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Queijo foi – e tende a continuar sendo – o queridinho do Brasil

Supervisor de Fomento e Política Leiteira na Frimesa, Eduardo Portugal, fez uma avalição de como está se comportando e o que esperar do mercado de lácteos

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O mercado de lácteos é bastante variável. Segundo pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, ano de 2020 foi marcado por adversidades. Do lado da demanda, a pandemia de coronavírus resultou em mudanças bruscas no comportamento do consumidor. Do lado da oferta, o clima prejudicou a atividade, devido às irregularidades das chuvas e às secas extremas, especialmente no Sul do país. Esses dois fatores, combinados, proporcionaram um ano de desequilíbrios entre a oferta e a demanda e de elevação substancial dos preços no campo.

Já para 2021, o Cepea observa que a disponibilidade de matéria-prima deve permanecer limitada, especialmente no primeiro trimestre do ano, com volumes de leite abaixo da média registrada para o mesmo período de 2020. Esse cenário se deve ao clima desfavorável no ano passado (tempo seco e temperaturas elevadas, que prejudicaram as pastagens) e ao aumento contínuo nos custos de produção (os valores dos dois principais componentes da ração, o milho e o farelo de soja, atingiram patamares recordes).

Para o supervisor de Fomento e Política Leiteira na Frimesa, presidente do Conselho de Sanidade de Marechal Cândido Rondon e participante do comitê técnica da Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH), Eduardo Portugal, o queijo deve continuar sendo o “queridinho” neste ano, assim como os preços pagos aos produtores deve ser melhor para aqueles que focarem na qualidade do produto ofertado.

O Presente Rural – Estamos praticamente entrando fase crítica da pastagem e ela ainda é uma ferramenta importante na alimentação dos animais da produção de leite. Qual a perspectiva para os produtores de leite nesse inverno?

Eduardo Portugal – Nós temos que entender que o inverno sempre favoreceu a cadeia láctea total, do produtor até a indústria. Nós estamos vivendo um momento instável pela falta de chuvas e querendo ou não a nossa região (Oeste do Paraná) tem a cultura das pastagens de inverno. Então a necessidade de você ter uma comida disponível é fundamental. Então a gente está aguardando com essa expectativa do período de parição das vacas. Porque o inverno sempre elevou os preços do consumidor, porque consumidor brasileiro tem essa cultura de aumentar o consumo do café com leite, do queijo. Aliás, o queijo foi o produto da pandemia, o produto mais vendido no país durante a pandemia, o queridinho do Brasil. Dessa forma, deu esse boom do consumo e agora houve uma reação invertida pelo aumento da soja e do milho e o custo de produção da ração ficou muito caro. Mas existe um aumento relativo na entrada de leite. Para você ter uma ideia, se for comparar o trimestre janeiro, fevereiro e março de 2021 com o mesmo período de 2020 houve um aumento de 40% na entrada de leite.

O Presente Rural – A Frimesa hoje entrou em várias regiões do Paraná e outros Estados. Qual é a perspectiva do rebanho leiteiro nessas regiões onde a Frimesa atua?

Eduardo Portugal – Nós temos uma semente muito bem plantada, não somente no Oeste do Paraná, mas também no Sudoeste, nas cidades de Capanema e São João, em Santa Catarina, na cidade de Aurora, e no Mato Grosso do Sul, temos em Mundo Novo uma unidade nossa.

No Paraná tudo começou com a importação das novilhas uruguaias, lá no final dos anos 1980 quando importamos 14 mil novilhas uruguaias, junto com as cinco cooperativas filiadas. E concomitante a isso, no Governo do Estado entrou o PIA (Programa de Inseminação Artificial). A nossa região, naquela época, consumia 40% do sêmen do Estado. Então houve um boom, porque a nossa média de vaca há 30 anos era três litros de leite, a partir do momento que foi trazido animais de fora, com genética holandesa, e mais sêmen disponíveis foi aumentando. Quando o produtor viu uma novilha de primeira lactação chegando a 20, 25 litros ele não acreditava.

O Presente Rural – Hoje, qual a média da produção?

Eduardo Portugal – Hoje há aproximadamente 1,1 milhão de produtores de leite no país. Para se ter uma ideia, 30% destes produtores produz 70% da produção nacional. Então ainda estamos tecnificando a atividade. Temos que aumentar.

Temos que entender que a atividade do leite, é a única atividade mensal, tirando hortifrúti granjeiro é a única atividade que o produtor sabe que existia o famoso cheque do leite alguns anos atrás. Isso dá uma sustentação grande do giro do dinheiro.

O Presente Rural – Quais são as perspectivas de preço para o produtor? São boas?

Eduardo Portugal – Quando você fala em $2 $2,15 você analisa quando vê um caixinha de leite longa vida a $4,50, isso é 50% do valor numa caixinha. Então o problema não é o que ele recebe, é o que sobra no momento pelo custo do insumo alto. A gente tem que lembrar que para cada quilo de ração que o produtor deixa de dar para vaca é de 2,5 a três litros a menos que ele produz por quilo de ração, dependendo do nível genético do animal. Então para você ver agora, vai haver, já está havendo, uma seleção natural. Vimos que no suíno houve esse crescimento, as grandes propriedades de terminação, em aves hoje vemos aviários com 25 mil aves e daí você fala com todo sentimento, produtor de 30 litros por dia. Para os players hoje de leite no Brasil o assunto mais discutido entre as grandes empresas é o sistema de captação. É ali que tem impacto. Se você pega uma empresa que tem custo de recepção de leite de R$ 0,4. Então o que acontece, aí você tem custo de R$ 0,10. Imagina dentro da cadeia láctea na hora que chega no ponto de venda a sua competitividade. Então agora houve uma evolução grande.

O Presente Rural – Tendência produtor de leite é seguir essa tendência dos suíno e aves?

Eduardo Portugal – Com certeza. Diminuir o número de propriedades e aumentar o volume. Porque inclusive, a pedido do diretor executivo (da Frimesa), Elias Zydeck, hoje já estou trabalhando focado em certificação da propriedade. Onde está o leite que eu preciso. A gente acompanha o processo de evolução. A Frimesa fez em abril a primeira exportação de queijo para China. Já temos contato com México, para o leite condensado. No ano passado, quando houve um boom da nossa unidade, que cresceu, tivemos parceira com a Coreia por dois anos, vendemos por dois anos queijo para Coreia. Então vai haver essa seleção natural, a gente vê o crescimento das empresas.

O Presente Rural – Todos os derivados de animais houve evolução de preços, conforme matéria prima. O leite não tem isso, por quê?

Eduardo Portugal – O que acontece, ele passou pelo boom, agora está nós mesmos estamos lançando produtos, como iogurtes, entramos nos gregos, lançamos alguns tipos de queijos diferentes, existe evolução de parcerias. Você precisa ter parceria. Temos produtos finos, agora atinge quem? Qual a camada da população? Leite atinge todas as camadas, porque tem produtos de preços variáveis. Agora atinge de menos renda, como o leite, iogurte, existe alguns produtos mais finos e maios caros, tanto é que o que fez os R$ 600, as seis parcelas, do auxílio emergencial, isso o leite foi o produto maios vendido durante a pandemia. Isso mostrou que o leite é um gênero de primeira necessidade, se o capital fosse, já saiu as outras parcelas do auxílio emergencial, então eu tenho certeza de que por entender qual consumo familiar, o leite vai se destacar. Não com a mesma intensidade do ano passado.

O Presente Rural – Há perspectivas de novos investimentos na Unidade de Marechal Cândido Rondon da Frimesa?

Eduardo Portugal – Nós já elevamos a nossa capacidade. Foram comprados cinco silos de 90 mil litros e três de 125 mil litros. Estamos reestruturando, já foi montado. Nós temos que ter processos de melhoramento sempre.

Fonte: O Presente Rural

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025

Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

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Foto: Cláudio Neves

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves

A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.

Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.

Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.

Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves

Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.

Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.

Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.

Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.

Fonte: O Presente Rural
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro

Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

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Foto: Percio Campos/Mapa

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.

No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.

Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.

Fonte: Assessoria Mapa
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável

Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

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Fotos: Koppert Brasil

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”

Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.

Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.

As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).

Maior mercado mundial de bioinsumos

O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.

A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.

Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.

Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.

Fonte: Assessoria Koppert Brasil
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