar iguais ao grupo controle (com AMD).

Considerações

Mudanças e transformações sempre se farão presentes no contínuo avanço da avicultura industrial. No passado, probióticos eram vistos como uma ferramenta de alto custo e eficiência questionável, situações que foram vencidas com o passar dos anos, uma vez que hoje eles são indispensáveis para a manutenção da microbiota intestinal, com a restrição cada vez maior do uso dos AMD´s.

Mais informações você encontra na edição de Aves de setembro/outubro de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

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O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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