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Remédios agrícolas e humanotóxicos: quanto menos, melhor

Por Sergio Raposo de Medeiros, engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste e membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS)

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Sergio Raposo de Medeiros - Foto e texto: Assessoria da CCAS

Atualmente, todos os debates são muito polarizados e a falta de ponderação interdita que um senso comum mais razoável aflore. A era da informação fartamente disponível, com respostas em milionésimos de segundos, deveria permitir avanços rápidos e facilitar consensos. Todavia, como frequentemente ouvimos, somos uma espécie que opera softwares do século XXI, mas nosso “hardware” cerebral mantém circuitos neuronais dos tempos da caverna.

 

O inimigo a ser combatido

Podemos culpar muito essa arquitetura cerebral da idade da pedra com a dificuldade em aceitar algo diferente do que se acredita ser o “certo” ao buscar informações, buscarmos dar crédito a tudo que nossa cognição identifica como bom e desacreditar o que estiver em desacordo com nossas crenças e convicções, o chamado “viés de confirmação”. Guarde bem esse nome: é o do inimigo a ser combatido.

Mesmo problema – ponto de vista diferente

Corações e mentes abertas a toda e qualquer informação que nos chega, nos ajudam a compreender melhor o todo. É um esforço de empatia, de tentar entender as motivações de pessoas que enxergam o mesmo problema, mas com o ponto de vista diferente do nosso. De início, exige muita energia, pois há desconforto na dissonância, tanto maior quanto for o antagonismo entre as visões sobre determinado assunto.

 

Conciliação de teses

O esforço se paga pois, ou melhoramos nossos argumentos para manter a posição, ou, vencidos pela lógica e exercendo um ato de humildade cada vez mais raro, reconhecemos que aquela nossa posição é insustentável. Nesse caso, o maior prêmio é ter uma nova certeza, mas do lado correto, livrando-se da teimosia de esmurrar pontas de facas. Há, também, sempre a hipótese de conciliação de teses, quando, ponderado todos os pontos da questão, cada polo do debate mostra que parte da questão é mais bem solucionada por ideias de cada parte ou por um “mix” entre elas.

 

Agrotóxicos e humanotóxicos

No caso da agropecuária, um tema que desperta paixões e cujos debates são muito interditados por posições extremas é o do uso de produtos químicos. A briga começa na terminologia, com o uso do termo agrotóxicos pelos detratores contra o termo defensivo agrícola pelas empresas e agropecuaristas. Aqui, remeto-me a primeira vez que ouvi sobre o assunto, ainda criança, com minha avó paterna dizendo que havia comprado remédio para dar às plantas, no caso um inseticida. Aqui, em um país notoriamente hipocondríaco, faria a sugestão de chamar os remédios humanos de humanotóxicos, pois da mesma forma que a defesa do termo agrotóxico ajudaria a reduzir seu uso indevido, assim seria para os nossos remédios do dia a dia.

 

Pontos comuns

Os pontos comuns entre agrotóxicos e humanotóxicos são vários: eles são úteis, devem ser empregados apenas quando estritamente necessários e usados na menor quantidade possível, mas nunca menos, pois subdosagens são até piores do que errar um pouco para mais.

 

Objeto de desejo

No caso das pessoas distantes do campo, ou seja, a maior parte dos brasileiros, parece haver a ideia de que o produtor tem interesse ativo no uso de defensivos, como se eles fossem objeto de desejo, a fim de produzir mais. Na verdade, eles são uma significativa fonte de custo e, por isso, usados com parcimônia, com a intenção de evitar a redução da expectativa de produtividade. Quando bem utilizados, eles têm sim benefício: custo favorável, ou seja, quando a perda evitada foi maior do que o investimento feito em sua compra e aplicação. Mas, se apresentada uma opção viável de controle mais barata que dispense seu uso, o produtor de bom grado aceitará.

 

Efeitos colaterais

Portanto, o interesse entre o ativista e o produtor rural contra o uso de agroquímicos tem uma intersecção bem grande. O que, também, esse ativista não considera é que sua bem-intencionada luta pode gerar também seus efeitos colaterais. Assim, imaginemos que, do dia para noite, seu desejo de uma agricultura livre de produtos químicos fosse magicamente concedido. Muito provavelmente, não demoraria para que a redução de oferta de alimentos, pelas perdas com pragas e doenças não controladas, gerasse uma carestia na alimentação que o convencesse a rever sua posição.

 

Ter a praga como sócia

Com relação aos manejos, já temos casos de sucesso que atendem pela sigla MIP, ou seja, o manejo integrado de pragas. Como o nome diz, o problema é enfrentado usando um conjunto de práticas que reduzam o risco do aparecimento das pragas, incluindo o uso de materiais mais resistentes, práticas de cultivo, seguir à risca determinado calendário de plantio e, a parte mais interessante, que é o monitoramento da presença de pragas e a determinação do nível de dano econômico. Basicamente, o conceito que o embasa poder ser explicado assim: abaixo do prejuízo que ele causa, é melhor ter como “sócia” a própria praga do que a empresa que vende o produto, pois o “preço” da praga ainda estaria menor do que o custo para controlá-la.

Ser seletivo

É comum que o ativista antiveneno imagine que, para compensar a empresa ser sócia, ela deve procurar cada vez produtos mais “fortes” e, portanto, piores ao ambiente, o que o faz ainda mais determinado na sua luta. Todavia, na realidade, ocorre exatamente o contrário, pois cada vez mais os produtos tentam ser seletivos, não apenas para serem menos perigosos no manuseio e a saúde humana, mas porque eles são mais eficientes, ao reduzirem o estrago com o restante da fauna, evitando a morte dos inimigos naturais das pragas.

Isso mostra como é importante a biodiversidade e como as soluções baseadas na natureza devem ganhar espaço. Já faz parte do MIP considerar usar o controle biológico e trata-se de uma solução que tem ganhado cada vez mais espaço, mais uma vez pesando o fato dela estar se tornando mais eficiente e vantajosa do ponto de vista econômico.

 

Maravilhosos aplicativos

Sem esgotar as oportunidades de redução de uso de pesticidas e congêneres, a agropecuária 4.0 e seus maravilhosos aplicativos, sensores e equipamentos estão possibilitando a identificação precoce e muito localizada dos problemas, a atuação de forma extremamente direcionada em contraste com aplicação em área total, com mais informações em tempo real, que permitem a redução de uso e o aumento de eficácia.

 

Solução definitiva?

Em todos os pontos citados, existem grupos de pesquisa trabalhando para novos avanços. Outros grupos, procuram maneiras de produzir alimentos usando alternativas que simulem mais os ambientes naturais, de forma a terem ambientes menos favoráveis ao surgimento de danos de nível econômico. São mais caminhos que se abrem e devem ser aprimorados. Infelizmente, muitas vezes são colocados como a solução definitiva para o abandono do uso de venenos na produção de alimentos, mesmo que sejam dificilmente escaláveis de forma que possam responder por toda a demanda de mais de 7 bilhões de bocas que habitam nosso planeta.

 

Final – ativista ambiental x produtor rural

No quadro 1 está o lado de cada parte e a possibilidade de consenso, tendo num polo o ativista ambiental e, no outro, um produtor rural.

 

Quadro 1. Polos de um ativista ambiental e um produtor rural e a possibilidade de consenso.

O desejo comum de todos é reduzir a necessidade do uso. O melhor caminho é investir em ciência, com melhores práticas de manejo, novos princípios ativos e aplicações cada vez mais cirúrgicas deles no campo.

Fonte: Assessoria da CCAS

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Falta de chuva preocupa; cotações da soja têm novos aumentos

Paridade de exportação indica, ainda, valores maiores para o próximo mês, o que reforça a resistência dos sojicultores em negociar grandes quantidades no curto prazo. 

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Foto: Geraldo Bubniak

A falta de chuva nas principais regiões produtoras de soja no Brasil vem deixando agentes em alerta, visto que esse cenário pode atrasar o início da semeadura na temporada 2024/25.

Segundo pesquisas do Cepea, nesse cenário, vendedores restringem o volume ofertado no spot nacional, ao passo que consumidores domésticos e internacionais disputam a aquisição de novos lotes.

Com a demanda superando a oferta, os prêmios de exportação e os preços domésticos seguem em alta, também conforme levantamentos do Cepea.

A paridade de exportação indica, ainda, valores maiores para o próximo mês, o que reforça a resistência dos sojicultores em negociar grandes quantidades no curto prazo.

Fonte: Assessoria Cepea
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Exportação de ovos cai 42% em um ano e processados têm menor participação desde dezembro de 2022

De acordo com dados da Secex, o Brasil exportou 1,239 mil toneladas de ovos in natura e processados em agosto, quantidade 4,7% menor que a de julho e 42% inferior à de agosto de 2023. 

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Foto: Rodrigo Félix Leal

As exportações brasileiras de ovos comerciais recuaram pelo segundo mês consecutivo, refletindo a diminuição nos embarques de produtos processados, como ovalbumina e ovos secos/cozidos.

De acordo com dados da Secex, compilados e analisados pelo Cepea, o Brasil exportou 1,239 mil toneladas de ovos in natura e processados em agosto, quantidade 4,7% menor que a de julho e 42% inferior à de agosto de 2023.

Das vendas externas registradas no último mês, apenas 24,6% (o equivalente a 305 toneladas) corresponderam a produtos processados, a menor participação dessa categoria desde dezembro de 2022, também conforme a Secex.

Fonte: Assessoria Cepea
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Preços do milho seguem em alta no Brasil

Atentos às recentes valorizações externa e interna e preocupados com o clima nas principais regiões produtoras da safra de verão do Brasil, vendedores vêm limitando o volume ofertado.

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Foto: Gilson Abreu

Levantamentos do Cepea mostram que os preços do milho seguem em alta no mercado doméstico.

Segundo pesquisadores deste Centro, atentos às recentes valorizações externa e interna e preocupados com o clima nas principais regiões produtoras da safra de verão do Brasil, vendedores vêm limitando o volume ofertado.

Do lado da demanda, pesquisadores do Cepea explicam que a procura internacional pelo milho brasileiro tem se aquecido, sustentada pela maior paridade de exportação.

Compradores internos também têm retomado as negociações, seja para recompor estoques e/ou por temerem novas valorizações nos próximos dias.

Quanto aos embarques, em agosto, somaram 6,06 milhões de toneladas do cereal, praticamente o dobro das 3,55 milhões escoadas em julho, mas ainda 35% inferiores aos de agosto de 2023, conforme dados Secex.

Fonte: Assessoria Cepea
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