Avicultura
Qualidade óssea do frango é cada vez menor, avalia professor
Professor cita formas de melhorar o manejo e a nutrição para a indu´sutrioa evitar perdas econômicas com as doenças ósseas
“Os ossos não estão mais conseguindo sustentar a massa corporal do frango. A velocidade de crescimento do osso não acompanha a velocidade de crescimento dos músculos”, avalia o professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), médico-veterinário Fernando Rutz, que comandou uma palestra sobre os impactos dos fatores nutricionais na qualidade óssea dos frangos de corte, durante a quinta edição do Congresso e Feira Brasil Sul de Avicultura, Suinocultura e Laticínios (Avisulat), no fim de novembro, em Porto Alegre (RS). Ele alerta para as doenças causadas por conta do peso muscular sobre os ossos dos animais, mas aponta soluções nutricionais para a indústria evitar prejuízos.
Para Rutz, os recorrentes problemas na fragilidade dos ossos de frangos de corte dentro da cadeia avícola são fruto de um “sobrepeso” conquistado ao longo de anos de avanços genéticos. “A gente precisa, em primeiro lugar, quando falamos de qualidade óssea, entender o grande desenvolvimento que o frango teve nos últimos anos. Para se ter uma ideia, em 1930, era preciso 15 meses para ter conversão de 3,5 (quilos de alimento) para um (quilo de carne). Hoje, em 40 dias, com uma conversão de 1,6 quilo para um quilo, temos um frango de 2,5 quilos ou mais”, cita. “Todos esse desenvolvimento, por conta da genética, que é responsável por 85% do crescimento do frango, gerou um efeito colateral, por onde começaram a aparecer as doenças metabólicas. Entre essas doenças metabólicas, algumas afetaram a qualidade óssea”, comenta o estudioso.
De acordo com ele, o frango continua a crescer, ano após ano, mas vai parar pela incapacidade do osso suportar o peso muscular. “A cada ano os avanços deixam o frango entre 45 e 50 gramas mais pesado. Qual seria o limite do frango, ou seja, até que ponto ele vai crescer? O frango vai crescer até o osso aguentar”, garante.
Problemas Ósseos
Em entrevista a O Presente Rural, cita os principais tipos de doenças hoje persistentes na produção de aves, mas dá destaque para a condor necrose associada à osteomielite, que é mais comum no mundo atualmente, segundo o estudioso. “Entre as doenças ósseas, as mais importantes são o raquitismo, discondroplasia tibial, a perose, rompimento de tendão e a pododermatite. Esta, aliás, interfere muito para quem quer exportar as patas para a China”, comenta.
“Mas chamo atenção para a condor necrose associada à osteomielite, que afeta os ossos que sofrem mais pressão, como tíbia e fêmur ou até mesmo os ossos coluna vertebral. Essa é a doença mais vista atualmente no mundo”, garante. Entre os sintomas, cita, o animal “vai ter dores para se deslocar, vai ficar deitado, com dificuldades até para se alimentar”. As consequências, segundo Rutz, incluem a perda de desempenho zootécnico, com animais fracos e mais leves que os saudáveis.
Qualidade
Para evitar os principais problemas de saúde óssea, o profissional orienta para uma dieta balanceada, especialmente atenta às duas fases cruciais: a formação da matriz óssea e a mineralização. Cada etapa exige tipos específicos de nutrientes.
“Toda vez que tu vai sintetizar um osso, faça um paralelo com uma casa. A casa tem que ter cimento e tijolo. No caso do osso não é diferente. Primeiro você vai formar uma matriz, composta por 95% de colágeno e o restante de outras substâncias amorfas. Isso representa 20% do osso. Nessa etapa, tem que se preocupar em formar a matriz. Para isso, entre outras coisas, precisa nutrientes como zinco, manganês e cobre, além de vitamina C – que o uso não é tão comum – para fazer hidroxilação”, conta.
Em seguida, de acordo com o professor, outros nutrientes passam a ser mais importantes. “Feito esse processo de formação da matriz, vem a segunda etapa, que é a mineralização, a calcificação. Nesse estágio, entra o cálcio, fósforo e vitamina D na formação para completar o osso. É preciso uma boa relação entre todos esses nutrientes. Não pode ter a mais, nem a menos”, pontua o médico veterinário.
Se essa dosagem não for adequada, de acordo com o professor, os frangos ficam bastante suscetíveis às doenças ósseas. “Se essas etapas de formação óssea não forem bem feitas, por alguma razão que tenha faltado algum nutriente, por questões de ambiente ou de doença, surgem várias anormalidades ósseas”, frisa.
Riscos
Apesar das dietas balanceadas hoje ofertadas pelas indústrias de rações, aponta Rutz, fatores de manejo e sanidade interferem na absorção dos nutrientes. “A dieta pode até estar balanceada na tela do computador, mas se estiver mal misturada, por exemplo, essa relação (nutricional) tão desejada pode não existir, causando um desbalanceamento de cálcio e fósforo, principalmente”, cita. “Outro aspecto que interfere na absorção de nutrientes são as doenças intestinais. A ração está balanceada, mas se o animal tem uma enterite, ou seja, uma inflamação no intestino, ele não vai absorver os nutrientes necessários. É como se não tivesse dado o nutriente a ele”, orienta.
Outros Fatores
Outros fatores também podem interferir na qualidade óssea dos frangos de corte, alerta Rutz. Ele cita a qualidade da cama de aviário, ventilação e humidade inadequados e outros fatores que levem a ave ao estresse. “Para evitar os problemas, é preciso ter um manejo adequado e cuidar muito bem da nutrição”, enfatiza.
Mais informações você encontra na edição de Aves de fevereiro/março de 2017 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
