Bovinos / Grãos / Máquinas
Qualidade da forragem é discutida no último painel do 13º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite
Processo de suplementação deve partir de conceitos básicos e do entendimento completo do sistema de produção, considerando três pontos fundamentais: o animal, a pastagem e o suplemento.
O terceiro e último dia do 13º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite, promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), em Chapecó (SC), trouxe como tema principal o Painel Qualidade da Forragem. O médico veterinário Eduardo Bohrer de Azevedo, doutor em Zootecnia e professor do departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), apresentou a palestra “Uso da suplementação como estratégia para alta produção de leite em pastagens”. Em sua fala, o coordenador do Grupo de Estudos em Nutrição de Ruminantes e Equinos (GENUR) destacou a importância da suplementação em sistemas de pastejo para garantir produtividade e rentabilidade na produção de leite.
Segundo Azevedo, o processo de suplementação deve partir de conceitos básicos e do entendimento completo do sistema de produção, considerando três pontos fundamentais: o animal, a pastagem e o suplemento. Ele ressaltou que conhecer as características e as necessidades do rebanho é essencial para ajustar a dieta conforme o estágio de lactação e o potencial produtivo de cada vaca.
Para Azevedo, para melhorar o sistema de pastejo, é fundamental entender a qualidade nutricional que ele oferece. Ele frisou a importância de ajustar o pasto para uma oferta forrageira de alta qualidade, com proporções maiores de folhas e nutrientes essenciais, como proteínas e menor teor de fibras, fatores que garantem maior digestibilidade e aproveitamento pelo animal. “Um pasto bem manejado proporciona a ingestão de nutrientes de melhor qualidade e torna a suplementação mais eficaz”, afirmou.
No manejo de pastagens, Azevedo destacou a necessidade de oferecer ao animal uma quantidade suficiente de forragem para que ele possa exercer seletividade e, assim, consumir os nutrientes mais concentrados. Ele ressaltou que as plantas apresentam uma variação nutricional ao longo da folha, sendo mais nutritivas nas pontas. Esse detalhamento permite ajustes mais precisos na suplementação, visando atender à demanda nutricional sem comprometer o crescimento da forragem.
“O que acontece com o consumo de pasto quando utiliza-se um suplemento? A resposta é: efeito associativos. A definição dos objetivos de suplementação varia de acordo com as condições de cada propriedade e com o tipo de animal. Em sistemas de alta produção, os suplementos podem incluir aditivos que melhorem a fermentação ruminal e aumentem a eficiência no uso do volumoso”, apontou o professor, explicando que o efeito da suplementação pode variar de acordo com a qualidade do pasto e o nível de exigência nutricional do rebanho. “Quanto maior a diferença entre o potencial produtivo do animal e o que o pasto oferece, maior será a resposta à suplementação”, observou.
Forragem, desempenho e comportamento alimentar
Em sua primeira viagem a Santa Catarina, o zootecnista e doutor em Nutrição de Vacas Leiteiras, Luiz Ferraretto, professor e extensionista em Nutrição de Ruminantes da
Universidade de Wisconsin, Madison (EUA), compartilhou conhecimentos valiosos sobre qualidade de forragem e otimização do amido em duas falas realizadas durante o Painel Qualidade da Forragem.
Foram duas palestras complementares, nas quais o professor apresentou um panorama detalhado, destacando a importância de fatores nutricionais na produtividade e no comportamento alimentar das vacas, focando especialmente na digestibilidade da fibra e do amido em diferentes tipos de silagem.
Ferraretto abriu sua primeira palestra com o tema “Como a qualidade da forragem altera o desempenho e o comportamento alimentar?”, e reforçou a importância da digestibilidade das fibras, apresentando indicadores que facilitam a avaliação da qualidade da silagem. Segundo o especialista, o consumo de forragem pode ser limitado pelo enchimento do rúmen, impactando diretamente na produção de leite e na formulação de dietas ricas em fibras. Citando pesquisas realizadas nos Estados Unidos, Ferraretto apontou que um aumento de 1% na digestibilidade da fibra, eleva em cerca de 250 gramas por dia a produção de leite, corrigido para 4% de gordura. Em outro estudo, uma dieta com mais de 40% de silagem de milho resultou em 141 gramas diários adicionais de leite com 3,5% de gordura.
O professor também apresentou um experimento realizado na Universidade de Wisconsin com 64 vacas holandesas, onde investigou-se os efeitos da substituição de fibras de forragem por fibras não forrageiras.
Os resultados evidenciaram que dietas de alta forragem prolongam o tempo de alimentação, o que pode reduzir a produção de leite, pois as vacas passam menos tempo descansando. “Uma dieta baseada em alta forragem influencia o comportamento alimentar e o ‘time budget’ das vacas – isto é, o tempo que elas passam comendo versus descansando. O melhor indicador, que nem sempre é fácil de avaliar, é o tempo em que as vacas passam ruminando deitadas”.
Amido na silagem de milho e grão úmido
Na segunda palestra, Ferraretto explorou “Práticas para maximizar o uso do amido na silagem de milho e no grão úmido”, destacando que fatores como o tamanho das partículas, a maturidade dos grãos e a fermentação são cruciais para a digestibilidade do amido. “O processamento do milho, bem como a duração da fermentação, têm efeitos diretos na densidade energética e na eficiência alimentar. A fermentação adequada da silagem pode aumentar a disponibilidade de amido, essencial para a energia das vacas e para otimizar a produção de leite”, afirmou. Ferraretto demonstrou que grãos mais maduros, com endospermas mais duros, apresentam digestibilidade reduzida, enquanto o uso de inoculantes microbianos pode melhorar a fermentação e a estabilidade aeróbica da silagem.
Ferraretto também apontou a importância de grãos quebrados na silagem, pois isso facilita a fermentação e melhora a digestibilidade. “Atrasos na colheita podem aumentar a dureza do grão, dificultando a fermentação e reduzindo a eficiência de digestão do amido. Nesse contexto, o uso de inoculantes microbianos foi recomendado para melhorar o perfil de fermentação e garantir a estabilidade aeróbia da silagem, permitindo uma maior disponibilidade energética sem comprometer a produção. A combinação desses elementos impacta não apenas a produtividade do leite, mas também o comportamento e o bem-estar dos animais”, enfatizou.
Com seu olhar clínico e experiência internacional, o especialista contribuiu significativamente para os debates do simpósio, oferecendo soluções práticas para produtores brasileiros que buscam maximizar a eficiência e sustentabilidade na nutrição de ruminantes.
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Boletim do leite de novembro
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran