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Reprodução e bem-estar em suínos: avanços e desafios da IN nº 113 nos Centros de Coleta e Processamento de Sêmen Suíno

Norma do Mapa reforça exigências para bem-estar animal em centrais de sêmen suíno, impulsionando práticas sustentáveis e desafiando o setor a equilibrar eficiência e responsabilidade.

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Fotos: Shutterstock

Artigo escrito por Larisa Gobato, Instituto Federal Catarinense. Pós-graduada em Produção e Sanidade Animal. Adroaldo José Zanella, Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo – Pirassununga. Ricardo Zanella, Escola de Ciências Agrárias, Inovação e Negócios; curso de Medicina Veterinária; programa de Pós-Graduação em Bioexperimentação, Universidade de Passo Fundo. Mariana Groke Marques, Instituto Federal Catarinense – pós-graduada em Produção e Sanidade Animal. Embrapa Suínos e Aves.

O bem-estar animal é um dos pilares da suinocultura moderna, influenciando diretamente a eficiência produtiva e a sustentabilidade do setor. Estudos demonstram que boas práticas de manejo, nutrição adequada e um ambiente favorável reduzem o estresse, otimizam o desempenho zootécnico e minimizam a incidência de doenças, o que, por sua vez, diminui a necessidade do uso de antimicrobianos. Além disso, a crescente exigência do mercado por produtos de origem animal obtidos de forma ética tem impulsionado avanços significativos na criação de suínos. Atender a esses requisitos não só cumpre regulamentações internacionais, mas também fortalece a competitividade da suinocultura brasileira no cenário global.

Nesse contexto, a busca por sistemas de produção agropecuária sustentável tem levado a importantes progressos no bem-estar animal. Um marco nesse sentido foi a Instrução Normativa (IN) nº 113, de 16 de dezembro de 2020, publicada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A normativa estabelece diretrizes para melhorar as condições dos suínos mantidos em centrais produtoras de sêmen, reforçando a necessidade de práticas que evitem estímulos estressores e garantam o atendimento às necessidades fisiológicas e comportamentais dos animais. Embora represente um avanço significativo, sua implementação ainda impõe desafios ao setor.

O bem-estar animal se baseia no princípio de que as necessidades fisiológicas e comportamentais da espécie devem ser atendidas, proporcionando um ambiente que reduza ou elimine fatores estressores. O estresse desencadeia a liberação de “fatores” como o cortisol, um hormônio que, em níveis elevados, pode comprometer o apetite, aumentar o gasto energético e enfraquecer o sistema imunológico, tornando os animais mais suscetíveis a enfermidades. Resultando em impactos negativos no desempenho desses indivíduos, comprometendo a eficiência alimentar e o desempenho reprodutivo, o que afeta tanto a saúde dos suínos quanto a rentabilidade da produção.

Dentre os diferentes sistemas de produção suinícola, os Centros de Coleta e Processamento de Sêmen Suíno (CCPSS) merecem uma atenção especial. Essas unidades são responsáveis por alojar machos de alto valor genético, cujo sêmen é utilizado para inseminar diversas fêmeas, ampliando a disseminação de genética superior na população suína. Além de seu papel essencial na reprodução, os CCPSS influenciam diretamente a eficiência produtiva da suinocultura. Produzir doses inseminantes de qualidade é fundamental para otimizar os índices reprodutivos dos plantéis, tornando o setor mais competitivo e sustentável.

A implementação de medidas voltadas ao bem-estar animal nos CCPSS pode trazer benefícios significativos tanto para os animais quanto para a eficiência produtiva. Ambientes bem planejados, com manejo adequado e espaço suficiente para movimentação e com climatização, contribuem para a redução do estresse e da incidência de problemas de saúde, como lesões musculoesqueléticas e doenças metabólicas. Isso reflete diretamente na longevidade e no desempenho reprodutivo dos machos. Além disso, animais habituados a um ambiente enriquecido e a um manejo cuidadoso tendem a ser menos agressivos e mais receptivos às práticas rotineiras, tornando o trabalho dos funcionários mais seguro e eficiente.

Avanços proporcionados pela IN nº 113 para os CCPSS

A IN nº 113 estabelece parâmetros essenciais para garantir que os suínos destinados à coleta de sêmen sejam mantidos em condições que respeitem seu bem-estar físico e comportamental.

Entre as exigências, destacam-se:

Espaço adequado: cada animal deve dispor de baias individuais com, no mínimo, 6 m², permitindo liberdade de movimento;

Ambiente enriquecido: as instalações devem conter elementos que estimulem o comportamento natural dos suínos, reduzindo o estresse;

Manejo humanizado: a norma reforça a necessidade de capacitação dos profissionais para evitar práticas agressivas ou traumáticas.

Desafios da implementação

Apesar dos avanços, a adoção da IN nº 113 ainda enfrenta desafios significativos. Entre os principais, estão:

Custos de adaptação: muitas centrais produtoras precisam investir em infraestrutura para atender às exigências de espaço e enriquecimento ambiental;

Capacitação da mão de obra: o manejo humanizado requer treinamentos constantes, representando desafios logísticos e financeiros;

Equilíbrio entre produtividade e bem-estar: alguns produtores temem que as novas regras impactem a produtividade dos CCPSS, exigindo ajustes para otimizar os processos sem comprometer a viabilidade econômica.

Perspectivas

A implementação efetiva da IN nº 113 pode posicionar o Brasil como referência global em suinocultura sustentável, agregando valor ao produto nacional e melhorando a imagem do setor. Investimentos em infraestrutura adequada, capacitação profissional e inovação tecnológica são fundamentais para garantir a qualidade das doses inseminantes e aprimorar os índices produtivos. No entanto, para que essa transição ocorra de forma bem-sucedida, é essencial um esforço conjunto entre governo, produtores e pesquisadores na busca por soluções que conciliem bem-estar animal, custos operacionais e produtividade.

A adaptação à norma pode representar desafios iniciais, mas os benefícios a longo prazo incluem maior aceitação dos produtos brasileiros no mercado internacional e a consolidação de um modelo de produção mais ético e eficiente. Com investimentos estratégicos e planejamento adequado, a evolução do setor se torna uma realidade cada vez mais próxima.

O acesso à edição digital do jornal Suínos é gratuita. Para ler a versão completa online, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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