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“Quem não se adaptar, insistindo em permanecer no passado, não conseguirá seguir adiante”, crava especialista

Entre as principais transformações em curso está a adoção crescente de tecnologia e automação.

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A indústria do leite no Brasil e, em particular na região Sul, está passando por transformações que têm impacto direto na produção, gestão e consumo desse produto no país. Essas mudanças refletem a busca por maior eficiência, sustentabilidade e qualidade, além da adaptação às demandas do mercado. E o recado de especialistas é claro. “Quem não se adaptar, insistindo em permanecer no passado, não conseguirá seguir adiante”, crava o especialista em Pecuária Leiteira e diretor na AJAgro Consultoria, Andrew Jones.

Especialista em Pecuária Leiteira e diretor na AJAgro Consultoria, Andrew Jones – Foto: Arquivo Pessoal

Entre as principais transformações em curso está a adoção crescente de tecnologia e automação. Os produtores de leite estão investindo em equipamentos avançados, como ordenhas automáticas e sistemas de monitoramento, que permitem otimizar a produção, melhorar a eficiência e reduzir os custos operacionais. Além disso, a gestão informatizada, com o uso de softwares especializados, está se tornando cada vez mais comum, permitindo um controle mais preciso dos processos e uma tomada de decisão mais assertiva. “Também está ocorrendo uma rápida profissionalização do setor envolvendo a implementação de métodos, práticas e processos internos em fazendas que anteriormente não estavam presentes. Por meio da adoção de tecnologias avançadas, os agricultores agora conseguem otimizar suas tarefas diárias, o permite que tenham uma organização mais eficiente em suas propriedades”, aponta o especialista em Pecuária Leiteira.

A sustentabilidade ambiental também é uma preocupação crescente na indústria do leite. Os produtores estão implementando práticas sustentáveis, como o manejo adequado dos resíduos, o uso responsável dos recursos naturais e a redução do impacto ambiental. Além disso, estão surgindo iniciativas de produção orgânica e de bem-estar animal, visando atender às demandas dos consumidores por produtos produzidos de forma sustentável.

Outra mudança importante é a busca por uma maior qualidade do leite. Os produtores estão investindo em melhorias nas condições de higiene e sanidade nas fazendas leiteiras, garantindo que o produto final atenda aos padrões de qualidade exigidos pelos mercados nacional e internacional, apesar deste ainda ser ínfima a participação brasileira. Além disso, a rastreabilidade e a certificação de origem estão ganhando destaque, proporcionando maior confiança aos consumidores em relação à procedência e qualidade do leite que estão adquirindo.

No campo da distribuição, a indústria do leite está se adaptando às demandas dos consumidores, que buscam cada vez mais produtos diferenciados, como leites com baixo teor de lactose e produtos lácteos com valor agregado, como queijos especiais e iogurtes naturais.

Crise no setor

Nos últimos anos, a pecuária leiteira brasileira enfrentou uma série de dificuldades. Especificamente no Rio Grande do Sul, a crise hídrica causada pelo fenômeno La Niña resultou em uma escassez de chuvas ao longo dos últimos três anos, prejudicando severamente a produção de alimentos volumosos para o gado. Isso, por sua vez, aumentou os custos de produção. “Além disso, a guerra na Ucrânia e a pandemia de Covid-19 impactaram negativamente os custos de produção, especialmente devido à aquisição de insumos como milho e a soja”, afirma Andrew.

De acordo com o especialista, quando o leite é bem administrado apresenta uma rentabilidade por hectare maior do que a pecuária de corte. No entanto, a pecuária leiteira brasileira não tem o viés de exportação, uma vez que precisa de know how para exportar produtos lácteos para outros países. “As exportações representam uma parcela insignificante, menos de 1% do mercado. Isso é preocupante porque significa que dependemos exclusivamente do consumo interno. Com todas as crises e a queda do poder aquisitivo da população brasileira, o consumo de produtos lácteos neste contexto acaba sendo prejudicado. Não que as pessoas não queiram comprar esses produtos, elas desejam, mas muitas vezes não possuem renda suficiente para adquirir o que gostariam”, analisa.

Fatores impulsionadores de transformações no setor

De acordo com o especialista, a chegada da pecuária 4.0 tem trazido ao Brasil um pacote tecnológico que está transformando o setor, substituindo a mão-de-obra, que muitas vezes é escassa, e proporcionando às famílias rurais a oportunidade de ter uma vida mais tranquila.

Entre as oportunidades que já existiam em outros países está a ordenha robotizada, na qual o ser humano não precisa mais participar diretamente, proporcionando ao produtor uma melhor qualidade de vida no campo, com mais tranquilidade e tempo livre. “Além dos ganhos em produtividade e longevidade dos animais, as vacas que produzem grandes volumes de leite, entre 70 e 80 litros, podem ser ordenhadas até sete vezes ao dia, algo impossível de ser feito manualmente. Mesmo nas fazendas mais modernas do Brasil, onde a ordenha canalizada é adotada, a prática é realizada no máximo três vezes ao dia, sendo que a maioria ordenha duas vezes. A ordenha robotizada estimula a produção das vacas, uma vez que sempre que o úbere é esvaziado, a vaca inicia novamente a produção de leite”, salienta o consultor.

Além disso, a automação abrange a amamentação de bezerros, o confinamento de animais em galpões com processos automatizados, como a raspagem de esterco e a ausência de batedouros, e a utilização de chips eletrônicos instalados em coleiras ou pedômetros para medir a ruminação e determinar o momento certo de inseminação das vacas. “Todos esses processos estão agora automatizados, eliminando a dependência humana e introduzindo um pacote tecnológico moderno, antes indisponível no meio rural. Com os processos automatizados, os produtores conseguem organizar melhor o trabalho e, como resultado, têm mais tempo para se dedicar à gestão financeira de suas propriedades”, menciona Andrew.

Em relação aos custos, o profissional diz que a automação traz maior eficiência e otimização do serviço, impactando positivamente tanto para os produtores quanto para a indústria. No entanto, para os produtores, as margens de lucro têm sido comprimidas nos últimos anos e os aumentos nos custos de alimentação têm um impacto significativo. “E ainda há aumentos de custos em outros setores da atividade, como prestação de serviços e energia elétrica, que vêm aumentando gradualmente ao longo dos anos e afetando as margens de lucro”, aponta o especialista.

Diante desses desafios, Andrew frisa que é crucial que os produtores façam uma gestão eficiente de seus números e enxerguem suas propriedades como empresas rurais, com um balanço financeiro, análise de custos e um orçamento anual para planejar adequadamente as atividades e investimentos. “A profissionalização das propriedades rurais é fundamental para superar o impacto da pecuária 4.0 e garantir a continuidade da atividade nos próximos anos. Quem não se adaptar, insistindo em permanecer no passado, não conseguirá seguir adiante na atividade”, avalia.

Custo de produção

Atualmente, o especialista afirma que os produtores estão cada vez mais conscientes da importância de realizar a gestão eficiente de suas propriedades. Embora muitos tenham a vontade de fazê-lo, poucos ainda sabem, de fato, qual é o custo de produção do leite em suas fazendas.

Quando se fala em gestão, o que a maioria dos produtores sabem apenas o preço pelo qual vendem o leite. “Saber o custo de cada litro produzido é fundamental para a tomada de decisões. Se o produtor vendeu o leite a R$ 3 e o custo de produção foi de R$ 2,30, ele obteve lucro de R$ 0,70. Por outro lado, se o custo de produção foi de R$ 3,30, ele teve um prejuízo de R$ 0,30. É crucial ter essas informações em mãos, caso contrário, estará navegando em águas desconhecidas, sem uma bússola para orientá-lo em sua trajetória”, reforça o especialista.

Para realizar esse cálculo, Andrew recomenda que as despesas sejam separadas por centros de custo, considerando gastos com mão de obra própria, mão-de-obra de terceiros, energia elétrica, produtos veterinários, materiais de higiene e limpeza da ordenha, manutenção da ordenha, alimentação volumosa e concentrada, manutenção de máquinas, manutenção de implementos, manutenção das construções, entre outros. “O produtor deve separar esses custos e manter um controle de estoque, registrando as saídas e o consumo. Embora não seja uma tarefa simples, esse controle é fundamental e deve ser feito diariamente, pois na produção de leite, os custos variam dia-a-dia”, salienta.

Inovações para o setor

Entre as inovações tecnológicas que podem ser empregadas, há a utilização de tratadores automáticos, eliminando a necessidade de um trator para alimentar os animais confinados. Além disso, cercas elétricas invisíveis também são uma opção, com o gado condicionado a permanecer nos piquetes delimitados. Embora ainda não seja muito comum no Brasil, essa tecnologia tende a se expandir.
Atualmente, Andrew destaca que os pecuaristas dispõem de diversas ferramentas modernas. No entanto, o principal desafio é a falta de capacidade de investimento. “Seria de extrema importância que o governo disponibilizasse linhas de crédito específicas para que os produtores pudessem automatizar suas produções, oferecendo condições de longo prazo e juros acessíveis”, pontua.

Perspectivas futuras

Em relação às perspectivas futuras para a indústria do leite na região Sul e no Brasil, prevê-se um aumento do número de vacas em fazendas que estejam profissionalizadas, apesar da saída contínua de produtores da atividade. Isso vai resultar em uma redução no número de fazendas e de produtores, por outro lado, haverá um aumento na quantidade de vacas e na produção de leite por vaca/dia, resultado da aplicação tecnológica no setor. “É necessário que tanto os produtores quanto a indústria se tornem mais tecnificados. O parque industrial ainda opera com muita ociosidade, o que não é favorável para a cadeia produtiva. Um estudo geográfico da produção de leite no país poderia ajudar a identificar os reais problemas para melhorar a situação do setor”, elenca Andrew.

Nos próximos meses, espera-se uma maior adequação do setor industrial e dos produtores de leite, visando a diminuição de custos, otimização do transporte de leite e entrada maior no mercado externo. “É urgente a necessidade de desenvolver estratégias para tornar o Brasil um exportador de leite, porque estamos atrasados em comparação com outros produtos de proteína animal. É preciso estudar as melhores formas de exportação, encontrar os produtos mais adequados para esse mercado e considerar o shelf life do leite”, ressalta.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse gratuitamente a edição digital de Bovinos, Grãos e Máquinas. Boa leitura!

 

Fonte: O Presente Rural

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Regeneração de pastagens e sistemas integrados ganham protagonismo na pecuária brasileira

Especialistas destacam que eficiência produtiva, solo saudável e adoção de ILPF são caminhos centrais para uma pecuária sustentável e de baixo carbono.

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Foto; Gabriel Faria

A regeneração de pastagens degradadas e a adoção de sistemas integrados de produção devem ocupar o centro da estratégia da pecuária brasileira para os próximos anos. Essa visão foi defendida por Fábio Dias, líder de Pecuária Sustentável da JBS, durante sua participação no VEJA Fórum de Agronegócio, realizado nesta segunda-feira (24), em São Paulo.

Ao participar do painel “Agricultura Sustentável: como produzir sem desmatar”, o executivo ressaltou que a eficiência produtiva e a sustentabilidade caminham juntas para garantir a perenidade do negócio. Com atuação em 20 países e relacionamento diário com centenas de milhares de produtores, a JBS enxerga a saúde da cadeia de fornecimento como prioridade. “A produção pecuária e agrícola precisa prosperar por muitos anos, não apenas por alguns. Se os produtores não forem bem, toda a cadeia não irá bem”, explicou.

Dias também analisou a mudança de paradigma no setor: se antes o foco estava exclusivamente no volume de produção, hoje a degradação e a queda de produtividade, especialmente em áreas de abertura mais antigas, impulsionaram uma nova mentalidade voltada à longevidade e à qualidade do solo.

Segundo Dias, essa agenda regenerativa é um imperativo de gestão, focada na melhoria contínua do ativo ambiental. “É fundamental garantir que a fazenda seja mantida em condições de produtividade superior a cada ano, demonstrando que a exploração pecuária de longo prazo é totalmente sustentável”, afirmou.

O executivo reforçou a singularidade do modelo brasileiro, capaz de acomodar duas ou três safras na mesma área. Nesse contexto, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) surge como ferramenta vital. A presença animal no sistema não apenas diversifica a renda, mas eleva a biologia do solo e sua capacidade de estocagem de carbono. “Colocar animais numa área aumenta a vida do local, eleva a qualidade da terra e mantém o solo coberto durante todo o ano”, explicou Dias. De acordo com o executivo, a eficiência gerada pela ILPF, somada à redução da idade de abate dos animais, resulta em menor pressão por desmatamento e queda nas emissões entéricas, pavimentando o caminho para uma pecuária brasileira de baixo carbono.

Para acelerar a adoção dessas tecnologias e fortalecer a formalização da cadeia, a JBS estruturou um ecossistema robusto de difusão de conhecimento, assistência técnica e gerencial. O objetivo é empoderar o produtor para a tomada de decisões embasadas. “Construímos um ecossistema que difunde conhecimento e apoio aos produtores”, reforçou Dias.

Essa estratégia, operacionalizada por meio do programa Escritórios Verdes, criado em 2021, e que que oferecem assistência técnica, ambiental e gerencial gratuita, tem gerado impacto mensurável: desde então, já foram mais de 20.000 produtores apoiados, reinseridos na cadeia produtiva legal e sustentável.

O líder de Pecuária Sustentável da JBS concluiu que o potencial do Brasil em ter uma pecuária baixa em carbono é evidente, dada a capacidade de armazenagem do solo tropical e a redução da idade de abate dos animais. “Ao aumentar a produção por área, a JBS enxerga um futuro brilhante para a pecuária brasileira, onde a sustentabilidade se torna o novo padrão de eficiência e inclusão produtiva”, pontuou.

Fonte: Assessoria JBS
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Mercado do leite volta a cair em novembro e mantém pressão sobre o produtor

Demanda mais fraca e custos elevados sustentam pressão negativa sobre o preço ao produtor.

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Foto: Shutterstock

O preço médio nacional do leite ao produtor fechou novembro de 2025 em R$ 2,44 por litro, conforme o boletim Indicadores Leite e Derivados, elaborado pelo Cileite/Embrapa. O valor representa queda de 3,8% na comparação mensal e recuo de 14,8% em 12 meses, consolidando um ano de forte retração para o setor.

A análise regional mostra que todos os estados acompanhados registraram variações negativas, como em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. As barras do gráfico destacam uma tendência comum de queda, com redução próxima a 4%.

Derivados também caem

Foto: Sistema Faep

Os preços dos lácteos seguiram o mesmo movimento. O boletim indica retração de 1,0% no conjunto de “Leite e Derivados” e queda de 0,2% em outro agrupamento de produtos monitorados. Entre os itens acompanhados individualmente, o leite UHT apresentou variação negativa mais intensa, acompanhado por baixas em queijos, manteiga, creme de leite e leite condensado — todos com índices de redução destacados na coluna “Em 12 meses”.

Consumo interno não reage

O relatório também traz a evolução do ticket de compra de lácteos no varejo, mostrando oscilações ao longo de 2023, 2024 e 2025. A curva referente a 2025 revela leve recuperação no segundo semestre, mas ainda distante dos patamares observados em anos anteriores. Segundo o boletim, o consumo interno não tem acompanhado a oferta, o que contribui para a continuidade da pressão sobre os preços ao produtor.

Cenário segue desfavorável ao produtor

Com custos ainda elevados em várias regiões e baixa capacidade de repasse pela indústria, o momento permanece desafiador para a cadeia produtiva. A retração em praticamente todos os indicadores reforça o ambiente de margens apertadas e de incerteza para o início da temporada 2026.

Fonte: O Presente Rural com Cileite/Embrapa
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Mato Grosso institui Passaporte Verde e eleva padrão socioambiental da pecuária

Nova lei, que entra em vigor em 2026, estabelece critérios socioambientais e rastreabilidade completa do rebanho para atender às exigências dos mercados internacionais.

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Foto: Divulgação/Imac

A Assembleia Legislativa de Mato Grosso aprovou, em duas votações, na última quarta-feira (19), o projeto de lei que institui o Programa Passaporte Verde, iniciativa que coloca o Estado na vanguarda da pecuária sustentável no Brasil. A nova legislação entra em vigor em janeiro de 2026 e estabelece critérios socioambientais para todo o monitoramento de rebanho bovino e bubalino mato-grossense, com o objetivo de atender às exigências dos mercados internacionais mais competitivos.

O Passaporte Verde, desenvolvido pelo Instituto Mato-grossense da Carne (Imac) em parceria com o Governo do Estado e o setor produtivo, propõe o monitoramento socioambiental completo da cadeia da carne, desde o nascimento do animal até o abate. O programa prevê etapas de implantação para incluir propriedades de todos os portes, oferecendo suporte técnico e orientação aos produtores.

Entre os objetivos dessa política de sustentabilidade estão o desenvolvimento sustentável, a inclusão e consciência produtiva, o acesso ao mercado global, qualidade e monitoramento, incentivo de parcerias do setor privado com entidades públicas, a valorização de serviços ambientais, além do estímulo do ambiente de concorrência equitativa na cadeia produtiva.

A iniciativa reforça o compromisso de Mato Grosso com a produção responsável, rastreabilidade, transparência e conservação ambiental, critérios cada vez mais valorizados pelos importadores e consumidores globais. Países da Europa e da Ásia, por exemplo, têm adotado políticas que priorizam produtos com comprovação de origem sustentável e desmatamento zero. “Mato Grosso se consolida como pioneiro em sustentabilidade com o Passaporte Verde. Estamos mostrando ao mundo que é possível produzir mais, com responsabilidade ambiental e inclusão social. Esse programa será uma vitrine da pecuária moderna, transparente e comprometida com o futuro do planeta”, comemorou o presidente do Imac, Caio Penido.

Fonte: Assessoria Imac
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