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Quedas e oscilações de energia causam prejuízo milionário no campo

Com base no relato de mais de 50 sindicatos rurais, Sistema FAEP/SENAR-PR pede providências imediatas à Copel, ao governo do Paraná e à Alep

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Foto: Divulgação/Sistema FAEP/SENAR-PR

Mais do que transtornos em seu dia a dia, produtores rurais de todas as regiões do Paraná têm amargado prejuízos significativos em razão de quedas recorrentes no fornecimento de energia elétrica ou de oscilações na tensão da rede. Nos últimos meses, o Sistema FAEP/SENAR-PR recebeu 18 ofícios de sindicatos rurais e núcleos de sindicatos, que, juntos, correspondem a 54 unidades sindicais. Os documentos detalham os problemas enfrentados por agricultores e pecuaristas e que impactam diretamente na produção agropecuária. Os apagões têm se imposto como um obstáculo a quem produz, mas com impactos que se refletem na economia do Estado.

O Sistema FAEP/SENAR-PR compilou os apontamentos enviados pelos sindicatos rurais, resumindo os problemas no fornecimento de energia e traçando um cenário da situação vivida por produtores. Enviado em 5 de fevereiro à Copel, ao governo do Paraná e a todos os deputados estaduais, o ofício pede providências imediatas e assinala: “O tema é urgente e, sem resolução, o desenvolvimento do Paraná poderá ser comprometido”.

“A energia elétrica é um dos insumos mais importantes da produção agropecuária. Os problemas no fornecimento afetam diretamente a nossa força produtiva e, em consequência disso, prejudicam a economia do Paraná. O sentimento manifestado pelos produtores rurais é de completo abandono. Por isso, pedimos medidas urgentes, para que os prejuízos não sejam ainda maiores” diz Ágide Meneguette, presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR. “É uma questão que causa reflexos diretos dentro da propriedade e indiretos em toda a sociedade paranaense”, observa o presidente.

Problemas e prejuízos

Um dos reflexos da deterioração da rede elétrica no campo é a oscilação recorrente de carga, que tem provocado a queima de sistemas elétricos de equipamentos, como motores, bombas de irrigação, climatizadores e painéis de controle, entre outros. Em alguns casos, o prejuízo vai além. Em outubro de 2023, após uma série de oscilações na rede, um disjuntor se queimou em um dos aviários de Luiz Bertolassi, no município de Jardim Alegre, no Norte do Paraná. Com isso, equipamentos que mantinham as condições de iluminação do galpão deixaram de funcionar, provocando a morte de praticamente todo o lote de frangos: de 15.548 aves, apenas 11 sobreviveram.

“Com a queima do disjuntor, as cortinas abriram, os frangos assustaram com a luz e morreram na hora. O frango é um bicho muito sensível. E nem estava tempo ruim. Isso foi num sábado, ao meio-dia. Estava um sol que Deus mandava”, relembra Bertolassi. “Ainda não acertamos como vai ficar, mas se a empresa for cobrar de mim, estou morto! Pela tabela, cobram R$ 10 por animal”, diz o produtor, se referindo à integradora, que fornece os pintainhos e os insumos, para que o avicultor produza o lote de frangos. Bertolassi ainda teve que arcar com os custos do descarte das mais de 15 mil aves mortas.

Por causa de oscilações na energia, Bertolassi perdeu um lote de mais de 15 mil aves

Outro problema sentido reiteradamente pelos produtores rurais são as quedas de energia. No último quadrimestre de 2023, houve mais de 38 mil interrupções de distribuição de energia registradas no Paraná, aumento de 23,6% em relação ao mesmo período de 2022, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em alguns casos, os episódios são sequenciais. Em Guamiranga, na região Centro-Sul do Paraná, por exemplo, houve dez quedas em apenas uma hora, o que fez com que diversos equipamentos queimassem – conforme ofício enviado ao Sistema FAEP/SENAR-PR pela prefeitura e assinado por 13 associações de produtores, que representam mais de 1,8 mil famílias.

O período médio de duração das interrupções também aumentou. O tempo de atendimento subiu de 248 minutos (mais de quatro horas) para 355 minutos (quase seis horas), de acordo com a Aneel. Há casos, entretanto, em que a interrupção no fornecimento se estende por dias, como na propriedade do avicultor Roberto de Lucas Rodrigues Bittencourt, em Terra Boa, no Noroeste do Paraná. A fazenda ficou às escuras por quase três dias seguidos, entre 10 e 12 de janeiro deste ano. Na hora que a energia caiu, Bittencourt ligou um conjunto de geradores à diesel, mas os equipamentos também não aguentaram à sobrecarga. Um deles queimou e o produtor teve que, às pressas, alugar um novo, ao custo de R$ 2,5 mil. Nesse meio tempo, do lote de 200 mil aves nos galpões, 10 mil morreram.

“Os geradores são feitos para usar uma ou duas horas, em situações de emergência, até a luz ser religada. Não é para ficar ligado direto, derretendo e virando o dia. Meu prejuízo foi de R$ 100 mil”, garante o produtor. “Eles demoraram três dias para identificar o problema. Era um religador automático, que, quando falha, dá sinal na central. Então, ou eles foram incompetentes ou foram negligentes. E não estava chovendo. Estava um ‘céu de brigadeiro’”, acrescenta Bittencourt, que reuniu os registros para ingressar com uma ação judicial contra a Copel.

Problema semelhante ocorreu nos municípios que fazem parte da Associação dos Produtores da Água do Monjolo, no Norte do Paraná. Em novembro de 2023, em um intervalo de dois dias, houve duas quedas de energia que deixou produtores rurais sem luz por mais de 30 horas. Vice-presidente da associação, Nivaldo de Paula Faria, recorreu a geradores, que conseguiram se manter até o restabelecimento da energia. Mas outros produtores da região não tiveram a mesma sorte. Os mais penalizados foram os pecuaristas de leite.

“Essa rede atinge 30 produtores. Tivemos vizinhos que perderam toda a produção de leite nesses dias. Tiveram que jogar todo o leite fora. Milhares de litros desperdiçados”, diz Faria.

“O produtor não suporta mais ficar no prejuízo” desabafa Nivaldo de Paula Faria, vice-presidente da Associação dos Produtores da Água do Monjolo.

Em Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba, os produtores rurais também têm sofrido com o fornecimento de energia elétrica. Segundo o avicultor Eduardo Araújo, os problemas se agravaram nos últimos seis meses, a ponto de as oscilações e quedas ocorrerem toda semana. Em fevereiro, as falhas na tensão da rede provocaram a queima de quatro motores e de um controlador. Ele gastou R$ 2,5 mil para reparar os equipamentos. Em uma das quedas, ficou 12 horas às escuras e teve que recorrer ao gerador.

Eduardo Araújo perdeu quatro motores e um controlador: prejuízo de R$ 2,5 mil

“Quando está no gerador, a gente não dorme. E se escapa uma mangueira? Tem que ficar acordado, monitorando a temperatura da granja. Então, não é só o prejuízo financeiro. É psicológico, também. A gente fica refém. A gente fica rezando para não faltar luz”, disse. “E tudo isso piorou depois da privatização [da Copel], em todos os pontos: de falta de fase, de queda de energia e demora do religamento”, apontou Araújo. Coordenador da Cadec de Mandirituba e da Lapa, ele tem recebido inúmeros relatos semelhantes de muitos dos 199 produtores integrados da região.

Em Rondon e em Cidade Gaúcha, no Noroeste do Paraná, as quedas de energias por tempos estendidos obrigaram produtores rurais a contratar caminhões-pipas para abastecer os reservatórios de água de animais, evitando que viessem a morrer de sede. Os prejuízos também se alastraram pela agricultura. Houve registros de bombas e equipamentos de irrigação queimados em razão das falhas de abastecimento elétrico. No caso da fumicultura, a danificação de motores de estufas afetou a secagem do tabaco, implicando na perda de qualidade do produto.

Tudo isso faz com que os produtores afetados pensem em recorrer à justiça. Em Guarapuava, por exemplo, o sindicato rural reuniu 30 produtores que, juntos, respondem por mais de 40 unidades consumidoras, que tiveram prejuízos causados pelas oscilações ou quedas de energia. A procura fez com que o presidente da entidade, Rodolpho Botelho, disponibilizasse a assessoria jurídica aos associados. “Temos vários produtores querendo entrar com ação judicial contra a Copel por causa dos prejuízos, então, estamos com nossa assessoria jurídica à disposição”, ressalta.

Conta do produtor subiu 76% em cinco anos

Nos últimos cinco anos, os produtores rurais do Paraná viram sua conta de luz disparar. O custo da energia elétrica no campo subiu 76,4% no período, enquanto a tarifa residencial teve reajuste de 45,1% – em ambos os casos, as altas foram superiores à da inflação, medida pelo IPCA. Com o fim de subsídios, a tarifa rural se equiparou à urbana. No campo, entretanto, os serviços têm gargalos estruturais. Em 2021, por exemplo, o produtor paranaense ficou, em média, 30 horas sem energia, enquanto esse período médio foi de sete horas na cidade.

Luiz Eliezer Ferreira analisou os ofícios enviados pelos sindicatos rurais

“A energia compõe o principal custo da avicultura e da suinocultura, o segundo da piscicultura e o terceiro na produção leiteira. É um insumo que tem impacto direto na produtividade, no bem-estar animal e na relação dos produtores com as agroindústrias. Apesar de a tarifa no campo ter se igualado à da cidade, os investimentos no meio rural têm se mostrado inócuos, o que tem se expressado nos episódios reiterados de problema no fornecimento que recebemos, de produtores de todo o Estado”, relata Luiz Eliezer Ferreira, técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP/SENAR-PR e conselheiro pela classe rural do Conselho de Consumidores da Copel.

“É um fator que impacta diretamente na competitividade do setor agropecuário paranaense”, diz Luiz Eliezer Ferreira, técnico do DTE do Sistema FAEP/SENAR-PR.

Privatização

Em 2023, o governo do Paraná arrecadou R$ 3,1 bilhões com a venda de ações da Copel na Bolsa de Valores, em São Paulo. Destes, R$ 2,6 bilhões tinham sido obtidos em agosto do ano passado, com uma operação inicial. Em setembro, um lote suplementar de ações rendeu R$ 464 milhões aos cofres paranaenses. Também no ano passado, o Conselho de Administração da Copel aprovou a distribuição de R$ 958 milhões de dividendos a acionistas.

Segundos os produtores rurais, os episódios de quedas e oscilações aumentaram após a privatização. Quem está no campo não tem visto manutenção nas redes e aponta que o comprometimento das equipes terceirizadas não é o mesmo dos funcionários de carreira. Quem sofre são os usuários dos serviços.

“Nós estamos pagando o mesmo que a energia urbana, mas o atendimento na área rural é mil vezes pior. Parece que teve uma mudança desde a privatização. Pelo que a gente está sentindo, está tudo muito pior. Precisamos que haja um comprometimento com uma solução”, reclama Rodolpho Botelho, presidente do Sindicato Rural de Guarapuava.

“A rede que atende a minha propriedade foi construída em 1969. Antes, até tinha manutenção. Agora, a gente sente que piorou muito. Eles querem lucro, estão distribuindo uma fortuna em dividendos, mas não investem na rede”, critica o produtor Roberto Bittencourt. “Depois da privatização, os serviços pioraram em 100%”, observa Nivaldo de Paula Faria.

 

Produtores relatam dificuldades de comunicação e falhas de manutenção

Além de sofrer com os problemas de abastecimento elétrico, os produtores rurais também enfrentam dissabores ao tentar acionar a Copel para pedir a manutenção da rede ou o restabelecimento do fornecimento de energia. Conforme os sindicatos relataram ao Sistema FAEP/SENAR-PR, os canais de atendimento por telefone estão excessivamente “robotizados” – ou seja, os usuários são atendidos por uma gravação, que dá encaminhamento às demandas a partir de códigos numéricos a serem digitados. Além disso, os agricultores e pecuaristas reclamam da demora no contato com o suporte da empresa.

“O atendimento foi um inferno. Sem conseguir contato [por telefone], fui duas vezes no escritório regional da Copel. A resposta é que não tinham a mínima ideia do que estava acontecendo. Precisou eu ameaçar registrar um BO [Boletim de Ocorrência] na delegacia de polícia, para se virarem e identificarem o problema. É um descaso” relata Roberto Bittencourt, produtor rural de Terra Boa.

No caso de Guarapuava, segundo o presidente do sindicato rural, Rodolpho Botelho, o atendimento presencial da Copel aos usuários do município ocorre apenas no período da manhã. Nos canais virtuais, o atendimento tem sido “inviável e ineficaz”, na avaliação do líder rural.

“Todo mundo está relatando que é complicadíssimo falar com eles. Aparentemente, reduziram os investimentos e as equipes de manutenção passaram a ser terceirizadas. E quando se tem problemas, esbarramos nessa dificuldade de obter atendimento. Tivemos casos de produtores que ficaram quatro dias sem energia, esperando para ser atendido” conta Rodolpho Botelho, presidente do Sindicato Rural de Guarapuava.

No extremo Norte do Paraná, na região dos municípios da Associação dos Produtores de Água do Monjolo, o vice-presidente da entidade, Nivaldo de Paula Faria, garante que a rede está sem manutenção há uma década. O dirigente aponta que árvores que cresceram nos últimos dois anos estão encostando nos fios, aumentando os riscos de provocar incidentes que resultem em quedas de energia. As respostas obtidas junto à Copel não correspondem ao que ele vê no campo.

“Quando a gente aciona para reclamar da falta de manutenção, eles dizem que as equipes estão passando a cada dois anos. Mas faz 10 anos que não tem manutenção na nossa rede. Tanto que as árvores estão batendo na fiação. Nem precisa ter tempestade. Qualquer vento faz os galhos baterem no fio e cai a energia”, conta Faria.

Leia trechos de alguns dos ofícios enviados pelos sindicatos rurais ao Sistema FAEP/SENAR-PR:

“É com grande preocupação que informo sobre os danos frequentes causados a equipamentos sensíveis, como motores, bombas e sistemas de irrigação, devido às flutuações e interrupções no fornecimento de energia” diz Osmar Antônio Grassi, presidente do Sindicato Rural de Chopinzinho.

“Os produtores de leite estão sofrendo com descontos no preço, pois a queda de energia interfere na refrigeração do leite, alterando assim a qualidade do mesmo. Os produtores de tabaco estão sendo prejudicados no seu trabalho de secagem de fumo, pois há inúmeras oscilações de energia gerando transtorno para a produção” ressalta Lisiane Rocha Czech, presidente do Sindicato Rural de Teixeira Soares.

“Quando ligado na Copel, a empresa sempre tem um motivo para justificar a causa destes problemas, porém não tem uma solução. Muitas das vezes que acontece esses problemas nem está com mal tempo e, mesmo assim, temos essa preocupação” conta Arceny Bocalon, presidente do Sindicato Rural de São João.

“Tivemos relato de vários produtores na mesma situação, causando sérios prejuízos. Entre eles: equipamentos queimados, alimentos estragados, falta de água, que inclusive fez-se necessário recorrer a caminhão-pipa para abastecer os reservatórios de água de animais que poderiam vir a morrer, além do desconforto das famílias que ali residem”, afirma Lotário Kronbauer, presidente do Sindicato Rural de Cidade Gaúcha.

“A falta de energia elétrica tem resultado em perdas irreparáveis para os agricultores, afetando diretamente a produção de leite e ocasionando danos significativos aos equipamentos. As constantes oscilações e interrupções de energia têm gerado prejuízos consideráveis, impactando não apenas a produtividade, mas também a sustentabilidade econômica dos produtores locais” diz João Batista Simionato, presidente do Sindicato Rural de Cândido de Abreu.

O que diz a Copel

A Copel informou que encaminhou respostas individualizadas a cada um dos sindicatos rurais e à FAEP. A empresa disse que “fez um levantamento das redes que fornecem energia aos clientes rurais dos municípios em questão e que está intensificando a execução de inspeções e manutenções onde necessário, visando a melhoria na continuidade do abastecimento”.

Além disso, a companhia enfatizou que em 2023 o Paraná enfrentou 24 temporais de grandes proporções que provocaram danos graves à rede elétrica. Além de causar maior número de interrupções no fornecimento de energia, esses eventos interferem no cronograma de manutenção preventiva.

“Trata-se do maior número de temporais registrados no Estado em um ano. A ação das intempéries provocou a quebra de 5.637 postes da rede da Copel no ano passado. A instalação dos novos postes no lugar dos avariados equivale à quantidade de estruturas necessárias para construir uma rede nova de cerca de 320 quilômetros de extensão”, consta de nota emitida pela Copel.

A companhia também afirma que destinou, em 2023, R$ 1,878 bilhão a obras de ampliação e reforço na distribuição de energia do Paraná. O montante foi aplicado em grandes programas de modernização, como o Paraná Trifásico, além da construção de novas linhas, redes, subestações e sistemas de reconfiguração automática. Para 2024, estão previstos o investimento de mais R$ 2,1 bilhões em obras de melhoria do sistema elétrico.

Fonte: Sistema FAEP/SENAR-PR

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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo

Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024

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No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.

Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.

“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.

Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.

“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.

Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.

As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.

Mudanças estabelecidas

Prazos

Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.

O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.

Desburocratização da declaração

A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.

A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.

Fonte: Assessoria Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado

Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.

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Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.

A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.

Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.

A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.

Ameaças sanitárias e os impactos para a economia

No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.

A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.

Fonte: Assessoria Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul

Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.

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Foto: oliver de la haye

O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.

A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.

Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.

Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.

“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.

Foto: Shutterstock

O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.

Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.

Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.

Veja aqui o vídeo do presidente.

Fonte: Assessoria Faesp
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