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PSA e PSC poderiam causar US$ 10 bilhões em prejuízos à suinocultura brasileira, avalia Embrapa

Somente um programa robusto de biosseguridade é que pode evitar a entrada dessa e de outras doenças na grande área produtiva do Brasil.

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Foto: Jonathan Campos/AEN

Manter as granjas protegidas de patógenos que afetam a sanidade dos rebanhos é de suma importância para a manutenção do desenvolvimento da suinocultura de forma sustentável e lucrativa no Brasil. Neste contexto, a biosseguridade tem papel fundamental na proteção de planteis, granjas e propriedades rurais, uma vez que evita a entrada e a disseminação de agentes infecciosos.

De acordo com a médica-veterinária e virologista da Embrapa Suínos e Aves, Danielle Gava, somente a Peste Suína Africana e a Peste Suína Clássica poderiam causar um prejuízo de US$ 10 bilhões caso as doenças fossem detectadas na suinocultura industrial brasileira. Ela destacou alguns aspectos práticos que trazem ameaças reais para a atividade, enaltecendo que a contribuição de todos os elos da cadeia é primordial para manter o atual status sanitário brasileiro.

Médica-veterinária e virologista da Embrapa Suínos e Aves, Danielle Gava: “Ao flexibilizarmos algum ponto da biosseguridade vamos abrir brecha para que algum vírus circule e possa entrar dentro do plantel” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Segundo a profissional, várias doenças ameaçaram a produção mundial de suínos nas últimas duas décadas, exigindo dos produtores a adoção de medidas de biosseguridade para controle, erradicação e proteção de seus rebanhos. A maioria das enfermidades foi causada por vírus, entre eles alguns zoonóticos, como a gripe suína em 2009, provocada pelo vírus da Influenza A – o H1N1 – doença respiratória transmissível entre humanos e animais. “Nos últimos 20 anos aconteceram pelos menos 20 introduções de vírus de humanos para suínos, por isso é fundamental possuir um plano de vacinação para o subtipo correto”, reforçou Danielle, ampliando: “Os vírus que circulam no Brasil de Influenza são diferentes do restante que circula no mundo, ou seja, vacinas de outros países não vão funcionar para os vírus brasileiros”, esclareceu.

Danielle ressalta que a adoção de algumas medidas como cerca periférica de isolamento, controle do tráfego de veículos no perímetro da granja e a troca de roupa e calçados antes de entrar em uma unidade produtiva contribui para manter a saúde dos animais e mitigar riscos de contaminação e disseminação de agentes infecciosos.

Impacto econômico

Segundo a virologista, o impacto econômico de doenças como a Peste Suína Africana e a Peste Suína Clássica no sistema de produção por si só já justifica a adoção de medidas de biosseguridade.

Foto: Divulgação

Para mensurar a importância sanitária, ela diz que é primordial que a cadeia produtiva – da granja à agroindústria – busque responder as seguintes perguntas: Quanto custa o impacto de uma doença na granja? Quanto custa cada dia não produtivo? Quanto custa o leitão que não nasceu? Quanto vale a mortalidade? Quanto custa uma grama perdida na conversão alimentar? “Essas são algumas perguntas a se fazer para mensurar o prejuízo econômico que o setor poderá ter em caso da entrada de uma doença no plantel, porque, por exemplo, em relação a conversão alimentar, um grama parece pouco, mas em uma granja que entrega cinco mil terminados significa um montante considerável”, pontua Danielle.

Conforme a virologista, levando em consideração apenas o número de leitões desmamados por ano em zonas livres, se houvesse a entrada da Peste Suína Africana (PSA) em território brasileiro o impacto econômico na cadeia produtiva seria bilionário, superando a casa de U$S 5,5 bilhões. E no caso da Peste Suína Clássica (PSC), levando em conta que 99% da produção de suínos no Brasil é em zona livre, a entrada desse vírus causaria um prejuízo entre U$S 1,3 a U$S 4,5 bilhões.

“Ao flexibilizarmos algum ponto da biosseguridade vamos abrir brecha para que algum vírus circule e possa entrar dentro do plantel, seja através do contato com javalis, alimentação contaminada com o vírus da PSA ou PSC, carcaça de animais mortos ou outros animais asselvajados”, elenca Danielle.

Biosseguridade interna

Conforme Danielle, quando se trata de biosseguridade nas granjas, ela considera dois atores muito importantes e que merecem atenção redobrada: suínos e pessoas. “É uma cadeia que está envolvida na produção de animais, então se um elo da corrente se perder deixamos a granja suscetível a vários agentes infecciosos. Quando isso acontece ou vamos introduzir animais infectados dentro do plantel ou eventualmente levar esse agente para o rebanho”, menciona.

A médica-veterinária afirma que existe uma íntima associação entre a biosseguridade interna e a biosseguridade externa, enfatizando que as granjas que possuem um número maior de leitões desmamados e uma menor rotatividade de pessoas conseguem cumprir com melhor eficácia as medidas de biosseguridade.

A biosseguridade interna está relacionada à prevenção para evitar a multiplicação e disseminação de agentes no rebanho, afim de minimizar a propagação de doenças e diminuir a pressão de infecções dentro do sistema de produção. Dentre as medidas que devem ser adotadas estão banho e troca de roupas e calçados para entrada no perímetro interno da granja; controle do fluxo de veículos, sendo que os caminhões usados para transporte de suínos e de ração devem possuir identificação própria e serem usados exclusivamente para este fim. Aqueles que adentraram a área interna da cerca de isolamento precisam passar pelo sistema de desinfecção; possuir um programa auditável de prevenção e controle de vetores e pragas, como roedores, insetos e pássaros; limpeza e desinfecção deve ser realizada logo após a saída do rebanho, higienizando toda a instalação e equipamentos usados para manejo dos animais, especialmente o piso, os comedouros e os bebedouros. Ao término da limpeza, a granja deve ser mantida fechada para evitar a entrada de pessoas e animais; o vazio sanitário deve durar por um período de cinco a sete dias para que seja eficiente; e deve-se adotar um protocolo de vacinação levando em consideração problemas sanitários que ocorreram em lotes anteriores ou na região em que a granja está instalada.

Biosseguridade externa

A biosseguridade externa, cita a profissional, engloba a proteção do rebanho contra a entrada de agentes infecciosos, contribuindo desta forma para a redução de doenças endêmicas, além de ter o papel de impedir que doenças exóticas adentrem às granjas.

Entre as medidas a serem tomadas estão delimitação da área interna da unidade de produção com a instalação de uma cerca periférica de isolamento, com afastamento mínimo de cinco metros da granja, impedindo desta forma o acesso de pessoas e animais no entorno da propriedade; embarcadouro e desembarcadouro instalado próximo a cerca de isolamento e com portão, para que possa ser mantido sempre fechado; barreira sanitária instalada na entrada da granja, abrangendo vestiário sanitário, câmara de desinfecção e sistema de desinfecção de veículos; a instalação do silo de ração recomenda-se que seja na área interna e próximo a cerca de isolamento, permitindo fácil acesso para abastecimento pela área externa. Em caso de a ração não ser estocada em silo, orienta-se que o produto esteja bem embalado e seja armazenado em local arejado; a granja deve possuir composteira para destinação de suínos mortos, restos placentários e sobras de ração; o sistema de tratamento de dejetos deve ser cercado para evitar o acesso de pessoas e animais e deve ser feito em área fora da cerca de isolamento.

Como posso melhorar a minha granja?

De acordo com a profissional, dentro do plano de biosseguridade há medidas de curto e longo prazos, que precisam ser adotadas, mas sua aplicação está associada ao tempo que leva e ao investimento. “O que se pode fazer de imediato é melhorar a higiene, o manejo, o fluxo de pessoas na granja, etc. Essas ações vão exigir apenas a reorganização do sistema de trabalho”, destaca Danielle.

Já medidas a longo prazo estão associadas as instalações das granjas, como construção de um arco de desinfecção e melhorias nas vias de acesso à propriedade. E ainda há medidas de monitoramento contínuo, relacionadas principalmente as pessoas, ou seja, atreladas à responsabilidade de cada funcionário dentro e fora da granja.

A profissional destaca que os produtores precisam proteger as granjas todos os dias e não apenas hoje ou em determinadas situações em que há visitação à granja. “É importante lembrar que a granja não é shopping center, realmente é preciso prezar pelas medidas de biosseguridade, evitar o fluxo de pessoas todos os dias e o tempo inteiro na área de isolamento da granja” enfatiza a virologista.

Capacitação constante

A profissional destaca que é fundamental que os veterinários, produtores de suínos e controladores de javalis participem constantemente de treinamento, a fim de que possam reconhecer os sintomas da PSC e de outras enfermidades. “Conhecer as características da doença é primordial, porque diferentes agentes, vírus ou bactérias podem causar doenças semelhantes; identificar fatores de risco, adequar o sistema de vigilância, fazer quarentena, capacitar os laboratórios de diagnóstico para atender as demandas rápidas, possuir um plano de contingência, bem como garantir apoio legal e recursos aos produtores são medidas importantes para garantir a biosseguridade nas granjas”, detalha Danielle.

Conforme a virologista, sempre existe um momento e espaço para melhorias dentro da granja, no entanto o excesso de medidas pode levar os produtores a negligenciar etapas importantes do processo. “É importante que todos os elos da cadeia produtiva estejam comprometidos em manter o status sanitário invejável que o país possui. Cada um tem sua participação e contribuição, por isso é imprescindível não negligenciar nenhuma etapa”, salienta Danielle.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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