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Avicultura

Qualidade da ração das aves vai além de cuidados com grãos

Na avicultura, a ração representa cerca de 70% dos custos de produção de proteína animal

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Artigo escrito por Renata Soares Marangoni, nutricionista de Aves da De Heus

A oferta de ingredientes para nutrição animal tem sofrido oscilações que podem interferir diretamente na qualidade dos mesmos, por isso, os produtores avícolas precisam buscar ferramentas estratégicas para garantir sua permanência e seu desenvolvimento dentro de um mercado extremamente competitivo. Na avicultura, a ração representa cerca de 70% dos custos de produção de proteína animal, dessa forma, é preciso garantir que as aves tenham acesso a dietas com nutrientes necessários e adequados, garantindo alta produtividade, menores custos de produção e maiores retornos financeiros.

Os principais ingredientes usados nas dietas das aves, como milho, derivados de soja, óleos e farinhas de origem animal, devem ser cuidados de maneira especial por se tratar de produtos altamente suscetíveis a diversos tipos de contaminações. Fatores indesejáveis, como as micotoxinas em grãos, oxidação das gorduras, fatores antrinutricionais em fontes de proteínas de origem vegetal e bacterioses em farinhas de origem animal podem provocar diversos danos à saúde animal, resultando em perda de desempenho, aumento da conversão alimentar e elevados custos de produção.

Grãos

Produzidas por diferentes cepas de fungos, as micotoxinas são metabólitos que trazem grandes perdas para a produção, comprometendo diretamente a qualidade dos ingredientes contaminados como os derivados do milho, trigo, sorgo, cevada e arroz. Para os animais, as diversas toxinas encontradas podem provocar efeitos nocivos à saúde, apresentando diferentes sinais clínicos, como queda de desempenho, aves com canelas e cristas esbranquiçadas, diferentes graus de diarreias, lotes desuniformes, podendo chegar a apresentar graves lesões no trato gastrintestinal, o que prejudica a digestão dos alimentos, resultando em piora da conversão alimentar e elevação do custo de produção. As principais micotoxinas que contaminam os grãos de milho são a aflatoxina, a zearalenona (F-2), a ocratoxina e dois tricotecenos: a toxina T-2 e o deoxinivalenol, sendo as três primeiras mais frequentemente encontradas.

Óleos e Gorduras

Óleos e gorduras podem ser afetados pelos processos de rancidez oxidativa ou peroxidação lipídica, que são as principais causas da perda de qualidade do alimento. A ingestão do alimento oxidado causa risco para saúde do animal, pois prejudica seu desempenho, compromete também a absorção de nutrientes, provocando a síndrome da má absorção, além de outras deficiências nutricionais secundárias. O uso de gorduras com valores de peróxidos superiores a 5 mEq/Kg para a nutrição de aves demonstrou efeito negativo no ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar e mortalidade. Vale lembrar que o uso de antioxidante pode atenuar o início desse processo oxidativo.

Fatores Antinutricionais

Fatores antinutricionais interferem negativamente na absorção de nutrientes e reduzem seu valor nutricional. É o que ocorre, por exemplo, na soja, principal fonte de proteína utilizada na nutrição de aves. Seus diversos fatores antinutritivos reduzem a absorção dos nutrientes, causando lesões nas microvilosidades intestinais. Dessa forma, torna-se indispensável seu processamento com alta temperatura antes de ser utilizada visando destruir os fatores antinutricionais, como, por exemplo, o inibidor de tripsina e quimiotripsina.

Durante seu processamento, o superaquecimento pode causar danos pelo excesso de calor, ocasionando a reação de “Maillard”, em que há complexação do açúcar com aminoácido, reduzindo sua disponibilidade, ou seja, reduzindo o valor nutritivo da soja. Os métodos mais utilizados para medir a inativação dos fatores antinutricionais da soja são a determinação da urease através da variação de pH e a solubilidade proteica em KOH a 0,2%. A recomendação para urease é de no máximo 0,20 e quanto menor, melhor. Já para proteína solúvel, ideal de 80 a 85%, sendo que, valores acima desse intervalo podem indicar superaquecimento no seu processamento.

Subprodutos de Origem Animal

Já os subprodutos de origem animal são sujeitos a contaminações bacterianas por microrganismos dos gêneros Salmonella e Clostridium. O gênero Clostridium pode se apresentar em mais de cem espécies, dentre eles destaca-se o Clostridium perfrigens. Os sintomas da contaminação por Clostridium ssp nas aves são severa apatia, diminuição de apetite, penas arrepiadas, fezes escuras, com ou sem manchas de sangue e diarreias, provocando queda no desempenho. Sorotipos causadores da Salmonella promovem, com frequência, enterite nas aves e queda de produção, além de problemas considerados de saúde pública. A presença de contaminação por salmonelas, no entanto, deve levar a condenação total do ingrediente.

Então…

Para concluir, as rações produzidas e fornecidas às aves de produção podem ser veículos para diversos tipos de contaminações. Para a produção do alimento seguro, diversos controles devem ser feitos com a finalidade de erradicar ou diminuir qualquer risco de contaminação. O controle de matérias primas é fundamental, uma vez que, dentro do processo de produção de rações, os ingredientes já não podem mais passar por transformações que recuperem sua integridade nutricional e sanitária.

Mais informações você encontra na edição de Nutrição e Saúde Animal de novembro/dezembro de 2016 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Avicultura

Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura

Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura

Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

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O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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