Conectado com

Bovinos / Grãos / Máquinas Inoculantes

Qual a verdadeira função de um bom inoculante e qual deles escolher na prática?

Nada substitui as boas práticas para a confecção de silagem, o inoculante é uma ótima ferramenta para padronização da fermentação

Publicado em

em

Divulgação/AENPr

Artigo escrito por Luciano Carvalho Inácio, médico veterinário e diretor comercial da Kera

Em todo o mundo temos uma estação em que as forragens são abundantes e outra, por estiagem ou por frio, em que são escassas. O advento da ensilagem foi uma das maneiras pelas quais o homem viabilizou a estocagem da forragem produzida no período em que elas abundam para alimentar seus rebanhos no período de escassez.

A ensilagem nasceu no início do século XIX, quando um agricultor alemão imitou o processo de produção do chucrute na conservação da forragem para seu rebanho. O processo foi copiado por um agricultor francês que logo escreveu um livro contando suas experiências e através deste livro elas foram difundidas nos Estados Unidos e depois na Inglaterra. Com o passar do tempo e fruto da observação e da ciência, o processo foi sendo entendido e aperfeiçoado até chegar aos nossos dias.

Etapas da estabilização da silagem:

1- Fase aeróbica:

Esta fase inicia com o corte da forragem e cessa quando se consome o oxigênio dentro do silo. Nesta fase, as enzimas da forragem hidrolisam os carboidratos compostos (açúcares, amido, hemicelulose) a açúcares solúveis, que são o alimento que as BAL utilizam para produzir ácido lático. Essas enzimas também hidrolisam proteínas (proteólise) a peptídeos, aminoácidos, aminas e amônia. A proteólise é indesejada para ruminantes e o nível de amônia de uma silagem é um bom indicador da sua qualidade. A respiração da forragem é nociva porque produz perda de MS e de açúcares solúveis (que se transformam em CO2, água e calor), os quais são indispensáveis às BAL (Bactérias ácido Láctica).

Também, enquanto durar a respiração, os microrganismos aeróbicos se multiplicam, são eles: fungos, bactérias acéticas, bacilos e leveduras, estas últimas podem respirar ou fermentar e se desenvolvem em maior proporção quando respiram. A multiplicação destes microrganismos compromete a estabilidade aeróbica quando o silo for aberto.

Esta fase é inevitável, mas reduz tanto mais, quanto melhor for a compactação.

2- Fermentação:

O processo de fermentação é o fundamento da conservação da silagem. Os açúcares solúveis são transformados em ácido lático, o pH cai e com ele, se alcança a estabilidade da silagem até a abertura do silo.

Em silagens bem fermentadas, à medida que cai o pH, as enterobactérias se inativam e as BAL predominam na fermentação. Quanto mais rápida for a queda do pH, menores serão as perdas de MS e energia.

Ao contrário, quando a fermentação é lenta ou insuficiente, os clostrídios podem predominar no lugar das BAL. Estes preferem MS baixa, assim, silagens com MS ao redor de 30% não costumam ter predominância de clostrídios. A qualidade da fermentação incide diretamente na produtividade e consumo do rebanho.

Em situações normais deve-se usar bactérias láticas, pois essas bactérias são responsáveis pela produção de ácido lático que fará com que a silagem se estabilize rapidamente (48 horas aproximadamente) desde que a concentração das bactérias do inoculante sejam adequadas e esse inoculante tenha sido armazenado refrigerado (bactérias láticas enquanto inativas são sensíveis a altas temperaturas). A literatura mostra muitos resultados em desempenho e redução de perdas como os apresentado a seguir:

Efeito da qualidade da fermentação no ganho de peso de gado de corte sem suplementação da ração (Kg/dia).

Esta segunda tabela mostra o efeito do tratamento com (CON) e sem (MC) inoculante na silagem de milho, no desempenho de vacas leiteiras. E em seguida temos o gráfico floresta de uma meta-análise, mostrando os efeitos da inoculação sobre a produção de leite (Kg/d) em vacas leiteiras (0,37 Kg/d) (p= 0,056).

Abertura do silo:

Quando o silo é aberto, os microrganismos aeróbicos começam a se multiplicar. O primeiro sinal de instabilidade aeróbica é o aquecimento da silagem, seguido pelo aumento do pH, e acontece quando a silagem foi mal compactada.

Os microrganismos envolvidos na instabilidade aeróbica são os fungos, leveduras, bacilos e algumas BAL, que em aerobiose se alimentam do ácido lático. Alguns cuidados para diminuir os riscos de instabilidade aeróbica:

  • corte, enchimento e fechamento do silo de forma rápida.
  • boa compactação,
  • retirada diária suficiente.
  • não abalar a frente do silo.
  • quando, por qualquer motivo, a compactação for prejudicada, utilizar bactérias produtoras de ácido acético e proprionica, que atuam como fungistáticos, como inoculantes.

Quando temos falha nas boas práticas de confecção de silagem (baixa compactação, silagens passadas do ponto de corte, com teor de MS alto ou silagem de dificil compactação, vamos a outra opção que os inoculantes podem ter.

Para esses casos devemos utilizar além das bactérias láticas, bactérias propiônicas ou bactérias heterofermentativas (L. Buchneri, que produzem também ácido acético). Tanto o ácido acético quanto o ácido propiônico possuem ótima ação fungistática, sendo o ácido propiônico o mais eficiente 15 a 16 vezes mais forte que o ácido acético. Essa ação fungistática é importante pois o aumento de temperatura no painel do silo é causado por fungos, que também produzem micotoxinas.

Em seguida estão os resultados com a bactéria Propiônica e o L.Buchneri:

Efeitos na estabilidade da silagem:

Profundidade da penetração de ar e fatia retirada diariamente na temperatura da silagem. MS aproximada 35%.

Em um estudo foi observado o efeito da bactéria propiônica na temperatura do grão úmido ensilado durante a exposição aeróbica, mostrando que a silagem inoculada teve uma temperatura menor nos dias 3 e 4 de exposição aeróbica.

Neste mesmo trabalho podemos ver que a contagem de fungos e leveduras também foi menor quando utilizado a bactéria propiônica:

São poucos os estudos que abordam o impacto da inoculação com L. buchneri sobre o desempenho animal, mas nesses trabalhos podemos verificar que a alimentação de silagem inoculada com L. Buchneri não melhorou a produção de leite e o consumo de matéria seca das vacas leiteiras em lactação.

Certo pesquisador sugeriu que os inoculantes L. Buchneri precisa de pelo menos 45 dias para melhorar a estabilidade aeróbia. Isso é apoiado em nova meta-análise porque a magnitude da melhoria na estabilidade aeróbia foi maior após 90 dias de ensilagem, e uma tendência semelhante foi evidente após 61 a 90d versus durações de ensilagem mais curtas.

Outra meta-análise mostrou que a estabilidade aeróbia de silagem de milho não tratada (25 h) foi aumentada para 35 h quando inoculado com L. Buchneri com ou abaixo de 1 × 105 cfu /g e a 503 h com mais de 1 × 105 cfu /g. Mostrando que a estabilidade aeróbia aumentou apenas com taxas de 1 x 105, 1 x 106 e ≥ 1 x 107 cfu /g.

Nada substitui as boas práticas para a confecção de silagem, o inoculante é uma ótima ferramenta para padronização da fermentação. Em situação normal a escolha vai ser sempre as bactérias láticas pois tem o poder de diminuir as perdas e melhorar a palatabilidade e o desempenho dos animais.

No caso de silagens de difícil compactação ou falhas no ponto de colheita, bactérias propiônicas e L. Buchneri são duas ótimas opções para minimizar o problema que com certeza vai ocorrer. Mas existem trabalhos que o L. Buchneri diminuiu consumo de MS e aumentou a perda de MS nas silagens.

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de junho/julho de 2021 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Bovinos / Grãos / Máquinas

Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste

Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

Publicado em

em

Encontro realizado na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis, ocorreu de forma híbrida reunindo participantes dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo - Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.

A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago

O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.

Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.

As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.

“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.

Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.

Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.

Encontro produtivo para o futuro do setor

Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.

Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.

O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “

Representação

Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi;  o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep;  o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.

Fonte: Assessoria Sistema Faesc/Senar
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa

Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima

Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

Publicado em

em

Fotos: Fernando Dias/Ascom Seapi

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).

O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.

Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.

Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.

Agrometeorologia e planejamento do produtor

Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.

Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.

Rastreabilidade e sanidade animal

O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.

A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.

Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.

Fonte: O Presente Rural com Seapi
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Brasil lança certificação Carne Baixo Carbono na COP30

Nova certificação reconhece produtores que adotam práticas de baixa emissão, integra ciência e campo e posiciona o país como líder global em pecuária sustentável.

Publicado em

em

Foto: Rodrigo Alva

Reconhecer e valorizar os produtores rurais que adotam boas práticas agropecuárias voltadas à redução das emissões de gases de efeito estufa, conciliando produtividade e conservação ambiental: esse é o propósito do Protocolo Carne Baixo Carbono (CBC). A  certificação, lançada no dia 16 de novembro durante a COP 30, é baseada no Protocolo Carne Baixo Carbono, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa ) em parceria com a MBRF e com apoio da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.

Entre seus pontos principais, o protocolo estabelece critérios técnicos e indicadores que permitem monitorar e certificar propriedades rurais que aplicam sistemas de intensificação sustentável — integração lavoura-pecuária (ILP), pastagens de alto desempenho produtivo, recuperação de pastagens e manejo eficiente do solo e da água.

Foto: Gilson Abreu

Essas técnicas promovem maior captura de carbono no solo e na vegetação, reduzindo o impacto climático da atividade pecuária e tornando o uso da terra mais eficiente, com menor pressão sobre novas áreas com vegetação nativa.

Na prática,  o CBC vai garantir ao consumidor que a carne foi produzida segundo rigorosos critérios ambientais e processos auditáveis, representando uma nova referência de sustentabilidade para a cadeia da carne bovina brasileira. “Apoiamos iniciativas como esta que aceleram a adoção de tecnologias de baixo carbono previstas no Plano ABC+, política do governo brasileiro para mitigação e adaptação às mudanças climáticas. O protocolo CBC é um pacote técnico muito completo e ganha ainda mais relevância com esta certificação, podendo posicionar o Brasil como liderança global em agricultura sustentável”, afirma Natália Grossi, analista de cadeias agropecuárias da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.

Ela destaca que os benefícios aos produtores vão além do reconhecimento ambiental e incluem “pastos mais produtivos, valorização da carne, acesso a mercados mais exigentes e aumento da resiliência da fazenda — com solos mais férteis e menos vulneráveis às mudanças climáticas.”

“Com o selo, damos um passo decisivo na consolidação de uma cadeia de carne bovina de baixo carbono, transparente, auditável e capaz de gerar valor tanto para o produtor quanto para o consumidor. Trata-se de um avanço que reforça a liderança do Brasil na agenda da agricultura sustentável e na implementação das tecnologias do Plano ABC+”, afirma a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá.

Para a presidente da estatal, o Protocolo Carne Baixo Carbono traduz, em critérios técnicos e mensuráveis, o compromisso com a redução das emissões de gases de efeito estufa e a valorização dos produtores que adotam boas práticas agropecuárias, como a recuperação de pastagens, a integração lavoura-pecuária e o manejo eficiente do solo e da água.

Foto: José Fernando Ogura

O selo de certificação será utilizado pela MBRF, uma das maiores companhias globais de alimentos, com portfólio multiproteínas que inclui carne bovina. A empresa é responsável pelo Programa Verde+, lançado em 2020, estruturado sobre os pilares de produção, conservação e inclusão. “Promovemos ações contínuas para uma pecuária de baixo carbono, 100% monitorada, livre de desmatamento e inclusiva. A Carne Baixo Carbono é um reconhecimento que valida nossos esforços e destaca a importância da integração entre ciência e campo para reduzir emissões, impulsionar a sustentabilidade e mostrar que o agro é — e deve ser — parte da solução climática global’, afirma Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade da MBRF.”

Massruhá ratifica que “a parceria entre a Embrapa e a MBRF para o desenvolvimento da Carne Baixo Carbono representa um marco na consolidação de uma pecuária mais sustentável e alinhada aos desafios climáticos globais. Essa certificação é resultado direto da ciência aplicada ao campo e da união entre o setor público e o setor privado em torno de um mesmo propósito: produzir mais, com menor impacto ambiental.”

A expectativa dos parceiros é que, com o avanço da adoção do protocolo e a crescente adesão de produtores, o Selo Carne Baixo Carbono se consolide como um marco na transição para uma pecuária de baixo impacto climático, contribuindo diretamente para as metas de descarbonização do Brasil no contexto do Acordo de Paris.

Fonte: Assessoria Embrapa Gado de Corte
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.