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Suínos / Peixes Nutrição

Quais são os níveis de microminerais e vitaminas praticados nas rações comerciais para suínos em fase de crescimento e terminação no Brasil?

Níveis elevados praticados destes oligolementos pode sugerir uma tentativa de ajuste nutricional às modernas demandas que os animais detêm

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Arquivo/OP Rural

Artigo escrito pelo Dr. Danyel Bueno Dalto, Agriculture and Agri-Food Canada, Sherbrooke, e Dr. Caio Abércio da Silva, professor da Universidade Estadual de Londrina

As dietas comerciais para suínos são comumente formuladas com níveis de vitaminas e microminerais superiores aos recomendados pelas tabelas de referência, visando assim garantir margens de segurança, minimizando os riscos frente as possíveis variações nos níveis endógenos dos ingredientes, diferenças de biodisponibilidade, flutuações no consumo diário e/ou degradação de vitaminas devido às condições desfavoráveis de estocagem.

Carente de uma validação cientifica efetiva, atribui-se que os valores praticados pela indústria da nutrição animal para os níveis de microminerais e vitaminas correspondam a duas vezes as recomendações de referência. Não obstante serem escassas as informações a respeito, um estudo pioneiro identificou que os níveis de suplementação de vitaminas utilizados pela indústria suinícola americana guardavam um grande empirismo. Nesta linha, um estudo subsequente, também realizado nos Estados Unidos, ratificou que os níveis de suplementação de microminerais e vitaminas utilizados pela indústria suinícola daquele país apresentava grandes variações para a maioria dos nutrientes, independente da fase de produção.

Estas informações contrastam com os contínuos esforços que seguem buscando atualizar e identificar os níveis mais ajustados às necessidades nutricionais do suíno moderno. Uma grande limitação no que diz respeito aos minerais traços e, principalmente, às vitaminas é o fato que a maioria das pesquisas realizadas neste sentido datam das décadas de 40 e 50 e, portanto, foram baseadas num modelo animal muito distante do suíno atual. Neste contexto, pesquisadores reportam, especificamente para as vitaminas, que margens de segurança destas nas rações poderiam ser introduzidas, respeitando, todavia, o custo real de cada vitamina.

Particularmente, este tema é, do ponto de vista econômico, mais apelativo para as fases de crescimento e terminação, cujos gastos com a alimentação são muito expressivos, o que remete a compreender que os eventuais desvios nos níveis destes oligoelementos (especialmente quando acima das recomendações de referência), sem uma correspondente resposta no desempenho zootécnico, podem ter repercussões financeiras negativas para o segmento.

Nesse contexto, o objetivo do presente estudo foi identificar os níveis de microminerais e vitaminas presentes em rações comerciais utilizadas nas fases de crescimento e terminação pela indústria suinícola brasileira, fomentando informações que poderão auxiliar nutricionistas e pesquisadores nas ações em prol da melhora dos aspectos técnicos e econômicos no segmento.

Material e Métodos

Este levantamento foi realizado nos meses de Junho a Dezembro de 2019, estando envolvidas como colaboradoras 15 empresas produtoras de premix/núcleo para suínos, com atuação nas diversas regiões do Brasil, e 15 cooperativas/agroindústrias do setor suinícola brasileiro.

Os dados coletados compreenderam os níveis mínimos de garantia de microminerais e vitaminas dos produtos de linha de empresas de premixes/núcleos, juntamente com sua indicação de uso, e os níveis de microminerais e vitaminas das rações finais utilizadas pelas cooperativas e integrações. Cada empresa participante também informou a fase na qual o produto (premix/núcleo e/ou ração) era indicado, compreendendo a idade do animal ou sua faixa de peso ou ainda a categoria atendida. As fases, portanto, avaliadas corresponderam a: crescimento (71 a 120 dias de idade) e terminação (121 dias de idade até o abate).

Dentro de cada fase foram avaliados os seguintes microminerais e vitaminas: cobalto (Co), cobre (Cu), cromo (Cr), ferro (Fe), iodo (I), manganês (Mn), selênio (Se), zinco (Zn), vitamina A (vitA), vitamina D (vitD), vitamina E (vitE), vitamina K (vitK), tiamina (vitB1), riboflavina (vitB2), niacina (vitB3), ácido pantoténico (vitB5), piridoxina (vitB6), biotina (vitB7), ácido fólico (vitB9), cobalamina (vitB12), colina e ácido ascórbico (vitC).

Os dados foram compilados e submetidos à análises estatísticas descritivas. Para cada fase de produção foram calculadas taxas entre as médias dos níveis de suplementação de microminerais e vitaminas obtidos no presente estudo e os valores registrados nas Tabelas Brasileiras de Suínos e Aves para as fases correspondentes; e também a relação destes com os valores obtidos no levantamento realizado junto à indústria suinícola americana, estabelecendo um processo comparativo com estas referências.

Resultados

Os níveis de microminerais variaram entre 1,1 e 1,3 vezes os valores indicados pela TBSA para a fase de crescimento (Tabela 1) e entre 1,3 e 13,0 vezes para a fase de terminação (Tabela 2). Em relação a USA, os presentes níveis representaram entre 0,9 e 2,3 vezes os valores obtidos para ambas as fases. Para a fase de crescimento, os presentes valores são similares às indicações da TBSA, mas para a fase de terminação, exceto pelo Se, os valores foram largamente superiores. Quando comparados aos valores da USA, os níveis de Mn e I foram largamente superiores. Com exceção do Cu (70,3-74,1%), Mn (64,1%; apenas crescimento) e Co (109,4-136,0%), poucas amplitudes de variação (entre 20,2 e 49,0%) foram observadas para microminerais entre as empresas.

Os níveis de vitaminas lipossólúveis (Tabelas 1 e 2) representaram entre 0,9 e 1,4 vezes os valores indicados pela TBSA e entre 0,9 e 1,5 vezes os valores obtidos por USA. Enquanto na ração de crescimento os níveis de vitD e vitE foram superiores aos valores USA mas similares à TBSA, na ração de terminação os níveis de vitA e vitD foram superiores aos valores da TBSA e apenas a vitD foi superior a USA. Grandes amplitudes de variação foram observadas apenas para vitE (73,7%) nas rações de crescimento e para todas as vitaminas lipossólúveis (entre 50,4 e 63,5%), exceto pela vitA (35,7%), nas rações de terminação.

Os níveis de vitaminas hidrossólúveis (Tabelas 1 e 2) representaram entre 0,9 e 2,2 vezes os valores indicados pela TBSA e entre 0,8 e 2,0 vezes os valores obtidos por USA. Exceto pelas B5 (apenas crescimento), B3 e B6, os presentes níveis foram muito superiores aos recomendados pela TBSA, enquanto os níveis da vitamina B7 foram particularmente superiores aos valores USA. Exceto pela vitamina B3 (41,7%) e B6 (48,8%; apenas terminação), grandes amplitudes de variação foram observadas para as demais vitaminas desse grupo (entre 50,0 e 145,00%) entre as empresas.

Tabela 1 – Média, coeficiente de variação (CV), valor mínimo (Min), percentil 25% (25%), mediana, percentil 75% (75%), valor máximo (Max), proporção em relação a valores de referência brasileiro (Taxa TBSA) e proporção em relação à valores norte-americanos (Taxa US) das concentrações de microminerais e vitaminas adicionadas à rações de crescimento (71 à 120 dias de idade).

Tabela 2 – Média, coeficiente de variação (CV), valor mínimo (Min), percentil 25% (25%), mediana, percentil 75% (75%), valor máximo (Max), proporção em relação a valores de referência brasileiro (Taxa TBSA) e proporção em relação à valores norte-americanos (Taxa US) das concentrações de microminerais e vitaminas adicionadas à rações de terminação (121 dias de idade até abate).

Discussão

De modo geral, os níveis de microminerais e vitaminas utilizados pela indústria suinícola brasileira nas fases de crescimento e terminação são superiores aos recomendados pela TBSA. Apesar desses resultados serem esperados, os níveis médios de suplementação utilizados (considerando as fases de crescimento e terminação conjuntamente) pela indústria brasileira foram 17, 58 e 31% superiores, respectivamente, às recomendações da TBSA para vitaminas lipossolúveis, vitaminas hidrossolúveis e microminerais, não superando a expectativa de que estes valores fossem em torno de duas vezes a recomendação. No entanto, os níveis de cobre para a fase de terminação superaram estas médias.

Em relação aos níveis utilizados pela indústria americana para as fases de crescimento e terminação, os resultados para as vitaminas lipossolúveis mostram que os níveis brasileiros variaram ligeiramente entre os limites inferiores e superiores. Para as vitaminas hidrossolúveis esses níveis tenderam a serem majoritariamente inferiores, enquanto para os microminerais as variações oscilaram entre 20 e 60% superiores.

Os níveis supra nutricionais de Cu praticados nas dietas de suínos em fase de terminação, observados nesse estudo, também foram relatados em outro estudo de 2016, que trata que nestas dosagens o objetivo do mineral é a ação como promotor do crescimento. No entanto, segundo o NRC (2012), níveis de suplementação acima de 250 mg/Kg podem ser tóxicos para os suínos, não existindo evidências que nestas condições venham a promover algum benefício adicional.

Os níveis recomendados pela TBSA para I e Mn são muito superiores aos recomendados pelo NRC (2012), e os níveis utilizados pela indústria suinícola brasileira mostram-se largamente superiores aos níveis do USA. Apesar de perdas de desempenho serem observadas apenas com níveis de suplementação extremamente elevados (800 mg/Kg para I e 500 mg/Kg para Mn), a utilização de níveis semelhantes aos observados no presente estudo para I e Mn para as fases crescimento e terminação não encontra base científica.

Quanto ao selênio (Se), os níveis utilizados na América do Norte seguem a legislação vigente, que limita seu uso ao nível máximo de 0.3 mg/Kg. No Brasil, apesar de não haver normas claras a esse respeito, os níveis utilizados pela indústria são apenas ligeiramente superiores. No entanto, o potencial efeito positivo de níveis mais elevados deste mineral tem gerado uma pressão da indústria norte-americana para alterações nos limites legais. De fato, a grande variabilidade na concentração endógena de Se nos ingredientes, associado ao intenso metabolismo dos suínos modernos, sugere que a suplementação com 0.3 mg/Kg de Se pode ser sub-ótima para suportar o sistema antioxidante demandado pela genética e pelas condições adversas que são frequentes, como o estresse pelo calor, a alta pressão de infecção, e mesmo a pressão oxidativa causada pela ovulação em porcas hiper-prolíficas.

O presente estudo demonstrou que a indústria suinícola brasileira utiliza a suplementação com Co, Cr, colina e vitC de forma mais disseminada, comparado à indústria suinícola americana. Adicionalmente, a indústria brasileira faz uso de todas as vitaminas hidrossolúveis nestas fases, enquanto nos EUA a maioria não registrou a utilização das vitaminas B1, B6, B7, B9 e/ou colina no crescimento e terminação.

Conclusões

As grandes amplitudes de variação no uso de microminerais e vitaminas observadas entre as empresas, especialmente para vitaminas hidrossolúveis, reflete existir uma postura de precaução ou segurança diante de possíveis variações quantitativas e/ou qualitativas destes elementos nas dietas finais oferecidas aos animais.

Em geral, os níveis elevados praticados destes oligolementos pode sugerir uma tentativa de ajuste nutricional às modernas demandas que os animais detêm. Todavia, há indicativos de que a diversidade dos níveis utilizados não tem um amplo respaldo científico, apontando para uma lacuna, que deve ser explorada com mais pesquisas e investimentos.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2021 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos / Peixes

Peste Suína Clássica no Piauí acende alerta

ACCS pede atenção máxima na segurança sanitária dentro e fora das granjas

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Presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi - Foto e texto: Assessoria

A situação da peste suína clássica (PSC) no Piauí é motivo de preocupação para a indústria de suinocultura. A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) registrou focos da doença em uma criação de porcos no estado, e as investigações estão em andamento para identificar ligações epidemiológicas. O Piauí não faz parte da zona livre de PSC do Brasil, o que significa que há restrições de circulação de animais e produtos entre essa zona e a zona livre da doença.

Conforme informações preliminares, 60 animais foram considerados suscetíveis à doença, com 24 casos confirmados, 14 mortes e três suínos abatidos. É importante ressaltar que a região Sul do Brasil, onde está concentrada a produção comercial de suínos, é considerada livre da doença. Portanto, não há risco para o consumo e exportações da proteína suína, apesar da ocorrência no Piauí.

 

Posicionamento da ACCS

O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi, expressou preocupação com a situação. Ele destacou que o Piauí já registrou vários casos de PSC, resultando no sacrifício de mais de 4.300 suínos. Com uma população de suínos próxima a dois milhões de cabeças e mais de 90 mil propriedades, a preocupação é compreensível.

Uma portaria de 2018 estabelece cuidados rigorosos para quem transporta suínos para fora do estado, incluindo a necessidade de comprovar a aptidão sanitária do caminhão e minimizar os riscos de contaminação.

Losivanio também ressaltou que a preocupação não se limita aos caminhões que transportam suínos diretamente. Muitos caminhões, especialmente os relacionados ao agronegócio, transportam produtos diversos e podem não seguir os mesmos protocolos de biossegurança. Portanto, é essencial que os produtores mantenham um controle rigoroso dentro de suas propriedades rurais para evitar problemas em Santa Catarina.

A suinocultura enfrentou três anos de crise na atividade, e preservar a condição sanitária é fundamental para o setor. “A Associação Catarinense de Criadores de Suínos pede que todos os produtores tomem as medidas necessárias para evitar a entrada de pessoas não autorizadas em suas propriedades e aquel a que forem fazer assistência em visitas técnicas, usem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para minimizar os riscos de contaminação. Assim, a suinocultura poderá continuar prosperando no estado, com a esperança de uma situação mais favorável no futuro”, reitera Losivanio.

Fonte: ACCS
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Suínos / Peixes

Levantamento da Acsurs estima quantidade de matrizes suínas no Rio Grande do Sul 

Resultado indica um aumento de 5% em comparação com o ano de 2023.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Com o objetivo de mapear melhor a produção suinícola, a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) realizou novamente o levantamento da quantidade de matrizes suínas no estado gaúcho.

As informações de suinocultores independentes, suinocultores independentes com parceria agropecuária entre produtores, cooperativas e agroindústrias foram coletadas pela equipe da entidade, que neste ano aperfeiçoou a metodologia de pesquisa.

Através do levantamento, estima-se que no Rio Grande do Sul existam 388.923 matrizes suínas em todos os sistemas de produção. Em comparação com o ano de 2023, o rebanho teve um aumento de 5%.

O presidente da entidade, Valdecir Luis Folador, analisa cenário de forma positiva, mesmo com a instabilidade no mercado registrada ainda no ano passado. “Em 2023, tivemos suinocultores independentes e cooperativas que encerraram suas produções. Apesar disso, a produção foi absorvida por outros sistemas e ampliada em outras regiões produtoras, principalmente nos municípios de Seberi, Três Passos, Frederico Westphalen e Santa Rosa”, explica.

O levantamento, assim como outros dados do setor coletados pela entidade, está disponível aqui.

Fonte: Assessoria Acsurs
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Suínos / Peixes

Preços maiores na primeira quinzena reduzem competitividade da carne suína

Impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Os preços médios da carne suína no atacado da Grande São Paulo subiram comparando-se a primeira quinzena de abril com o mês anterior

Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.

Já para as proteínas concorrentes (bovina e de frango), o movimento foi de queda em igual comparativo. Como resultado, levantamento do Cepea apontou redução na competitividade da carne suína frente às substitutas.

Ressalta-se, contudo, que, neste começo de segunda quinzena, as vendas da proteína suína vêm diminuindo, enfraquecendo os valores.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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