Suínos
Reposição e transporte de animais se mostram barreiras mais frágeis da biosseguridade, alerta mestre em sanidade
Palestrante ressaltou que a adoção de medidas de biosseguridade é uma estratégia fundamental para prevenir a disseminação de doenças, que incluem controle de acesso às instalações, quarentena de animais recém-chegados, uso adequado de equipamentos de proteção, além da limpeza e desinfecção dos galpões e de caminhões.

Durante a 2ª edição do Dia do Suinocultor O Presente Rural Frimesa, realizada de forma híbrida no dia 20 de julho, em Marechal Cândido Rondon, PR, o médico-veterinário e mestre em Sanidade Animal, Ricardo Lippke, apresentou um panorama das principais doenças que acometeram os planteis suinícolas no Brasil nos últimos 14 anos e ressaltou a importância da biosseguridade para manter o rebanho livre de agentes patogênicos na atualidade. Para ele, reposição de reprodutores e o transporte de animais devem receber atenção especial, pois se mostram mais frágeis.
Em 2009, um surto de Influenza H1N1 afetou várias granjas brasileiras. De acordo com Lippke, apenas em uma unidade com seis mil matrizes causou um prejuízo estimado em cerca de R$ 400 mil, com o uso de antibióticos, anti-inflamatórios, casos de abortos e mortalidades.
Entre 2010 e 2012 ocorreram em território nacional outros 18 surtos de desinteria suína, causados pela bactéria Brachypira hyodysenteriae. Essa situação levou a um aumento de 500 gramas na conversão alimentar dos animais e gerou um custo médio de R$ 80 por matriz para a erradicação, considerando somente os gastos com medicação. “Para vocês terem uma ideia quando há a necessidade de aumentar a ração em cerca de 50 gramas por animal na fase de terminação isso representa um consumo adicional de aproximadamente 5 kg de ração por suíno, então imaginem os custos elevados que os produtores tiveram durante o surto de desinteria suína pela demanda adicional de 500 gramas na alimentação dos animais”, chamou a atenção Lippke.
De 2013 a 2015 ocorreu um surto de Senecavírus A ocasionando aumento de 15% a 60% de mortalidade na maternidade. E entre 2016 e 2018 foram registrados surtos de Salmonella Cholerasius e Typhimurium.
Mais recentemente, entre 2021 e 2023, houve um surto de Streptococcus suis sorotipo 9, ocasionando alta de mortalidade na maternidade, com taxas variando entre 5% e 30%. “Essa quantidade de surtos que tivemos na última década nos dá um panorama do quanto a sanidade impacta na nossa atividade. Mas o questionamento que fica é o que aprendemos com cada um destes surtos e o que estamos fazendo para não sermos impactados pelo próximo surto”, refletiu o médico-veterinário.
Lippke ressaltou que a adoção de medidas de biosseguridade é uma estratégia fundamental para prevenir a disseminação de doenças, que incluem controle de acesso às instalações, quarentena de animais recém-chegados, uso adequado de equipamentos de proteção, além da limpeza e desinfecção dos galpões e de caminhões. “Na suinocultura enfrentamos desafios sanitários relacionados ao que podemos controlar, ao que influencia e ao que não podemos controlar. É fundamental concentrar nossos esforços no que podemos controlar e, para isso, a biossegurança desempenha um papel crucial para evitar a entrada de doenças nas granjas”, exalta.
Substituição dos animais
Diversos fatores podem trazer enfermidades para dentro da granja, como o fluxo de pessoas, veículos, aerossóis, insetos, sêmen, entrada de novo lote de animais, ração, água e roedores. Conforme Lippke, o produtor precisa focar sua atenção principalmente na substituição dos animais, pois essa é a principal forma de entrada de doenças nas instalações. “Cerca de 70% das quebras de sanidade são pela introdução de reprodutores, uma solução para evitar a entrada de enfermidades é fechar o rebanho com reposição própria. É preciso controlar e monitorar rigorosamente a origem e a saúde dos suínos que ingressam na granja, bem como é importante implementar protocolos de biossegurança bem definidos, que incluem medidas como quarentena, desinfecção de veículos e equipamentos, controle de vetores e pragas, e restrição de acesso de pessoas não autorizadas”, reforçou o mestre em Sanidade Animal.
Lavagem e desinfecção de caminhões
O profissional reforçou atenção para a lavação, desinfecção e controle dos caminhões que transportam os animais, evidenciando que muitas vezes o mesmo transporte que carrega os animais para o frigorífico faz o descarte de leitoas em uma Unidade de Produção de Leitão (UPL). “É preciso entender de uma vez por todas que biossegurança não tem negociação”, afirma Lippke.
O médico-veterinário demonstra preocupação com a contaminação cruzada que pode acontecer durante o transporte dos animais, especialmente em postos de combustíveis, quando os motoristas param para fazer as refeições. “Se uma carga estiver contaminada com alguma doença, essa atitude de estacionar caminhões lado a lado pode acometer os demais animais. Para mudar esse comportamento dos motoristas é fundamental investir no treinamento desses profissionais, pois o transporte é um dos principais fatores de contaminação para os animais”, enfatiza.
Lippke ressalta ainda a importância de contar com um profissional responsável para auditar a lavagem e desinfecção dos caminhões nas unidades de produção, afim de assegurar que sejam realizadas de forma adequada. “Isso é muito importante para evitar a entrada de doenças nas granjas e, mais ainda, que possíveis doenças se espalhem”, pontua.
Barreiras sanitárias
Lippke reforçou ainda a importância dos cuidados de higiene tanto dos funcionários quanto das pessoas autorizadas a ingressar na granja, assim como das barreiras físicas para garantir a prevenção de doenças e a biossegurança adequada. “As normas para entrada na granja devem estar muito claras para os visitantes e funcionários, sendo necessário ter placas informativas que indiquem o que não pode ser feito e o que deve ser seguido. A extensão rural e o treinamento são fatores fundamentais para garantir a sanidade e a biossegurança das granjas”, considerou Lippke.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



