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Quando o equilíbrio se rompe: entendendo a disbiose intestinal e o dano estrutural em leitões desmamados

Estratégias nutricionais inovadoras mostram como proteger o intestino, reduzir diarreia e preservar o desempenho dos leitões no período crítico pós-desmame.

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Fotos: Shutterstock

Artigo escrito por Jesus Acosta, Ph.D, gerente de Pesquisa em Suínos da Novus Global. 

Desmamar não é apenas uma mudança logística na produção suína. É um estressor biológico que perturba profundamente o equilíbrio gastrointestinal dos leitões. Nutricionistas sabem que o período pós‑desmame pode ser um ponto de virada para o desempenho futuro.

Compreender o que acontece em nível intestinal é essencial para criar programas que promovam a saúde e a produtividade dos leitões. No cerne desse desafio estão três grandes perturbações fisiológicas: disbiose intestinal, atrofia de vilos e comprometimento da função da barreira intestinal.

A Mudança Microbiana: Disbiose Intestinal

O microbioma do leitão é fundamentalmente moldado pela mãe, sendo ela a principal fonte de colonização e desenvolvimento microbiano inicial. No entanto, após o desmame, ocorre uma mudança brusca. A introdução de ração sólida, perda dos anticorpos maternos e novos estressores ambientais frequentemente causam redução acentuada de microrganismos comensais e aumento de patógenos oportunistas, especialmente E. coli. Esse desequilíbrio microbiano, conhecido como disbiose, é um fator central em diarreia pós‑desmame, redução da eficiência alimentar e inflamação.

Colapso Estrutural: Atrofia de Vilos

O desmame e a disbiose preparam o segundo grande problema: a atrofia dos vilos. Os vilos intestinais, responsáveis pela absorção de nutrientes, diminuem de tamanho enquanto os criptos se aprofundam, em uma tentativa rápida de substituir o epitélio danificado, porém com menor funcionalidade.

Essa mudança na relação vilus:cripta reduz a superfície absorvente eficaz do intestino, prejudicando a capacidade de o leitão utilizar bem a ração e resultando em crescimento ruim, pior conversão alimentar e diarreia.

Intestino Permeável: Falha na Função da Barreira

Finalmente, surge o chamado “intestino permeável” – quando a inflamação aumenta e as junções entre as células intestinais (enterócitos) ficam mais frouxas, permitindo que bactérias e toxinas entrem na circulação. O resultado? Resposta inflamatória intensa, diarreia e energia desviada do crescimento para a defesa imunológica. Este efeito cascata agrava a ineficiência alimentar e pode elevar o uso de medicamentos, impactando negativamente a rentabilidade do sistema produtivo.

O Papel da Nutrição

Felizmente, esses problemas são evitáveis. Estratégias nutricionais inteligentes podem mitigar o estresse pós‑desmame:

* Assegurar leitões mais saudáveis ou reduzir o estresse no desmame é o primeiro passo
* Em estudos com óxido de zinco farmacológico e ácido benzóico protegido, leitões desafiados com E. coli F18 apresentaram tendência a menos diarreia e peso final semelhante aos não desafiados, sugerindo recuperação do desempenho
* Em leitões submetidos a desafio com E. coli, os alimentados com ácido benzóico protegido mantiveram níveis de IL‑10 (marcador anti‑inflamatório) comparáveis aos não desafiados, indicando recuperação do estado imunológico
* O ácido benzóico, especialmente em versão protegida, combate bactérias patogênicas ao ser liberado gradualmente pelo intestino, onde mais se proliferam.

Com sinais de alerta precoces e programas dietéticos bem fundamentados, produtores e nutricionistas podem estabilizar o microbioma, proteger a estrutura intestinal e sustentar a prontidão imunológica dos leitões, mostrando como soluções nutricionais inteligentes fazem diferença no desempenho.

O Que a Nutrição Pode Fazer

Como em qualquer desafio, nutricionistas e produtores podem aplicar práticas de manejo para reduzir o estresse pós-desmame. Um primeiro passo essencial é começar com leitões mais saudáveis. Manter um bom status sanitário tanto nas matrizes quanto nas instalações de creche é fundamental. A nutrição também desempenha papel-chave nesse processo de transição.

Em estudo recente com óxido de zinco farmacológico adicionado a todas as dietas, simulando as condições de produção leitões suplementados com uma dieta-controle desafiada com E. coli F18 e ácido benzóico protegido apresentaram tendência à redução da diarreia em comparação a grupo controle desafiado e ao grupo alimentado com ácido benzóico livre. Além disso, o peso corporal final dos leitões alimentados com ácido benzóico protegido foi numericamente semelhante ao dos leitões não desafiados com E. coli F18, indicando possível recuperação do desempenho de crescimento.

No mesmo estudo, os leitões desafiados e alimentados com ácido benzóico protegido apresentaram níveis de interleucina-10 (IL-10, um marcador anti-inflamatório) próximos aos dos leitões não desafiados, em comparação com os leitões desafiados alimentados com ácido benzóico livre. Isso sugere que os animais alimentados com ácido benzoico protegido se recuperaram do desafio com E. coli F18.

O setor reconhece que o ácido benzóico é altamente eficaz contra bactérias patogênicas, sendo ele protegido, potencializa essa eficácia ao oferecer liberação controlada ao longo do trato intestinal – exatamente onde os patógenos mais relevantes na fase pós-desmame se proliferam.

Embora essas disfunções intestinais possam parecer inevitáveis na fase de creche, elas não precisam ser. Com estratégias proativas de saúde intestinal, que incluam soluções nutricionais baseadas em ciência, produtores e nutricionistas podem identificar sinais de alerta precocemente e aplicar programas dietéticos que estabilizem a microbiota, protejam a arquitetura intestinal e sustentem a prontidão imunológica.

Esse é um exemplo claro de como soluções inteligentes em nutrição ajudam o intestino a limitar patógenos como E. coli e fazem a diferença no desempenho geral dos leitões.

Referências bibliográficas: elizabeth.davis@novusint.com

O acesso à edição digital do jornal Suínos é gratuito. Para ler a versão completa online, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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