Avicultura
Qualidade de casca: principais fatores nutricionais
A integridade da casca do ovo é influenciada por uma ampla gama de fatores, dentre eles os nutricionais.
A qualidade da casca está relacionada com a resistência física do ovo, proporcionando maior preservação do conteúdo interno do produto durante o manuseio em toda a etapa de produção até a comercialização. Além disso, a casca é uma barreira contra a contaminação microbiológica, e sua qualidade pode resultar em maior segurança alimentar ao consumidor. A resistência da casca é uma grande preocupação para a indústria de ovos, pois durante a coleta, classificação e transporte dos ovos, ocorre uma alta taxa de quebrados ou trincados, causando prejuízos ao setor.
Atualmente, manter a qualidade de casca é um desafio, uma vez que contamos com linhagens de alto desempenho, com maior precocidade e longevidade na produção de ovos, o que aumenta a demanda metabólica da ave. Além disso, ainda temos a adoção de novas tecnologias, como a coleta de ovos mecanizada, que pode expor os ovos a maior número de impactos. Caso o equipamento não esteja bem ajustado, e a qualidade da casca estiver fragilizada, há a possibilidade de aumentar o descarte destes ovos.
A integridade da casca do ovo é influenciada por uma ampla gama de fatores, dentre eles os nutricionais. Durante a vida da galinha há um aumento na demanda e no fluxo de cálcio, que requer um excelente manejo, incluindo a alimentação da ave para otimizar as reservas esqueléticas de cálcio no início da postura e minimizar a perda óssea ao longo do ciclo de postura.
No período de crescimento da franga, forma-se o osso estrutural, que cessa quando a ave se aproxima da maturidade sexual. Próximo a fase de postura, quando o estímulo de estrogênio é iniciado, a ave passa a depositar o cálcio no osso medular. Nesta fase é importante aumentar os níveis de cálcio da dieta. O osso medular fornece uma fonte adicional de cálcio para suportar a formação da casca, principalmente durante a noite, quando a quantidade de cálcio proveniente diretamente do trato digestivo é limitada. Para aumentar o aporte de cálcio proveniente da dieta no período noturno, é recomendado utilizar uma porcentagem de calcário grosso na ração, que devido a maior granulometria é liberado mais lentamente para o intestino.
Além do aporte de cálcio, outros nutrientes são muito importantes para formação óssea, como por exemplo, o fósforo para a formação de hidroxiapatita que será depositada na matriz orgânica do osso. Junto a isso a suplementação de vitamina K se torna importante, pois atua como cofator no processo de carboxilação e formação da osteocalcina da matriz óssea. Outro nutriente importante para regular o metabolismo do cálcio e fósforo é a vitamina D, que pode aumentar a expressão gênica dos transportadores de cálcio, como a calbindina. Aliado a isso, é necessário o aporte de magnésio para a conversão da vitamina D em sua forma ativa. Portanto, são muitos nutrientes que devem ser suplementados de forma adequada na dieta pensando na correta formação óssea.
Já na fase de postura, devemos entender como ocorre a formação da casca e os principais nutrientes envolvidos em cada etapa. A casca do ovo é formada em camadas, que são divididas de dentro para fora em: membranas da casca, botões mamilares, paliçada, cristal vertical e cutícula (Figura 1).
Cinco horas após a ovulação, o ovo em formação entra no istmo e no útero, onde ocorre o processo de calcificação da casca do ovo, que dura de 18 a 19 horas. Durante a mineralização, o ovo incompleto banha-se no fluído uterino que contém cálcio ionizado e bicarbonato necessário para a formação da casca do ovo.
A adequada formação de cada camada é importante para conferir resistência e flexibilidade à casca do ovo. Alguns nutrientes ganham destaque na formação dessas camadas, e sua suplementação é imprescindível para manter a qualidade da casca.
Membranas
As membranas são estruturas fibrosas essenciais para fornecer a base para deposição de minerais na casca. São secretadas e montadas durante aproximadamente 1 hora, resultando em uma malha de fibras entrelaçadas, compostas 10% de colágeno e 70-75% de outras proteínas e glicoproteínas contendo ligações cruzadas. Neste ponto, o micromineral cobre é muito importante para a formação destas ligações cruzadas, uma vez que faz parte da enzima lisil oxidase, responsável pela desaminação oxidativa das cadeias laterais de lisina, formando as ligações cruzadas, conferindo características de insolubilidade, flexibilidade e estrutura para deposição dos outros componentes da casca do ovo.
Botões mamilares
Na superfície da membrana externa são formados os sítios de nucleação, onde os sais de cálcio presentes no fluído uterino irão se unir à membrana, iniciando a deposição da próxima camada da casca do ovo, os botões mamilares. Além de servir como base para a deposição da camada paliçada, os botões mamilares são exclusivamente a principal fonte de mobilização de cálcio durante o desenvolvimento embrionário, no caso de ovos incubáveis. A formação dos poros começa nesta fase, com o agrupamento de 4 a 5 botões mamilares. Alguns estudos indicam que a suplementação adequada de manganês pode promover um aumento na quantidade de sítios de nucleação, ou seja, maior deposição de botões mamilares, o que leva a casca a ter menos pontos de fragilidade e maior resistência.
Camada paliçada
As colunas paliçadas crescem a partir de um botão mamilar e, à medida que o processo de calcificação prossegue, as colunas adjacentes se fundem. Para que a deposição da camada paliçada seja feita corretamente, deve haver disponibilidade de cálcio no fluído uterino, pois cada casca contém cerca de até 3 g de cálcio. Com o avanço da idade, a ave vai perdendo a capacidade de absorver o cálcio dietético, e é recomendado o seu incremento na dieta e a suplementação de elementos que estimulem a sua absorção e transporte. A dieta das galinhas deve conter quantidade adequada de cálcio de forma eficientemente utilizável e disponível. Além disso, é necessário a presença de íons carbonato suficiente para a formação de carbonato de cálcio (CaCO3). Nesta etapa, a suplementação de zinco é essencial, pois faz parte da enzima anidrase carbônica, que catalisa a reação formadora do bicarbonato, necessário para a formação do carbonato de cálcio.
A última camada é a vertical que tem uma estrutura cristalina de maior densidade do que a da camada paliçada. No momento em que para a mineralização, ocorre a deposição da cutícula orgânica que recobre toda a superfície do ovo.
A nutrição adequada da galinha desde a fase de franga até o final do ciclo produtivo é um elemento chave que deve ser trabalhado para manter ou evitar o declínio acentuado da qualidade de casca no decorrer da idade da ave, buscando produtos seguros e de qualidade para serem comercializados. A suplementação de todos os nutrientes abordados é indicada.
As referências bibliográficas estão com a autora. Contato: eveline.alves@salusgroup.com.br.
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Avicultura
Sustentabilidade em foco na Conbrasfran 2024
Evento acontece de 25 a 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
A importância de uma produção mais sustentável foi a lição mais importante que este ano deixou aponta o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos. “A natureza nos lembrou que é soberana e da necessidade de nos reciclarmos cada vez mais do que fizemos no passado. Eu digo a humanidade como um todo. As práticas sustentáveis que tanto se fala e que vamos discutir na Conbrasfran, essas práticas que estamos implementando agora é para amenizar o que vem pela frente, já que estamos enfrentando agora as consequências do que foi feito no passado”.
Então, para ele, a lição é a necessidade de insistirmos no tema da sustentabilidade ambiental e social, insistir na educação, na orientação e na disciplina ambiental com o objetivo de mitigar os efeitos climáticos no futuro. “Os efeitos podem ser vistos no mundo todo. Aumento dos dias de calor extremo, chuvas recordes no Brasil, na Espanha e outros países, além das queimadas em várias regiões do mundo também”.
A Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha, vai reunir empresários, indústrias, produtores e lideranças de todo o país para discutir todas as áreas estratégicas. “Vamos falar sobre sanidade avícola, um simpósio tradicional da Asgav será absorvido pela programação da Conbrasfran 2024. Vamos debater qualidade industrial, que trata questões de inspeção, controle, autocontrole e processo produtivo, entre outros temas. Teremos também um seminário sobre segurança do trabalho com uma abordagem do ambiente laboral dos colaboradores e da proteção deles em um quadro em que surgem novos desafios na medida em que aumentamos a produção”, pontuou.
Um dos destaques do evento será o 1º Seminário de Sustentabilidade Ambiental e Adequação Global. “Também teremos discussões sobre a área comercial, que impulsiona a nossa economia e é responsável por levar o nosso produto até a mesa do consumidor brasileiro e de mais de 150 países”, salientou Santos. Ele destaca ainda os debates sobre questões jurídicas e tributárias. “São temas que permeiam o nosso dia a dia e estamos diante de uma reforma tributária, que também será abordada”, afirmou mencionando o Agrologs, que vai falar sobre logística, outro desafio para a cadeia produtiva. “O Brasil precisa avançar em ferrovias, hidrovias é uma necessidade para garantir sustentáculos de competitividade”. “É um evento que vai trazer temas estratégicos”, encerrou.
Os interessados podem se inscrever através do site do evento. E a programação completa da Conbrasfran 2024 também está disponível clicando aqui.
Avicultura
Conbrasfran 2024 ressalta superação e resiliência da avicultura gaúcha em meio a desafios históricos
Evento será realizado entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
Se desafio é uma palavra que faz parte do dia a dia da avicultura, este ano levou o seu significado a um novo patamar, especialmente falando do Rio Grande do Sul. O estado enfrentou enchentes e depois um caso isolado de Doença de Newcastle. “Tudo isso nos abalou sim. Redirecionamos toda a atenção e os nossos esforços para ser o elo de ligação do setor com o poder público, com a imprensa e a atender as demandas dos setores. A organização do evento já estava em curso quando tivemos 45 dias de interdição do prédio onde fica a nossa sede, localizado à beira do rio Guaíba. Tivemos enchente. Para se ter uma ideia, a água chegou até 1,80 metro do 1º andar e não pudemos entrar por conta da falta de luz, de água e outra série de dificuldades”, ressaltou o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos.
Ainda assim, estes entraves não foram suficientes para desistir da realização da Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha. “Não houve um único questionamento sequer por parte de associados e dirigentes, o que demonstra que o setor está convencido da importância deste encontro e das discussões que ele vai trazer. Serão vários temas, técnicos, conjunturais, temas estratégicos, de planejamento e de superação de desafios, entre outros. E tudo isso fez com que o setor mantivesse acesa a chama para realizar este evento”, destacou Santos.
De acordo com ele, diante dos desafios, as atividades da organização da Conbrasfran 2024 foram acumuladas com o trabalho da linha de frente para atender as demandas cruciais que chegaram, além da interação com órgãos oficiais, imprensa e parceiros estratégicos, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “E mesmo assim, continuamos com a manutenção e organização do evento. E isso nos sobrecarregou sim. Temos uma equipe enxuta, mas que trabalhou bravamente, com máximo empenho, naqueles dias”.
Santos destaca que os esforços levaram a realização de um evento muito especial, que teve a colaboração de grande parte empresários e técnicos do setor. “São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente, que sabem que apesar das dificuldades, continuamos um estado atrativo, com indústrias e produtores de pequeno, médio e grande portes que continuam produzindo por acreditar no empreendedorismo, na pujança na mão-de-obra, na gestão”, disse o executivo lembrando que apesar dos desafios, o estado conseguiu valorizar a produção, manter empresas e ainda está recebendo novos empreendimentos.
Superação
A superação das dificuldades trazidas pelo ano exigiu muito trabalho, organização e confiança. “Precisamos valorizar a confiança daqueles que são nossos associados e dirigentes. A confiança que recebi deles e da minha equipe como dirigente executivo foi importante. Também vale mencionar as estratégias e ações que colocamos em prática para atender todas as demandas que nos chegaram. Sempre buscamos a melhor forma de atender e ajudar os associados”.
E foi também de maneira virtual que estes desafios foram enfrentados. “Interagimos muitas vezes através de plataforma virtual com os serviços oficiais , seguimos em conjunto e dentro das diretrizes da ABPA e tivemos o apoio incondicional da nossa Federação. Com uma soma de esforços, com a confiança de dirigentes que depositam confiança em nosso trabalho, conseguimos ir para a linha de frente e atender as diferentes demandas do setor e da imprensa”, contou Santos que agiu com firmeza em seus posicionamentos e conseguiu liderar o setor na retomada até chegarmos neste momento.
Os interessados podem se inscrever e conferir a programação completa da Conbrasfran 2024 clicando aqui. Outras informaçõe podem ser obtidas pelo e-mail conbrasfran@asgav.com.br, através do telefone (51) 3228-8844, do WhatsApp (51) 98600-9684 ou pelo Instagram do encontro.
Avicultura
Brasileiros são homenageados no Congresso Latino-Americano de Avicultura 2024
Presidente do Conselho Consultivo da ABPA, Francisco Turra, foi incluído no Hall da Fama da Avicultura Latino-Americana junto com José Carlos Garrote, presidente do Conselho da São Salvador Alimentos, e Mário Sérgio Assayag Júnior, veterinário especialista em prevenção da Influenza aviária.
O ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e uma das figuras mais importantes da história da avicultura brasileira, entrou na última sexta-feira (15) para o Hall da Fama da Avicultura Latino-Americana.
A nomeação aconteceu durante o Congresso Latino-Americano de Avicultura (OVUM), realizado entre 12 e 15 de novembro, em Punta del Este, no Uruguai. Outros dois nomes foram destacados na cerimônia por indicação da ABPA: José Carlos Garrote, que recebeu homenagem especial como empresário líder no Brasil, e Mário Sérgio Assayag Júnior como técnico destacado.
Garrote é presidente do Conselho da São Salvador Alimentos (SSA), uma das maiores indústrias de alimentação do Brasil, e membro do Conselho de Administração da ABPA. Assayag Júnior é veterinário e membro do grupo técnico de prevenção e monitoramento da Influenza aviária. “A homenagem aos três neste congresso de relevância internacional, mostra a importância e a contribuição da avicultura brasileira para o desenvolvimento mundial do setor”, disse Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).