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Qualyagro e o agronegócio em foco

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Prezado leitor, continuarei abordando os temas transversais e interdisciplinares ligados ao agronegócio. O tema a ser abordado nesta semana será a segurança e saúde do trabalho rural, no qual tentarei informar a legislação vigente e elaborar os questionamentos quanto à aplicação da legislação, os principais riscos de acidentes na agricultura e pecuária, qual a realidade do campo em relação à segurança e saúde do trabalho rural.
O interesse pelo assunto começou quando fui convidado a ministrar a disciplina Segurança na Agricultura em um curso de pós- graduação Lato Sensu de Engenharia de Segurança do Trabalho na Escola de Engenharia de Agrimensura da Bahia.  
Como o Leitor tem observado, os desafios que aparecem na minha vida profissional são grandes e não tem como não enfrentá-los. Entendo que aos enfrentá-los, observo um crescimento profissional e humano e faz aumentar os meus conhecimentos. 
Anteriormente, havia trabalhado como veterinário em grande projeto integrado agroenergético e tive contato pela primeira vez com as normas de segurança do trabalho rural fato este que facilitou a desenvolver os vários conteúdos da disciplina.
Vale enfatizar que a propriedade rural onde se desenvolveu o projeto agroenergético era coordenada por uma empresa de engenharia civil que na maioria das vezes são muito cuidadosos nestas questões, pois são cobrados constantemente.
Ao longo da minha vida profissional como veterinário, tenho observado o quanto são negligenciados as normas de segurança e saúde no trabalho rural. Observam-se trabalhadores despreparados, sem treinamentos para a lida diária das funções e também proprietários rurais que por várias razões desconhecem as normas de segurança do trabalho rural e os principais riscos e acidentes da atividade. 
Vivenciei muitos acidentes com tratores, acidentes ofídicos, acidentes no manuseio com máquinas e equipamentos além de outros como incêndios, cortes inadequados de cana e capins de corte além de ver muitos trabalhadores mutilados por diversos trabalhos, sem contar o despreparo dos profissionais que trabalham com animais que desconhecem as normas higiênico-sanitárias nos quais todos nós profissionais de ciências agrárias e demais trabalhadores rurais deveríamos nos precaver nos vacinando contra raiva, tétano e “tomando” cuidados no trabalho com animais, usando os devidos equipamentos de proteção individual, como luvas, máscaras, botas e vestimentas adequadas.
A agropecuária tem passado por várias mudanças nas últimas décadas. O avanço da profissionalização do setor tem levado a análise de aspectos antes não considerados, surgindo assim uma maior regulação e regulamentação da atividade agropecuária.
A modernização da agricultura e pecuária, que estendeu a mecanização da lavoura, a introdução de novas técnicas de manejo, a utilização de agrotóxicos e defensivos animais, aumentou potencialmente alguns riscos de acidentes e a sua gravidade, ao mesmo tempo em que fizeram aparecerem outros.  Antigamente os acidentes na agricultura ocorriam somente com equipamentos manuais, atualmente ocorrem com máquinas e equipamentos devido às mudanças observadas nos processos produtivos da agricultura e pecuária (Schlosser ET AL 2002). 
Segundo Almeida (1995) apud Fehlberg et all (2001) , os trabalhadores da agricultura e da pecuária estão constantemente expostos a inúmeros agentes físicos, químicos e biológicos que podem causar acidentes, como máquinas, implementos, ferramentas manuais, agrotóxicos, ectoparasiticidas ,animais domésticos e animais peçonhentos.
Identificando esse quadro de mudanças, surgem as seguintes questões ligadas as questões de segurança do trabalho; O pecuarista ou o trabalhador rural tem noção de que existem normas que regulamentam o trabalho rural ? Será que existem? Como se aplica ? Quem  orienta? Precisa contratar um técnico em segurança?
Evidenciam-se outros questionamentos: Trabalhadores e Proprietários rurais conhecem os principais riscos e acidentes de trabalho no campo ? Sabem como preveni-los? Adotam medidas corretivas e preventivas ? São orientados para estas questões? Quem deveria assumir estas funções, associações de classe, sindicatos rurais (patronais ou laborais) ?  
São questões que considero importantíssimas pois atingem diretamente os recursos humanos presentes nas propriedades rurais e refletem diretamente na rentabilidade da atividade, pois um trabalhador fora do trabalho afeta diretamente as atividades, além de ter um altíssimo custo social e econômico.
Historicamente, os trabalhadores urbanos são amparados por legislações específicas nas questões relativas a segurança e medicina do trabalho. Os direitos estão garantidos desde a criação da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e regulamentadas por Normas Regulamentadoras (NRs) relativos à segurança e medicina do trabalho através da Portaria n°3.214 de 8 de Junho de 1978 (Brasil, 1978).
Ao realizar um levantamento  relativo a Legislação sobre segurança do trabalho rural verificou-se que a primeira regulamentação ocorreu na década de 70, com a promulgação da Lei nº 5.889 de   8 de Junho de 1973, Legislação relativa à Segurança e Higiene do Trabalho Rural. Esta Lei regulamentou o trabalho rural,  definiu o que é trabalhador rural e empregador rural, limitou horários de realização de trabalhos,idade mínima além de outras providências relativas a execução do trabalho rural (Brasil ,1973).
Já  na década de 80, foi editada a Portaria n° 3.067 de 12 de Abril de 1988 que aprova Normas Regulamentadoras Rurais – NRR do art.13 da Lei n°5.889 de Junho/73. Foram criadas as NRRs : 1, 2, 3, 4, 5, sendo ainda incorporadas a NR 17 , que trata da ergonomia.
Atualmente, está em vigor a NR- 31 , Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária,Silvicultura, Exploração Florestal e Aqüicultura  editada pelo Ministério do Trabalho e Emprego publicada em março de 2005.
Esta Norma Regulamentadora tem por objetivo estabelecer os preceitos a serem observadas na organização e no ambiente de trabalho no meio rural, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aqüicultura com a segurança e saúde e meio ambiente do trabalho. Também se aplica às atividades de exploração industrial desenvolvida no ambiente agrário (agroindústria rural).
Garcia (2005), ao analisar de forma competente a NR 31, aborda que esta norma é uma fusão sintetizada de todas as outras normas regulamentadoras do trabalho rural que já existiam. Mais adiante, enfatiza que esta mesma norma ampliou muito mais o seu leque de abrangência ( conforme citação mais adiante), incorporando vários aspectos de outras normas trabalhistas a normativa rural além de trazer uma série de inovações que impõe uma série de obrigações ao empregador rural.
A norma institui entre outras atribuições : Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural; Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Rural – SESTR; Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural – CIPATR;
Destacam-se ainda outras normativas referentes ao trabalho rural: 
Agrotóxicos, Adjuvantes e Produtos Afins (proteção); 31.9 Meio Ambiente e Resíduos;31.10 Ergonomia;31.11 Ferramentas Manuais;31.12 Máquinas, equipamentos e implementos;31.13 Secadores;31.14 Silos;31.15 Acessos e Vias de Circulação;31.17 Transporte de cargas;
Como o Leitor observa, há um grande avanço na legislação que protege o trabalhador rural e ao mesmo tempo cria uma série de obrigações ao empregador rural. 
Entretanto, ao analisar esta Norma, ficam algumas questões pendentes: O Empregador rural vai ter condições de implementar esta normativa em sua propriedade? Vai ter recursos humanos e financeiros para tal? Quem vai fiscalizar? O Governo tem quadros suficientes para atingir os objetivos propostos?
Os estudiosos do assunto como, por exemplo: Dependendo do número de  empregados  contratados, o empregador rural vai ter que contratar profissionais de medicina e segurança do trabalho, caso  não observados em atividades pecuárias, para constituir a SESTR (Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Rural – Composto por profissionais para realizar os serviços de ações técnicas, integradas às práticas de gestão de segurança, saúde e meio ambiente de trabalho ). 
De acordo com a NR 31, a SESTR deve ser assim constituída:

Quadro 1 – Quadro de profissionais exigidos para
formação do SESTR.

Nº DE TRABALHADORESEng. Seg.Med. Trab.Téc. Seg.Enf. Trab.Aux. Enf.
51 A 1501
151 A 30011
301 A 500121
501 A 100011211
Acima de 100011312

                                                                                                Fonte : NR31 
Ao observar o Quadro 1 , o leitor irá verificar que para atender a NR 31 a grande maioria dos médios e pequenos produtores rurais terão sérias dificuldades, principalmente no que tange aos altos custos empregatícios e sociais dos profissionais. 
Vale enfatizar, que o estabelecimento que tiver  mais de dez até cinqüenta empregados fica dispensado de constituir a SESTR, desde que o empregador rural ou preposto tenha formação sobre prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, necessária ao cumprimento dos objetivos desta Norma Regulamentadora ( aí é que “mora” o problema!!!!!!!!!!!!!!!!!).
Amigo Leitor, após esta breve explanação , verifica-se que o produtor rural brasileiro está com mais uma séria questão para se preocupar, se já não bastasse o Código Florestal, tem –se esta Norma que muitos produtores desconhecem e enfatizam que não tem a mínima condição de atendê-la. 
Os produtores de café, soja, cana-de-açúcar e algumas fazendas produtoras de frutas para exportação já estão cumprindo esta Normativa. 
A grande questão é : Quando a “metralhadora giratória” virá para cima dos produtores de aves, suínos, bovinos de corte e leite?
Vale a pena alertar? Não acham?
Até uma próxima oportunidade quando abordarei os principais acidentes na atividade pecuária.

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Tarifaço dos EUA continua a afetar 22% das exportações brasileiras

Apesar da retirada de 238 produtos da lista de sobretaxas, produtos agrícolas e industriais ainda enfrentam barreiras, mantendo parte das vendas brasileiras aos EUA sob tarifas adicionais.

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Foto: Shutterstock

O presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta sexta-feira (21) que 22% das exportações brasileiras para os Estados Unidos permanecem sujeitas às sobretaxas impostas pelo governo norte-americano. A declaração foi dada no Palácio do Planalto, um dia após a Casa Branca retirar 238 produtos da lista do chamado tarifaço.

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Segundo Alckmin, a nova decisão representa o maior avanço até agora nas negociações bilaterais. Ele destacou que, no início da imposição das tarifas, 36% das vendas brasileiras ao mercado norte-americano estavam submetidas a alíquotas adicionais. “Gradualmente, tivemos decisões que ampliaram as isenções. Com a retirada dos 238 produtos, reduzimos para 22% a fatia da exportação sujeita ao tarifaço”, ponderou.

A medida anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, revoga a tarifa extra de 40% para uma lista de itens majoritariamente agrícolas, como café, carne bovina, banana, tomate, açaí, castanha de caju e chá. A isenção tem efeito retroativo a 13 de novembro e permitirá o reembolso de produtos já exportados.

Impacto nas exportações
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) indicam que, tomando como base os US$ 40,4 bilhões exportados pelo Brasil aos EUA em 2024:

  • US$ 8,9 bilhões seguem sujeitos à tarifa adicional de 40% (ou 10% mais 40%, dependendo do produto);
  • US$ 6,2 bilhões continuam enfrentando a tarifa extra de 10%;
  • US$ 14,3 bilhões estão livres de sobretaxas;
  • US$ 10,9 bilhões permanecem sob as tarifas horizontais da Seção 232, aplicadas a setores como siderurgia e alumínio.

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De acordo com a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, a parcela das exportações brasileiras totalmente livre de tarifas adicionais aumentou 42% desde o início da crise.

Ela ponderou, no entanto, que o setor industrial continua sendo o mais afetado e exige maior atenção por parte do governo. “Para a indústria, a busca de mercados alternativos é mais complexa do que para commodities”, afirmou.

Aeronaves da Embraer, por exemplo, seguem sujeitas à tarifa de 10%.

Negociações seguem
Alckmin afirmou que a decisão dos EUA foi influenciada pelo diálogo recente entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro na Malásia, em outubro. O governo brasileiro enviou aos EUA, em 4 de novembro, uma proposta de acordo comercial, cujo teor não foi detalhado.

O presidente em exercício reiterou que o país busca avançar nas tratativas para retirar novos produtos da lista de itens tarifados. Ele mencionou que temas tarifários e não tarifários seguem na pauta de discussão, incluindo áreas como terras raras, big techs, energia renovável e o Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center (Redata).

Alckmin também confirmou que Lula apresentou a Trump, além do pedido de redução tarifária, questionamentos sobre a aplicação da Lei

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Magnitsky, que resultou em sanções contra autoridades brasileiras.

Segundo o presidente em exercício, ainda não há reunião prevista entre os presidentes, embora Lula tenha convidado o mandatário norte-americano para visitar o Brasil.

Setores mais sensíveis
Apesar do alívio para diversos itens agrícolas, o governo avalia que os produtos industriais permanecem como o principal foco de preocupação. Parte desses segmentos, especialmente bens de maior valor agregado ou fabricados sob encomenda, têm mais dificuldade para redirecionar exportações para outros mercados.

Alckmin afirmou que seguirá empenhado em buscar novas exceções. “Continuamos otimistas. O trabalho não terminou, mas avança com menos barreiras”, declarou.

Fonte: Agência Brasil
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COP30 evidencia protagonismo do cooperativismo nas soluções para clima e energia

Painéis na Green Zone e Agri Zone mostraram como cooperativas já entregam resultados em redução de emissões, bioenergia, logística sustentável e soberania alimentar, reforçando o modelo como peça-chave da transição climática justa no país.

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Foto: Divulgação/OCB

A participação do cooperativismo brasileiro na COP30, na última quarta-feira (19), evidenciou a força do modelo e sua capacidade de integrar inovação, inclusão e sustentabilidade para responder aos maiores desafios climáticos, alimentares e energéticos do país. Painéis na Green Zone e na Agri Zone reuniram dirigentes de cooperativas, pesquisadores, técnicos e produtores para apresentar experiências concretas que mostram como a ação coletiva já transforma territórios.

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Em todos os debates, a mensagem central foi unânime: o cooperativismo não espera, entrega resultados mensuráveis na redução de emissões, no uso eficiente de recursos naturais e na geração de renda e oportunidades, posicionando-se como peça-chave para uma transição climática justa, inclusiva e territorializada.

Energia limpa, economia circular e logística sustentável  

No Pavilhão do Coop, o painel Transição Energética Justa: Cooperar para Transformar, mediado por João Penna, coordenador de Relações Internacionais do Sistema OCB, reuniu três experiências que demonstram como o cooperativismo tem sido decisivo para acelerar a transição energética no Brasil e mitigar passivos ambientais de forma eficiente.

Alexandre Gatti Lages, superintendente do Sistema Ocemg, chamou atenção para o avanço das energias renováveis dentro do movimento. Ele lembrou que, segundo dados do Anuário do Cooperativismo Brasileiro, cerca de 20% das cooperativas brasileiras já produzem sua própria energia e Minas Gerais possui potencial ainda maior. Por isso, a Ocemg criou, em 2020, o Projeto Minascoop Energia, estruturado nos pilares ESG. “O Minascoop nasceu com esse propósito de fazer um trabalho diferente, doando energia para entidades que precisam”, afirmou.

A iniciativa reduz custos energéticos (Econômico), promove geração fotovoltaica limpa (Ambiental) e estimula a doação de parte da

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energia produzida a instituições filantrópicas (Social). “Hoje, já são 52 cooperativas participantes, com 138 usinas instaladas em 88 municípios, que juntas produzem 14 MW”, complementou.

Juliano Millnitz, diretor-executivo da Primato, cooperativa paranaense que atende mais de 11 mil cooperados e é a maior produtora de suínos do Brasil, apresentou o case Suíno Verde: Energia Limpa do Campo ao Transporte. O programa vem sendo observado por pesquisadores e autoridades por transformarum enorme passivo ambiental em combustível limpo.

A cooperativa produz, diariamente, 9,5 milhões de litros de dejetos suínos e implantou um sistema que centraliza 630 mil litros/dia para produzir biometano. No processo, o material sólido é convertido em fertilizante, enquanto o líquido gera biogás e biometano. A planta é autossuficiente em energia e o foco agora é a mobilidade sustentável. “Hoje já operamos seis caminhões totalmente movidos a biometano e a meta é que toda a cadeia de suínos seja transportada com combustível limpo, o que representará uma economia de 447 toneladas de óleo diesel por ano, equivalente a R$ 920 mil anuais”, explicou Nunes.

O terceiro case foi apresentado por Evaldo Matos, diretor da Coopmetro, que abordou um dos maiores desafios brasileiros: a dependência da matriz rodoviária, responsável por 70% do transporte nacional. A cooperativa lidera o Programa de Renovação de Frota (Pave), que democratiza o acesso de pequenos transportadores a caminhões novos, conectando cooperados, cooperativas de crédito e fabricantes.

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Os impactos ambientais são expressivos: 14% menos CO₂, 75% menos óxidos de nitrogênio e 12% mais autonomia. No campo social, o programa alcança 13,5 mil beneficiados, fortalece renda e promove inclusão, com aumento de 15% na presença feminina. “O Pave é uma contribuição concreta para uma logística mais verde, mais saudável”, afirmou Matos, destacando ainda que a operação registra zero inadimplência com os bancos parceiros.

A representante do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Melissa Pesconi, elogiou a abordagem das cooperativas, reforçando que seus resultados são exemplos para grandes empresas. Ela apresentou as coalizões setoriais de descarbonização lideradas pelo CEBDS: iniciativas multissetoriais que reúnem setor privado, governos e sociedade civil para desenvolver e implementar planos de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) em diversos setores da economia.

Melissa destacou que “a visão técnica dos dados precisa dialogar com a prática transformadora, e as cooperativas já mostram que a transição energética deve ser guiada também por critérios sociais, econômicos e políticos”.

Amazônia reforça protagonismo comunitário 

Também na Green Zone, o painel Identidade e Inclusão para a Soberania Alimentar na Agricultura Amazônica, mediado por Beatriz

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Barros Braga, secretária de Desenvolvimento Rural do Amapá, trouxe uma discussão profunda sobre como diferentes Amazônias, com culturas, ecossistemas e modos de produzir próprios, constroem caminhos para garantir segurança alimentar em meio às desigualdades estruturais.

Com mais de duas décadas de atuação, a Cooperacre levou ao painel a visão dos extrativistas. O assessor Alberto “Dande” de Oliveira Tavares descreveu a trajetória de verticalização da cooperativa, que investe em agroindústrias de castanha, borracha, frutas e óleos. “A Amazônia não é vista apenas como fornecedora de matérias-primas. A Cooperacre investiu na verticalização, garantindo renda, autonomia e permanência das famílias”, disse.

Ele reforçou a importância do reconhecimento do serviço ambiental prestado pelos extrativistas: “Essas famílias entregam muito além de alimentos. Entregam equilíbrio climático, água de qualidade, biodiversidade. O pagamento por serviços ambientais precisa chegar até elas”, complementou

Já o agricultor e gerente comercial da Camta, Emerson Tsunoda, relatou o processo de reinvenção da cooperativa, que deixou a dependência da monocultura da pimenta e adotou sistemas agroflorestais integrados (cacau, açaí, pimenta e outras culturas). A mudança ampliou mercados, diversificou renda e elevou a resiliência produtiva. Ele celebrou também que bancos passaram a financiar apenas produtores estruturados em SAFs. “Quem consome nossos produtos consome também uma história de união e reinvenção”, resumiu.

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Bioenergia e desenvolvimento regional  

Na Agri Zone, o painel Desenvolvimento Regional e Transição Energética, promovido pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), reuniu especialistas do setor de bioenergia para discutir como a interiorização da indústria e a diversificação das matérias-primas podem impulsionar cidades e regiões inteiras.

O cooperativismo foi representado pela analista de Sustentabilidade do Sistema OCB, Laís Nara Castro. Ela apresentou dados atualizados do setor e reforçou que o movimento já é parte essencial da transição energética nacional. “Hoje, mais de 910 cooperativas já geram sua própria energia, seja para consumo interno ou para abastecer processos produtivos. Somando tudo, temos mais de 4,9 mil empreendimentos de geração distribuída espalhados pelo Brasil. É energia limpa, descentralizada e que chega na ponta, no pequeno e no médio produtor”, descreveu.

Fonte: Assessoria OCB
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Novas obras devem tornar mais dinâmicas as visitas ao Show Rural

Coopavel investe em ampliações, novas obras e melhorias operacionais para receber 600 empresas e até 22 mil veículos na edição de 2026, reforçando o evento como vitrine global de inovação no agronegócio.

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Foto: Divulgação/Coopavel

Poucas vezes em 38 anos de Show Rural, a Coopavel e parceiros investiram tanto em novas obras e em melhorias simultâneas no parque que abriga um dos três maiores eventos técnicos do agronegócio mundial. São inúmeros projetos em execução ao mesmo tempo, tudo para melhorar ainda mais a dinâmica e o aproveitamento das visitas de quem se desloca a Cascavel, no Oeste do Paraná, para ter acesso às inovações desenvolvidas pelas empresas do setor para que o agricultor produza mais, com menos custos e observando a lógica da sustentabilidade.

Foto: Divulgação/Coopavel

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“O que estamos fazendo, mas em uma escala maior que em outros anos, busca atender às expectativas de um produtor rural cada vez mais exigente e conectado a mudanças que, ao longo dos anos, transformaram a realidade agropecuária brasileira e mundial. O Show Rural é um evento de vanguarda, focado na inovação e na superação e os resultados do que estamos fazendo poderão ser vistos de 9 a 13 de fevereiro de 2026, durante a 38ª edição do evento”, menciona Dilvo Grolli, presidente da Coopavel, cooperativa que organiza a mostra de tecnologia.

Obras

Estão em ampliação os espaços físicos da administração do parque e do Espaço Impulso (parceria com o Itaipu Parquetec), hub do agro inaugurado há quase quatro anos e que se tornou um ambiente multiplicador de novos conhecimentos para as mais diferentes atividades rurais. Esses prédios terão as suas áreas dobradas, o mesmo acontecendo com o galpão destinado à agricultura familiar.

Foto: Divulgação/Coopavel

A Itaipu investe cerca de R$ 1,7 milhão em uma nova estrutura, anexa à antiga, que vai permitir, a partir do ano que vem, mais que dobrar o número de agroindústrias familiares presentes no Show Rural. As duas primeiras estão com mais de 60% do cronograma de obras pronto, e o novo pavilhão está praticamente concluído.

A área pavimentada com asfalto foi ampliada em 2,5 quilômetros e, nesse trecho, a largura da via é de cinco metros. Em vias anteriormente pavimentadas, a largura está em ampliação de três para cinco metros. Novos trechos de ruas vão receber cobertura. Onze dos 15 quilômetros de vias que conectam todo o parque estarão protegidos da chuva e do sol na edição de fevereiro. Os 28 conjuntos de banheiros, masculinos e femininos, foram todos reformados, trabalho que envolveu da troca de portas até do piso.

A área do antigo estacionamento de expositores foi toda gramada e, considerando trechos próximos, permitirá aumentar em 15 mil metros quadrados o espaço destinado a expositores. “Teremos 600 empresas, como em edições anteriores, mas algumas que pediam agora terão espaços maiores para apresentar as suas novidades aos visitantes”, conforme o coordenador geral Rogério Rizzardi.

22 mil veículos

O empresário Assis Gurgacz cedeu uma área vizinha ao parque para a ampliação do novo estacionamento. Para a 38ª edição, a capacidade

Foto: Divulgação/Coopavel

de recepção vai subir de 17 mil para 22 mil veículos. Em fevereiro passado, o estacionamento tinha capacidade para 400 ônibus, e em 2026 poderão ser recebidos e devidamente abrigados 700.

Uma nova passarela vai ligar o estacionamento ao novo portão principal do parque. A maior parte do trecho é elevada, passando sobre o antigo estacionamento. Além disso, outras duas lanchonetes serão implantadas no parque, bem como ampliado o número de estações no restaurante para que mais pessoas possam se servir simultaneamente. No Show Rural Coopavel, o acesso ao parque e o uso de vagas de estacionamento são gratuitos.

Fonte: Assessoria Coopavel
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