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Redução de minhocas compromete a fertilidade em áreas sob plantio direto

Reciclagem de conhecimentos dos produtores sobre o sistema de plantio direto e retorno de campanhas e políticas públicas sobre o tema ajudariam a resolver a questão, de acordo com os especialistas

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Marie Bartz

Estudos comparativos realizados ao longo de 40 anos pela Embrapa e parceiros apontaram um acentuado declínio das populações de minhocas, em áreas mais antigas de plantio direto (PD) de distintas regiões do Paraná. O dado parece contraditório, já que as minhocas são vistas como símbolo dessa prática conservacionista, a mais adotada do País. No entanto, os pesquisadores alertam que o problema não se deve ao PD especificamente, mas ao manejo inadequado que vem sendo realizado nos últimos anos. O sistema plantio direto (SPD) baseia-se em três princípios que devem ser observados: mexer minimamente o solo, manter a cobertura vegetal e usar rotação e diversificação de culturas.

O uso de maquinário pesado que compacta o solo, o revolvimento da terra com grade, o aumento do uso de pesticidas (especialmente fungicidas) e a ausência de rotação de culturas são alguns dos manejos inadequados que podem estar relacionados à queda das populações de minhocas.

Especialista nesses animais, o pesquisador George Brown, da Embrapa Florestas (PR), conta que, em 2003, quando publicou a primeira síntese sobre minhocas em plantio direto, os dados mostravam uma correlação significativa e positiva entre a abundância de minhocas e a idade do PD. Ou seja, quanto mais antiga a adoção do plantio direto, mais minhocas ocorriam, e o inverso foi destacado para áreas sob plantio convencional. De 2003 para cá, o número de locais avaliados aumentou de dez para 169 áreas com PD. Em 128 delas foram feitos estudos detalhados para relacionar a idade do PD e a abundância de minhocas.

Usando os dados compilados até 2019, foi encontrada uma relação negativa entre a abundância de minhocas e a idade do PD. A riqueza de espécies também foi avaliada (em 93 áreas), porém, não foi constatada relação com a idade do PD. Estudos mais recentes também foram realizados em três áreas referências de pioneirismo na adoção do SPD no estado paranaense: Faxinal (32 anos), Mauá da Serra (46 anos) e Palmeira (44 anos). Nesse trabalho foi encontrada, no máximo, só uma minhoca por metro quadrado (Palmeira) e entre três (Faxinal e Mauá da Serra) e cinco (Palmeira) espécies de minhocas.

As razões do declínio 

De acordo com Brown, as propriedades rurais avaliadas possuem tempos diferentes de prática de plantio direto. “Mas conhecendo a realidade do manejo do plantio direto no Paraná, sabemos que são principalmente áreas de produção de soja e milho no verão e de trigo, aveia e culturas de cobertura no inverno, que permitem fazer a generalização para outras áreas de plantio direto na Região Sul do País”, explica.

Para a pesquisadora Marie Bartz, da Universidade de Coimbra (UC), em Portugal, uma das principais causas do declínio é a flexibilização dos três pilares do SPD. “Quando não se praticam os três princípios, já não é sistema e os problemas surgem, como compactação do solo e falta de cobertura. Isso acaba afetando a população de minhocas e toda biologia do solo”, analisa a cientista, que também participou das pesquisas.

Além disso, Bartz acredita que, na última década, houve muito “comodismo” de todos os envolvidos, agricultores, pesquisadores e governo. “Tanto o agricultor quanto o pesquisador acharam que já sabiam tudo sobre PD/SPD, enquanto o governo também acabou com as políticas públicas para incentivar a prática. De 2010 em diante, começamos a ver os problemas: retorno da erosão e solos compactados, cenas muito severas. A gente ouve falar: ‘Vou dar aquela mexidinha no solo para fazer uma descompactação’, mas o agricultor não tem ideia de que essa ’mexidinha‘ com grade compromete toda a estruturação de biologia construída durante aquele tempo. Para mim, não há um limite aceitável. Se descumprir algum desses princípios, é preciso estar ciente que será preciso arcar com as consequências, retrocedendo e voltando à estaca zero do que construiu ao longo dos anos com o sistema”, enfatiza.

Minhocas como indicadoras de qualidade

Monitorar a abundância e a riqueza de minhocas ao longo do tempo é uma atividade importante realizada pela pesquisa, pois elas são vistas como indicadoras de qualidade do solo. Esses pequenos animais realizam importantes serviços ecossistêmicos e contribuem para a formação do solo, a ciclagem de nutrientes, o sequestro de carbono, a disponibilidade de água, o controle da erosão e a produtividade vegetal.

“Além de criar uma estruturação melhor do solo, as minhocas promovem populações de microrganismos benéficos e ajudam na disponibilização de nutrientes para as plantas. Uma boa parte das minhocas brasileiras também possui glândulas calcíferas, que absorvem o CO2 que está em altas concentrações no solo, e o combinam com cálcio produzindo carbonato de cálcio. O carbonato de cálcio é a cal agrícola, aplicada sobre o solo para reduzir sua acidez (aumentar o pH). Ou seja, além de as minhocas processarem material orgânico e mudarem o pH, elas aumentam a disponibilização de nutrientes, principalmente cálcio, magnésio, fósforo e nitrogênio nos coprólitos (dejeções das minhocas)”, explica Brown.

Pesticidas

Outra possível causa apontada pelos pesquisadores tem a ver com a quantidade de agrotóxicos utilizada nas duas últimas décadas. “No início dos anos 2000, nas áreas de lavouras no Brasil, especialmente nas culturas de soja e milho, houve uma mudança substancial na prática do uso dos pesticidas. Desde então, ocorreu um importante aumento na quantidade de aplicações, o que também pode estar relacionado ao que estamos observando”, aponta Brown. Marie Bartz reitera a hipótese, e relata sobre o uso excessivo de fungicidas. “Com a ferrugem asiática, por exemplo, começou-se a usar mais fungicidas que estão entre os pesticidas maléficos às populações de minhocas”, frisa.

Os pesquisadores vêm alertando sobre as consequências que a agricultura moderna, com o uso de maquinários pesados e pesticidas em excesso, tem trazido para os solos. Segundo eles, essas práticas causarão impactos nos custos para os agricultores e na produção de alimentos para a sociedade. “Temos visto os solos se esterilizando. Eles não têm uma biologia ativa e não conseguem ser produtivos nessas condições”, comenta Bartz. A pesquisadora cita como exemplos de ferramentas para auxiliar na recuperação da biota ativa o uso de produtos biológicos, como a produção on farm de microrganismos para ajudar no desenvolvimento das plantas; e a humificação da matéria orgânica.

Outras alternativas apontadas para melhoria dos solos e redução dos impactos são o uso de mix de plantas de coberturas, manejo integrado de pragas e a inoculação com fixadores de nitrogênio e fungos micorrízicos, que ajudam na absorção de fósforo e nitrogênio pelas plantas. “A tecnologia existe, o que falta é colocarmos em prática tudo o que foi desenvolvido. Mas é uma via de duas mãos, pois o agricultor precisa fazer a parte dele e o governo precisa criar as políticas públicas para incentivar o agricultor nesse sentido. Além disso, todos nós precisamos apoiar o trabalho do agricultor que, apesar de todas as incertezas, produz alimentos para abastecer toda a sociedade”, afirma a pesquisadora.

Plantio direto (PD) e Sistema Plantio Direto (SPD)

O SPD é considerado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) um modelo a ser seguido por outros países. Contudo, de acordo com Bartz, “SPD e PD são diferentes. Plantio Direto é quem planta sobre a palhada para proteger contra erosão e foi como tudo começou. O PD evoluiu para o SPD, que possui requisitos para funcionar na sua potencialidade”. No Brasil, o PD vem sendo praticado desde os anos de 1970 e abrange atualmente cerca de 33 milhões de hectares, dos quais 15% estão no Paraná. Devido à sua importância para a conservação do solo, várias pesquisas vêm sendo realizadas no intuito de monitorar a qualidade dos solos sob essa prática. Até o ano 2019, 17 trabalhos avaliaram a abundância de minhocas (quantidade) e outros nove coletaram dados sobre a riqueza de espécies (tipos diferentes) nesse sistema.

Comparado com o plantio convencional, o PD e o SPD protegem o solo, pois promovem menor perturbação física e proporcionam cobertura vegetal superficial quase constante. Outras vantagens são a redução do uso de maquinário e de combustíveis fósseis, maior sequestro de carbono no solo, e maior acúmulo de matéria orgânica. “A consequência é a melhora da fertilidade e o aumento da biodiversidade, uma série de aspectos que permitem que o agricultor não precise fazer adubação todos os anos, porque o solo começa a ficar rico. À medida que o tempo passa, o SPD promove maior produtividade”, diz Bartz.

Há, porém, um período de transição na adoção do PD e do SPD, em que pode ocorrer uma maior incidência de pragas e doenças, que afetam a produtividade. Outra desvantagem, segundo Bartz, é que o SPD, ao preconizar a rotação e diversificação de culturas, esbarra na agricultura imediatista, em que se planta agora, para produzir na próxima safra. “O que a gente sugere é o mix de coberturas, que vão ajudar a alimentar o solo e ativar a sua parte biológica. Esse é um investimento que os produtores acham caro e que não é possível fazer. Mas, se analisarmos os benefícios a médio e longo prazo que essa utilização de culturas traz para o solo, monetariamente, o agricultor verá que a relação custo-benefício vale a pena”, declara a cientista.

Adotando o SPD segundo suas premissas, o ambiente acaba ficando mais resiliente e equilibrado para passar pelas intempéries, como as secas. “O solo muito bem estruturado, com matéria orgânica, conseguirá absorver e manter mais umidade do que um sistema que não está apto a essas condições. São investimentos que o agricultor faz agora, e que a médio e longo prazo trarão retorno. Os benefícios que as atividades dos organismos do solo, como as minhocas, vão trazer, são inúmeros. Uma população de minhoca ativa vai criar galerias e coprólitos (excrementos), o que promove a fertilidade física e química do solo e impacta diretamente na produtividade da lavoura”, enfatiza.

Menos de 10% faz SPD

Além de pesquisadora de minhocas e do SPD, Marie Bartz traz consigo a “genética” desse sistema, pois é filha de Herbert Bartz, agricultor pioneiro na América Latina em utilizar o plantio direto em escala comercial na sua propriedade no norte do Paraná, e falecido recentemente. De acordo com a experiência da pesquisadora, em suas incursões e estudos pelo Brasil, menos de 10% dos 33 milhões de hectares que utilizam PD em áreas brasileiras são efetivamente manejados usando o SPD.  “A visão do lucro imediato e simplificação do manejo fazem com que não tenhamos um SPD mais difundido. Temos um potencial de melhorar muito ainda, se os agricultores se engajarem em fazer o SPD na sua essência”, diz.

Fonte: Embrapa Florestas

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IPPA registra alta de 5,5% em outubro de 2024, porém acumula queda de 2,5% no ano

Entre os grupos de alimentos, houve retrações no IPPA-Grãos (-8,3%) e no IPPA-Pecuária (-2,7%).

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Fotos: Marcello Casal

O Índice de Preços ao Produtor de Grupos de Produtos Agropecuários (IPPA/CEPEA) subiu 5,5% em outubro, influenciado pelos avanços em todos os grupos de produtos: de 1,9% para o IPPA-Grãos; de fortes 10,7% para o IPPA-Pecuária; de expressivos 10,4% para o IPPA-Hortifrutícolas; e de 0,5% para o IPPA-Cana-Café.

No mesmo período, o IPA-OG-DI Produtos Industriais apresentou alta de 1,5%, demonstrando que, de setembro para outubro, os preços agropecuários mantiveram-se em elevação frente aos industriais da economia brasileira.

No cenário internacional, o índice de preços calculado pelo FMI subiu 1,4% quando convertido para Reais, acompanhando a valorização da taxa de câmbio oficial divulgada pelo Bacen. Isso indica um comportamento relativamente estável dos preços internacionais dos alimentos.

No acumulado de 2024, o IPPA/CEPEA registra queda de 2,5%. Entre os grupos de alimentos, houve retrações no IPPA-Grãos (-8,3%) e no IPPA-Pecuária (-2,7%), enquanto o IPPA-Hortifrutícolas avançou 34,6% e o IPPA-Cana-Café cresceu 7%.

Em comparação, o IPA-OG-DI Produtos Industriais apresenta estabilidade no ano, enquanto os preços internacionais dos alimentos, convertidos para Reais, acumulam alta de 6,1%.

A despeito desses movimentos divergentes com relação ao IPPA/CEPEA, ressalta-se que, sob uma perspectiva de longo prazo, o que se observa é a convergência ao mesmo nível, após elevação acelerada dos preços domésticos nos últimos anos.

Fonte: Assessoria Cepea
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ABCZ participa da TecnoAgro e destaca sustentabilidade no agro

Tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento do agronegócio e explorar o potencial econômico das cidades da região.

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Fotos: Divulgação/ABCZ

Nesta semana, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) marca presença na TecnoAgro 2024, evento realizado no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG). Com o tema “Agro Inteligente”, a iniciativa promovida pelo Grupo Integração e tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento do agronegócio e explorar o potencial econômico das cidades da região.

A abertura do evento aconteceu na manhã da última quinta-feira (21), reunindo autoridades e representantes dos setores ligados ao agro. A ABCZ esteve em destaque logo após a solenidade, quando o Superintendente Técnico, Luiz Antonio Josahkian, participou do painel “O Futuro da Pecuária”. O debate, mediado pela jornalista Adriana Sales, também contou com a presença da Prefeita de Uberaba, Elisa Araújo, e do Professor da ESALQ/USP, Sérgio de Zen.

Superintendente Técnico, Luiz Antonio Josahkian: “Temos uma vocação natural para a produção de alimentos, com recursos essenciais, como a água, que é um insumo cada vez mais valorizado e disputado globalmente”

A discussão abordou a responsabilidade do Brasil diante da crescente demanda global por proteína. “Temos o potencial para liderar o aumento da demanda por proteína animal. Contamos com terras disponíveis, mão de obra qualificada e políticas públicas que fortalecem continuamente o setor. O Brasil se destaca como um dos poucos países que ainda investe em qualificação profissional através de políticas públicas, com o apoio de órgãos como as Secretarias de Estado, o Senar e as extensões rurais Além disso, temos uma vocação natural para a produção de alimentos, com recursos essenciais, como a água, que é um insumo cada vez mais valorizado e disputado globalmente”, destacou Josahkian.

Complementando o debate, Sérgio de Zen enfatizou a necessidade de modelos produtivos mais sustentáveis. “É perfeitamente possível aumentar a demanda na redistribuição de renda e atender ao crescimento populacional sem recorrer ao desmatamento. Isso pode ser alcançado por meio do uso mais eficiente das tecnologias e dos sistemas de produção já disponíveis”, afirmou.

O evento, que segue até amanhã (22), reúne mais de 50 palestras voltadas para a sustentabilidade no agronegócio. Entre os destaques da programação técnica desta sexta-feira, o Zootecnista e Gerente do Departamento Internacional da ABCZ, Juan Lebron, participará da palestra “Recuperação de Pastagem, Genética, Nutrição e Saúde: Pilares da Sustentabilidade na Pecuária”, ao lado de especialistas como Guilherme Ferraudo e Thiago Parente.

Além das contribuições técnicas, a ABCZ participa com um estande apresentando produtos e serviços da maior entidade de pecuária zebuína do mundo.

Fonte: Assessoria ABCZ
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Altas no preço do boi seguem firmes, com escalas ainda menores que em outubro

Frigoríficos renovam o fôlego para conceder novos reajustes positivos aos animais para abate e o mesmo acontece entre os pecuaristas nas negociações de reposição.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O movimento de alta nos preços da pecuária segue intenso. Segundo pesquisadores do Cepea, semana após semana, frigoríficos renovam o fôlego para conceder novos reajustes positivos aos animais para abate e o mesmo acontece entre os pecuaristas nas negociações de reposição.

No final da cadeia produtiva, o consumidor também se mostra resiliente diante dos valores da carne nos maiores patamares dos últimos 3,5 anos.

No mesmo sentido, a demanda de importadores mundo afora tem se mantido firme.

Pesquisadores do Cepea observam ainda que as escalas de abate dos principais estados produtores, em novembro, estão ainda menores que em outubro.

No mercado financeiro (B3), também cresceu forte a  liquidez dos contratos de boi para liquidação neste ano, pelo Indicador do boi elaborado pelo Cepea, o CEPEA/B3.

Fonte: Assessoria Cepea
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