Suínos
Qualidade de carne: fator decisivo diante das novas tendências de mercado
Para que tendência de mercado se consolidem e se transformem em um maior consumo interno, a suinocultura precisa estar cada vez mais atenta à qualidade da carne suína produzida no país
Artigo escrito por Marcos Lopes, zootecnista, doutor em Genética e Melhoramento Animal e gerente de Genética Global da Topigs Norsvin
O mercado de carne suína e as preferências dos consumidores tem passado por mudanças significativas nos últimos anos. Em busca de um maior valor agregado aos seus produtos, a indústria tem demonstrado uma tendência de aumentar a oferta de carne em in natura com lançamento de suas linhas premium e gourmet. Uma parte dos consumidores que enxergavam a carne suína com algum receio sobre seus efeitos à saúde humana tem visto este mito ser quebrado à medida que é demonstrado que a carne suína é, sim, um alimento saudável e seguro, além de apresentar um inquestionável sabor.
Diante de todas estas mudanças, restaurantes e bares dedicados exclusivamente a pratos à base de carne suína vêm se espalhando pelo país, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Porém, para que estas novas tendência de mercado se consolidem e se transformem em um maior consumo interno, além de atender aos mercados externos mais exigentes, a suinocultura nacional precisa estar cada vez mais atenta à qualidade da carne suína produzida no país.
Embora a qualidade de carne seja definida por um grande conjunto de fatores, a coloração e o grau de marmoreio (conteúdo de gordura intramuscular) se destacam como agentes fundamentais que propiciam uma melhor experiência do consumidor desde o momento da compra do produto até a sua degustação. A coloração é responsável pelo primeiro impacto do consumidor no momento da compra de um produto in natura. Uma carne pálida ou muito escura pode levar o consumidor à decisão de não comprar o produto devido a possíveis dúvidas geradas sobre a qualidade deste. A coloração pode sofrer forte variação devido ao pH da carne, que por sua vez também influencia diretamente a capacidade de retenção de água.
Uma carne com baixa capacidade de retenção de água poderá apresentar acúmulo de água nas embalagens de carne in natura e perda excessiva de água durante o cozimento, influenciando, assim, a aparência da carne no momento da compra e a experiência do consumidor durante o cozimento do produto. O grau de marmoreio é um fator importante principalmente para os cortes de lombo. Um elevado grau de marmoreio é responsável pelo aumento da qualidade sensorial da carne, o que inclui maior suculência, maciez e sabor. Durante muitos anos, um maior marmoreio do lombo era considerado como um ponto negativo por alguns consumidores no momento da compra deste corte suíno por erroneamente associarem a gordura suína a problemas de saúde humana. Porém, com a quebra destes mitos, hoje observa-se a volta às prateleiras dos supermercados da banha suína destinada à culinária, retirando-se assim a barreira ao lombo marmorizado.
Genética
Embora muitos dos fatores ligados à qualidade de carne sejam influenciados por aspectos genéticos, os avanços obtidos pelas empresas de genética podem não chegar ao consumidor final devido a algumas práticas de produção e manejo pré e pós-abate comumente utilizadas no Brasil. Por exemplo, o uso de ractopamina na composição das dietas e a imunocastração aliados ao abate de animais mais leves podem reduzir o grau de marmoreio, interferindo, portanto, na qualidade do produto final. Além disso, algumas linhagens de suínos apresentam naturalmente uma melhor qualidade de carne do que outras, sendo as linhagens Duroc tradicionalmente as que mais se destacam entre as linhagens comerciais.
Em termos de melhoramento de melhoramento genético, é preciso ressaltar a alta correlação genética entre características produtivas e características de qualidade de carne. Por exemplo, o marmoreio da carne suína é influenciado por muitos genes. Muitos destes genes, ao promoverem o aumento de marmoreio, também promovem o aumento da espessura de toucinho e causam menores ganho de peso diário e eficiência alimentar. Diante disto, para se obter um produto de maior qualidade é possível que tenhamos que repensar quais os níveis produtivos precisamos manter nas granjas comerciais, carcaças extremamente magras podem não ser mais o ideal.
Porém, também existem genes que influenciam características de qualidade de carne sem influenciar características produtivas. Portanto, para que se obtenha um progresso genético para características produtivas e de qualidade de carne, é necessário um programa de melhoramento genético balanceado, em que todas estas características estão incluídas no índice de seleção. Além disto, o uso de modernas tecnologias para a coleta de informações fenotípicas e posterior avaliação genética também se faz necessário para o sucesso do programa de genética.
Características produtivas e de qualidade de carne juntas
Os modernos programas de genética atuais demostram que é possível atingir progresso genético de caraterísticas produtivas e de qualidade de carne simultaneamente, embora seja um processo mais lento comparado às situações em que, por exemplo, um pouco mais de espessura de toucinho é aceitável. Utilizando tecnologias não invasivas como a tomografia computadorizada, torna-se possível uma avaliação de alta precisão da composição de carcaça e qualidade de carne dos candidatos à seleção. Enquanto que a utilização de comedouros automáticos que permitem a mensuração do consumo de ração diário individual destes animais possibilita uma acurada seleção para eficiência alimentar.
Além destas inovadoras tecnologias para avaliação fenotípica, a implementação da seleção genômica (DNA) também foi um fator de grande impacto para o sucesso dos modernos programas de genética atuais. Utilizando ferramentas genômicas, foi possível acelerar o progresso genético para todas as características incluídas no objetivo de seleção destes programas e possibilitou a identificação de marcadores genéticos de grande auxílio para fins de seleção. Um exemplo interessante é o marcador molecular para perfil de ácidos graxos descrito recentemente na literatura. Com este marcador é possível identificar animais que possuem uma maior percentagem de ácidos graxos insaturados, popularmente conhecidos como o “colesterol bom”, proporcionando assim uma carne mais saudável ao consumidor. Com o uso de toda esta tecnologia no desenvolvimento destas linhagens atuais, os programas de genética têm oferecido ao mercado reprodutores que produzem terminados altamente eficientes e ao mesmo tempo com excelente conformação e qualidade de carne.
O mercado de carne suína está em evolução. Porém, em um mercado consumidor, como o brasileiro, acostumado a buscar pelos produtos de menor preço, só conseguiremos consolidar esta nova fase de comercialização de produtos de maior valor agregado se provarmos que realmente temos maior qualidade para oferecer ao consumidor. Portanto, para que possamos aumentar o consumo interno e a exportação para mercados mais exigentes, como alguns asiáticos, precisamos de um trabalho em equipe onde cada elo da cadeia possa fazer sua colaboração.
Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de outubro/novembro de 2018 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
