Bovinos / Grãos / Máquinas Mercado interno
Queda na oferta de 10 milhões de litros/dia eleva preços e dá esperança a produtores de leite
Em um contexto de alta do dólar, aumento da inflação, intensificada pela seca na última safra e pelo conflito no Leste europeu o balde transbordou, desencadeando uma crise no setor lácteo em decorrência da sucessiva elevação dos custos de produção, especialmente nos componentes da ração.
Não é segredo para ninguém que a pecuária leiteira brasileira vive entre altos e baixos, no entanto, com a chegada da pandemia há dois anos ficou ainda mais evidente a instabilidade que o produtor vive no setor. Em um contexto de alta do dólar, aumento da inflação, intensificada pela seca na última safra e pelo conflito no Leste europeu o balde transbordou, desencadeando uma crise no setor lácteo em decorrência da sucessiva elevação dos custos de produção, especialmente nos componentes da ração.
Cenário esse que fez com que muitos produtores repensassem a atividade em razão da margem mínima de rentabilidade, levando a uma redução da captação de leite no país, que diminuiu a oferta do produto no mercado interno em 10 milhões de litros por dia nos primeiros meses deste ano, situação que impulsionou a disparada dos preços nas gôndolas dos supermercados, chegando a patamares nunca antes alcançados, entre R$ 7 a R$ 10.
“A baixa disponibilidade de leite no país se deve em grande parte ao desestímulo que houve aos produtores em decorrência de altas consecutivas nos custos de produção, com os preços dos insumos tendo uma correção muito maior do que o preço pago ao produtor, inclusive do leite vendido nas gôndolas, atrelado ao avanço do período de entressafra e a redução de investimentos na atividade”, avaliou o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, em entrevista ao Jornal O Presente Rural no início de agosto.
Segundo ele, a queda generalizada na oferta de leite ao longo do primeiro semestre também se apresentou a nível de mundo, com uma saída acentuada de produtores ou com redução na produção daqueles que ainda permanecem na atividade. “O que temos percebido, enquanto entidade representativa do setor, é que o leite é uma das cadeias que sofreram muito com a alta nos insumos, porque usamos tanto os insumos agropecuários utilizados para a agricultura, entre eles suplementação mineral e fertilizantes, quanto suprimentos que os agricultores não usam, a exemplo do grão, especialmente o milho, principal alimento do rebanho bovino, e que foi às alturas”, expõe o presidente da Abraleite.
Preço pago ao produtor
No início de agosto, o preço recebido pela produção entregue em junho alcançou R$ 3,19/litro na média Brasil, elevação de 24,7% acima da média registrada no mesmo período do ano passado, acumulando valorização real de 42,7% desde janeiro, conforme dados divulgados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP). Em contrapartida, o leite no mercado spot se valorizou, chegando a R$ 4,55/litro em julho. A combinação de estoques baixos e o aumento no custo da matéria-prima fez com que os preços dos derivados lácteos disparassem em junho.
Em meio ao crescimento generalizado de preços ao longo da cadeia, o ICPLeite/Embrapa indica que o custo de produção da pecuária leiteira caiu 2,6% em junho, puxada pela queda nos custos de alimentação do rebanho (rações e volumosos).
Preços ao consumidor
Por outro lado, a consultoria do Radar Agro do Itaú BBA observa que, para a indústria, apesar da menor oferta da matéria-prima e consequente disputa entre os laticínios, que refletiu nos preços do mercado spot, os derivados lácteos no atacado também imprimiram forte alta nos últimos meses ao consumidor final.
No acumulado dos últimos 12 meses, o leite UHT em caixinha apresentou alta de 31,94% para o consumidor, o queijo muçarela 14,95%, e o leite em pó de 400g subiu 10,53%, todos acima da inflação anual medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que está em 10%. “Este expressivo aumento se explica pela menor oferta de leite no campo e pela maior disputa das indústrias de laticínios pela compra da matéria-prima para a produção de lácteos, para tentar evitar capacidade ociosa de suas plantas”, relatam os analistas do Cepea-Esalq/USP.
Relação de troca
Conforme os consultores do Radar Agro, as relações de troca do leite com os insumos no primeiro trimestre foram desafiadoras para o pecuarista no Rio Grande do Sul, que precisou de um volume próximo de 50 litros para adquirir uma saca de 60 kg de milho.
No entanto, as recentes quedas nas cotações do grão favoreceram a atividade, combinados com a alta no preço pago ao produtor, proporcionaram uma melhora no poder de compra em todo país, baixando para 35 litros de leite uma saca de milho. Porém, a média do ano ainda segue elevada, em 41 litros por saca. “Essa melhora na relação de troca pode se reverter em retomada de investimento e favorecer uma recuperação mais rápida da produção”, aponta o Cepea-Esalq/USP.
Importação e exportação em queda
O aumento das importações está atrelado à menor oferta de leite no mercado interno e à forte elevação dos preços dos lácteos brasileiros, o que favoreceu a maior competitividade dos produtos internacionais no mercado doméstico. No primeiro semestre foram importados 365,4 milhões de litros em equivalente leite, queda de 34,41% em relação ao mesmo período do ano passado. E o total exportado nos seis primeiros meses do ano foi de 90,16 milhões de litros em equivalente leite, 8,11% menor que a quantidade vendida no mesmo período do ano passado.
Perspectivas positivas
Em relação a oferta, os consultores do Radar Agro avaliam que a produção ganha novo incentivo com o retorno das chuvas na região Sul durante a primavera 2022, se estendendo para o Sudeste do país, além de uma possível reação na captação diante da melhora na relação de troca ao produtor. “A entrada de uma boa safrinha de milho com alívio nos preços do cereal ajudará o produtor de leite a elevar gradualmente a oferta até o retorno das chuvas, quando as condições de produção melhoram ainda mais. Um ponto de atenção é o cenário de La Niña se fortalecendo para o último trimestre, que enseja maior atenção sobre a região Sul”, reforça o Radar Agro.
Devido à instabilidade econômica do país em decorrência dos impactos causados pela Covid-19, pela inflação e por ser um ano de eleições, o presidente da Abraleite diz que é difícil fazer uma previsão otimista para melhorar a rentabilidade do pecuarista. “Torcemos pelo melhor, estamos trabalhando para isso, mas o cenário é incerto, não tem como fazer uma previsão de mercado em uma economia globalizada como a que vivemos hoje e em um momento que o mundo passa por dificuldades na economia de seus países. Além disso, o período eleitoral no Brasil ‘freia’ o andamento de muitas pautas no Legislativo e no Executivo em Brasília”, evidencia Borges.
O presidente da Abraleite lembra que a cadeia do leite é composta por três elos: produtor, indústria e consumidor, que precisam se sentar com mais frequência à mesa para promover a convergência da atividade. “É preciso que haja coerência entre os elos, com produtores mais unidos, indústria, lacticínios e cooperativas alinhadas em seus objetivos, para que o setor possa caminhar unido a fim de desenvolver uma nação do leite, mais organizada, com vistas para sermos um player de exportação de lácteos como o Brasil já é em outras cadeias”, vislumbra Borges.
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Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran