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Real valorizado freia venda de soja e deixa produtor em compasso de espera no Brasil
Apreciação do câmbio reduz competitividade interna e desacelera a comercialização da safra 2025/26, apesar da demanda global aquecida.

O mercado da soja atravessa um período de tensão global e cautela doméstica. Enquanto a demanda internacional segue firme, impulsionada por preocupações climáticas nos Estados Unidos e pelas alterações nas tarifas de exportação da Argentina, que retirou temporariamente as retenciones e depois voltou a aplicá-las, o mercado interno brasileiro sofre com a valorização do real e a volatilidade cambial, fatores que desaceleram a comercialização antecipada da safra 2025/26.
Segundo a Consultoria Agro do Itaú BBA (outubro), o cenário combina oportunidades e desafios. O plantio avança mais cedo em relação ao ano passado, impulsionado pelas chuvas antecipadas, mas a comercialização de grãos ainda caminha abaixo da média histórica, refletindo preços mais baixos e risco cambial elevado. Até o final de setembro, cerca de 23% da safra havia sido negociada, ante 32% da média dos últimos cinco anos. Considerando uma produção potencial de 175 milhões de toneladas, isso representa aproximadamente 40 milhões de toneladas vendidas.
Em setembro, a soja em Chicago registrou recuperação de 1,4%, após dois meses de desvalorização, alcançando US$ 10,19 por bushel. “O movimento foi motivado pelo início da colheita nos Estados Unidos e preocupações com produtividade devido a um agosto mais seco que o esperado e à baixa umidade dos grãos colhidos. O mercado internacional também reagiu à retirada e posterior retomada das retenciones argentinas, movimentando a oferta global da commodity”, aponta os analistas do Itaú BBA.
No Brasil, a valorização internacional não se traduziu em ganhos expressivos para os produtores. A soja em Paranaguá caiu 1%, para R$ 139 por saca, pressionada pela apreciação do real. Apesar disso, o plantio avançou com antecedência, beneficiado pelas chuvas. “Até setembro, cerca de 11% da área projetada havia sido semeada, contra 9% no mesmo período do ano passado”, destaca a consultoria.
No Mato Grosso, o avanço foi ainda maior, com 21% da área já plantada até 10 de setembro, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). O início do plantio em áreas irrigadas e de sequeiro consolidou o plantio inicial, apesar dos volumes ainda irregulares.
Perspectivas climáticas e comerciais
O cenário para as safras do Brasil e da Argentina permanece favorável. No Brasil, as chuvas previstas para as próximas semanas devem favorecer o plantio e o desenvolvimento inicial da lavoura, especialmente na região central, com atenção apenas ao Rio Grande do Sul. Na Argentina, solos bem abastecidos de umidade permitem um início promissor, apesar de alagamentos pontuais em algumas regiões.
Se as colheitas forem boas em ambos os países, o mercado global tende a ficar bem abastecido, com oferta potencialmente recorde. Paralelamente, a tensão comercial entre EUA e China pode aumentar a demanda pela soja brasileira, influenciando prêmios de exportação e impactando cotações internacionais. “O mercado da soja segue estável, com expectativas positivas para o clima. No entanto, a cotação no Brasil ainda vai depender da valorização ou desvalorização do real, que continua sendo o principal fator para a formação dos preços domésticos”, avalia a Consultoria Agro do Itaú BBA.
Farelo de soja
O farelo de soja apresentou queda de 1% na CBOT em setembro, chegando a US$ 279,8 por tonelada, pressionado pela ampla oferta global e pela redução temporária das retenciones argentinas. O óleo de soja também caiu pelo segundo mês consecutivo, 5,2%, para US$ 50,5 por libra, influenciado pela baixa nos preços do petróleo e pela maior oferta argentina.
No mercado interno, o farelo apresentou leve valorização, subindo 1,5% em Rondonópolis (MT), para R$ 1.503 por tonelada. O óleo de soja subiu pelo terceiro mês consecutivo no Mato Grosso, cotado a R$ 6.489 por tonelada (+4,3%). De acordo com a consultoria, a demanda firme do setor de biodiesel, sustentada por boas margens e pela obrigatoriedade de mistura de 15% de biodiesel no diesel, continua dando suporte aos preços, apesar da ampla oferta que dificulta a absorção total dos volumes produzidos.
Para a Consultoria Agro do Itaú BBA, o mercado global tende a se manter equilibrado, mas os produtores precisam monitorar a variação cambial, que pode pressionar fortemente os preços internos caso o real continue valorizado.
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Instituto Pensar Agro é reconhecido por contribuição ao setor agropecuário nacional
Premiação destaca dedicação de líderes e entidades que fortalecem políticas públicas e transformam o agro brasileiro.

A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados premiou, na quarta-feira (10), figuras que contribuíram para o desenvolvimento do setor agropecuário brasileiro. Dentre os premiados está o Instituto Pensar Agro (IPA), por iniciativa do deputado Nelson Barbudo (PL-MT), representado pela presidente, Tania Zanella. A placa foi entregue pelo presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion (REP-PR).
Lupion parabenizou e afirmou que a Comissão defende com unhas e dentes o setor produtivo. Salientou que a CAPADR enfrenta e resiste diariamente às pressões de pautas negativas ao setor. “Estamos de parabéns. Testemunhar essa premiação e poder ver pessoas que estão conosco todos os dias na batalha colhendo essas conquistas nos dá ainda mais orgulho. Vamos seguir em frente e lutar por mais. Obrigado pelo IPA e pela luta da Comissão”, enfatizou.
O deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS) destacou a atuação do IPA e de sua presidente na condução de pautas que agregam e transformam o agro em um ambiente mais pujante a cada dia. “É um reconhecimento justo. O trabalho que é feito pelo IPA traduz a dedicação dos produtores rurais e daqueles que se dedicam dia a dia por um agro de qualidade, inovador e com boas perspectivas”, enaltece.
De acordo com o deputado federal Sérgio Souza (MDB-PR), o ano de 2025 caminhou a passos largos para fortalecer o agro brasileiro. Para ele, a homenagem é essencial para valorizar as vitórias do segmento no Congresso Nacional. “Hoje estamos comemorando tudo aquilo que lutamos há décadas no país. Os homenageados hoje são os mesmos responsáveis pelas vitórias históricas na Câmara e Senado, com temas tão importantes para o desenvolvimento do país”, ressalta.
Para o deputado Daniel Agrobom (PL-GO), é necessário parabenizar o esforço daqueles que levam oportunidades diretas aos produtores, além de capacitar àqueles que estão no campo para ajudar no sucesso do setor agropecuário. “Isso demonstra que quem está no agro trabalha de forma séria e pensa no país. A Comissão de Agricultura fez um excelente trabalho e teremos um 2026 ainda mais forte”, destaca.
A deputada Ana Paula Leão (PP-MG) também parabenizou a presidente do IPA pela dedicação à frente do instituto e reforçou que os esforços não podem parar. “A gente fica feliz em ver a dedicação de pessoas como a Tania e de todos aqueles que fazem do seu trabalho a vida pelo setor produtivo. O ano que vem não pode ser diferente, vamos seguir lutando”, completa.
A presidente do IPA, Tania Zanella afirmou que o prêmio não é apenas uma homenagem à instituição, mas o resultado direto do trabalho técnico, sério e comprometido de cada colaborador e de cada entidade que compõe o IPA. “Juntos, temos contribuído de forma decisiva para a construção de políticas públicas mais justas, modernas e sustentáveis para a agropecuária nacional”, evidencia.
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Roubos e furtos de fertilizantes causaram prejuízo de R$ 40 milhões em quatro anos
Transportadores têm ampliado o foco em programas de gerenciamento de riscos para enfrentar o problema.

Em webinar com especialistas do mercado, aberto pelo coordenador de seu Comitê Security, Rafael Marson, a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA) alertou que o mercado brasileiro de fertilizantes convive com um problema grave e cada vez mais oneroso para o setor: entre janeiro de 2021 e dezembro de 2024, roubos, furtos e adulterações de produtos geraram prejuízo superior a R$ 40 milhões.
Quanto às adulterações, as perdas somaram R$ 26,9 milhões, enquanto os casos de roubos e furtos resultaram em R$ 21,7 milhões no período. Os dados mostram oscilação significativa ano a ano. Em 2022, o prejuízo total atingiu o pico da série, chegando a R$ 17,4 milhões. Em 2023, o valor caiu para R$ 10,9 milhões, mas voltou a crescer em 2024, que fechou com R$ 9,7 milhões em perdas acumuladas.
A adulteração de fertilizantes segue como o principal desafio. Entre 2021 e 2024, foram reportados 248 casos. Depois de uma queda de 43% entre 2021 e 2022, o problema voltou a crescer: os registros aumentaram 57% de 2023 para 2024.Segundo a ANDA, a maioria envolve produtos originados do Porto de Paranaguá, um dos principais corredores logísticos do setor.

Foto: Claudio Neves/Portos Paraná
Além da adulteração, o volume de roubos e furtos também pressiona a cadeia logística. De 2021 a 2024, foram registradas 222 ocorrências. Em 2024, houve alta expressiva: os casos dobraram em relação ao ano anterior, saltando de 29 para 58 registros.
A distribuição geográfica das ocorrências mostra forte concentração no Nordeste e no Norte. Maranhão, Pará, Mato Grosso e Paraná foram responsáveis por 91% de todos os roubos e furtos registrados em 2024. O Maranhão, sozinho, concentrou 70% dos casos, impulsionado por ações envolvendo cargas provenientes do Porto do Itaqui.
A combinação de prejuízos financeiros, riscos operacionais e impactos na segurança alimentar acende um sinal de alerta para toda a cadeia de produção e distribuição de fertilizantes no Brasil. Empresas do setor discutem medidas para reforçar a rastreabilidade dos produtos, aprimorar processos logísticos e ampliar a integração com órgãos de segurança pública.
Ações preventivas das transportadoras
Ana Paula Andriolli, que atua em empresa do segmento, destacou a importância do seguro de cargas e ressaltou que as empresas do setor têm ampliado o foco em programas de gerenciamento de riscos como estratégia essencial para reduzir perdas e elevar a eficiência no transporte. “Entre as principais medidas adotadas estão o monitoramento contínuo das rotas, o rastreamento dos veículos e a análise detalhada do perfil de motoristas e transportadoras”, expõe.
As tecnologias também têm assumido papel decisivo. Soluções de telemetria e dispositivos de Internet das Coisas (IoT) permitem acompanhar em tempo real o comportamento dos condutores, condições da carga e eventuais desvios de trajeto. Essas ferramentas se somam a programas de prevenção ao roubo e a acidentes, que vêm ganhando espaço nas operações logísticas.
Essas iniciativas, segundo Ana Paula, abrem um conjunto relevante de oportunidades para o setor. “Ao aumentar a eficiência operacional, as transportadoras conseguem reduzir o número de sinistros e, consequentemente, conquistar um diferencial competitivo junto a clientes e seguradoras. Em muitos casos, a adoção de boas práticas permite inclusive a negociação de prêmios menores, já que o risco torna-se mais controlado”, ressalta.
Outro efeito direto, observou Ana Paula, é o fortalecimento da confiabilidade das transportadoras e embarcadores, que passam a operar com padrões mais elevados de segurança. “O avanço tecnológico, por sua vez, estimula a inovação no setor logístico, criando um ciclo positivo de modernização”, salienta, destacando que cada operação deve ser analisada individualmente, para que as medidas adotadas estejam sempre alinhadas às necessidades específicas de cada Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
Dependência do transporte rodoviário

Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná
Kleyton Bandeira, que atua em empresa do segmento, lembrou que o Brasil, terceiro maior produtor mundial de grãos, atrás apenas da China e dos Estados Unidos, avança em ritmo acelerado no consumo de fertilizantes. “Nos últimos 20 anos, a demanda nacional disparou 450%, acompanhada por um crescimento de 80% das importações. Hoje, mais de 40 milhões de toneladas entram anualmente no mercado brasileiro, cifra que reforça a centralidade do insumo para manter a competitividade do campo”, menciona.
Porém, esse avanço convive com um desafio estrutural: a dependência quase absoluta do transporte rodoviário. Dados setoriais mostram que, entre 2010 e 2024, 86% das cargas seguiram por estradas, enquanto apenas 14% utilizaram o modal ferroviário. A malha sobre trilhos, considerada pouco eficiente, força o escoamento por rodovias, muitas delas em condições precárias.
Essa opção quase obrigatória tem um custo, alerta Bandeira. Entre 2010 e 2022, o transporte de fertilizantes ficou 21% mais caro.” O aumento está diretamente relacionado à longa extensão das rotas, ao preço dos combustíveis e ao desgaste das vias. O resultado é um ambiente de maior risco logístico, com registros frequentes de acidentes e desvios de cargas”, reforça Bandeira.
Além dos entraves de infraestrutura, o setor enfrenta um problema crescente: a adulteração de fertilizantes. A prática, que se intensificou no país, compromete a qualidade dos produtos entregues aos produtores rurais e ameaça a credibilidade de toda a cadeia de suprimentos.
Bandeira avalia que, em um mercado que sustenta boa parte da produção agrícola brasileira, os gargalos logísticos e os riscos associados ao transporte deixam claro que garantir eficiência e segurança no deslocamento dos insumos é tão estratégico quanto assegurar sua oferta.
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Novas regras de peso para caminhões devem reduzir punições e agilizar transporte
Atualização da fiscalização deve reduzir punições indevidas e tornar o transporte de cargas mais seguro e eficiente.

A atualização das regras de fiscalização de peso para veículos de carga deve reduzir punições indevidas, aumentar a eficiência logística e oferecer mais segurança operacional a produtores, transportadores e embarcadores em todo o país. A mudança está prevista no relatório do deputado Zé Trovão (PL-SC) ao Projeto de Lei nº 2.217/2025 aprovado, na quarta-feira (10), pela Comissão de Viação e Transportes (CVT) da Câmara dos Deputados.
De autoria do deputado Toninho Wandscheer (PP-PR), a proposta eleva de 50 para 74 toneladas o limite de peso bruto total para que a fiscalização considere exclusivamente o peso total do veículo — e não a distribuição por eixo. O modelo atual é apontado como fonte de penalidades indevidas, já que a maioria das balanças utilizadas nas propriedades rurais e nos pontos de embarque só faz a leitura do peso total.

Deputado Zé Trovão: “O caminhão muitas vezes sai dentro da legalidade e, por movimentação natural da carga, é penalizado por suposto excesso em um eixo específico”
Segundo Wandscheer, a mudança corrige distorções frequentes no dia a dia do transporte rodoviário. “O caminhão muitas vezes sai dentro da legalidade e, por movimentação natural da carga, é penalizado por suposto excesso em um eixo específico. Isso é injusto e compromete a operação logística do país”, afirmou o autor.
Ao analisar a proposta, o relator Zé Trovão destacou que a atualização não flexibiliza o combate ao excesso de peso, mas adequa a lei à realidade operacional do setor. Para isso, ele apresentou um substitutivo, já que a antiga Lei das Balanças teve dispositivos revogados após a edição da Lei nº 14.229/2021. A solução foi incorporar a regra diretamente no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). “A modernização que apresentamos oferece previsibilidade e reduz entraves operacionais, mas mantém o rigor para quem ultrapassar os limites legais”, afirmou o relator.
Ele reforçou que, ao exceder o peso bruto total permitido, o veículo continuará sendo fiscalizado por eixo, com aplicação cumulativa de penalidades.
No parecer, Zé Trovão assinala que a proposta “alcança um equilíbrio adequado entre a realidade do transporte de cargas no Brasil e a responsabilidade com a infraestrutura viária”. O texto reconhece que boa parte do fluxo de cargas agrícolas e agroindustriais ocorre em regiões sem tecnologia disponível para pesagem por eixo, o que torna o modelo atual incompatível com a prática cotidiana.
Próximos passos
Com a aprovação na CVT, a proposta segue para análise da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), última etapa antes de seguir ao Senado, já que a tramitação é conclusiva nas comissões.



