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Rainha da Dinamarca conhece tecnologias da Embrapa Cerrados para produção sustentável de alimentos
Foram apresentadas duas tecnologias: Bioanálise de Solo (BioAS) e ILPF.
Em passagem pelo Brasil na última sexta-feira (4), a rainha consorte da Dinamarca, Mary Donaldson e o ministro dinamarquês do Clima, Energia e Serviços Públicos, Lars Aagaard, visitaram a Embrapa Cerrados, um centro de pesquisa agrícola com atuação no Cerrado e foco nos desafios e oportunidades relacionados aos impactos da agricultura sobre a biodiversidade e o meio ambiente no Brasil.
“É muito importante receber a rainha da Dinamarca aqui. A Dinamarca é um país que se preocupa muito com a sustentabilidade do planeta, e a Embrapa pode mostrar como temos desenvolvido e nos preocupado com essa sustentabilidade na agricultura brasileira, especialmente na agricultura tropical”, disse a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá.
A rainha conheceu a Vitrine de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta implantada na Embrapa Cerrados, onde atualmente foram cultivados milho, sorgo, trigo, girassol, capim braquiária e eucalipto. A tecnologia permite que o Brasil duplique a produção de grãos e de carne sem desmatar novas áreas, já que o produtor pode ter três ou mais colheitas em uma única safra, por exemplo, grãos da safra principal e da safrinha, pasto para a produção de carne ou leite, além de frutas ou madeira das árvores.
A rainha também plantou uma muda de ipê-amarelo, árvore típica do Cerrado brasileiro e marcante na paisagem de Brasília, para simbolizar os interesses comuns entre o Brasil e a Dinamarca em prol de uma agricultura mais sustentável e da preservação da biodiversidade.
Representando o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, o secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luiz Rua, ressaltou que o Brasil tem uma produção sustentável, principalmente no que diz respeito às tecnologias utilizadas nas práticas agrícolas.
“Neste ambiente, a rainha pode ver uma modalidade muito sustentável, a ILPF, que é tudo isso dentro de um ecossistema produtivo e que muitas partes do Brasil têm adotado cada vez mais. Isso é graças ao trabalho exemplar da Embrapa, a joia da coroa do nosso país, que trabalha com os melhores níveis de tecnologia, eficiência e inovação”, destacou Rua.
Historicamente, a parceria comercial entre os dois países é antiga, especialmente quando se trata de promover a cooperação agrícola. Em 2023, as exportações brasileiras de produtos agropecuários para a Dinamarca somaram US$ 366 milhões, com ênfase no complexo soja, que domina a pauta exportadora com 83% do total exportado.
Em agosto deste ano, o ministro Carlos Fávaro e a embaixadora da Dinamarca no Brasil, Eva Bisgaard Pedersen, assinaram um Memorando de Entendimento (MoU) entre o Mapa da República Federativa do Brasil e o Ministério da Alimentação, Agricultura e Pesca do Reino da Dinamarca, com o objetivo de estimular o desenvolvimento mútuo de sistemas agrícolas e pecuários, dando ênfase à agropecuária sustentável.
Pesquisa e inovação
Os pesquisadores da Embrapa apresentaram duas tecnologias.
A Bioanálise de Solo (BioAS), onde estudos demonstram, em seu campo experimental, que as tecnologias e técnicas utilizadas para promover a saúde do solo resultam em maior produtividade e na redução da necessidade de insumos químicos. Essas práticas incluem manejo sustentável, uso de culturas de cobertura e aplicação de métodos de conservação do solo, que não apenas melhoram a fertilidade, mas também contribuem para a preservação dos recursos naturais a longo prazo.
O sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é uma estratégia de produção que consiste na implantação de diferentes sistemas produtivos de grãos, fibras, carne, leite, agroenergia, entre outros, na mesma área, em plantio consorciado, sequencial ou rotacional. O uso da terra é alternado, no tempo e no espaço, entre lavoura e pecuária.
Atualmente, no Brasil, mais de 17 milhões de hectares têm produção em sistemas integrados. Embora pareça pouco, essa área corresponde praticamente aos territórios de Portugal e da Suíça juntos. Os benefícios desses sistemas já foram comprovados pela pesquisa. Uma pastagem com baixa produtividade sequestra 182 quilos de carbono, enquanto áreas que adotam a Integração Lavoura-Pecuária juntamente com o plantio direto sequestram 1.273 quilos do gás, ou seja, um resultado sete vezes maior.
A implantação de ILPF em apenas 15% da área é capaz de neutralizar a emissão de carbono de toda a propriedade rural. Outro estudo demonstrou o impacto positivo da sombra para vacas leiteiras, com aumento de até 24% na produção de leite por vaca e de 80% na produção de embriões.
Notícias
Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.
Notícias Em Pontes e Lacerda
Novilhas do projeto de transferência de embriões do Governo de MT produzem até 200% litros de leite a mais do que média do Estado
Ação é realizada por meio da Seaf e começou em 2022 no município, com apoio da Empaer e da Prefeitura.
O projeto Melhoramento Genético do Rebanho Leiteiro do Estado – Transferência de Embriões, do Governo de Mato Grosso, começa a apresentar resultados positivos em Pontes e Lacerda. Novilhas girolando meio-sangue, que nasceram pelo projeto, estão produzindo leite até 200% acima da média do Estado na primeira gestação, confirmando a importância do melhoramento genético para o desenvolvimento da cadeia leiteira no Estado.
Realizado com investimentos da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf), o projeto tem a parceria da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) e da Prefeitura de Pontes e Lacerda.
Jonas de Carvalho, empreendedor do campo em Pontes e Lacerda, conta que, na sua propriedade, cinco bezerras nasceram dos embriões transferidos em 2022, quando o projeto começou no município. Elas pariram recentemente com aproximadamente 22 meses de vida, o que ele classifica como “surpreendente”.
Por dia, revela o produtor, cada novilha do projeto chega a produzir 15 litros, o que supera a produção das suas outras vacas. “Neste ano, participei com quatro prenhezes confirmadas e estou ansioso para que elas nasçam e comecem a produzir. Eu não sabia que esse projeto existia, mas não tinha noção de que poderia ter esses resultados”, destaca.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022, apontam que a média da produção de leite por animal por dia em Mato Grosso é de 4,66 litros.
A precocidade reprodutiva das novilhas foi uma surpresa para o produtor Ildo Vicente de Souza, que teve sete bezerras nascidas depois da transferência dos embriões, sendo que uma delas pariu com 21 meses de vida. Atualmente, as novilhas produzem cerca de 10 litros por dia.
“É importante destacar que, além do aumento da produção de leite, o projeto traz também um ganho genético muito importante para o produtor. Os resultados são muito bons”, avalia Ildo.
Também beneficiado pelo projeto de transferência de embriões da Seaf, o produtor Jânio Alencar Leme relata que as novilhas, que nasceram da etapa de 2022, estão produzindo cerca de 12 litros por dia.
“Os resultados da transferência dos embriões são muito bons. Acho muito importante o pequeno produtor ter ações como essas feitas pelo Governo para que possa se desenvolver. Para fazer a transferência de embrião de forma particular é muito caro. Agora, com o apoio financeiro da Seaf, da prefeitura e as orientações da Empaer, podemos ter esse melhoramento genético com raças que são caras”, conta Jânio.
As novilhas são frutos de transferência de embrião do projeto que iniciou, em Pontes e Lacerda, em 2022. Nesta primeira etapa, 31 produtores participaram com nascimento de 94 bezerras girolando meio-sangue. Os embriões são produzidos em laboratório por fertilização in vitro (FIV). São utilizadas vacas doadoras Gir e touros Holandeses de alta produção, e transferidos para vacas comuns do rebanho de cada produtor, as receptoras.
“Temos tido relatos importantes sobre os resultados do projeto de melhoramento genético da Seaf e isso nos mostra que estamos no caminho certo. Temos que investir no pequeno empreendedor rural, segurar na mão dele, para que ele possa começar e depois desenvolver a produção com sustentabilidade. Neste projeto, eles também puderam constatar os avanços que a tecnologia e o manejo correto trazem”, destaca a secretária de Estado de Agricultura Familiar, Andreia Fujioka.
A extensionista e veterinária da Empaer, Rafaela Sanchez de Lima, destaca que é importante considerar que a região passava pelo período de seca e que a alimentação é feita a pasto na maior parte dos casos, o que mostra a boa genética das novilhas e a boa produção se comparadas a média de produção da região.
“O projeto vem surpreendendo todos os que estão envolvidos. Dos animais já nascidos, várias novilhas entraram em puberdade com 11 meses, demonstrando a precocidade delas. E com os ajustes nutricionais necessários elas poderão produzir muito mais leite”, diz Rafaela, que atua na região com a também extensionista, Loana Longo.
Neste ano, o projeto entrou na terceira etapa. Na primeira e na terceira, a Seaf pagou 80% do valor por prenhez e os produtores deram a contrapartida. Na segunda, quem fez o aporte foi a Prefeitura de Pontes e Lacerda, com metade do valor da prenhez e os produtores dando a outra metade como contrapartida. A Empaer deu o suporte técnico em todas as etapas.
Do começo do projeto até este ano, 46 produtores já foram beneficiados no município. Neste período, nasceram 192 fêmeas girolando meio sangue.
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Valor Bruto da Produção atingirá R$1,31 trilhão na safra 24/25
São abrangidos 19 relevantes produtos da pauta da agricultura e cinco das atividades de pecuária.
O Ministério da Agricultura e Pecuária divulgou a primeira estimativa do Valor Bruto da Produção para a safra 2024/2025. O valor atingirá R$1,31 trilhão, um aumento de 7,6%. Desse montante, R$ 874,80 bilhões correspondem às lavouras (67,7% do total) e R$ 435,05 bilhões à pecuária (32,6%).
Em relação à safra 2023/2024, as lavouras tiveram aumento de 6,7%, e a pecuária avançou 9,5%.
Para as culturas de laranja e café a evolução dos preços foram fatores mais relevantes nestes resultados e, para a soja e arroz foi o crescimento da produção a maior influência. Nos rebanhos pecuários foi a melhoria dos preços o mais significativo no resultado.
Considerando a participação relativas das principais culturas e rebanhos pecuários no resultado total (em R$ bilhão):
O Valor Bruto da Produção é uma publicação mensal do Ministério da Agricultura e Pecuária, com base nas informações de produção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e nos preços coletados nas principais fontes oficiais.
No estudo, são abrangidos 19 relevantes produtos da pauta da agricultura e cinco das atividades de pecuária.
A publicação integral pode ser acessada clicando aqui.