Suínos
PSA abre os olhos da China para mudança radical na suinocultura
Essas empresas estão inclinadas a produzir produtos cada vez mais elaborados, com um forte apelo visual nas embalagens, refletindo o esforço da China em agregar valor e sofisticação aos seus produtos suínos.
A China é o maior produtor e consumidor de carne suína do mundo, e a suinocultura é um componente crucial para garantir a segurança alimentar de sua população de 1,4 bilhão de pessoas. Mais de 50% da produção mundial de carne suína vem do país, o que torna a suinocultura chinesa um pilar estratégico para sua economia. Entretanto, a imagem de uma produção suína moderna e eficiente contrasta com uma realidade cheia de extremos. Enquanto algumas fazendas na China têm adotado tecnologias de ponta e práticas de alta eficiência, muitas outras ainda operam de maneira bastante tradicional, ou até rudimentar.
Com uma área territorial que ocupa a quarta posição global, quase 1 milhão de km2 maior que o Brasil, a China apresenta realidades regionais muito diferentes. É um país de extremos e isso se reflete também na suinocultura. Everton Gubert, CEO da Agriness, foi até lá para compreender melhor o modelo chinês de produção. Ele conversou com produtores, veterinários, nutricionistas e gestores, e percebeu que a suinocultura chinesa está em plena transformação, especialmente desde a chegada da Peste Suína Africana (PSA) em 2018. Em entrevista exclusiva ao jornal O Presente Rural, Gubert conta que a doença foi um divisor de águas e tem mudado profundamente o cenário da produção suína no país.
Durante sua viagem, Everton visitou instalações do Tianpeng Group e da Qingliang Foods, onde observou escritórios modernos e fazendas verticais em desenvolvimento. Essas empresas estão inclinadas a produzir produtos cada vez mais elaborados, com um forte apelo visual nas embalagens, refletindo o esforço da China em agregar valor e sofisticação aos seus produtos suínos.
Concentração e transformação da produção
Preocupado em manter a segurança sanitária e evitar qualquer risco de contaminação na suinocultura brasileira, Gubert decidiu não entrar em nenhuma propriedade ou granja, mesmo cumprindo os protocolos sanitários, mas acompanhou a realidade do setor por meio de diálogos e entrevistas com diversos profissionais envolvidos na suinocultura chinesa e também mídias especializadas. Foi assim que ele conheceu as disparidades do setor: de um lado, grandes produtores com instalações de alta tecnologia e práticas avançadas; de outro, pequenos produtores que operam em condições bem mais modestas, muitas vezes com sistemas de produção de subsistência. Essa dualidade demonstra o enorme desafio que a China enfrenta ao tentar modernizar e padronizar sua produção. Gubert se concentrou nas granjas tecnificadas.
Nos últimos anos, explica Gubert, a PSA gerou um movimento de concentração da produção em grandes grupos e uma busca por maior tecnificação e biosseguridade. Pequenos produtores, que não têm condições de cumprir as exigências sanitárias necessárias, estão deixando a atividade. “A PSA transformou totalmente o cenário. Pequenos produtores estão saindo da atividade, e há um movimento forte de concentração de produção”, observa Everton. Além disso, a China está investindo cada vez mais em tecnologias para alcançar maior eficiência e sustentabilidade, mas o caminho ainda é longo. Muitos produtores sequer registram dados básicos de sua produção, o que dificulta a gestão eficiente.
“A suinocultura Chinesa é gigante. Eles são praticamente 20 vezes maiores que a suinocultura brasileira e ainda possuem uma discrepância grande quanto ao uso de tecnologia. Há muitas granjas quem mal anotam as informações, muitas que anotam os dados ao menos em fichas, muitas que já têm consciência da importância de digitalizar os dados e utilizar um sistema de gestão e algumas granjas supermodernas que utilizam fortemente tecnologias de monitoramento, automação e IoT para gerir melhor a sua estrutura. Mas uma coisa é certa: as granjas chinesas estão cada vez mais se modernizando, com um foco crescente em sanidade, sustentabilidade e eficiência e produtividade”.
A biossegurança foi um dos temas mais abordados durante as conversas de Everton com os profissionais chineses. A PSA deixou claro para os produtores que a biosseguridade não é apenas uma recomendação, mas uma necessidade para garantir a continuidade da produção. “Os chineses estão cada vez mais conscientes da importância da biossegurança. Eles estão implementando controle rigoroso de acesso, protocolos de quarentena e desinfecção das instalações. Isso mostra que a sanidade está se tornando uma prioridade, e é uma mudança cultural significativa”, comenta Everton.
Baixa eficiência
Na questão da eficiência, a realidade chinesa ainda é desafiadora. Gubert conta que grande parte das granjas na China continua operando com baixa produtividade, com índices que variam entre 18 e 20 desmamados por fêmea ao ano. A maioria das granjas ainda trabalha em sistemas de ciclo completo. A Peste Suína Africana impôs uma maior conscientização sobre a importância de medidas de biosseguridade, mas a falta de tecnologias de gestão ainda é uma barreira para alcançar melhores resultados.
“Na China existe uma diferença muito grande entre as granjas super tecnificadas e as mais antigas. Vejo que no Brasil essa diferença é muito menor. Em virtude de sermos um país exportador e que precisamos seguir normas rigorosas para exportar, organizado pela agroindústria, temos uma suinocultura mais profissional, tecnificada e muito mais produtiva em relação a eles. A questão zootécnica de produtividade é onde reside a grande diferença. A média brasileira é de 30,05 desmamados/fêmea/ano (DFA), enquanto que na China esse índice não passa de 20. Em termos de gestão eu comparo a China com o Brasil de 2001, quando eu comecei a trabalhar no setor. Apesar de serem super avançados tecnologicamente na maioria dos setores, na suinocultura a transformação digital está no início, salvo as granjas mais modernas construídas de 2020 pra cá”, explica, ampliando: “A baixa produtividade está relacionada especialmente com falta de conhecimento de gestão para conduzir melhor as granjas. O que me chamou a atenção foi a falta de eficiência”, pondera.
Genética
A genética é outro aspecto importante. Everton explica que a China a predominância de uma mescla entre genéticas chinesas e de outras regiões do mundo, como Estados Unidos e Europa. Entretanto, os resultados ainda são inconsistentes, e a média de produtividade fica abaixo do que é observado no Brasil. “O que ainda prevalece é o uso e desenvolvimento de linhagens locais adaptadas às condições chinesas. Há também a combinação de genética importada e local que visa melhorar a eficiência zootécnica, com foco em crescimento rápido, resistência a doenças e qualidade da carne”, aponta Gubert.
Sustentabilidade e bem-estar animal
Quando o assunto é sustentabilidade, o CEO da Agriness comenta que a China tem feito avanços, mas ainda existem muitos desafios. Algumas granjas mais modernas estão adotando tecnologias como biodigestores para transformar dejetos em energia e placas solares para geração de eletricidade, como aqui no Brasil. Everton explica que observou que há um crescente esforço para reduzir a pegada de carbono e tratar os resíduos de forma mais sustentável, mas essas práticas ainda são limitadas a uma pequena parcela dos produtores.
“A preocupação com a sustentabilidade é cada vez mais presente na China. As granjas chinesas estão investindo em tecnologias para tratamento de resíduos, como biodigestores, que transformam resíduos em energia, uso de geração de energia através de placas solares e há um esforço crescente para reduzir a pegada de carbono através de práticas como a reciclagem de nutrientes e a eficiência energética”, menciona. “O governo chinês tem estabelecido metas ambiciosas para a redução de emissões, e isso está começando a impactar o setor suinícola. No entanto, a adoção dessas práticas está restrita às granjas mais tecnificadas”, afirma Everton.
O uso racional da água também é uma questão relevante. Algumas granjas adotaram tecnologias para reduzir o desperdício, como bebedouros automáticos e sistemas de monitoramento para detectar vazamentos, mas muitas instalações continuam sem práticas consistentes de reaproveitamento. Essa disparidade é uma grande diferença em relação ao Brasil, onde as preocupações ambientais e a busca por uma produção mais sustentável têm se tornado prioridade, especialmente devido às exigências do mercado internacional.
Everton também apontou as diferenças em termos de instalações e bem-estar animal. Enquanto algumas granjas chinesas têm instalações modernas, como por exemplo baias coletivas, que atendem aos padrões de conforto e sanidade, muitas outras estão operando com estruturas ultrapassadas, que não oferecem condições adequadas aos animais. “Há uma grande diferença entre as estruturas das granjas. Algumas são modernas, enquanto outras são extremamente precárias”, comenta. O bem-estar animal está começando a ganhar espaço, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido para que isso se torne um padrão na suinocultura chinesa.
Processamento e distribuição da carne suína
O processamento e a distribuição da carne suína também apresentam uma grande disparidade. Existem instalações modernas, que seguem padrões elevados de qualidade e industrialização, e outras que operam de forma muito básica, com pouca ou nenhuma tecnologia envolvida. Muitas empresas chinesas estão apostando na verticalização, controlando todas as etapas do processo produtivo, desde a criação até a industrialização da carne. “A tendência é que a produção se concentre cada vez mais em grandes grupos, que estão investindo em modernização e integração”, observa Everton.
Comparação com a suinocultura brasileira
Em comparação com o Brasil, Everton destaca que a suinocultura brasileira é muito mais profissional e tecnificada. “No Brasil, temos uma suinocultura organizada, com um nível elevado de gestão e produtividade. A média brasileira é de 30,05 desmamados por fêmea ao ano, enquanto na China esse número não passa de 20”, afirma. A modernização e a exigência de padrões internacionais de qualidade colocam o Brasil em uma posição de destaque, enquanto a China ainda enfrenta desafios significativos para atingir o mesmo nível de eficiência.
Apesar disso, Everton acredita que o potencial de crescimento da suinocultura chinesa é enorme. A concentração da produção em grandes grupos, a modernização das instalações e a adoção de novas tecnologias são sinais de que a China está caminhando para um modelo mais eficiente. “A China é um país dinâmico, e o governo tem um papel decisivo nas mudanças. Se houver uma decisão estratégica para transformar a suinocultura, eles têm capacidade para isso”, diz Everton.
Tendências disruptivas
Everton observa ainda que a China está apostando em algumas tendências disruptivas que, embora ainda incipientes, podem se tornar elementos fundamentais na transformação do setor. Uma dessas tendências são as granjas verticais, uma abordagem bastante diferente do modelo tradicional, que visa otimizar o uso do espaço em áreas urbanas e periurbanas. “Eles têm testado as granjas verticais, mas ainda é uma incógnita se esse modelo será viável em larga escala. Pode ser uma tentativa de resolver o problema da PSA, mas não sabemos se vai se sustentar”, diz Everton.
“O máximo de tecnologia que eu vi foi o expressivo uso de automação, visão computacional, robôs para limpeza de dejetos, utilização de sensores e monitoramento por câmara de praticamente todos os pontos das granjas. Sistemas automatizados de alimentação são comuns, permitindo a distribuição precisa de ração em horários programados ou conforme a demanda dos animais, mas nada tão diferente do que usamos nas granjas mais modernas do Brasil”.
Impacto da urbanização do consumo da carne suína
Outro ponto levantado por Everton foi a urbanização acelerada da China e como isso tem impactado o consumo de carne suína. A migração da população rural para as cidades, combinada com o aumento da renda per capita, tem levado a mudanças nos hábitos alimentares. “A urbanização está mudando o perfil do consumo. Há um aumento na demanda por produtos prontos e de conveniência, e as empresas estão investindo em cortes mais elaborados e produtos de maior valor agregado”, observa. Esse movimento também abre oportunidades para a industrialização e a verticalização da produção, o que pode levar a um setor mais organizado.
O consumo de carne suína, que tradicionalmente sempre foi elevado na China, passou por uma fase de retração durante os anos mais críticos da PSA. Com a necessidade de dizimar grande parte do rebanho, houve escassez de oferta e aumento dos preços, o que forçou muitos consumidores a migrar para outras fontes de proteína, como peixes e frutos do mar. “O governo incentivou o consumo de outras proteínas durante a crise da PSA, como peixes e frutos do mar, mas agora o consumo de carne suína está estabilizado”, diz Everton.
Uso de antibióticos e vacinas
A questão do uso de antibióticos e vacinas também foi abordada durante as conversas de Everton com os profissionais chineses. Embora haja um esforço crescente para utilizar vacinas e reduzir o uso de antibióticos, ainda existem desafios consideráveis. “O uso de antibióticos continua sendo uma questão delicada na China. Embora existam regulamentações, a implementação varia bastante entre as granjas”, comenta Everton. Ele destaca que a prevenção, com foco em biosseguridade e vacinação, está se tornando mais comum, mas o avanço é desigual.
O papel do governo na transformação do setor
O modelo de produção suína na China está em constante mudança, e a tendência é que o setor se torne cada vez mais concentrado e tecnificado. No entanto, como Everton ressaltou, o ritmo dessa transformação depende muito do apoio governamental e da capacidade dos grandes grupos de investimento de liderarem esse processo. “O governo chinês tem um papel crucial na transformação do setor. Se houver apoio, a modernização pode ocorrer muito rapidamente, especialmente com os grandes grupos. Mas os pequenos produtores têm cada vez menos espaço nessa nova realidade”, diz Everton.
Lições para o Brasil
Para o Brasil, menciona Gubert, a experiência chinesa traz importantes lições sobre os desafios na suinocultura, mas uma em especial: “Sanidade, sanidade e sanidade. O preço a ser pago se algumas doenças entrarem em nosso país pode ser catastrófico. Haja vista o quanto os chineses estão sofrendo com a sanidade deles. Creio que estamos fazendo um belo trabalho em todas essas áreas com profissionais e empresas, cada uma do seu setor, produzindo um avanço ininterrupto da nossa suinocultura desde 2001, quando entrei no mercado. Creio que as principais lições aprendidas foram produzidas mais no campo das diferenças culturais, políticas que há entre Brasil e China. Como a China vive um modelo político socialista casado com um modelo econômico capitalista, o governo é um grande parceiro dos empreendedores e trabalha para facilitar o desenvolvimento dos negócios. O governo é dinâmico e rápido. Faz acontecer. Pelo lado da força de trabalho, a mentalidade do chinês é de que ele precisa vencer na vida utilizando o estudo e o trabalho como os grandes pilares para a prosperidade. Isso faz com que o chinês tenha muita vontade de trabalhar, aprender e crescer profissionalmente. Há um aspecto de meritocracia muito estabelecido na sociedade e cada um deles quer se destacar entre uma população gigante com 1,4 bilhão de pessoas”.
A transformação da suinocultura chinesa
A China, com seu dinamismo e capacidade de adaptação, certamente continuará sendo uma protagonista no cenário da suinocultura global. As mudanças em curso no país representam tanto desafios quanto oportunidades para o Brasil e para o mundo. A transformação da suinocultura chinesa mostra que, apesar dos obstáculos, há espaço para avanços significativos quando há disposição para investir, inovar e aprender. Para o Brasil, acompanhar de perto essa evolução pode ser um passo essencial para garantir um futuro ainda mais sólido e promissor para o setor suinícola.
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Suínos
Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela
Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.
Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.
O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.
Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.
“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.
Exportações
Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.
Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.
Perspectivas
Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.
Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.
Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.
Segurança do trabalho
Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.
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Cooperado da Coopavel vence Prêmio Orgulho da Terra na categoria suínos
Adriano e a esposa, Claudiane, administram um sítio de cinco hectares em Toledo. Na propriedade, duas granjas abrigam 1.620 cabeças de suínos.
O cooperado Adriano Trenkel, da Coopavel, foi o grande vencedor na categoria Suinocultura do Prêmio Orgulho da Terra promovido pelo programa RIC Rural, da RIC TV no Paraná. A cerimônia de anúncio e entrega das premiações ocorreu no último dia 12 de novembro, durante uma prestigiada celebração do setor pecuário em Curitiba. A Coopavel foi destaque também na categoria Avicultura, com a vitória do cooperado Jacenir da Silva, de Três Barras do Paraná.
Adriano e a esposa, Claudiane, administram um sítio de cinco hectares em Toledo. Na propriedade, duas granjas abrigam 1.620 cabeças de suínos. A produção, realizada com foco na qualidade e bem-estar animal, inclui cuidados rigorosos com alimentação, sanidade, manejo, ventilação e ambiência. Adriano destaca que gostar do que faz e seguir as orientações dos técnicos da Coopavel são diferenciais para alcançar os resultados desejados. “Estamos muito felizes e orgulhosos com esse título”, afirma Adriano.
Willian Stein é o técnico da Coopavel que atende a propriedade dos Trenkel e enaltece o empenho do casal: “São produtores rurais exemplares, sempre presentes nos treinamentos oferecidos pela cooperativa e atentos às recomendações passadas. Essa dedicação reflete diretamente na qualidade dos suínos entregues no frigorífico e nos resultados do trabalho do casal”, afirma Willian.
Empenho coletivo
O presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, parabeniza Adriano, Claudiane, suinocultores e técnicos da cooperativa pelos resultados no Orgulho da Terra. “A organização e o cuidado nas propriedades rurais refletem diretamente nos excelentes resultados obtidos, fortalecendo um movimento de grande sucesso em todo o mundo. A suinocultura da Coopavel é referência em eficiência e qualidade e estamos todos muito satisfeitos com isso”, declara Dilvo.
A pequena propriedade dos Trenkel vai além da suinocultura. O casal é adepto da diversificação de culturas, prática sustentável capaz de melhorar significativamente a renda gerada na atividade rural. Adriano investiu em uma usina de energia solar, adota práticas sustentáveis, como o uso de dejetos no pasto, eliminando quase totalmente a utilização de químicos, melhorando assim a alimentação do seu plantel de bovinos. A produção de feno também contribui para fortalecer a renda familiar.
VBP
A produção agropecuária e a cadeia do agronegócio fazem de Toledo o município com maior Valor Bruto de Produção do Paraná e um dos raros no País a contar com mais de 400 quilômetros de estradas rurais pavimentadas, facilitando assim o escoamento das riquezas do campo. O VBP de Toledo é de aproximadamente R$ 4,6 bilhões, consolidando o município como o maior produtor agropecuário do Estado. Toledo lidera especialmente na suinocultura, com um VBP de R$ 1,8 bilhão, e na avicultura, com cerca de R$ 1 bilhão.
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Práticas sustentáveis e eficiência energética guiam produção de suínos da Coopavel
Uma das principais iniciativas adotadas nas unidades de produção de suínos é o uso de sistemas de biodigestores para o tratamento dos dejetos.
Com desafios crescentes relacionados à eficiência no uso de recursos, à redução de emissões de gases de efeito estufa e ao manejo adequado de resíduos, a cadeia suinícola brasileira tem dado exemplo ao implementar práticas sustentáveis que, além de preservar o ambiente também melhora a imagem do produtor e atende às exigências de consumidores e mercados cada vez mais preocupados com a origem e o impacto dos alimentos que consomem.
Entre as maiores cooperativas agroindustriais do Brasil e uma das poucas que dominam todas as etapas da produção de suínos, a Coopavel é um belo exemplo de como a sustentabilidade na suinocultura é possível e rentável ao investir em soluções ao longo da cadeia produtiva que conciliam crescimento econômico e respeito ao meio ambiente.
Uma das principais iniciativas adotadas nas unidades de produção de suínos é o uso de sistemas de biodigestores para o tratamento dos dejetos. Esse processo resulta na geração de biogás, que é capturado e convertido em energia elétrica. “Essa energia oriunda do processo de tratamento dos dejetos é considerada limpa e renovável, o que contribui para reduzirmos de maneira significativa as emissões de GEE na atmosfera”, aponta o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli.
Além da produção de energia, o sistema de biodigestores gera biofertilizantes, que são utilizados na fertilização do solo e na adubação de florestas de eucalipto, reaproveitamento que beneficia tanto a agricultura quanto o meio ambiente.
A Coopavel também foca na melhoria contínua da dieta dos suínos, o que contribui para reduzir a liberação de gases como amônia. “A eficiência alimentar diminui as concentrações de gases nocivos nos dejetos, colaborando para a mitigação dos impactos ambientais da atividade suinícola”, salienta Grolli, enfatizando que essa abordagem faz parte de um plano mais amplo da cooperativa, que inclui o uso de tecnologias avançadas nas unidades industriais para o tratamento de resíduos e efluentes, alinhando a produção com a missão de produzir alimentos sustentáveis.
Uso eficiente de energia
O uso eficiente de energia é outro pilar das ações sustentáveis da Coopavel. Nas unidades de produção e processamento de suínos, a geração de energia renovável e o reuso de água fazem parte da rotina. “Investimos na reutilização de parte do efluente tratado em algumas atividades específicas dentro da granja, como limpeza de pisos e canaletas, desta forma conseguimos reduzir a extração de água subterrânea”, afirma Grolli.
Práticas sustentáveis na UPL
Para garantir a melhoria contínua, a Coopavel realiza o monitoramento regular das emissões de GEE em sua Unidade de Produção de Leitões (UPL), utilizando os dados para nortear ações de melhorias no processo produtivo. Somado a isso, está em andamento um projeto de expansão do sistema de tratamento de dejetos na UPL, que inclui a ampliação da capacidade de produção de biogás. “Nosso objetivo é sempre melhorar a qualidade do efluente final e ampliar a capacidade da usina para produção de biogás”, expõe o presidente.
Integração de boas práticas ambientais
Além de cumprir todas as exigências ambientais impostas pelos órgãos reguladores e atender aos mercados nacional e internacionais, a cooperativa busca continuamente aprimorar seus processos, trazendo práticas ainda mais sustentáveis. “O objetivo não é apenas garantir a conservação dos recursos naturais, mas também promover a geração de renda e riqueza para toda a cadeia produtiva”, salienta.
Grolli frisa que a Coopavel reconhece a necessidade crescente de aumentar a produção de alimentos para atender ao crescimento populacional global. No entanto, ressalta que esse aumento deve ser realizado de forma sustentável, uma vez que o planeta possui limites em sua capacidade de suporte e exploração de recursos naturais. Por essa razão, a adoção de práticas cada vez mais eficientes e sustentáveis precisa acompanhar, e até mesmo antecipar, o aumento da produção. “Esse equilíbrio é essencial para garantir que as demandas alimentares da população mundial sejam atendidas, ao mesmo tempo em que se preserva a qualidade de vida na Terra”, evidencia.
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