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Relatórios Integrados de Marfrig e BRF destacam avanços na agenda ESG
Documentos reúnem as principais iniciativas, conquistas e desafios do último ano, refletindo a jornada criação de valor e os avanços na Plataforma de Sustentabilidade compartilhada por ambas as companhias.

Marfrig e BRF, duas das maiores companhias de alimentos do mundo, lançam seus respectivos Relatórios Integrados referente ao ano de 2024. Os documentos consolidam os principais indicadores, estratégias e iniciativas conduzidas ao longo do último ano. Com foco em governança, sustentabilidade e geração de valor, os relatórios reforçam o compromisso das companhias com a transparência e a responsabilidade corporativa diante de um setor em constante transformação.
Destaques de BRF
A dona de marcas como Sadia, Perdigão e Qualy alcançou o melhor lucro líquido de sua história em 2024: R$ 3,7 bilhões. O programa BRF+ 2.0 gerou R$ 1,5 bilhão em ganhos de eficiência, e a alavancagem caiu de 2,01x para 0,79x, demonstrando solidez na gestão financeira. A expansão internacional também foi destaque, com 84 novas habilitações para exportação e aquisições estratégicas — entre elas, 26% da Addoha Poultry Company, na Arábia Saudita, e uma fábrica de processados na província de Henan, na China.
Na agenda ESG, a BRF se consolidou como a primeira empresa do setor de alimentos no Brasil a ter metas climáticas Flag aprovadas pela Science Based Targets initiative (SBTi). A companhia já monitora 100% dos fornecedores diretos e indiretos de grãos nos biomas brasileiros, tem 100% de suas unidades de abate certificadas em bem-estar animal, utiliza 53% de energia elétrica proveniente de fontes renováveis e conta com 93% de embalagens recicláveis, reutilizáveis ou biodegradáveis.
Também conquistou nota de liderança na lista do CDP, elevando a classificação das categorias Segurança Hídrica e Florestas. A Companhia conquistou a nota A- em ambos os eixos e manteve a nota B em Mudanças Climáticas, reafirmando seu compromisso contínuo com a agenda climática. A BRF é a companhia com melhor desempenho entre os produtores de frango e a segunda colocada entre os produtores de carne suína no Coller Fairr Protein Producer Index, da Fairr Initiative.
Em impacto social, a BRF realizou mais de 600 ações de voluntariado em nove estados e arrecadou, junto de Marfrig, R$ 6 milhões em apoio às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. O Instituto BRF também lançou o Desafio Perda Zero, com o objetivo de reduzir o desperdício de alimentos em comunidades onde conta com unidades produtivas.
O desempenho das marcas da companhia reafirma seu prestígio entre os consumidores brasileiros. Sadia e Qualy estiveram entre as mais lembradas no Top of Mind 2024. Sadia foi eleita a marca de alimentos mais valiosa do país pelo BrandZ e junto com Perdigão conquistaram o 1º e 2º lugar, respectivamente, no ranking LoveBrands e no Prêmio Reclame Aqui. Qualy, por sua vez, manteve-se como a margarina mais vendida do Brasil.
Em gestão de pessoas, a BRF investiu fortemente em capacitação, com mais de 900 mil cursos concluídos por meio da Academia Digital BRF e 2,7 mil líderes formados. A empresa também conta com nove mil imigrantes em suas operações, consolidando-se como uma das maiores empregadoras de estrangeiros do país. Em diversidade, 53% dos colaboradores se declaram pretos ou pardos, sendo 27,5% em cargos de liderança. Mais de duas mil bolsas de estudo foram concedidas para graduação, pós-graduação e idiomas.
Destaques de Marfrig
A Marfrig também apresenta resultados expressivos em 2024. A empresa fechou o ano com R$ 144,2 bilhões em receita líquida, um crescimento de 14% em relação a 2023. O EBITDA foi de R$ 13,6 bilhões, com margem de 9,5%. Com 35 novas habilitações na América do Sul, a companhia reforçou sua presença internacional em mercados como Estados Unidos, China e Israel. A Marfrig segue como líder mundial na produção de hambúrgueres e ocupa a segunda posição global na produção de carne bovina.
No campo da sustentabilidade, a empresa avançou no controle de fornecedores, com 100% de monitoramento dos diretos e 88,8% dos indiretos na Amazônia — índice que atinge 79,6% no Cerrado. A meta é alcançar 100% até 2025. Desde 2021, o Programa Verde+ já promoveu a reintegração de mais de 4.194 fazendas à cadeia produtiva. A companhia também reduziu em 13% o consumo de água em relação ao ano-base de 2020 e já conta com 23% de energia elétrica de fontes renováveis. Todas as unidades de abate já são auditadas segundo o protocolo Nami de bem-estar animal.
A Marfrig é a única nas Américas e a única do setor de alimentos no mundo a integrar o seleto grupo de oito companhias que receberam a classificação Triplo A do CDP — a maior pontuação possível nas categorias Mudanças Climáticas, Segurança Hídrica e Florestas. A lista completa tem 22.400 empresas, o que torna essa conquista ainda mais significativa. É também a única empresa de proteína bovina classificada como de baixo risco em sustentabilidade, entre as 60 avaliadas globalmente no setor de proteína animal no Coller Fairr Protein Producer Index, da Fairr Initiative.
Além do apoio às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, a atuação social da Marfrig inclui doações regulares de proteína animal a instituições como o Hospital do Amor de Barretos e a Casa Hope.
No campo das marcas, a companhia anunciou a integração estratégica entre Sadia e Bassi, com a primeira passando a endossar a linha de hambúrgueres da marca de carnes nobres. A linha de processados bovinos da Perdigão ganhou o nome de Perdigão Montana. A Sadia também foi escolhida como principal aposta para a expansão do portfólio internacional de bovinos.
A gestão de pessoas também foi fortalecida, com mais de 67 mil horas de treinamentos realizados e mais de 16 mil colaboradores capacitados em saúde e segurança, totalizando 180 mil horas. Na América do Sul, a empresa conseguiu reduzir em 22% os indicadores de acidentes de trabalho.
“Com os Relatórios Integrados 2024, Marfrig e BRF não apenas prestam contas ao mercado, mas reiteram suas estratégias de longo prazo, reforçando o papel de suas operações na construção de uma cadeia de alimentos mais eficiente, sustentável e comprometida com o impacto positivo”, conclui Paulo Pianez, diretor global de sustentabilidade de ambas as empresas.
Confira aqui os relatórios integrados.

Colunistas
Edição gênica já redesenha a agricultura mundial; O Brasil está pronto para acompanhar?
Com CRISPR acelerando inovações no campo, país ainda patina na criação de tecnologias próprias e depende de patentes externas.

A edição gênica está redesenhando as fronteiras da agricultura mundial. Em um cenário em que a segurança alimentar, a sustentabilidade e a produtividade são desafios globais, ferramentas como o CRISPR oferecem uma vantagem para aprimorar plantas, tornando-as mais resistentes a pragas, ao clima e até mais nutritivas. E, embora muitas vezes seja apresentada como um tema restrito a laboratórios ou grandes empresas do agronegócio, essas tecnologias têm impacto direto na vida de todos nós. Ao permitir o desenvolvimento de alimentos mais nutritivos e produzidos com menor uso de insumos químicos, a edição gênica pode baratear custos de produção e fortalecer a segurança alimentar.
Editar geneticamente uma planta pode consistir na remoção, adição ou substituição de nucleotídeos, sem necessariamente introduzir um material genético exógeno na planta. Assim, enquanto a transgenia pressupõe a incorporação de genes externos para expressar novas características, a edição gênica pode tanto adicionar quanto refinar funções já existentes no genoma. Desse modo, a edição gênica é também considerada uma forma de mutagênese, porém direcionada e previsível, ao contrário da mutagênese convencional, que é caracterizada por alterações aleatórias ao longo do DNA.

Foto: Freepik
Entre as principais tecnologias destacam-se ZFN, TALEN, meganucleases e CRISPR. Esta última, CRISPR, tem ampla adoção em diversos setores, especialmente na agricultura, devido à sua precisão, eficiência e menor custo operacional, tornando as modificações genéticas mais acessíveis e eficazes nas culturas agrícolas.
Entretanto, a proteção de inovações nessa área enfrenta desafios de patenteabilidade. No cenário de proteção patentária no Brasil, as plantas não são consideradas invenções, e mesmo quando geneticamente editadas ou transgênicas, não são passíveis de proteção patentária, de acordo com as proibições dos Artigos 10 e 18 da Lei de Propriedade Industrial nº 9.279 de 1996 (LPI). Ademais, é importante ressaltar que processos biológicos naturais, como aqueles resultantes de mutagênese aleatória ou reprodução por cruzamento, também não são considerados invenções, por ocorrerem de forma espontânea na natureza. Dessa forma, para que um processo ou método seja considerado invenção, é necessário que seja demonstrada uma intervenção técnica humana essencial ao resultado obtido.
Consequentemente, no Brasil, as plantas e variedades vegetais são protegidas pelo Sistema de Proteção de Cultivares, enquanto moléculas de DNA, eventos transgênicos, metabólitos secundários e métodos para obtenção de plantas modificadas (incluindo aqueles baseados em edição gênica) podem ser objeto de proteção patentária, desde que atendam aos requisitos básicos de patenteabilidade, a saber: novidade, atividade inventiva e aplicação industrial.
Segundo um estudo realizado pelo INPI e Embrapa (Radar Tecnológico sobre o mapeamento de patentes associadas a tecnologias CRISPR e suas aplicações na agricultura e pecuária), a China e os Estados Unidos disputam a liderança mundial de depósitos pedidos de patentes, respondendo juntos por cerca de 84% das famílias de pedidos de patentes. O estudo também evidenciou que as principais modificações têm como finalidade o desenvolvimento de plantas mais resistentes a estresses bióticos e abióticos, resistência a herbicidas e melhoria nutricional e destacou que entre as culturas mais modificadas encontram-se: arroz (principalmente por instituições chinesas), milho, soja, trigo, algodão, cana-de-açúcar, café e eucalipto.
E o Brasil? O dito estudo indicou ainda que o Brasil é o 9º país que mais recebe depósitos de pedidos de patentes relacionadas a CRISPR na agricultura, mas aparece apenas como 28º desenvolvedor, revelando que o país atua majoritariamente como usuário e aplicador tecnológico estratégico, mas ainda não atua como gerador primário de inovação.
Atualmente, não existe qualquer Normativa do INPI que estabeleça critérios específicos para a análise de pedidos de patente envolvendo edição gênica no Brasil. O Radar Tecnológico citado é, até o momento, o único documento emitido pelo INPI sobre o tema, possuindo caráter meramente informativo. Portanto, ficam evidentes a importância e o crescimento das invenções relacionadas às tecnologias de edição gênica no setor agro. Contudo, é crucial esclarecer como essas invenções são analisadas para fomentar o crescimento e a competitividade do agronegócio brasileiro no cenário internacional.
Colunistas
O concorrente aparece mais do que você?
Você leu o título deste artigo e respondeu “sim”? Então, continue até o final.

É muito comum os profissionais de marketing de agronegócio ouvirem a frase “Nosso concorrente está em evidência, precisamos fazer algo”, e também se depararem com essa pergunta: “Por que nossas ações não têm o mesmo efeito do que as ações dos concorrentes?”.
Embora essas situações pareçam complexas, elas são mais simples do que se imagina, pois toda a questão está centrada no que o concorrente faz. Sendo assim, um rápido diagnóstico de marketing e comunicação, analisando as ações executadas, pode trazer muitos elementos interessantes. Um dos principais é que, provavelmente, o seu concorrente tenha contratado uma assessoria de imprensa, o que contribui para que ele apareça de forma mais sólida nos veículos de comunicação.

Artigo escrito por Rodrigo Capella, palestrante e diretor geral da Ação Estratégica – Comunicação e Marketing no Agronegócio.
Essa visibilidade, bem planejada e executada, cria uma evidência significativa, a ponto de despertar a atenção dos concorrentes, de impactar possíveis clientes e de contribuir para a geração de novos negócios.
Para aproveitar as oportunidades de forma eficaz, uma assessoria de imprensa precisa orientar sempre o seu cliente. Na Ação Estratégica – Comunicação e Marketing no Agronegócio, elaboramos um manual para ajudar os clientes. Compartilho a seguir algumas dicas:
Dica 01: Conheça as características da mídia
Leia matérias, analise a abordagem e esteja preparado.
Dica 02: Estude previamente o assunto
Atualize-se, buscando pesquisas, informações diversas e elementos novos.
Dica 03: Anote números e informações que você precisa destacar
Não tenha medo de fazer anotações. Elas vão te ajudar no decorrer da entrevista.
Dica 04: Certifique-se que você entendeu a pergunta do jornalista
Caso não tenha entendido, peça para o jornalista repetir.
Dica 05: Evite utilizar expressões técnicas
Se usar uma expressão técnica, explique.
Essas dicas vão ajudar você a ampliar a evidência. Mas, lembre-se: a ajuda de uma assessoria de imprensa faz toda a diferença.
Notícias
O agro virou digital e os hackers descobriram um novo campo fértil
Com ataques milionários e infraestrutura vulnerável, o setor corre para fortalecer a segurança antes que falhas paralisem cadeias inteiras.

O setor agropecuário já deixou de ser “analógico” faz tempo, e a sua digitalização trouxe ganhos enormes em eficiência e produtividade com tratores conectados, sensores em lavouras, sistemas de irrigação automatizados, armazenamento inteligente e logística integrada. Porém, esse progresso também aumenta a exposição das fazendas, agroindústrias e cooperativas a ataques cibernéticos, que estão cada vez mais sofisticados.
Segundo dados da Kaspersky, entre junho de 2023 e julho de 2024 foram bloqueados mais de 725 milhões de ataques de malware no Brasil, o equivalente a 1,9 milhão por dia e cerca de 2 mil por minuto. O setor de agricultura/florestal é o terceiro mais visado (16,93%), atrás somente de indústria (20,11%) e governo (18,06%).
Outros dados do relatório “Food & Ag Sector Cyber Threat” do Food & Ag-ISAC mostram um aumento expressivo em incidentes envolvendo ransomware, comprometimento de e-mails corporativos e invasões que afetam operações industriais do agro. Como resultado desses ataques, há perdas diretas nas safras, atrasos na cadeia de suprimentos e danos reputacionais de alto impacto.
É importante entender que boa parte desse risco decorre da infraestrutura operacional comumente encontrada no segmento. Os equipamentos, em sua maioria, operam com firmware desatualizado ou com protocolos não seguros, que ficam diretamente ligados a redes que às vezes também carregam tráfego de TI menos seguro. Esse cenário torna esse setor particularmente vulnerável, visto que em áreas como financeiro ou saúde há em geral mais maturidade no isolamento dos dados, políticas regulatórias mais fortes e padrões técnicos consolidados.
Isso ocorre principalmente porque no agronegócio pequenas propriedades ou cooperativas em regiões remotas sofrem com escassez de recursos, menor monitoramento regulatório e ausência de políticas formais de segurança. Além disso, a estrutura fragmentada, que envolve fornecedores de implementos, integradores de softwares agrícolas, transportadoras refrigeradas, armazéns, cooperativas e produtores, aumenta sua vulnerabilidade. Há ainda contratos que não exigem cláusulas mínimas de segurança, falta de visibilidade sobre todos os ativos (especialmente dispositivos IoT e sensores) e ausência de inventário de firmware ou versões de software. E, sem saber exatamente o que há em campo, é praticamente impossível remediar vulnerabilidades e reagir rapidamente quando algo dá errado.
Portanto, os fundamentos básicos de cibersegurança devem ser tratados como algo inegociável. Para isso, o setor precisa investir em práticas que diminuam os riscos mais comuns, como atualizações constantes de software e firmware, patches regulares, autenticação multifator para todas as contas administrativas, uso de senhas fortes e gerenciamento de acesso. Mas não basta prevenir, visto que a preparação e capacidade de resposta determinam quão danoso será um incidente.

Foto: Ilutrativa/Shutterstock
Ou seja, é importante ter um plano de resposta a incidentes específico para cenários agrícolas, como falha de refrigeração de silos, perda de leitura de sensores de umidade ou interrupção no transporte refrigerado. Outras estratégias que ajudam a detectar pontos cegos e estabelecer protocolos de contingência são realizar treinamentos práticos e simular ataques envolvendo todos os elos da cadeia (produtores, transportadores, cooperativas). Ainda que muitas empresas que sofrem ataques prefiram se manter em silêncio, também é fundamental compartilhar informação sobre ameaças, pois essa troca das táticas, técnicas e procedimentos entre membros do ecossistema acelera a detecção de ataques que estão sendo planejados e reduz danos.
Vale lembrar que o setor não cresce e muito menos se fortalece isoladamente, e a vulnerabilidade de um pequeno fornecedor pode comprometer toda a cadeia produtiva. É preciso que as instituições públicas, associações de produtores e cooperativas, seguradoras e empresas de tecnologia atuem juntas para incentivar normas, oferecer capacitação e promover modelos de cooperação que elevem a segurança para todos.



