Avicultura Nutrição
Relevância do plasma spray dried para a avicultura moderna
Quando disponíveis para o animal, esses compostos funcionais contribuem com funções biológicas
Artigo escrito por Gonzalez-Esquerra, R.1, J. Campbell1, L. Rangel2 e J. Polo3. APC Inc., USA1, APC Inc., Brasil2, APC – Europa3
O objetivo do presente trabalho é descrever o que é o Plasma Spray-Dried (SDP), revisar seus benefícios na produção e saúde quando fornecido na dieta de aves, relatar novas informações sobre o uso desse ingrediente em frangos de corte e discutir sua potencial relevância na produção avícola moderna, tendo em vista seu mecanismo de ação.
O SDP é rico em proteínas funcionais obtidas a partir do sangue de animais saudáveis, coletado durante o processamento de animais destinados ao consumo humano. O método de produção envolve a separação das células vermelhas do plasma, secagem em altas temperaturas, resultando em um ingrediente homogêneo e inócuo, que tem sido usado na nutrição animal como um ingrediente funcional desde a década de 1980. O SDP contém uma mistura complexa de proteínas, como albumina, globulinas, transferrina, fatores de crescimento, peptídeos bioativos e outros componentes nutricionais.
Quando disponíveis para o animal, esses compostos funcionais contribuem com funções biológicas, como as relacionadas ao crescimento, reparo tecidual, mecanismos de defesa e reprodução. O fornecimento do SDP para animais clinicamente saudáveis pode promover o seu crescimento e melhorar a eficiência alimentar. Quando fornecido para animais sob desafios patogênicos, o SDP reduziu a incidência e / ou a gravidade dos desafios virais, bacterianos e de protozoários nos sistemas digestivo e respiratório. Portanto, os benefícios observados em animais alimentados com SDP têm sido frequentemente relacionados aos seus efeitos que suportam uma resposta imune eficiente.
É provável que o modo de ação do SDP em animais tenha mais de uma rota. Ainda assim, seus efeitos sobre o sistema imune têm sido considerados os mais relevantes e, portanto, os mais estudados. Micro-organismos, metabólitos bacterianos, toxinas e fatores antinutricionais presentes no intestino ativam a resposta imune mediada pelo tecido linfoide associado ao intestino (GALT), alterando algumas funções intestinais, como a permeabilidade do intestino e a absorção de nutrientes. Como o GALT faz parte do Tecido Linfoide Associado à Mucosa (MALT), sua ativação produz um estado inflamatório sistêmico que está presente em animais saudáveis e é exacerbado em animais desafiados por patógenos ou fatores ambientais, como o estresse. Essas respostas são mediadas por citocinas no organismo. Em termos gerais, a alimentação com SDP aumenta os níveis de citocinas anti-inflamatórias, como a IL-10, e reduz os principais fatores pró-inflamatórios, como TNF-α, IL-6 e IFN-γ. Em geral, essas alterações resultam na melhoria dos efeitos deletérios da ativação imunológica de forma local e sistêmica e reduzem a exigência de nutrientes para manutenção. A ativação imune requer quantidades significativas de nutrientes, por isso, os nutrientes são desviados do suporte ao crescimento ou outras funções produtivas. Quando os animais são alimentados com SDP, a duração da ativação imunológica é menor, portanto, mais nutrientes são usados para apoiar funções produtivas, como o crescimento. Devido às suas propriedades funcionais como ingrediente alimentar, em 2008, a Sociedade Americana de Ciência Animal identificou o SDP como uma das 10 descobertas mais importantes em nutrição suína nos últimos 100 anos.
Desempenho melhor
Dietas com SDP em aves reduzem o impacto negativo das doenças digestivas e respiratórias. Frangos com enterite necrótica ou Salmonella apresentaram melhor desempenho e menor mortalidade quando alimentados com SDP. Perus desafiados com Pasteurella multocida também exibiram mortalidade significativamente menor com SDP na dieta. Trabalhos recentes mostraram uma redução significativa na mortalidade em uma operação comercial de frango de corte com histórico de hepatite por corpúsculo de inclusão (IBH). Aves apresentaram uma melhora significativa no desempenho, com uma redução na mortalidade de aves que sofreram um sério desafio de saúde quando Escherichia coli e Staphylococcus spp foram isolados, possivelmente desempenhando um papel como agentes secundários. Melhorias no desempenho também são observadas em galinhas clinicamente saudáveis vacinadas ou não contra coccidiose. Na maioria dos ensaios aqui citados utilizou-se o SDP em frangos de corte na dieta pré-inicial e seus efeitos foram observados na saúde e desempenho geral até o abate.
Vários estudos mostraram que animais alimentados com dietas com antibióticos promotores de crescimento exibem melhorias adicionais de desempenho quando associados ao SDP demonstrando um efeito aditivo e complementar aos antimicrobianos, conforme concluído por pesquisadores. A experiência da indústria suína tem sido valiosa para apoiar essa afirmação uma vez que o SDP vem sendo fornecido conjuntamente com essas moléculas, e outros aditivos com propriedades anti-bacterianas, tais como ácidos orgânicos, durante décadas. Um experimento recente em frangos de corte conduzidos na Texas A & M sugere um efeito similar em aves domésticas. Nesse trabalho, as aves melhoraram o desempenho quando alimentadas com bacitracina ou SDP quando comparados com dieta controle sem essas substâncias. Ainda assim, o melhor desempenho foi obtido quando foram fornecidos o plasma e a bacitracina em conjunto, sugerindo um efeito sinérgico.
Estudo
Dietas de frangos de corte com plasma também foram benéficas quando fatores de estresse estão presentes em ambientes de produção, como, por exemplo, densidade de alojamento. Campbell et al., (2012) observaram melhora no desempenho e redução da mortalidade ao alojar 14 aves (machos) por m2. Nesse estudo, o plasma na dieta aumentou a quantidade de quilos de frango vivo produzido de 35,2 (controle) para 38,2 kg/ m2 (frangos alimentados com SDP). Esses resultados estão de acordo com os achados de Gonzalez Esquerra et al., (2019b) em que as aves (machos) pesaram 32,2 no grupo controle vs 37,5 kg de ave viva/ m2 com plasma na dieta.
Em conjunto, as observações anteriores sugerem que fornecer o SDP nas dietas pode melhorar o desempenho, amenizar os efeitos negativos dos fatores de estresse, como a densidade de alojamento, e reduzir os efeitos negativos de doenças em aves comerciais. Além disso, o plasma pode ser usado como parte de uma estratégia para substituir os antimicrobianos promotores de crescimento, diminuir seu uso ou como uma ferramenta para complementar os programas convencionais com essas moléculas.
Outras notícias você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2019 ou online.
Avicultura
Relatório traz avanços e retrocessos de empresas latino-americanas sobre políticas de galinhas livres de gaiolas
Iniciativa da ONG Mercy For Animals, a 4ª edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais identifica compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes companhias, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de aves na cadeia de ovos.
O bem-estar de galinhas poedeiras é gravemente comprometido pelo confinamento em gaiolas. Geralmente criadas em espaços minúsculos, entre 430 e 450 cm², essas aves são privadas de comportamentos naturais essenciais, como construir ninhos, procurar alimento e tomar banhos de areia, o que resulta em um intenso sofrimento.
Estudos, como o Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA) da ONG internacional Mercy For Animals (MFA), comprovam que esse tipo de confinamento provoca dores físicas e psicológicas às galinhas, causando problemas de saúde como distúrbios metabólicos, ósseos e articulares, e o enfraquecimento do sistema imunológico das aves, entre outros problemas.
Para a MFA, a adoção de sistemas de produção sem gaiolas, além de promover o bem-estar animal, contribui para a segurança alimentar, reduzindo os riscos de contaminação e a propagação de doenças, principalmente em regiões como a América Latina, o que inclui o Brasil.
Focada nesse processo, a Mercy For Animals acaba de lançar a quarta edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA 2024), um instrumento essencial para analisar e avaliar o progresso das empresas latino-americanas em relação ao comprometimento com políticas de bem-estar animal em suas cadeias produtivas.
O relatório considera o compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes empresas, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de galinhas em gaiolas em suas cadeias de fornecimento de ovos.
Destaques
A pesquisa se concentrou na análise de relatórios públicos de companhias de diversos setores com operações em territórios latino-americanos, da indústria alimentícia e varejo aos serviços de alimentação e hospitalidade. Elas foram selecionadas conforme o tamanho e influência em suas respectivas regiões de atuação, bem como a capacidade de se adaptarem à crescente demanda dos consumidores por práticas mais sustentáveis, que reduzam o sofrimento animal em grande escala.
O MICA 2024 aponta que as empresas Barilla, BRF, Costco e JBS, com atuação no Brasil, se mantiveram na dianteira por reportarem, publicamente, o alcance de uma cadeia de fornecimento latino-americana 100% livre de gaiolas. Outras – como Accor, Arcos Dourados e GPA – registraram um progresso moderado (36% a 65% dos ovos em suas operações vêm de aves não confinadas) ou algum progresso, a exemplo da Kraft-Heinz, Sodexo e Unilever, em que 11% a 35% dos ovos provêm de aves livres.
De acordo com a MFA, apesar de assumirem um compromisso público, algumas empresas não relataram, oficialmente, nenhum progresso – como a Best Western e BFFC. Entre as empresas que ainda não assumiram um compromisso público estão a Assaí e a Latam Airlines.
“As empresas que ocupam os primeiros lugares do ranking demonstram um forte compromisso e um progresso significativo na eliminação do confinamento em gaiolas. À medida que as regulamentações se tornam mais rigorosas, essas empresas estarão mais bem preparadas para cumprir as leis e evitar penalidades”, analisa Vanessa Garbini, vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da Mercy For Animals.
Por outro lado, continua a executiva, “as empresas que não demonstraram compromisso com o bem-estar animal e não assumiram um posicionamento público sobre a eliminação dos sistemas de gaiolas, colocam em risco sua reputação e enfraquecem a confiança dos consumidores”.
“É fundamental que essas empresas compreendam a urgência de aderir ao movimento global sem gaiolas para reduzir o sofrimento animal”, alerta Vanessa Garbini.
Metodologia
A metodologia do MICA inclui o contato proativo com as empresas para oferecer apoio e transparência no processo de avaliação, a partir de uma análise baseada em informações públicas disponíveis, incluindo relatórios anuais e de sustentabilidade.
Os critérios de avaliação foram ajustados à medida que o mundo se aproxima do prazo de “2025 sem gaiolas”, estabelecido por muitas empresas na América Latina e em todo o planeta. “A transição para sistemas livres de gaiolas não é apenas uma questão ética, mas um movimento estratégico para os negócios. Com a crescente preocupação com o bem-estar animal, empresas que adotam práticas sem gaiolas ganham vantagem competitiva e a confiança do consumidor. A América Latina tem a oportunidade de liderar essa transformação e construir um futuro mais justo e sustentável”, avalia Vanessa Garbini.
Para conferir o relatório completo do MICA, acesse aqui.
Para saber mais sobre a importância de promover a eliminação dos sistemas de gaiolas, assista ao vídeo no Instagram, que detalha como funciona essa prática.
Assine também a petição e ajude a acabar com as gaiolas, clicando aqui.
Avicultura
Sustentabilidade em foco na Conbrasfran 2024
Evento acontece de 25 a 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
A importância de uma produção mais sustentável foi a lição mais importante que este ano deixou aponta o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos. “A natureza nos lembrou que é soberana e da necessidade de nos reciclarmos cada vez mais do que fizemos no passado. Eu digo a humanidade como um todo. As práticas sustentáveis que tanto se fala e que vamos discutir na Conbrasfran, essas práticas que estamos implementando agora é para amenizar o que vem pela frente, já que estamos enfrentando agora as consequências do que foi feito no passado”.
Então, para ele, a lição é a necessidade de insistirmos no tema da sustentabilidade ambiental e social, insistir na educação, na orientação e na disciplina ambiental com o objetivo de mitigar os efeitos climáticos no futuro. “Os efeitos podem ser vistos no mundo todo. Aumento dos dias de calor extremo, chuvas recordes no Brasil, na Espanha e outros países, além das queimadas em várias regiões do mundo também”.
A Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha, vai reunir empresários, indústrias, produtores e lideranças de todo o país para discutir todas as áreas estratégicas. “Vamos falar sobre sanidade avícola, um simpósio tradicional da Asgav será absorvido pela programação da Conbrasfran 2024. Vamos debater qualidade industrial, que trata questões de inspeção, controle, autocontrole e processo produtivo, entre outros temas. Teremos também um seminário sobre segurança do trabalho com uma abordagem do ambiente laboral dos colaboradores e da proteção deles em um quadro em que surgem novos desafios na medida em que aumentamos a produção”, pontuou.
Um dos destaques do evento será o 1º Seminário de Sustentabilidade Ambiental e Adequação Global. “Também teremos discussões sobre a área comercial, que impulsiona a nossa economia e é responsável por levar o nosso produto até a mesa do consumidor brasileiro e de mais de 150 países”, salientou Santos. Ele destaca ainda os debates sobre questões jurídicas e tributárias. “São temas que permeiam o nosso dia a dia e estamos diante de uma reforma tributária, que também será abordada”, afirmou mencionando o Agrologs, que vai falar sobre logística, outro desafio para a cadeia produtiva. “O Brasil precisa avançar em ferrovias, hidrovias é uma necessidade para garantir sustentáculos de competitividade”. “É um evento que vai trazer temas estratégicos”, encerrou.
Os interessados podem se inscrever através do site do evento. E a programação completa da Conbrasfran 2024 também está disponível clicando aqui.
Avicultura
Conbrasfran 2024 ressalta superação e resiliência da avicultura gaúcha em meio a desafios históricos
Evento será realizado entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
Se desafio é uma palavra que faz parte do dia a dia da avicultura, este ano levou o seu significado a um novo patamar, especialmente falando do Rio Grande do Sul. O estado enfrentou enchentes e depois um caso isolado de Doença de Newcastle. “Tudo isso nos abalou sim. Redirecionamos toda a atenção e os nossos esforços para ser o elo de ligação do setor com o poder público, com a imprensa e a atender as demandas dos setores. A organização do evento já estava em curso quando tivemos 45 dias de interdição do prédio onde fica a nossa sede, localizado à beira do rio Guaíba. Tivemos enchente. Para se ter uma ideia, a água chegou até 1,80 metro do 1º andar e não pudemos entrar por conta da falta de luz, de água e outra série de dificuldades”, ressaltou o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos.
Ainda assim, estes entraves não foram suficientes para desistir da realização da Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha. “Não houve um único questionamento sequer por parte de associados e dirigentes, o que demonstra que o setor está convencido da importância deste encontro e das discussões que ele vai trazer. Serão vários temas, técnicos, conjunturais, temas estratégicos, de planejamento e de superação de desafios, entre outros. E tudo isso fez com que o setor mantivesse acesa a chama para realizar este evento”, destacou Santos.
De acordo com ele, diante dos desafios, as atividades da organização da Conbrasfran 2024 foram acumuladas com o trabalho da linha de frente para atender as demandas cruciais que chegaram, além da interação com órgãos oficiais, imprensa e parceiros estratégicos, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “E mesmo assim, continuamos com a manutenção e organização do evento. E isso nos sobrecarregou sim. Temos uma equipe enxuta, mas que trabalhou bravamente, com máximo empenho, naqueles dias”.
Santos destaca que os esforços levaram a realização de um evento muito especial, que teve a colaboração de grande parte empresários e técnicos do setor. “São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente, que sabem que apesar das dificuldades, continuamos um estado atrativo, com indústrias e produtores de pequeno, médio e grande portes que continuam produzindo por acreditar no empreendedorismo, na pujança na mão-de-obra, na gestão”, disse o executivo lembrando que apesar dos desafios, o estado conseguiu valorizar a produção, manter empresas e ainda está recebendo novos empreendimentos.
Superação
A superação das dificuldades trazidas pelo ano exigiu muito trabalho, organização e confiança. “Precisamos valorizar a confiança daqueles que são nossos associados e dirigentes. A confiança que recebi deles e da minha equipe como dirigente executivo foi importante. Também vale mencionar as estratégias e ações que colocamos em prática para atender todas as demandas que nos chegaram. Sempre buscamos a melhor forma de atender e ajudar os associados”.
E foi também de maneira virtual que estes desafios foram enfrentados. “Interagimos muitas vezes através de plataforma virtual com os serviços oficiais , seguimos em conjunto e dentro das diretrizes da ABPA e tivemos o apoio incondicional da nossa Federação. Com uma soma de esforços, com a confiança de dirigentes que depositam confiança em nosso trabalho, conseguimos ir para a linha de frente e atender as diferentes demandas do setor e da imprensa”, contou Santos que agiu com firmeza em seus posicionamentos e conseguiu liderar o setor na retomada até chegarmos neste momento.
Os interessados podem se inscrever e conferir a programação completa da Conbrasfran 2024 clicando aqui. Outras informaçõe podem ser obtidas pelo e-mail conbrasfran@asgav.com.br, através do telefone (51) 3228-8844, do WhatsApp (51) 98600-9684 ou pelo Instagram do encontro.