Notícias
Recuperação da produção de bovinos e preços mais baixos devem favorecer consumo interno
Tanto o custo da ração quanto o animal magro estão bem mais baratos neste ano, de modo que o breakeven dos confinamentos é mais baixo.
Com o ciclo pecuário em 2023 em plena fase de descartes de fêmeas – refletindo a desvalorização do bezerro – o total de gado abatido e, consequentemente, a oferta de carne, serão maiores neste ano e possivelmente também no próximo ano. Este cenário usualmente favorece os resultados dos frigoríficos dada a originação mais barata do gado e penaliza o produtor, que adquiriu o animal jovem valorizado no ano anterior, ou até antes, e agora enfrenta um mercado de gado pronto pressionado pelo aumento da oferta.
Diante do aumento da oferta, uma boa demanda é fundamental para evitar grandes desequilíbrios. Do lado externo, apesar do cenário macroeconômico chinês desafiador, vemos com bons olhos a perspectiva de importações de carne bovina por parte do gigante asiático. O USDA estima em 3,5 milhões de toneladas as importações chinesas em 2023, semelhante ao ocorrido no ano passado, com o Brasil representando a maior fração entre os exportadores. Ainda que a produção chinesa de carne bovina venha crescendo nos últimos anos, as importações seguem
relevantes, representando cerca de um terço do consumo doméstico. Além da China, há outros destinos externos performando bem neste ano, caso do Chile e a Arábia Saudita, por exemplo, além de outros que podem se tornar importadores, como Japão e Coréia do Sul.
No mercado interno, apesar do baixo crescimento do PIB, a inflação vem aliviando, e o preço da carne ao consumidor final deverá continuar cedendo, ainda que a queda no varejo seja menor que a observada no atacado.
O consumo doméstico deverá voltar a crescer neste ano em função do aumento da oferta de gado para abate, podendo ter ajuda adicional caso o preço ao consumidor final caia em maior proporção, seguindo o movimento do atacado.
Produtores – apesar dos preços mais contidos do boi, oportunidade está na reposição mais favorável
Para os criadores, é possível que a pressão de baixa sobre o bezerro diminua, mas uma reação mais sólida não deverá ocorrer pelo menos antes da segunda metade de 2024. No próximo ano, a produção de bezerros tende a ser menor, dada a redução do estoque de fêmeas, devendo começar a criar condições para uma reação da cria. Por outro lado, para a recria-engorda, o momento é oportuno para a reposição, aproveitando a melhora da relação de troca para formar o estoque de arrobas de entrada na fazenda mais baixo.
Apesar da pressão de baixa sobre o boi gordo na primeira metade de 2023, há espaço para uma moderada recuperação no segundo semestre, em função do período de entressafra, do ambiente desafiador para os confinamentos e também dos bons spreads da indústria na exportação, com os preços se recuperando um pouco e mesmo no mercado doméstico, onde também observamos alívio no resultado dos frigoríficos mais voltados ao mercado local.
Para os confinamentos, que hoje dependem de uma reação do mercado futuro do boi para viabilizar a operação, principalmente nos estados onde o diferencial de base é maior em relação a SP, é importante aproveitar uma eventual correção da curva e fazer o hedge das entregas programadas. Assim como no ano passado, poderemos ter uma entressafra mais contida em termos dos preços do boi, mesmo sem embargos, a depender do conforto dos frigoríficos com as compras antecipadas para o período.
Frigoríficos – maior oferta de gado favorecerá as margens
Para a indústria, o cenário deve seguir favorecido pela maior facilidade na originação de gado terminado, o que por sua vez manterá os spreads melhores relativamente aos
do ano passado, assim como já vem sendo observado desde o início de 2023. Nas exportações, o resultado também tende a seguir mais favorável, seja pela ajuda do boi mais barato ou caso o preço de embarque continue subindo, o que é mais incerto, pois apesar da menor oferta dos EUA, os preços mais baixos dos grãos, associados ao cenário de melhora da oferta global, podem pesar sobre a proteína. Além disso, caso a moeda chinesa volte se desvalorizar, deveremos observar uma pressão para reduzir os preços, em dólares, na exportação.
Notícias
Altas no preço do boi seguem firmes, com escalas ainda menores que em outubro
Frigoríficos renovam o fôlego para conceder novos reajustes positivos aos animais para abate e o mesmo acontece entre os pecuaristas nas negociações de reposição.
O movimento de alta nos preços da pecuária segue intenso. Segundo pesquisadores do Cepea, semana após semana, frigoríficos renovam o fôlego para conceder novos reajustes positivos aos animais para abate e o mesmo acontece entre os pecuaristas nas negociações de reposição.
No final da cadeia produtiva, o consumidor também se mostra resiliente diante dos valores da carne nos maiores patamares dos últimos 3,5 anos.
No mesmo sentido, a demanda de importadores mundo afora tem se mantido firme.
Pesquisadores do Cepea observam ainda que as escalas de abate dos principais estados produtores, em novembro, estão ainda menores que em outubro.
No mercado financeiro (B3), também cresceu forte a liquidez dos contratos de boi para liquidação neste ano, pelo Indicador do boi elaborado pelo Cepea, o CEPEA/B3.
Notícias
Competitividade da carne frango em relação à carne suína alcança o maior nível desde novembro de 2020
Frango inteiro é negociado, em média, 6,68 Reais/kg mais barato que a carcaça especial suína, sendo que esta diferença está 14,4% acima da de outubro.
Levantamentos do Cepea mostram que a competividade da carne de frango frente à suína está no maior patamar dos últimos quatro anos – desde novembro de 2020.
Na parcial de novembro (até o dia 19), o frango inteiro é negociado, em média, 6,68 Reais/kg mais barato que a carcaça especial suína, sendo que esta diferença está 14,4% acima da de outubro.
Pesquisadores do Cepea explicam que isso acontece pelo fato das valorizações da proteína suína estarem mais intensas que as da de frango.
O mesmo cenário é observado frente à carne bovina, cujos preços também vêm subindo com mais força que os da proteína avícola ao longo de novembro.
Notícias
JBS e Nigéria assinam acordo para investir em segurança alimentar e desenvolver cadeias produtivas sustentáveis
Plano de investimento de US$ 2,5 bi em 5 anos inclui a construção de 6 fábricas e a colaboração com o Governo da Nigéria no fomento da produção local.
A JBS, uma das maiores companhias de alimentos do mundo, assinou na última quinta-feira (21) um memorando de entendimentos com o Governo da Nigéria com a intenção de investir no desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis para a produção de alimentos no país africano.
Maior economia da África e país mais populoso do continente, a Nigéria tem também uma das taxas de crescimento populacional mais altas do mundo: segundo projeções das Nações Unidas, a população nigeriana alcançará 400 milhões até 2050 — o país tem hoje mais de 250 milhões de habitantes. O PIB nigeriano, hoje em US$ 363,82 bilhões, poderá mais que dobrar até 2050, chegando a US$ 1 trilhão. Ao mesmo tempo, o país enfrenta uma das maiores taxas de insegurança alimentar do mundo, com 24,8 milhões de pessoas passando fome (WFP). Na África Subsaariana, 76% da população em extrema pobreza vive da agricultura (WB).
“Nosso objetivo é estabelecer uma parceria sólida e apoiar a Nigéria no enfrentamento da insegurança alimentar. A experiência nas regiões em que operamos ao redor do mundo mostra que o desenvolvimento de uma cadeia sustentável de produção de alimentos gera um ciclo virtuoso de progresso socioeconômico para a população, em especial nas camadas vulneráveis”, afirmou o CEO Global da JBS, Gilberto Tomazoni.
Pelo memorando, a JBS irá desenvolver um plano de investimento de cinco anos, que abrangerá estudos de viabilidade, projetos preliminares das instalações, estimativas orçamentárias e um plano de ação para desenvolvimento da cadeia de suprimentos. O Governo da Nigéria, por sua vez, assegurará as condições econômicas, sanitárias e regulatórias necessárias para a viabilização e sucesso do projeto. O documento prevê a construção de 6 fábricas — 3 de aves, 2 de bovinos e uma de suínos — com investimento de US$ 2,5 bilhões.
A produção de proteína no país responde por 10% do PIB, e fornece 40% da demanda doméstica. A ampliação da produção local tem o potencial de não apenas melhorar a segurança alimentar, mas reduzir significativamente as importações, gerando empregos locais e apoiando milhões de pequenos produtores.
O plano de investimento da JBS na Nigéria incluirá um amplo trabalho de desenvolvimento das cadeias produtivas locais, com apoio aos pequenos produtores e a estímulo de práticas agrícolas sustentáveis, a exemplo de como a Companhia já atua com seus milhares de parceiros em outras regiões do mundo. Um exemplo é o programa como Escritórios Verdes, que dá assistência técnica gratuita para produtores rurais brasileiros aumentarem a eficiência de sua produção, atendendo aos mais rigorosos critérios socioambientais.
Conforme diagnóstico realizado pela Força Tarefa de Sistemas Alimentares do B20, o braço empresarial do G20, durante a presidência do Brasil, estimular o aumento da produtividade através da adoção de tecnologias inovadoras no campo e da assistência técnica aos produtores, especialmente para os pequenos agricultores, é essencial para garantir o aumento da produção agrícola, preservando os recursos naturais e promovendo ao acesso das populações mais vulneráveis a alimentos de qualidade. Essa foi uma das recomendações da força-tarefa, posteriormente adotada pela declaração final dos líderes do G20.
“Nosso objetivo é colaborar com o Governo da Nigéria no sentido de apoiar a implementação do Plano Nacional de Segurança Alimentar, compartilhando nossa expertise no desenvolvimento de uma cadeia agroindustrial sustentável e as melhores práticas com o objetivo de aumentar a eficiência, a produtividade e a capacidade produtiva do país”, concluiu Tomazoni.