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PSA vem mudando mercado mundial de carnes

Afirmação é do engenheiro agrônomo e analista do Rabobank Wagner Hiroshi Yanaguizawa

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Arquivo/OP Rural

A Peste Suína Africana (PSA) que tem atingido países da Europa e Ásia tem mexido muito com o mercado internacional. Por isso é necessário entender estas mudanças e de que forma elas afetam o mercado brasileiro. Foi sobre este assunto que o engenheiro agrônomo e analista do Rabobank Wagner Hiroshi Yanaguizawa falou durante o Pig Meeting, evento realizado pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) de Santa Catarina.

Ele explica que fazendo uma análise dos relatórios da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE), as notificações de PSA aconteceram em três períodos: janeiro e dezembro de 2019 e o mais recente que foi na segunda quinzena de setembro de 2020. “Em janeiro de 2019 havia uma concentração maior de casos no território chinês. Em dezembro daquele ano os casos passaram a aumentar no sudoeste asiático, mas ainda com uma concentração maior de casos na China, mas agora também em locais como Hong Kong e Tailândia. Neste último período os casos continuam ativos na China, mas eles se espalharam para locais como Filipinas e Vietnã”, explica.

De acordo com Yanaguizawa, as atenções estão mais voltadas para a China por conta da sua representação quando o assunto é produção e consumo de carne suína. “Em 2018 metade da produção mundial de suínos estava na China. Porém, algumas particularidades facilitaram a dispersão da PSA por lá. A doença ainda não tem uma vacina desenvolvida a nível comercial, é uma corrida mundial. Então, o que aconteceu na China? Basicamente o perfil de produção. Níveis de PSA são mais altos porque a produção chinesa vinha de propriedades pequenas, de fundo de quintal, sem escala de produção. E isso favoreceu a dispersão da doença”, avalia.

A doença fez com que houvesse uma redução forte no rebanho suíno de 2019 para 2020. “Metade do rebanho chinês foi perdido com animais contaminados. Isso acabou impactando no abate de matrizes e influenciou também o cenário para este ano”, conta. Segundo ele, o esforço chinês é reduzir com esse perfil de produção pequena e que não tem escala nem tecnificação.

Yanaguizawa comenta que com relação a este ano o principal desafio da China é a recuperação do rebanho. “A PSA trouxe um forte abate de matrizes, e isso afetou o poder de recuperação do rebanho suíno este ano. O primeiro semestre do ano foi desafiador porque eles passaram por um lockdown, o que impactou diretamente na logística para pegar animais para abate e chegar insumos para produção”, explica. Dessa forma, no segundo semestre os chineses tiveram um poder de recuperação mais forte. “Houve importação de matrizes. Mas isso está afetando o volume e também a qualidade da produção, porque a prioridade deles é aumentar o rebanho, o que faz com que a qualidade das matrizes seja um pouco baixa”, conta.

Segundo o analista, a recuperação chinesa está em torno de 1 a 2% do rebanho. “A queda do rebanho de suínos da China foi de 20 milhões de toneladas. É basicamente a produção do Brasil, EUA e Rússia juntos. Foi uma queda muito alta”, diz. Por conta disso, as importações chinesas também sofreram alterações. “Quando falamos na queda da importação, nós vimos que no ano passado, em relação a 2018, a China importou 13 milhões de toneladas. Eles representam somente 4% do mercado internacional, e mesmo assim são os maiores importadores mundiais”, informa.

Mesmo assim, é preciso ter atenção ao mercado chinês. “A China vai continuar demandando bastante, porém, a partir do ano que vem, a recuperação vai acontecer de uma forma mais forte e vai ser contínua até 2025. Esta é a projeção para a recuperação completa do rebanho chinês. Vai ser um pouco abaixo do nível de antes da PSA, mas isso por conta do padrão de consumo, que está reduzindo na China”, comenta. Segundo o analista, a partir do ano que vem já será possível ver a redução da demanda chinesa. “Temos o desafio de colocar essa oferta que era da China em outros mercados”, afirma.

Quanto a União Europeia, Yanaguizawa diz que desde 2019 é possível perceber uma queda no consumo doméstico de carne suína, por conta do aumento das exportações para o mercado chinês. “A Espanha e a Alemanha foram os dois maiores exportadores de carne suína para a China no ano passado. Isso tem pressionado o consumo, devido a expectativa de redução do mercado chinês, que é desafiador também para a União Europeia destinar a carne para outros mercados”, conta.

A partir disso, comenta o analista, é possível notar uma mudança no padrão de consumo. “Foi evidente a partir de 2019 a queda brusca no consumo de carne suína. Em contrapartida, houve o aumento de consumo de carne de frango e carne bovina, que já é uma tendência muito ligada a ascensão de classes de maior poder econômico na China. É importante lembrar que a China é também o principal mercado de carne bovina. Por conta da baixa oferta de carne suína, o consumo de carne bovina está também se dando no lar, onde antes era somente no selfservice”, diz.

Os novos casos de PSA

Yanaguizawa comenta que em dezembro aconteceu o pico de novos casos de PSA no mercado europeu, especialmente na Romênia, Polônia e Alemanha. “Aquela é uma região de mata densa, com um rebanho de javalis selvagens. Então, já tinha um risco elevado de ter a doença, o que de fato aconteceu”, conta. O analista explica que a Alemanha está com cerca de 65 casos confirmados de PSA em javalis selvagens em duas regiões diferentes. “Isso impacta o mercado da Alemanha, que hoje é o maior exportador de carne suína da Europa. É uma oportunidade de exportação limitada. Já está ocorrendo impacto de preços, mas limitado. A doença não atingiu a produção doméstica, somente javalis selvagens. Mas, sem dúvida a suspensão que a Alemanha sofreu vai ditar o ritmo da produção nos próximos anos no curto prazo”, afirma. “A estratégia da Alemanha hoje é fazer uma cerca física e estimular o abate de javalis”, conta.

O analista explica que neste ano o Brasil teve um crescimento nas exportações, especialmente para a China e Hong Kong. “Metade da exportação do Brasil está indo para o mercado chinês. A gente já viu essa história em 2017, esse risco de ter a dependência com um país só, como era com a Rússia. Esse ponto merece atenção”, destaca.

Mercado doméstico

Yanaguizawa comenta que o Brasil começou o ano com uma boa expectativa, com um aumento de 7% na produção. “Porém, com o lockdown a China teve queda nas exportações e depois no segundo trimestre, o aumento do consumo não aconteceu. Isso trouxe desequilíbrio e pressionou os preços. No final de março o mercado chinês voltou a comprar do Brasil e isso foi contínuo”, diz. “Então, em abril chegou o auxílio emergencial, que de fato foi uma das melhores coisas que aconteceu, que segurou muito a demanda doméstica. Mas é um pacto caro no orçamento, são R$ 50 bilhões ao mês, sendo que o Bolsa Família é de R$ 35 bilhões. Mas, em tese, esse pacote trouxe resultados positivos”, explica.

O analista informa que no primeiro semestre deste ano o Brasil teve um aumento de 18% na produção com relação ao ano passado. “O consumo de doméstico de carne suína teve um leve aumento na casa do 1% no mesmo período do ano passado”, explica. Segundo Yanaguizawa, dados mostram que desde o primeiro dia útil de março até o final da primeira semana de outubro, houve uma queda de 53% no setor de food service com relação ao ano passado. “O consumo no supermercado aumentou 17%, mostrando um padrão de mudança no consumo não somente na China, mas no Brasil também”, afirma.

Fazendo uma análise geral do mercado global, Yanaguizawa diz que a China teve uma queda de 17% no volume, por conta da diminuição do estoque de matrizes e também por conta do coronavírus. Além disso, a União Europeia também teve queda na produção, com destaque para a Romênia, Ucrânia, Espanha e Alemanha, sendo que este último teve queda de 1,5%. Já os EUA enfrentaram um grande desafio no primeiro semestre por conta do coronavírus, mesmo assim apresentou um aumento na produção de 1,3%. “O Brasil também teve aumento, e por conta da elevação recorde de exportação esperamos um aumento de 32% nas exportações e aumento de 4,5% na produção este ano”, diz.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de outubro/novembro de 2020 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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