Bovinos / Grãos / Máquinas A cada 3 bovinos que nascem um é Angus
Raça Angus conquista cada vez mais espaço no rebanho brasileiro
Reconhecida pelo alto padrão de qualidade da carne que produz, a raça ganhou notoriedade por oferecer gordura entremeada na carne, que garante maciez, sabor diferenciado e suculência. Esse diferencial no produto é resultado de um minucioso trabalho de melhoramento genético do rebanho alinhado a um padrão de acabamento – o que dá origem a carcaças uniformes e com alto índice de marmoreio.

Com tradição na criação de gado de corte, o Brasil abriga um rebanho com diferentes raças que se adaptaram ao clima tropical do país, entre elas a raça Angus, que tem conquistado cada vez mais o paladar dos brasileiros, despertando o interesse de pecuaristas, atentos ao exigente mercado consumidor, pela grande capacidade de produção de carne desses animais.

Pecuarista, empresário e atual presidente da Associação Brasileira de Angus, Nivaldo Dzyekanski: “O Angus hoje não é apenas uma raça bovina, é uma marca que o consumidor espera sempre ser surpreendido” Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural
Considerada uma das raças mais nobres criadas em território nacional, estima-se que a cada três bovinos que nascem um é Angus, de acordo com a Associação Brasileira de Angus. “Talvez esse dado já esteja mudando para 1,5. Essa é a raça que mais vende sêmen no cruzamento industrial, então a criação está crescendo bastante, por isso que nós precisamos buscar cada vez mais melhores resultados, porque o Angus tem um potencial extraordinário e um mercado cada vez mais exigente”, exalta o pecuarista, empresário e atual presidente da Associação Brasileira de Angus, Nivaldo Dzyekanski, em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural.
Reconhecida pelo alto padrão de qualidade da carne que produz, a raça ganhou notoriedade por oferecer gordura entremeada na carne, que garante maciez, sabor diferenciado e suculência. Esse diferencial no produto é resultado de um minucioso trabalho de melhoramento genético do rebanho alinhado a um padrão de acabamento – o que dá origem a carcaças uniformes e com alto índice de marmoreio.
“Temos uma preocupação constante com o melhoramento genético da raça, porque precisamos prever lá na frente o que o mercado quer; porque o mercado é crescente, mas também é cada vez mais exigente. E o Angus hoje não é apenas uma raça bovina, é uma marca que o consumidor espera sempre ser surpreendido. E é isso que nós buscamos dentro do nosso plantel, animais que superem a expectativa do consumidor no marmoreio, na maciez e na suculência da carne”, evidencia Dzyekanski.
Melhoramento genético
Alinhado ao Promebo (Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne) desenvolvido em conjunto com a Associação Nacional de Criadores “Herd-Book Collares” (ANC), entidade onde também é feito o registro genealógico da raça no Brasil, a Angus dispõe há dois anos de uma plataforma digital de seleção genômica para os pecuaristas fazerem as solicitações dos exames de genotipagem do seu rebanho. O sistema pode ser utilizado por pecuaristas associados como por não-sócios.
Funciona assim: o criador realiza seu cadastro no link https://app.sifatweb.com.br/angus, onde vai colocar informações sobre os reprodutores, o tipo de teste e escolher o laboratório credenciado para fazer a análise. Após, realiza a coleta das amostras de pelo identificando com o número de registro e a tatuagem do reprodutor, em seguida envia para a associação através dos Correios, a Angus codifica o material e encaminha ao laboratório para fazer o exame de genotipagem.
Através deste software, a Angus está criando um banco nacional de genótipos da raça. Até o momento já foram solicitados 1.396 testes pela plataforma, deste total 585 somente em 2022. “Esse sistema veio para auxiliar os criadores a ter acesso a indicativos que permitam ganhos cada vez mais consistentes em suas propriedades”, destaca Dzyekanski.
Os resultados dos testes de genotipagem são enviados à ANC para incluir no Promebo, que fará o cálculo das predições genéticas – DEPs enriquecidas -, após os resultados ficam disponíveis no Promebo para acesso dos criadores. Em caso de os pecuaristas solicitarem o exame de homozigose, poderão consultar o resultado apenas pela plataforma da Angus.
“Com a análise genômica conseguimos identificar se um bezerro novo, que ainda não tem filhos, que tipo de filhos irá produzir, isso é espetacular, porque já faz uma pré-seleção. Então você multiplica aqueles que realmente têm potencial reprodutivo”, enfatiza o presidente da Angus.
Desenvolvimento da raça
Com a Embrapa Clima Temperado, a Angus firmou em setembro do ano passado uma parceria técnica de investimento genético à pesquisa agropecuária, através do repasse de um plantel de 150 vacas para formação de uma população de referência. Todo o rebanho utilizado para o desenvolvimento das pesquisas foi avaliado e registrado no Promebo, programa oficial da raça Angus, para que tenha aplicação direta na pecuária em terras baixas, típicas da região Sul do Brasil, onde há maior concentração de Angus por conta das condições climáticas com temperaturas mais amenas, mas também gerando dados para todos os interessados na criação de animais desta raça espalhados por outras regiões do país.
Através desta parceria técnica vai ser possível viabilizar a validação de protocolos sanitários de prevenção da Tristeza Parasitária Bovina (TPB), acesso a métodos para controle de carrapato, avaliação de desempenho da progênie de touros jovens, avaliação de desempenho qualitativo e quantitativo da carne Angus e a realização de pesquisas interdisciplinares em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), ajustados às demandas da atividade agropecuária no Sul do Brasil.
Avanços da raça são mensurados no Promebo
Para realizar o melhoramento genético do rebanho, os criadores associados da Associação Brasileira de Angus participam do programa Promebo, onde são avaliadas características genéticas herdáveis dos animais e de importância econômica como peso ao nascer, ganho de peso ao desmame, ganho de peso da desmama ao sobreano, ganho de peso do nascimento ao sobreano, habilidade materna, conformação de carcaça, precocidade de acabamento, musculatura, tamanho, escores para prepúcio/umbigo, caracterização racial, pelame, pigmentação ocular ou da pálpebra, perímetro escrotal, área de olho de lombo, espessura de gordura subcutânea, espessura de gordura subcutânea medida na picanha, gordura intramuscular e resistência ao carrapato.
Para obter a Diferença Esperada na Progênie (DEP) são realizadas avaliações dos rebanhos conectados à uma base única das raças
registradas e controladas pela ANC, onde são comparados os dados entre todos os animais presentes na análise, como touros pais, ventres e aqueles ainda sem progênie.
A partir da avaliação genética, o pecuarista consegue selecionar o touro reprodutor, saber as melhores novilhas para reposição, melhores touros em utilização e as vacas de melhor eficiência reprodutiva e maior capacidade em desmamar terneiros pesados.
Para o criador participar do programa é necessário que tenha balança de precisão na propriedade e o rebanho seja de animais identificados, com controle de nascimentos, pais conhecidos e avaliações em momentos estratégicos (desmame e pós-desmame).
O presidente da Angus menciona que o Promebo é um programa de referência com todas as informações dos animais registrados, o que denota maior segurança e credibilidade na compra de Angus em território nacional. “Através deste programa, o pecuarista ao comprar um reprodutor o fará não mais olhando visualmente o animal, mas por meio de dados sobre o seu desempenho, é como se ele tivesse em mãos um raio X daquele animal, o que facilita e direciona a raça para o desenvolvimento que o mercado deseja”, salienta Dzyekanski.
Outro teste que integra o Promebo é a Prova de Eficiência Alimentar Angus, onde são analisados o Consumo Alimentar Residual (CAR), o Ganho de Peso Residual (GPR), o Consumo e Ganho de Peso Residual (CGPR), além de características de carcaça como Área de Olho de Lombo (AOL), Espessura de Gordura Subcutânea na Picanha (EGP), Espessura de Gordura Subcutânea de Costela (EGS), Percentagem de Gordura Intramuscular (GIM) e perímetro escrotal (PE). A duração média que os animais ficam confinados é de 95 dias.
Estados produtores de Angus
De origem europeia, o Angus tem fácil adaptação nas regiões Sul, como nos Estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, mas também há criações em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais e na Bahia. “Isso prova que o trabalho de melhoramento genético que estamos desenvolvendo está avançando. Hoje temos em torno de 15 mil produtores de Angus criadores de genética, animais puros (PO) e de cruzamento industrial no Brasil. E todos os Estados brasileiros utilizam sangue Angus no melhoramento genético”, menciona o presidente da Angus.
Carne certificada
O alto padrão de qualidade da carne é reflexo das ações realizadas pelo Programa Carne Angus Certificada, criado em 2003. De acordo com Dzyekanski, é realizado todo um trabalho dentro da indústria frigorífica de certificação da carne, com avaliação fenotípica do animal e de carcaça, que segue um rigoroso protocolo aprovado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e auditado pela empresa alemã TÜV Rheinland.

Foto: Divulgação/Freepik
Segundo Dzyekanski, a carne Angus brasileira é reconhecida como uma das melhores do mundo, tendo nos últimos anos cortes produzidos no país reconhecidos em importantes eventos internacionais de qualidade, como do Instituto Internacional de Sabor e Qualidade e do Desafio Mundial do Bife, o que chamou atenção do mercado externo. Atualmente, a Angus exporta para países de cinco continentes.
Com 19 anos de existência, o Programa Carne Angus Certificada busca identificar dentro dos planteis aqueles indivíduos que mais evidenciam as principais características intrínsecas da raça – que é a maciez, a suculência, a gordura marmoreio e a gordura entremeada ao músculo, para que sejam multiplicados. “A cada ano estamos buscando novos parâmetros para identificar os indivíduos do rebanho que ofereçam mais essas características”, frisa Dzyekanski, ressaltando que o valor arrecadado pela certificação da carne Angus é investido em melhoramento da raça, para que os consumidores tenham sempre um produto de melhor qualidade.
Características
Entre as características da raça Angus, se destacam sua precocidade, uma vez que atinge mais cedo a puberdade nas mesmas condições alimentares de outras raças, o que encurta seu ciclo de desenvolvimento e oferece retorno mais rápido ao pecuarista; a sua habilidade materna, fertilidade e longevidade conferem à criação alta rentabilidade, tanto pelo número de bezerros nascidos, quanto pela quantidade de quilos de cada animal.
De acordo com a Angus, um touro criado em cobertura de campo reproduz, em média, 150 descendentes de genética melhoradora no plantel durante sua vida útil (4 a 5 anos). Somado a isso a rusticidade do Angus faz com que se adapte a diferentes situações climáticas e a vegetação, característica que permite a criação de rebanhos em diferentes regiões no Brasil.
Termotolerância

Em dois anos, 1396 solicitações de exames de genotipagem foram feitas pela plataforma digital de seleção genômica – Foto: Carolina Jardine
Com o crescimento cada vez maior da raça no país, a Angus firmou uma parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) para avaliar os efeitos das altas temperaturas em novilhas da raça Angus de diferentes pelos e pelames (comprimento do pelo). O pontapé inicial do projeto piloto foi dado em janeiro deste ano na Fazenda da Barragem, em Dom Pedrito, RS, onde 50 fêmeas com diferentes pelames – 25 pretas e 25 vermelhas – participaram dos testes, que têm como objetivo selecionar exemplares mais termotolerantes, ou seja, que têm melhor desempenho quando submetidos a temperaturas mais elevadas como das regiões Centro-Oeste, Norte e Sudeste.
Durante dez dias, o projeto mensurou a temperatura interna e externa dos animais, a taxa de ofegação, além de características comportamentais como ruminação, cio e alimentação, a fim de avaliar nas fêmeas os efeitos do estresse térmico, determinado pelo Índice de Temperatura e Umidade (THI). Para isso, as novilhas foram divididas em dois grupos conforme a cor do pelo (pretas e vermelhas) e, na sequência, segregadas de acordo com o escore de pelame (1, 2 e 3 – sendo o 1 com menos e o 3 com mais pelame). A temperatura interna dos animais foi medida automaticamente durante o período pela inserção de um termômetro vaginal que afere a temperatura a cada meia hora. A temperatura externa foi avaliada por termografia infravermelha em momentos específicos. “Tudo isso é uma evolução genética justamente para avançarmos as fronteiras do Brasil, para que o touro Angus possa cobrir vacas a campo em qualquer lugar do país”, salienta Dzyekanski.
De acordo com o professor e médico-veterinário Rafael Mondadori, que coordena o projeto inovador, após as análises do experimento espera-se que os animais vermelhos e os de pelame mais lisa suportem melhor o estresse térmico. A iniciativa é objeto de estudo da mestranda do Programa de Pós-Graduação em Veterinária da UFPel, Caroline Oliveira Farias, e de outras duas alunas.
Futuramente, o objetivo da Angus é que, em alguns anos, seja possível predizer os animais mais termotolerantes sem a necessidade de submetê-los a testes por meio da genômica, contudo, esse experimento contribuirá para formar uma população de referência para essa característica de difícil mensuração, gerando mais uma DEP para mensurar na adaptação da raça Angus no Brasil para produção em climas tropicais.
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Bovinos / Grãos / Máquinas
Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos
Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.
A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).
Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.
Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA
Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.
Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.
Exportação via estabelecimentos com inspeção federal
Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.
A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.
Avanço regulatório
Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.
Bovinos / Grãos / Máquinas
Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste
Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.
A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago
O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.
Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.
As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.
“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.
Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.
Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.
Encontro produtivo para o futuro do setor
Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.
Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação
O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.
O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “
Representação
Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi; o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep; o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.
Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa
Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima
Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).
O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.
Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.
Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.
Agrometeorologia e planejamento do produtor
Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.
Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.
Rastreabilidade e sanidade animal
O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.
A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.
Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.



