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Relatório aponta que Brasil tem potencial para capturar quase 200 milhões de toneladas de CO2 ao ano
Número representa cerca de 12% do total de emissões de gás carbônico anuais no Brasil; projetos de Captura e Armazenamento de Carbono estão ligados principalmente à indústria e ao setor de energia.
Um estudo inédito aponta que o Brasil possui um potencial de captura de CO2 que pode chegar a quase 200 milhões de toneladas por ano, o que representa um total cerca de 12% do total de emissões de carbono no Brasil anualmente. “Se o país conseguir de fato colocar esses projetos de descarbonização em prática, isso o colocaria entre os líderes mundiais na captura de carbono e no combate ao aquecimento global”, explica Nathalia Weber, engenheira e cofundadora da CCS Brasil, instituição que conduziu a pesquisa.
Lançado na terça-feira (16), o relatório aponta que o potencial para a redução de emissões por projetos de Captura e Armazenamento de Carbono (CCS) está relacionado especialmente às atividades nos setores de energia e indústria. Apenas no Brasil esses setores emitem quase 500 milhões de toneladas de CO2 ao ano.
Outro importante destaque para captura de carbono é a produção de bioenergia, cuja aplicação de CCS pode levar à remoção de carbono da atmosfera. O estudo mapeou a oportunidade de captura de quase 40 milhões de toneladas aplicadas a esses processos chamados de BECCS, que une a aplicação de CCS à bioenergia. “Todas as indústrias que utilizam combustíveis fósseis em seu processo produtivo ou que precisam de combustível de alta densidade energética possuem mais dificuldades para diminuir as suas emissões. É o caso de siderúrgicas, cimenteiras, indústrias químicas e refinarias. Por isso, as tecnologias de CCS são reconhecidas como uma das principais ferramentas para descarbonização de processos industriais, principalmente quando se busca alternativas para o parque industrial existente”, expõe Nathalia.
De acordo com dados do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), a indústria brasileira emite um total de 85 milhões de toneladas de CO2 em 2021 (5,2% das emissões totais), especialmente na região Sudeste e com maior contribuição por parte do Estado de Minas Gerais. Apenas o setor de produção de metais correspondeu a quase 70% das emissões dos processos industriais. Os processos de CCS são aplicáveis aos principais segmentos emissores, liderados pela produção de metais. “Já as emissões do setor de energia estão relacionadas principalmente à geração de eletricidade em termelétricas, utilização de energia na indústria e produção de combustíveis fósseis, como petróleo e derivados, gás natural e carvão mineral. Apesar de ser conhecido por ter uma matriz energética limpa, os combustíveis fósseis representaram 53% da oferta de energia do país em 2021”, ressalta Nathalia.
Ao todo, o setor de energia emitiu mais de 400 milhões de toneladas de CO2 em 2021 (25% do total) no país, sendo quase metade (47%) apenas na região Sudeste, de acordo com o SEEG. O potencial para a captura de CO2 no setor chega a 130 milhões de toneladas por ano provenientes de combustíveis fósseis, ou seja, 32% do total de emissões nesse setor. O número ainda representa 8% do total de emissões considerando todos os segmentos. Os segmentos com maior adequação para implementação de projetos de CCS incluem a geração de energia, aplicações industriais e produção de combustíveis.
Além de contribuir para a descarbonização, o CCS também desempenha um papel fundamental na remoção de carbono quando combinado com a produção de bioenergia, conhecida como BECCS (Bioenergia com Captura e Armazenamento de Carbono). Essa abordagem pode ser aplicada em processos como a produção de etanol, biometano e outras formas de geração de energia a partir de biomassa. “O Brasil, com sua tradição e participação consolidada no mercado de etanol, possui um dos maiores potenciais para BECCS em todo o mundo. Além disso, o país ainda tem um potencial pouco explorado para a produção de biogás em seu território. Isso coloca o Brasil em uma posição privilegiada para se tornar uma referência global em tecnologias de BECCS, ao mesmo tempo em que contribui para sua própria descarbonização”, destaca Nathalia.
Além da abordagem BECCS, o CCS oferece outras possibilidades, como a produção de hidrogênio e a captura direta de ar com armazenamento em formações geológicas de grande profundidade.
Regiões
Segundo o documento da CCS Brasil, entre as regiões brasileiras, a Sudeste é aquela com maior potencial de captura, com mais de 48% das oportunidades de captura de CO2. Apenas o estado de São Paulo possui um volume próximo a 40 milhões de toneladas de gás carbônico com potencial para CCS (20%).
Ao se considerar apenas o potencial para captura para a produção de bioenergia (BECCS), as regiões Sudeste e Centro-Oeste concentram as principais fontes de bioenergia, com 87% do volume total. Nesse sentido, o estado de São Paulo também lidera o potencial de capturar mais de 15 milhões de toneladas de CO2 por meio de BECCS. 60% desse valor é oriundo de plantas de etanol.
Potencial para armazenamento de carbono
Nathália Weber explica que o armazenamento geológico é a principal tecnologia de destinação do CO2 capturado para a implementação de projetos de CCS em larga escala, que ocorre por meio de processos que consistem em injeção e estocagem de CO2 de forma segura e permanente em formações geológicas adequadas. “O CO2 fica aprisionado nos poros ou fraturas das rochas em altas pressões em grandes profundidades e pode reagir com fluidos e minerais por mecanismos químicos e físicos de modo a aumentar a estabilidade do armazenamento sem retornar à atmosfera”, destaca a especialista.
Entre as áreas com características geológicas favoráveis se destacam as bacias sedimentares além de reservatórios depletados de óleo e gás e porções de aquíferos impróprios para qualquer tipo de consumo ou aproveitamento humano ou animal, chamados de aquíferos salinos. Segundo a cofundadora da CCS Brasil, outros contextos como basaltos, camadas de carvão não mineráveis e camadas de sal também podem ser utilizados.
Áreas de interesse
O relatório destaca que entre as principais as áreas de interesse no Brasil estão as Bacias Sedimentares de Santos,Campos, Potiguar, Recôncavo, Amazonas-Solimões e Paraná. A Bacia de Parecis foi incluída nas áreas de interesse devido ao anúncio de projeto de CCS em estudo na região. Nathália, porém, ainda explica que são necessárias mais pesquisas e campanhas para a identificação de novas áreas com potencial de armazenamento de CO2 no país.
Outro ponto de importância ressaltado no relatório diz respeito à logística e ao transporte do CO2. “É preciso haver compatibilidade entre a fonte de emissão de CO2 e o local de armazenamento, principalmente quanto às opções de transporte de CO2 e as distâncias. Ao garantir esse equilíbrio, é possível maximizar a eficiência do projeto e otimizar os recursos utilizados”, enaltece.
A especialista explica ainda que entre as possibilidades de modais disponíveis estão gasodutos, caminhões, trens e navios, e a decisão de qual deles empregar deve considerar as características físicas e econômicas da região e conceito de cada projeto.
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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.